quinta-feira, 30 de maio de 2013


" OS FRACASSADOS! "






“... Quando medito sobre a felicidade que desfrutei,
tal como faço com frequência, às vezes digo a mim
mesmo que, se me fosse dada a oportunidade,
eu procuraria reeditar do princípio ao fim, o mesmo
estilo de vida. Tudo que iria pedir seria o privilégio
de um autor para me corrigir, em uma segunda
edição, certos erros da primeira...!"

                        Dos pensamentos de Benjamin Franklin


                                A maioria de nós dissimila o próprio fracasso em público; disfarçamos o fracasso com muito mais sucesso de nós mesmos. Não é difícil ignorar o fato de que fazemos muito menos do que somos capazes de fazer, muito pouco do que planejamos mesmo modestamente realizar antes de atingirmos certa idade e nunca, provavelmente, tudo que um dia aspiramos.

A razão de nos iludirmos tão facilmente é que em algum lugar de nosso trajeto parecemos entrar numa espécie de acordo de cavalheiros silenciosos com nossos amigos e conhecidos. "Não mencione meu fracasso", imploramos de forma tácita, "e eu nunca deixarei sair de meus lábios qualquer alusão sobre não estar fazendo o que eu esperaria de você".

Este parágrafo foi retirado do livro Wake Up and Live - Acorde e Viva -  de Dorothea Brande, e foi publicado em 1936, durante os períodos mais terríveis da depressão. Serviu como preservador da vida para uma nação mergulhada no desespero e a mensagem que trouxe foi tão significativo que mudou o comportamento americano naqueles anos negros.

Ainda a despeito do dito acima, sabemos, pois, que este silêncio tático raramente é quebrado na juventude ou nos primeiros anos da meia idade.
Diz ainda Dorothea:, até aqui, convencionamos que a qualquer momento poderemos assentar a mão, um pouco mais de tempo se passa e o silêncio afrouxa. Chega o tempo em que é mais seguro sorrir com pesar a admitir que as esperanças com as quais saímos para enfrentar o mundo eram alta se otimistas demais, em especial as que dizem respeito ao nosso próprio desempenho. Aos 50 anos - e às vezes mais cedo - o mais seguro geralmente é conciliar e resmungar com certo senso de humor; afinal, poucas pessoas estão em condições de dizer: "Porque não começar agora?" E ainda assim, algumas das maiores obras do mundo, muitas delas obras primas, insubstituíveis, foram feitas por homens e mulheres que já haviam transposto o que consideramos de forma um tanto superficial, seus melhores anos.

Friedrich Nietzsche se debruçou mais seriamente sobre essa questão. Ele acreditava que todos os tipos de sofrimento e fracasso deveriam ser bem-vindos no caminho para o sucesso e vistos como desafios a serem superados, como os alpinistas fazem ao subir uma montanha.

Praticamente sozinho entre os filósofos considerava os infortúnios como algo vantajoso na vida. Ele escreveu: “A todos com quem realmente me importo desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados.”

Uma lição que a vida difícil ensinou a Nietzsche foi que toda conquista é fruto de luta e esforço constantes, embora imaginemos o sucesso como fácil e natural para algumas pessoas. Na visão de Nietzsche, não existe estrada reta até o topo. “Não falemos de dons ou talentos inatos”, escreveu. “Podemos listar muitas figuras importantes que não tinham talentos, mas conquistaram seu mérito e transformara-se em gênios. Elas fizeram isso superando dificuldades.”

Assim passamos despercebidos pelo mundo sem dar nossa contribuição, sem descobrir tudo o quer havia em nos para ser feito, sem usar cada fração de segundo de nossa capacidade, inata ou adquirida. Se conseguirmos um razoável conforto capaz de nos garantir algum respeito e admiração, um gosto de "um pouco de breve autoridade" e um pouco de amor, pensamos ter feito uma boa barganha, consentimos na vontade de fracassar.

Chegamos mesmo a sentir orgulho de nos mesmos em nossa esperteza, sem suspeitar do quanto fomos ludibriados, a ponto de optarmos pelas compensações da morte em lugar dos prêmios da vida.

Dedicado a quem nunca esmorece.
Não é óbvio?
Pode pensar... Não dói...


