“... Amei até a loucura. O que chamam de loucura é,
para mim, a única forma sensata de amar....!
Françoise Sagan
A pergunta
tem-me sido feito constantemente. Como se fosse um expert de análise do assunto. Muito pelo contrário. Mas nas ultimas
duas semanas, coincidência (não acredito
nela) ou não a pergunta veio em cascata: O que esta acontecendo com as
relações? Minha singela resposta: Nada!
Sim. Não esta acontecendo nadinha. Sempre
foram assim ou piores. Então o que esta mudando? E quem disse que esta mudando?
Devido à libertação, conquistada, do
pensamento feminino? Não. Pois as relações homosexuais também têm problemas nas
relações. Você poderá dizer: Ah, mas com eles, os homosexuais, são muito menores.
Claro. Eles também são em menor numero. Ao menos os oficiais.
Mas vamos por outro caminho.
Você sabe o que é sofismo?
Sofisma - fazer raciocínios capciosos. Em filosofia, é um raciocínio aparentemente válido, mas inconclusivo, pois é contrário às próprias leis. Também são considerados
sofismas os raciocínios que partem de premissas verdadeiras ou verossímeis, mas
que são concluídos de uma forma inadmissível ou absurda. Por definição, o
sofisma tem o objetivo de dissimular, uma ilusão de verdade, apresentando-a sob
esquemas que aparentam seguir as regras da lógica. Nos dias de hoje seria quase que uma falácia.
Sintetizando: O sofisma aponta para a
produção de uma idéia que mistura realidade e fantasia, ou verdade e mentira,
com o intuito de conquistar o ouvinte ou
o outro lado.
Mas vamos parar por aqui na escola filosófica
e retornar as nossas relações.
Você já identificou que fazemos isso?
O que? O acima.
Não?
Vamos analisar juntos. Fazemos de tudo pela conquista
(ambos os lados), viramos do avesso, sacrifícios
enormes, e tudo o resto que cada um conhece a sua maneira.
Quando conquistamos ou queremos mudar ou o
outro quer nos mudar. Já não servimos mais. Já não somos perfeitos, precisamos
de alguns consertos. E assim vai cada
relação.
No fundo deixamos de sermos nós mesmos em
nome do tal de amor.
O que mudou?
Estamos nos conhecendo um pouco mais, estamos
parando, mesmo que pouco, para pensar mais em nós mesmos. Adentrar nas
entranhas de nós mesmos é perigosíssimo.
E um exercício para poucos. Mas alguns estão conseguindo. Outros não.
As pessoas estão se preocupando mais em ser
do que ter o outro só por ter. Os amores ou são mais profundos, ou só ´fica´ , como dizem os adolescentes.
Mesmo que ´ficar´ muitas vezes tenha
tudo do resto de uma relação natural.E normal. Mas é do tipo – pode ser rompido
a qualquer momento sem dano – Parece que eles já descobriram, mas continuam
procurando o grande amor.
Em seguida vem à outra pergunta, quase
grudada na primeira: Mas porque é tão difícil dar certo?
Creio que esta inserida na primeira resposta.
Queremos, tal qual uma transferência lacaniana, alterar, mudar, `aperfeiçoar´ o outro. No fundo estamos transferindo nossas
inseguranças, pois quem realmente precisa de uma mudança geral por dentro, em
todos os sentidos, é exatamente quem tenta mudar.
Mas e depois, vem a terceira:
Calma não termina assim tão fácil:
Mas quando esta dando certo porque nos
acomodamos?
Bem, creio que é retórica. Pois a resposta
esta inserida na própria pergunta. Diria que é pragmático, mas você responderia
que seria puro exercício de semântica. Este comodismo, na verdade, significa
que, no fundo, fizemos tudo, meramente emocional. Sim. O amor é racional.
Nietzsche afirmou e morreu defendendo isso. Mesmo que apaixonado. Tudo bem. Nem
ele foi perfeito em sua única tentativa de relação. Imaginária, já que só
existiu na sua mente.
Pode ver que quando começa uma relação,
ambos, querem saber tudo do outro. Mas tudo mesmo. O argumento: conhecer o outro profundamente.
Mentira. É apenas uma forma de ver se nossos defeitos poderão ser defrontados
ou pior, confrontados, sem nenhum problema pelo outro lado. Ou controle. Agora
quase opositor. E geralmente vamos à busca de todos os detalhes. Outra resposta:
É para não errar!
Mentira. As perguntas são feitas porque
sempre foram feitas. Amamos desta forma, pois sempre vimos, presenciamos, lemos
que é assim. Nunca buscamos o nosso próprio jeito. Como diz uma mestra e amiga muito querida: Meu
jeito, jeito simples, jeito imperfeito, mas meu jeito de ser. Simples.
E o que fazer quando não há mais amor, quando
termina a magia, o encanto?
Se houvesse uma fórmula, acredito seria mais
fácil. E automático. E mecânico. E não seriamos nós mesmos. Cada um irá como
minha amiga, encontrar seu jeito. Uns precisam dizer e saberem tudo, em
detalhes. Creio que isso esta ligado a
uma insegurança enorme. Outros simplesmente somem. Desaparecem. Vão lamber suas
feridas, esperar seus bicos renascerem, suas penas renovarem-se e voltam a buscar
mais amor. Principalmente os que têm o coração lotado. E não são todos não. A
grande maioria não aprendeu a amar. Espera um pouco? Tem um jeito certo de
Amar? Claro que não.
Mas não aprendemos a doar-nos, a perdoar,
exceto o que a cultura religiosa (não
confundir com religião) nos impregnou. Mas quando chegamos às relações não
sabemos como fazer isso. Mas ainda acredito no diálogo profundo. Por isso somos
sofistas nas relações. Dizemos verdades, omitimos outras e algumas mentiras,
por amor, são necessárias.
Não me
venham com esta de completamente corretinhos, que o ser humano é mentiroso por
natureza. Alguns apenas se controlam mais que outros. É um exercício difícil.
Alguns aprendem a omitir. Pois todo mundo quer a verdade.
No fundo ninguém gosta da verdade. Mas se
construirmos uma linha de respeito. Sim uma linha do tipo – até aqui você pode
ir ou – ate aqui eu posso ir. O resto é meu. Minha linha de guardar, de
segredos, de coisas só minhas. Minha intimidade. Minha dignidade. Se não
tivermos isso não seremos nós mesmos e sim autômatos.
Nietzsche afirmava que os poderes, para
qualquer coisa, estão dentro de nós. O teste de um herói (o super-homem de Assim Falou Zaratustra) é lutar contra os
sentimentos de perda, superá-los, não evitá-los. Se não conseguimos é porque
algo ou alguém esta nos segurando.
Então ame, do seu jeito. À vontade. Ame muito,
mas mantenha uma linha só sua e não esqueça que o outro lado também terá uma
linha. Quando um avançar sobre esta linha acaba. Termina. Finito. Adeus.
Simples assim e não adianta ficar choramingando pelos cantos.
Então, parece-me, que o respeito ao outro
esta em delimitar uma linha. Não ultrapassá-la e experienciar. Sim não tem
outro jeito. Só o seu jeito Pode pensar... Não dói. Já amar...!
Entendimentos & Compreensões!
publicado no RS, Paraná e
na Bahia
Com omissões e mentiras nada é confiável e duradouro. Abraços de luz.
ResponderExcluirPior que o amor que se acaba, é quando vira ódio... Irritação quando o outro fala...O inferno na terra. A partir daí, não dá mais pra contornar, relevar e continuar, conservando a amizade.
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