" OS FRACASSADOS! "
“... Quando medito sobre a felicidade que desfrutei,
tal como faço com frequência, às vezes digo a mim
mesmo que, se me fosse dada a oportunidade,
eu procuraria reeditar do princípio ao fim, o mesmo
estilo de vida. Tudo que iria pedir seria o privilégio
de um autor para me corrigir, em uma segunda
edição, certos erros da primeira...!"
Dos
pensamentos de Benjamin Franklin
A maioria de
nós dissimila o próprio fracasso em público; disfarçamos o fracasso com muito
mais sucesso de nós mesmos. Não é difícil ignorar o fato de que fazemos muito
menos do que somos capazes de fazer, muito pouco do que planejamos mesmo
modestamente realizar antes de atingirmos certa idade e nunca, provavelmente,
tudo que um dia aspiramos.
A razão de nos
iludirmos tão facilmente é que em algum lugar de nosso trajeto parecemos entrar
numa espécie de acordo de cavalheiros silenciosos com nossos amigos e
conhecidos. "Não mencione meu
fracasso", imploramos de forma tácita, "e eu nunca deixarei sair de meus lábios qualquer alusão sobre não
estar fazendo o que eu esperaria de você".
Este parágrafo foi
retirado do livro Wake Up and Live -
Acorde e Viva - de Dorothea Brande, e
foi publicado em 1936, durante os períodos mais terríveis da depressão. Serviu
como preservador da vida para uma nação mergulhada no desespero e a mensagem
que trouxe foi tão significativo que mudou o comportamento americano naqueles
anos negros.
Ainda a despeito do
dito acima, sabemos, pois, que este silêncio tático raramente é quebrado na
juventude ou nos primeiros anos da meia idade.
Diz ainda Dorothea:,
até aqui, convencionamos que a qualquer
momento poderemos assentar a mão, um pouco mais de tempo se passa e o silêncio
afrouxa. Chega o tempo em que é mais seguro sorrir com pesar a admitir que
as esperanças com as quais saímos para enfrentar o mundo eram alta se otimistas
demais, em especial as que dizem respeito ao nosso próprio desempenho. Aos 50
anos - e às vezes mais cedo - o mais seguro geralmente é conciliar e resmungar
com certo senso de humor; afinal, poucas pessoas estão em condições de dizer: "Porque não começar agora?" E
ainda assim, algumas das maiores obras do mundo, muitas delas obras primas,
insubstituíveis, foram feitas por homens e mulheres que já haviam transposto o
que consideramos de forma um tanto superficial, seus melhores anos.
Friedrich Nietzsche
se debruçou mais seriamente sobre essa questão. Ele acreditava que todos os
tipos de sofrimento e fracasso deveriam ser bem-vindos no caminho para o
sucesso e vistos como desafios a serem superados, como os alpinistas fazem ao
subir uma montanha.
Praticamente sozinho
entre os filósofos considerava os infortúnios como algo vantajoso na vida. Ele
escreveu: “A todos com quem realmente me
importo desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o
profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos
derrotados.”
Uma lição que a vida
difícil ensinou a Nietzsche foi que toda conquista é fruto de luta e esforço
constantes, embora imaginemos o sucesso como fácil e natural para algumas
pessoas. Na visão de Nietzsche, não existe estrada reta até o topo. “Não falemos de dons ou talentos inatos”, escreveu.
“Podemos listar muitas figuras importantes
que não tinham talentos, mas conquistaram seu mérito e transformara-se em
gênios. Elas fizeram isso superando dificuldades.”
Assim passamos
despercebidos pelo mundo sem dar nossa contribuição, sem descobrir tudo o quer
havia em nos para ser feito, sem usar cada fração de segundo de nossa
capacidade, inata ou adquirida. Se conseguirmos um razoável conforto capaz de
nos garantir algum respeito e admiração, um gosto de "um pouco de breve autoridade" e um pouco de amor,
pensamos ter feito uma boa barganha, consentimos na vontade de fracassar.
Chegamos mesmo a
sentir orgulho de nos mesmos em nossa esperteza, sem suspeitar do quanto fomos
ludibriados, a ponto de optarmos pelas compensações da morte em lugar dos
prêmios da vida.
Dedicado a quem
nunca esmorece.
Não é óbvio?
Pode pensar... Não
dói...
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
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