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segunda-feira, 27 de maio de 2013


O REAL VALOR E O SAL DA TERRA”



“...O que vejo claramente é  o mal difundido, 
infinito, de substituir imaginação por conhecimento, 
ou antes de viver voluntariamente num crepúsculo da mente 
onde a imaginação e o conhecimento são indispensáveis...!"

                   Eurípedes the Rationalist


Por mais poético que possa parecer, pode-se continuar o acima, com o pensamento de Marianne Moore, quando diz que: “... mãos que podem agarrar olhos que se podem dilatar, cabelo que se possa eriçar se for preciso, estas coisas importantes não porque uma interpretação pomposa pode ser dada a elas, mas porque são úteis...".

O método, portanto, pelo qual foi condenada qualquer tentativa de analisar o "bem" é por si próprio inadmissível, e não fornece nenhuma satisfatória razão que diga por que não poderia ser dada uma explicação puramente psicológica das diferenças entre experiências boas, más e indiferentes.

Talvez os dados venham dos estudos sempre efetuados pela Antropologia.
Já se tornou claro que é esmagadora a disparidade entre os estados de mente reconhecidos como bons por pessoas de diferentes raças, hábitos e civilizações. É verdade que qualquer criança observadora poderia descobrir quão grandemente as pessoas discordam no ambiente familiar, mas o efeito da educação é suprimir estes esforços científicos. Foram precisas as vastas acumulações de provas antropológicas, agora acessíveis, para estabelecer o fato de que, à medida que organização da vida e dos afazeres se altera, muitas experiências diferentes são percebidas como sendo boas ou más, são favorecidas ou condenadas.

O ambiente propício para a discussão política, organizacional e situacional de uma comunidade inteira, disposta entre tantos povos diferentes, e razões mais diferentes ainda, é exatamente este que se aproxima. Bastante próximo de eventos também políticos, são uma maneira muitas vezes até cruel, mas uma espécie de mal necessário, para a busca de soluções, ou a redescoberta do precioso "Sal da Terra". Este tempero especial, que a razão humana, avassaladora busca incessantemente para si própria, como o remédio para todos os males.

A consciência popular, tão mal usada, está tão enraizada em política fundamental de organização e busca frenética de sobrevivência, que em razão disto, às vezes acaba se esquecendo dela mesma. Por mais apologia, que possa ter ou parecer, esta acaba se transformando em conceitos vazios, dos que buscam, e acabam esfacelando um sistema político e organizacional que demorou milhares de anos, para se composto naturalmente.  O exemplo está na própria natureza, quando a mesma, apenas para colocar uma fenda em uma rocha, para que possa escorrer a água, e não se acumular demora séculos, em seguida vem o homem e explode a rocha em poucos segundos, sem ao menos se dar conta, de toda a preciosidade, muitas vezes poética que ali se esconde.

Insensibilidade? Talvez. Em muitos casos é próprio do bicho homem.
Mas Ele vai entender isto, até quando?
Até quando descobrir que pensar não dói...
Obviamente, não muito.


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quinta-feira, 23 de maio de 2013

"O Homem ou a Instituição?"



" ... Na sociedade, que é a humanidade no espaço e na história,
que é a humanidade no tempo, há bacilos e toxinas de forma humana
que o olhar das gerações não descobre, que o olhar dos historiadores
ignora, ou muitas vezes, finge ignorar, mas cuja existência não
é um mistério para o bacteriologista da sociedade e da história..."

         E.Malynski e L. de Poncins - A Guerra Oculta -   


O que mais nos falta na época atual, chamada de contínua modernidade, é aquela "coisa" fantástica chamada de sentimento de povo, sua seiva, sua alma.


Parte-se do princípio, verdadeiramente humano, de que o indivíduo somente crescerá se o meio em que vive crescer primeiro, ou seja, da união de indivíduos temos um meio forte, que o transformará em um indivíduo forte. O contrário não é verdadeiro.
O homem criou instituições através de modelos corrigidos por centenas de anos, na tentativa, muitas vezes utópica, de se chegar ao meio social - onde deve sempre estar inserido o indivíduo - perfeito e harmonioso. Estas instituições deveriam ser servidas de homens de valores, de méritos para que estes através de suas sabedorias imprescindíveis colocassem o crescimento e o progresso do povo como um todo, acima de tudo.

A crença no progresso está naturalmente identificada na essência, com o desenvolvimento material. Alias, René Guéneon, criticou admiravelmente isto em seu livro " Oriente e Ocidente " quando diz: "...A crença no progresso indefinido é a mais ingênua e a mais grosseira de todas as formas de otimismo..." - É também por isso que verifica-se atualmente, no chamado mundo moderno, ao qual o Brasil quer se inserir, as instituições serem menos importantes de que o indivíduo que a dirige, ou que deveria nos representar.

Contrariando o princípio acima colocado, estes indivíduos colocaram as considerações pessoais acima da busca da verdade, como um todo.
Diz-se hoje, que agimos politicamente, fazemos revoluções sociais, criamos constituições, e muitas outras ações sociais para estabelecer e proteger os direitos humanos. Isto, julga-se a partir deste princípio, são meras regras  jurídicas remetidas aos tempos do feudalismo, porque constituições e cartas de direitos são apenas "as formas que tornam aceitável um poder essencialmente normalizador". Às vezes, tentamos usar nossas mentes para desmanchar a opressão. Temos de esquecer, pois toda espécie de inquérito sobre a condição humana (“...) apenas desliga indivíduos de uma autoridade disciplinar para ligá-los a outra”, portanto, apenas faz engrossar o triunfante discurso do poder.

Toda crítica soa vazia, porque o próprio crítico está "dentro da máquina", investido de seus efeitos de poder. Poder que conferimos a nós mesmo, já que somos parte de seu mecanismo.

O exercício de pensamento acima, nada mais é, do que aquilo ao qual se propõe, exercitar nossas mentes preguiçosas, sobre o fato de que ao reanalisarmos nossos conceitos atuais sobre os métodos empregados pelas instituições que tanto defendemos, devemos cuidar com as espécimes que nelas colocarmos, pois senão, estas espécimes - geralmente subespécimes - usam nossas instituições apenas para o crescimento de seu poder pessoal, ou de algo que ainda desconhecemos e o sentido comum a todos, que foi sempre a base da luta do indivíduo, desaparece.

Caso contrário, será verdadeira a afirmativa que Lord Beaconsfield fez em Coningsby, em 1844 - veja bem a época -: "O mundo é governado por personagens muito diferentes das que imaginam os indivíduos cujo olhar não penetra nos bastidores..."
Portanto, temos que nos esforçar para que nossos olhares comecem a penetrar nos bastidores, e vamos tentar corrigir em tempo o que ali acontece, sob pena de nossas futuras gerações, amargarem com o fato de que nós, seus ancestrais, pouco ou nada fizemos para corrigir estas distorções políticas e sociais, o esfacelamento do meio e, por conseguinte do indivíduo.

Vamos exercitar ainda mais o nosso pensamento, para analisarmos profundamente os indivíduos que querem chegar a estas instituições através de nós. Mas que, OBVIAMENTE, também seja PARA NÓS.
Senão também é ÓBVIO, que as consequências, serão por nós sentidos.
E pensar ainda não dói!

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domingo, 19 de maio de 2013



“Monstros são Criados!”
- Salvem os Professores –
#SOSEducação






“... Aluno (do latim alumnus, alumnié) ou discente é
o indivíduo que recebe formação e instrução de um ou vários professores ou mestres para adquirir ou ampliar seus conhecimentos, geralmente nas áreas intelectuais....!”
Huaiss


Chamou muito à atenção a série de reportagens, pelo Jornal da Band: “Professores Ameaçados”.
As monstruosidades praticadas por alunos. Sim, alunos.
Agressividade monstruosa, raiva, descontrole... De onde vem tudo isso?

De casa. Perdão pais. Mas vem de casa, de onde moram,vivem.
Somos aquilo que nos fizeram. Somos o que nos transformaram. As desculpas? As mais esdrúxulas possíveis:
“Não tenho tempo, pois trabalho demais para sustentar a casa”. “ Meu filho é hiperativo”. Hiperativo? Eufemismo para “marginalzinho”. E não se está falando somente em escolas públicas. Particulares, de luxo, que custam uma fortuna, com segurança reforçada e mais mil e uma comodidade para “pseudos alunos” manifestar selvageria.

Cadê o ECA - (Estatuto da Criança e do Adolescente) -, perdão a subjetividade, mas parece mais “Estatuto do Covarde Amparado!”
Cadê o governo? Cadê os projetos dos tais de “novos prefeitos”?

Eles somente falam em dar um “aumentozinho” para professores. Penso diferente. Será que os professores precisarão aprender “artes de defesa pessoal”.
Porque estamos ficando tão desumanos?

Cadê nossa essência? Estamos perdendo nossa pureza e transferindo aos nossos filhos?
Quem irá se sujeitar a estudar para professar? O que para a maioria é difícil cursar uma faculdade, fazer pedagogia, se especializar, passar em concursos, ou provas difíceis? Para quê?

Para enfrentar “mal-educados” vindos de casa? Parece que a grande maioria desses pais perdeu a perspectiva do que é educar um filho. De colocar na vida um filho. Estão criando marginais, traficantes, assassinos. Tudo isso a psicanálise chamaria de “transferência”. Estao levando para a escola a agressividade que assistem em casa. Pais drogados ou alcoólatras. Pais que batem nas mães e nos próprios filhos. Palavras ameaçadoras e agressivas. Tudo isso vai “lotando” a cabeça desses jovens. Para não dizer crianças. E isso vale para meninos e meninas. E onde liberar tudo isso?
Na escola, com professores, com colegas.

O que os pais desses adolescentes estão fazendo?
Nada. E ainda culpam o colégio, os professores, os pedagogos e os psicólogos da escola que nada fazem.
Penso que eles podem fazer muito.
As imagens mostradas pela reportagem são assustadoras.
Não são adolescentes indo à escola. É marginal indo aplicar lições como se estivesse saído de presídios, de centro de marginais.
Novamente o que é que os pais estão fazendo em casa...
Nada.

Não há dialogo, não há troca de informações. Não há afeto, não há amor. Há chantagem, há “compra”:
“ Meu filho se você for bonzinho vai ganhar uma moto de natal”.
Todos os anos um Promotor inicia o ano escolar. Faz um discurso dos direitos dos alunos. Salvo raríssimas exceções. E...
Alunos com armas na escola como facas, estiletes e até revólveres?
De onde saíram esses seres.

De um lugar que deveria ser um “lar”. As ausências de caráter, de princípios, de valores não estão nos adolescentes. Vem de casa.
Sou pai, sou avó. Meu neto ganhou o titulo de “cavalheiro”, de “ príncipe da educação” aos três anos de idade em sua escola. Ama  e respeita seus professores.

Quando pergunto a ele: Como é sua professora? Ele responde: é parecida com minha mãe, ela é muito querida. E quando ela fala com você e pede para  fazer algo?

Eu faço. Por quê? Perguntei várias vezes: Se eu não for educado eu não aprendo.
Eu repito: Três anos e meio de idade.
De onde vem tudo isso. De casa. De nenhum outro lugar.
Pais acordem! Professores são mestres. Eles sabem mais. Eles estão lá para ensinar inclusive o que vocês não souberam ensinar.

Criem seres humanos com alma.
Pais: Conheçam todas as teorias, dominem todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana. É isso que os professores estão “tentando” fazer.
Do contrário, vocês pais, estão criando monstros. Alimentem-nos ou...
Uma ultima pergunta: Você já ouviu falar em algo parecido em um COLÉGIO MILITAR? Você sabe quais os resultados dos alunos de um Colégio Militar?
Não? Informe-se.

Uma ultima informação: No Japão todos fazem reverência ao Imperador. Menos os professores. Pois os japoneses e entendem que o próprio imperador já teve um professor. Alguém que sabia mais que eles. E...
Vamos recuperar nossa humanidade. Salvem os professores. Precisamos deles, mais do que podem imaginar. Enquanto há tempo. E em um futuro muito próximo. Se precisarem de um exemplo visitem, por favor, um Colégio Militar.
Pensar ainda não dói... Mas criar monstros vai doer... E muito!


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domingo, 12 de maio de 2013


“Complicado... Eu?”




“... Qualquer um vê o que você aparente ser,
poucos conhecem o que você é de fato...!”.

dos pensamentos de Maquiavelli


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não imaginam o quanto amo suas sabedorias.  Mas eles se “entregam”... Quando escrevem.
Ao escrever revelam a sabedoria que está em sua essência e, por sua vez, é recebida por palavras.
O texto abaixo, completamente, como foi escrito, transcrevo de um jovem de sabedoria “velha”. Foi-me remetido como se ele estivesse treinando. Oh, como os sábios se comportam em suas singelezas...
Vale a pena ser lido, inspirado, respirado, digerido, para entendimentos & compreensões de nós...  Simples mortais.

...E não havia mais nada, absolutamente nada para ser dito... Que já não o tivesse sido!
Quão nítida uma voz precisa ser, para poder ser ouvida... E compreendida? Quem sabe a pergunta esteja errada! Vou reformular: Quão alto precisa ser o som da voz, para que possamos ouvi-la, e, compreendê-la?  

Alguns de nós, passaremos a vida, sem ter a capacidade de ouvir... Compreender. Ouvir é muito mais que o som que entra pelo canal auricular, e, posteriormente, é processado pelo cérebro, fazendo do som, informação. Sim, de forma grosseira é assim que se da o “ouvir”.
Simples? Engano!
Ouvir é muito mais que permitir ao cérebro que processe o som. Vem do latim, “audire”, já escutar, vem do latim, “auscutare”, com atenção, é diferente de apenas ouvir. Quem ouve com atenção, compreende, capta, processa, e, por fim, entende.

Rubem Alves, divagando sobre Deus, ousou afirmar que: "Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.".

Sábio Alves. Quantas vozes, quantas vezes, brotam do mais absorto silêncio? Penso que as coisas mais importantes, intrínsecas da existência de uma pessoa, se dão no mais profundo silêncio. Quantas vezes, arrebatados pelo mais envolvente amor, o fazemos quietos, no silêncio? Apenas para nós, e, claro, para os que conseguem ouvir, a mais tênue e suave de todas as vozes, a que não se pode medir com um decibelímetro, ou captar com microfones, a voz do silêncio? Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

Quantas verdades o silêncio nos conta? Quanto segredo, dos mais profundos, um minuto de silêncio pode guardar? Chego à conclusão de que o silêncio aprendeu a falar muito mais que voz. Que ele pode guardar, reservar, separar, mais mistérios do que todas as vozes, proferidas nas mais de centenas de línguas, que se tenha conhecimento, sobre a face da terra. E quem escuta? Quem ouvirá? Quem estará disposto a ouvir, todos os segredos, que ele, o silêncio, nos tem a contar?

Amor, amizade, raiva, ódio, inveja, indiferença, tudo isso, e muito, muito mais, escondidos, acastelados, aprisionados no mais profundo silêncio.
Inteligência? Pertence àqueles que conseguirem ouvir, o que tem a dizer, ele, o misterioso, o silencioso, brando e calmo, silêncio. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

Ouvi certo dia, que sou uma pessoa complicada.
Tolice. Sou complexo, é diferente.
Complicado vem do latim “Complicare”, formado por COM, “junto”, mais “plicare”, “dobrar”. O que apresenta muitas dobras reunidas e pode ser difícil de desfazer.
Complexo vem do latim, “complexus”, “abrangente, aquele que rodeia”, particípio passado de “complecti”, “rodear, abarcar”. Este verbo é formado por “com”, “junto”, mais “plectere”, “tecer, urdir”.
 Complexo, não complicado! Abrangente, não superficial.
 Odeio águas rasas.
E, o ouvir? Eis ai a resposta!
Eu escutei... E você?



Da inteligência de meu amigo Patrick M. Renné
Carazinho – RS -
@PatrickmRene
www.epensarnaodoi.blogspot.com.br


sábado, 11 de maio de 2013


“Mãe! Abrace-a!”
- Devolva um pouco –




“...Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa...!”

Rubem Alves


À tarde de sábado, aqui no sul, começou com um sol majestoso. Um pouco para compensar os 13 graus e as noites frias destes primeiros dias de maio.

Colocando a correspondência em dia, recebi mensagem de nova postagem de meu amigo, mestre e ser especial Américo Rolin, escritor de Goiás, e do sitio http://cronicaeseresta.blogspot.com.br.

Um ser sábio, de alma generosa, como convém aos homens que encontraram uma superioridade em suas próprias almas.

Em sua ultima postagem ele fez uma homenagem contextualizada para o dia das mães.

Confesso: Não sou muito tolerante com datas comerciais, a sua grande maioria lotada de hipocrisia e apenas “alvo” para compras desenfreadas, como para justificar sermos filhos e tentar “compensar” o incompensável. O amor de uma mãe.

Encheu-me os olhos. Obvio lembrei-me de minha mãe. Não a tenho mais comigo. Mas apenas fisicamente.

No jardim, ao lado de casa, que ainda mantenho e cultivo com carinho, por ser ela a criar, nesta semana, crisântemos abriram-se maravilhosamente, como se dissessem: “
Estamos lindos, leve-nos... Faça-nos ser mais que simples flores... Faça de nós uma homenagem...!”.

Assim o fiz: Colhi-os com delicadeza e os levei ao túmulo de minha amada mãe Iolanda. Sim, ela adorava a canção de Chico Buarque, principalmente, interpretada por Simone.

Com dois enormes ramalhetes, com vermelhos escuros e brancos, enchi um enorme vaso. Acendi um incenso e sentei-me ao lado do túmulo, ao qual meu irmão colocou um banco. Sim, destes de praça.

Assim como que conversando com seu espírito, olhando as flores que ela tanto cultivava. Senti-me pequeno. Sim. Deveria ter agradecido mais. Ter beijado e abraçado-a muito mais do que fiz. Sai cedo de casa. Convivi pouquíssimo com ela.

Porém dias inteiros de seus últimos quatro anos, até o ultimo suspiro. Seu último olhar levarei comigo até encontra-la novamente. De alguma forma sei que isso acontecerá, por mais ilógico que possa parecer. Mas os sentimentos não foram feitos para serem lógicos, foram feitos para serem sentidos. Em sua essência.

Ao ler e emocionar-me com Américo Rolin, senti a necessidade, assim como estivesse vendo o sorriso largo que soltava quando uma amiga lhe gracejava. Hoje tenho muitas mães.

 Todas as suas amigas, quando me encontram me abraçam e dizem: Saudades de Iolanda. E eu levo o abraço. Eu sou abraçado pelo que este ser foi, enquanto esteve aqui. Neste domingo não terei uma mãe física para abraçar. Mas, certamente, que poderei sentir e tocar seu espírito, sua forma original e mais pura e... Ao menos poder dizer. Obrigado!

Não estou sozinho. Sem mãe. Agora tenho uma luz chamada mãe que preenche todo o vazio que pode ter ficado com a sua ausência.

Ela não era de muitos discursos. Suas falas eram curtas e diretas. Mas elas me lembram de sempre oque diz o mestre das palavras que tanto amo e admiro Rubem Alves, sinto como ele, quando afirma: Quando você encontrar a outra metade da sua alma, você vai entender porque todos os outros amores deixaram você ir. Quando você encontrar a pessoa que realmente merece o seu coração, você vai entender porque as coisas não funcionaram com todos os outros...
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta.

É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.

Para você que tem mãe, dê o melhor dos presentes que uma mãe pode esperar. Abrace-a muito e diga que a ama.
Pode fazer, não dói. Ao contrário afasta todas as outras dores.
Dedicado a todas as mães que fazem um mundo diferente e puro.


Inspirado em meu mestre e amigo Marcos Rolin de Goiás.


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terça-feira, 7 de maio de 2013



Individualidade Iluminada!




“... Na embriaguês o individuo perde a consciência
de sua individualidade; desabrocha naquela
excitada massa em festa, dilui-se com ela...!

- Nietzsche citando Latacz em A Tragédia Grega -


                                       Aqueles que conhecemos em nossa vida logo se tornam multidões. Amigos são poucos. Amigos estão conectados com nossa mais profunda relação conosco e consigo mesmos. Eles entendem as “loucuras” como se fossem uma espécie de reflexo apaixonante.
Tenho-os, e bem espalhados por este Brasil. Em cada um deles encontro o brilho necessário para refletir a vida com mais paixão
Eles são muito especiais. São eternos “namorados da alma”.  Amigos da alma não são convencionais estão além da hipocrisia. Amigos sábios, cúmplices, modelos. Identificados com a chama criativa, da paixão, exatamente como a que está em sua profundidade do ser. Aquilo que o pensador chamava de além-humano.
                                      Nietzsche, certamente, teria criado um personagem especial, em uma definição atual. Mas não é o caso dele. A magia de nossa relação conosco mesmo é que permanece um mistério, menos para amigos. Mas, parece, estamos dispostos a continuar assim. Por isso são amigos. Necessários e muito amados, além do simples amor convencional.

Vez por outra recebo recados. Neles estão pedidos de “socorro”. Envaidece-me, pois seus pedidos requerem um contato, uma presença. Esta é a solução procurada. Nada de carência sentida. Isso seria primitivo. Tem diferença com necessidade humana.

Quando não podem fazer isso, mandam-me recados. Os mais diferentes possíveis. Quase um divã de suas relações com as pessoas a sua volta, com o mundo.
                                      Uma destas amigas, muito amada, é Branwen. Sim, homenageio-a como a Rainha das Águas, da Mitologia Celta. Ela é assim. Uma espécie de sábia, naturalmente precoce.

Uma filósofa de profundidade extremada e difícil de ser encontrada. Sensibilidade tão aflorada que em nossas conversas, vez por outra sou surpreendido por alguma colocação tão profunda e inédita, como se ela já tivesse vivido 100 anos. Há algum tempo, recebi um recado de sua indignação.
Quando ela “reclama” de algo, geralmente, é uma espécie de sinopse de algum tratado de filosofia das relações.

O recado tinha título: Que Capa Você Veste? E começava assim:
“... Fascinante o encantamento que nos toma quando nos permitimos ser surpreendidos por vitrinas que despertam nosso desejo consumista. Nosso desejo de estar melhores, de nos sentirmos melhores (...).”

 É apenas a introdução. E é um recado pessoal, de amigo. Ela não tem este “espírito consumista”. Como a conheço, profundamente, certamente que era apenas uma espécie de “preparação” para o que vinha em seguida:
E a sequência continha:
“... Na verdade, todos são “vitrinas”, expostas a um público completamente desconhecido 'escancarados' à observação e avaliação daqueles que acreditam serem os “donos-da-verdade”, os sabedores da história, os conhecedores das 'ciências ocultas', com incrível poder de análise e eficiente formação de valores que podem ser amplamente divulgados e seguidos, cegamente, por seus pares...”.
                                            A maioria das pessoas, que conheço, iria direto ao ponto, chorariam suas mágoas, esbravejariam altíssimo por algo que lhes tenha acontecido, rogaria “pragas”, buscariam culpados, tudo como uma espécie de: “reconhecendo-se a culpa costuma-se tornar menor a pena”.  Meio agostiniano eu sei (Santo Agostinho, filósofo da igreja).

Mas para Branwen isso seria simplório, em demasia. Fugiria de seu contexto de “nobre”. Típico de sua alma iluminada e elevada. E ela vai mais longe:
“... Suas vidas são impulsionadas pelos meandros da fofoca, da maledicência, da preocupação incessante com os comportamentos alheios. Demonstram extrema necessidade de verem disseminadas suas inferências malévolas aos que, supostamente detém algum poder...”!

Afinal quando se fala é necessário explorar, com riqueza, o que se quer dizer. Não precisam ser argumentos aristotélicos de análise e síntese, porem enriquece os seres que convivem.
E Branwen continua:
“... E a quem estes bajulam e informam incessantemente, completamente providos dos interesses e objetivo de, simplesmente, terem opinião considerada e a possível situação de um 'linchamento' em praça pública de um de seus desafetos...”.

Poderia muito bem significar uma espécie de “recado” aos “politiqueiros”. Mas não se enganem. Não buscaria significado para hipocrisias baratas. Ela detesta explicações fáceis ou fortuitas. Até porque, deixa na continuação, sua marca:
“... É nobre salvar a pátria, zelar pelos bons costumes e pelo cumprimento de regras estabelecidas? Seria, se o “candidato” a “nobre” fosse pessoa de conduta Ilibada, sem resquícios de arrogância ou ignorância. Se um de seus desafetos veste-se com grandes doses de sentimentos nobres, com discretas aplicações de sarcasmo, antes de discutir...”.
                                           Assim fica o recado desta amiga, amada e sábia, sobre nossas próprias condutas. Fica o modelo de síntese do “que dizer e por que”, em cada contexto. Fica mais fácil ser contraditório quando não se sabe o que dizer. Por isso Branwen, quando deixa seu recado tem profundidade que nos ajudam a pensar sobre nossa própria conduta.
Ela encerra o “recadinho” assim:
“... Observe o que vestes, pois as traças do rancor, do desamor e da infelicidade podem ter roído toda a sua capa dourada de 'Nobre'...!”
'Nossa Conduta Revela o Nosso Caráter'.  Conclui Branwen.
Em tempo:
O recado não é para políticos não. Apenas o que Branwen capta, com sua sensibilidade, no dia-a-dia, e reparte conosco.
Pensar em quem somos como nos relacionamos com o outro e para que estejam aqui não dói e nos difere do primitivo, concluo eu!


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sexta-feira, 3 de maio de 2013



 "HERDEIROS DO PASSADO"






"... A palavra é o espelho da ação...!"
                        Sólon - 630/580 aC.

Curtis Masil, escritor-pesquisador, diz:
"Nós, sem qualquer distinção, somos herdeiros do passado, da raça humana, desse passado comum, ignoto, fabuloso e mítico, advindo da primeira noite dos tempos conhecidos ou não. Um passado obscuro, de procedência desconhecida para nós, seres bípedes que um dia nos levantamos dentre os brutos, olhando para os céus, à proporção que dizíamos individualmente: eu penso, eu existo!".

Bem, a caminhada foi imensa e dolorosa. O homem criou civilizações tantas, mas eis que ficaram resquícios, que não conseguiram acompanhar os tempos, e muitos não conseguiram encontrar o seu “Logos”. (do grego = a palavra escrita ou falada – o verbo).
Estes fatos, juntados a estas "coisas" - de coisificação - deixa a maioria em estado aparente de confusão. E por que não se dizer, de uma vez, confusão mental.

Ha tantas verdades, variadas dentre tantos tipos, advindo de tantos sujeitos, que fica cada vez mais difícil estabelecerem-se, verdades verdadeiras.
Principalmente quando necessitamos de verdades grupais, sociais, para inserir neste mesmo contexto, o homem, ser nato-divino, por conseguinte, como criação e obra Dele.
Mas no nosso mesmo após mais de dois mil anos da era Cristã, não se pode, ao menos na maioria, admitir determinados comportamentos, que se não pecam, imediatamente nas palavras, pecarão em seguida, nas ações.

Objetivos? Ora, eles são os mais variados possíveis. Tudo vai da dependência de uma ignorância doentia, até o total descaso com tipos de verdades. Vistos serem elas desnecessárias ao processo em desenvolvimento. Prolixidade, como salientariam alguns?
Talvez. Mas antes de tudo significa em palavras diretas: "Guardar o seu lugar ao sol, visto que de outra maneira - a não ser defendendo a sua hipocrisia - não restaria outra coisa para se fazer ali".

Isto acontece principalmente, no sistema educacional, atual. Todos tentam guardar as suas "boquinhas", pois se não se comportarem de tal maneira, as perderão. E após, nada mais poderão fazer.
Isto acontece politicamente, melhor seria dizendo, partidariamente.

Aqueles que conseguiram alguns "cargos", não o soltam de maneira alguma, mesmo cometendo irregularidades, - muitos até perante a lei - cometendo barbaridades, tudo em nome de uma cartilha partidária, que a maioria deles desconhece totalmente. Até mesmo pelo desconhecimento da língua pátria, por conseguinte o seu real significado. E isto é defendido com "unhas e dentes", não importando a "besteira", que se esta defendendo naquele momento.

Ora, ao menos para aqueles que enxergam bem adiante, daquilo que sua vista alcança, já podem sentir, o significado de mudanças, que esta ocorrendo em todos os meios, dos grupos sociais aos quais pertencemos.
O período transacional, atual, é de atual importância, que precisamos acordar, sobremaneira, em todos os pontos, ou após será tarde.
O medo de muitos é que estes poucos acabem fazendo tamanha confusão, até mental, em determinadas ações praticadas, que os resultados negativos, destas mesmas ações, perdurarão por muito tempo e a correção será tão ou mais onerosa, que obviamente a sua constituição agora.

Defender, pontos de vista, opiniões, homens e suas ações erradas, sabendo-se disto, apenas para conseguir o seu lugar ao sol, esta ligado a um misto de ignorância e sofisma (s.m. argumento falso intencionalmente feito para induzir outrem ao erro - ).
Mas estes sofistas precisam crer e, principalmente, começarem a ver, que por sua vez estão sendo vistos por outros, e suas ditas ações, começam a se tornarem motivos de piadas e risos, por não mais servirem a causa social que está inserida.

Obviamente, o sistema total dará um jeito, naturalmente, de afastar estes egocentristas de todo, do meio.
Não é óbvio?
Pode pensar... Não dói!


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Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –