segunda-feira, 29 de abril de 2013




Aos Novos Professores de Todas as Idades!
#SOSEducação!


“... Professores ideais são aqueles que se transformam
em pontes e que convidam os alunos a cruzá-la,
depois de ter facilitado sua passagem, com alegria
e colapso, incentivando-os a criar pontes
a partir de suas próprias atitudes...!"

  dos pensamentos de Nikos Kazantzakis,
escritor, poeta e pensador grego.


                        Nossa educação esta fragmentada. Uma adequação ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas. Do outro lado realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transacionais, globais, planetários.
                      Precisamos bater mais fortemente, no fato de que a hiperespecialização, ou seja, a especialização que se fecha em si mesma sem permitir sua integração em uma problemática global, ou em concepção de um conjunto do objeto da qual ela se considera apenas um aspecto ou parte.
                     Com isso impede de ver o global – que ela fragmenta em parcelas-, bem como o essencial – que ela dilui -. Nas escolas primárias nos ensinam a isolar os objetos – de seu meio ambiente – e separar as disciplinas – em vez de reconhecer suas correlações -, a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar. Somos obrigados a reduzir o complexo ao simples.

O pensamento que recorta, isola, permite que especialistas e experts tenham ótimo desempenho em seus compartimentos, e cooperem eficazmente nos setores não complexos do conhecimento, notadamente os que concernem ao funcionamento de máquinas artificiais, mas a lógica a que eles obedecem estende à sociedade e às relações humanas os constrangimentos e os mecanismos inumanos da máquina artificial e sua visão determinista, mecanicista, quantitativa, formalista e ignora oculta ou dilui tudo o que é subjetivo, afetivo, livre, criador.

A busca por Professores Apaixonados, a busca de seres mais completos. Igualmente especialistas nas humanidades necessárias ao próprio humano. As complexidades de o complexo ser humano, no titulo de dissertação de uma professora apaixonada, está em não mais separar, mas sim integrar. Não mais reduzir, mas sim buscar estas complexidades.

Maior capacidade de pensar sua multidimensionalidade, pois quanto mais a crise progride, mais progride a incapacidade de pensar a crise, quanto mais planetários tornam-se os problemas, mas impensáveis eles se tornam. Ou seja, inteligência incapaz de perceber o contexto e o complexo espacial fica cega, inconsciente e irresponsável.

O reflexo está na sociedade. O enfraquecimento de uma percepção global, humanizadora, leva ao enfraquecimento o senso de responsabilidade – cada um querendo ser responsável apenas por sua tarefa aprendida. Sabe aquilo, faz somente aquilo. Enfraquecimento da solidariedade, com ninguém mais preservando a ligação orgânica com a cidade e quem mora nela.

 Perdemos nossa base histórica do saber, das humanidades, do sentimento, da comunicação entre os seres, da relação, interrelação e a própria ação como seres possuidores de inteligência e pensar livres.
Professores com muitas especializações, mas repartidos dentro de suas pequenas partes que se tornaram, esquecendo o humano por completo, tornando-o simples quando é complexo e completo. Faltam atitudes, empatias, expressão, comunicação, sentimentos, desejos.

A filosofia é, acima de tudo, uma força de interrogação e de reflexão, dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição humana. Mesmo que hoje retraída em uma disciplina quase fechada em si mesma, deve retornar a missão.. Assim seriamos movidos por um desejo, que não nos deixaria tão sós, e viver a vida plenamente.
Sabemos que isso não significa trabalhar sem cessar, cumprir o máximo de tarefas, funções, códigos, sistemas, sinais. Consumir a maior quantidade e variedade, possíveis, de coisas e experiências.. Sentir cada respiração, ouvir cada canção, alerta e consciente de cada momento que se abre. E tudo a partir do sentimento de pequenos seres até a academia, quando começam a viverem todos os domínios.
É claro que, na vida, esses domínios é que será precisa valorizar o “pensar bem”, que não leva absolutamente a formar um bem-pensante.
Se o professor sentir esta singularidade em sua própria complexidade, não verá mais, como simplicidade o ato de ensinar um ser humano a ser humano. Pensar que gente merece ser tratada não como um simples numero de chamada, “organização metodicista e mecanicista”, originada na complexa administração de um ensino prosaico, de fachada, sem utilidade e sem vida.

Interessa-nos saber o que aprende ensinando. O que transfere sentindo.  O que fala quando ouve. O que ouve quando não fala. O que demonstra querer quando não tem desejos. Como se expressa sem se comunicar. Se souber responder com certa facilidade estas interrogações, cuidado: Nunca foi professor. Apenas repassou conteúdo.

Se não tem dúvidas que estas dúvidas surgiram, se transformou no que já existe. Precisamos de professores com um conjunto de atitudes mentais, que conjuguem o “faro”, a sagacidade, a previsão, a leveza de espírito, a desenvoltura, a atenção constante, o senso de oportunidade.
Professor: desenvolvimento da inteligência geral requer que todo exercício esteja ligado a duvida, fermento de toda atividade critica. Após isso será um professor. De si mesmo. Para nós todos.
Pois descobrirá que... Pensar... Não dói.

Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no  Grupo Kasal – Vitória – ES

quinta-feira, 25 de abril de 2013

" O homem e o amor!"


" O Homem e o Amor!"



“...Uma vez que você desenvolveu uma concepção
do amor suficientemente ideal, suficientemente
nobre e perfeita, você danou-se.
Nada será capaz, agora, de lhe bastar...!”.

Michel Houlellebecq – Rester vivant, 1977.


                            Qualquer folheto de agência de viagens dá uma ideia bem exata do que insistimos chamar hoje, por preguiça ou hábito, de romantismo. Recepção de tanga e cestas de frutas para recém-casados. Emoção climatizada de mãos dadas ao poente de uma baía qualquer. Ou nas praias do nordeste, para orçamentos não menos modestos. (infelizmente, para nós brasileses, ainda custa caro ir para o paraíso do nordeste) Uma pitada de Jean-jacques Rousseau diante dos coqueiros domesticados do fim do mundo.

                              A continuação é desafortunadamente bem conhecida. De volta à origem, os namorados da classe turística rompem dali a alguns meses. O amor, semideus para os gregos, tem data de validade. Cerca de três anos. Isso está escrito em toda parte, devendo, portanto, ser verdade.
Um encontro na internet mais tarde, e eis Laura e Pedro novamente com uma tasse de champanhe nas mãos num charter pra as Antilhas. Nesse ínterim, o parceiro que eles têm a seu lado mudou, mas isso é apenas um detalhe.

É assim que Bude Lancelin e Marie Lemonnier começam sua obra Os filósofos e o Amor.
                             Estamos aproximadamente 2400 anos atrasados. Sim, desde as primeiras concepções de amor, pelos filósofos gregos, a começar por Sócrates, seguido por Aristóteles e a definição de Amor Platônico, pelo próprio Platão, em seu Banquete, regado a todo tipo de permissividade, ao menos para os padrões de hoje.

2100 anos depois deles, Nietsche, o grande filósofo e concepcionista das relações, testou, em sua própria carne ou coração, ao conhecer a exuberante Lou Salomé, russa, uma “criatura extraordinária” e muito bela, em seus 21 anos, prometem, que pode até ter chegado a conclusões filosóficas similares à do pensador. Bastou tudo isso para que suas teorias caíssem por terra. E lá foi o grande filósofo cair nas “armadilhas” da nefasta paixão, o que o levou a alimentar por mais de 30 anos e entregá-lo a morte.

                        O filósofo sentia o coração “no cérebro”. Com Lou, perdeu claramente duas batalhas. Sabia que a exigência de ser amado é a “maior das pretensões”. Mas não é ele o grande Nietzsche? Aquele que vai partir a historia ao meio? Lou talvez seja uma bomba, mas afinal de contas, ela é dinamite.

Mas o que resultou de tudo isso? Para nós, hoje, muito. Vítima de suas terríveis dores de cabeça e do hidrato de cloro, seu ultimo aliado, agora sozinho para “escalar os abismos e sondar as profundezas”, Nietzsche gerou o seu Zaratustra. Dessa forma o gênio da vida, que era Lou, carrega seus frutos no ventre dos homens. Rasgando o véu, a mulher perfeita, dera-lhe uma nova perspectiva sobre o mundo. Ela cortara o ultimo cabo da nave deste “astronauta” do espírito, lançado para os cimos das neves eternas. Lá do alto detinha finalmente nas mãos a grande roda do destino da humanidade. Via que dizer sim a alegria é dizer sim ao mesmo tempo a toda dor, que “todas as coisas estão encadeadas, emaranhadas, amorosamente ligadas”. Tinha assim conquistado o amor da vida, aquele a partir do qual tudo é possível. Se amarmos á vida, chegou a dizer fazendo do amor o centro criador de todas as coisas, “não é por hábito de viver, mas por hábito de amar”.

Talvez ele tivesse perdido uma pele protetora nessa luta selvagem, mas outra, mais fina, mais sensível, surgira. Um poeta do século XX escreveu que aqueles que procuram só encontram se forem obsessivos ou excluídos. Nietzsche agora era os dois. E, como alquimista que transforma chumbo em ouro, o filósofo-poeta metamorfoseou os cacos de seu amor em prodígios. Todos os livros que escrevia com seu sangue eram assim outras tantas vitórias conquistadas sobre si mesmo. Exemplo de um amor altamente sublime? A tragédia de Nietzsche foi um deserto de solidão, disse Stefan Zweig. “Ó solidão, solidão, meu cais”, cantarola Zaratustra.  O homem é capaz de transformar qualquer deserto em um país fértil.

Martin e Hannah eram amantes recentes, no inicio do século passado. A situação é manifestamente complexa e dolorosa. Viveram uma relação na clandestinidade. Ele era 20 anos mais velho, casado e já com dois filhos. Ela era uma aluna de apenas 18 anos. Legitimamente, Hannah preocupava-se com o futuro. Para ele, ao contrario, os questionamentos eram vãos, o amor não deixava outra escolha senão “nos abrir para o outro e deixar ser o que é”. “Deixar ser o ser”, essa é também a exata definição de liberdade fornecida pela Carta sobre o Humanismo. Beaumarchais, em as Bodas de Fígaro, foi um pouco mais longe, em 1778: “Beber sem sede e fazer amor o tempo todo, é apenas isto que nos distingue dos outros bichos...!”. A única forma de amar definitivamente seria deixar cada um de nós sermos livremente sua maneira de ser.

Daí a citação de Santo Agostinho que acompanhara Arendt durante toda sua vida e acerca da qual não está descartada a hipótese de ter sido determinante na escolha do tema de sua tese de doutorado intitulada: “O conceito de amor em Agostinho”: “quero que sejas quem tu és”.  È nessa liberdade que a confiança se enraíza, nele reside à confirmação do amor. ““ apenas uma fé dessa natureza”, acrescenta Heidegger, “ que enquanto fé no outro é amor, consegue aprender efetivamente o tu”. Amar, dessa forma, é “aprender o tu”, deixando ao mesmo tempo ser, isto é, sem procurar possuí-lo. “Abandonado ao que nos supera não podemos nos apropriar completamente dessa adoção que nos é feita, mas apenas acolhê-la”. “Que o amor seja eis o regozijaste fardo que a existência é legatária, a fim de que por sua vez, ela possa ser”. Logo, o amor condicionaria a existência. Essa filosofia talvez não seja amável; o amor, entretanto, nela desempenha papel eminente. Nietzsche registrou, buscou o amor incondicional. Afirmou que a paixão é doentia, fruto da irracionalidade.

Mesmo com toda aquela genialidade caiu, exatamente, na irracionalidade, e morreu por ela.

Nas relações atuais, conturbadamente medianas e primitivas, não pensamos mais sobre o amor, afinal isso pode “doer” de uma forma ou de outra. Assim apenas ficamos, usufruímos, possuímos, e dizemos com facilidade “te amo”. Mais como uma angustiante forma de autotratamento de nossas angustias e apego do que qualquer outra tentativa de entendimento do que realmente somos e queremos.

Michel Houllebecq, em Rester Vivant, em 1977, ao citar Vida e Morte do Romantismo, referindo-se a Jean-jacques Rousseau, afirmou: “Uma vez que você desenvolve uma concepção do amor suficientemente ideal, suficientemente nobre e perfeita, você danou-se. Nada será capaz, agora, de lhe bastar...!”

Mesmo 2300 anos, aproximadamente, depois de tantas concepções e práticas sobre o amor, todos eles parecem terminar de forma trágica. As famosas tragédias gregas eram repletas disso.

Tristão e Isolda não tiveram final feliz, depois de um gigantesco amor. Jesus Cristo praticou o amor incondicional, por todos. E morreu.  Nietzsche registrou este amor incondicional, mas ele mesmo foi vítima deste amor. Romeu e Julieta, na concepção de Shakespeare, também não. Heloisa e Abelardo, símbolos dos namorados na França, foram canonizados pela igreja, mas morreram de tanto amor. Todos os amores perfeitos, e existiram sim, tiveram curta duração.

Será que não esta na hora de entender definitivamente o que é amar? Ou ficaremos apenas nos conceitos e práticas conhecidas de um “ideal” não existente?

Convivi com um filósofo gaúcho, que afirmava: “Ideal é igual ao real mais possível”. Ponto.

Ainda, para a grande maioria dos humanos, “pensar dói...” e amar, mais ainda.
La Rochefoucauld, em suas Máximas, em 1665, afirmava: “Aquele que vive sem loucura não é tão sensato quanto pensa...”.

Finalmente deixo para você pensar, o que disse Franz Kafka, em suas meditações sobre o pecado, o sofrimento, a esperança e o verdadeiro caminho, em 1918: “ O animal arranca o chicote do dono e se vergasta ele mesmo para se tornar dono, e não sabe que isso não passa de uma fantasia produzida por um novo nó no rebenque do dono...!”

Afirmo: Pensar não dói... Quanto a amar... Continuo tentando!



Das Leituras & Pensamentos da Madrugada
Entendimentos e Compreensões
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –

quinta-feira, 18 de abril de 2013


Do Ato de Escrever!

– Seus Costumes e Estilos –

#SOSEducação!


  






“... Um discurso é um texto oralizado. Demétrio costumava

dizer que não existe nenhum diferença entre as palavras

e a voz dos inexpertos ignorantes e os sons  e estrépitos

causados pelo ventre repleto de supérfluo vento. E  dizia

isso não sem razão uma vez que não julgava haver diferença

entre a parte de onde emitiam a voz (ou escreviam), as partes

inferiores ou a boca, pois tanto uma quanto outra tinham

o mesmo valor e substância...!”

Leonardo da Vinci, em Pensieri, 102.

  

Tenho circulado, ou melhor, utilizando a linguagem virtual, “navegado” em meio a textos, escritos, artigos, crônicas, pensamentos ou simplesmente escrivinhações (sim, aquele verbo transitivo que quer dizer escrever sem arte, nem gosto, coisas sem grande importância; rabiscar, rascunhar). E tenho conhecido maravilhas escritas, transpiradas. Gente talentosa que faz das palavras uma vocação verdadeiramente pura para a educação – o que mais necessitamos no Brasil -.

 Outros porem, se retornasse ao fundamental, fariam um favor a si mesmo.

Utilizei no inicio o pensamento de um italiano, artista e cientista, citando o pensador cristão do século quatorze, Demétrio. Cerca de duzentos anos depois, outro italiano, se manifestava parecido. Este L. Pirandello, escritor, deixou na primeira parte de Seis Personagens à Procura do Autor:

“... Frases! Frases! Como se o conforto de todos, diante de um fato que não se explica, diante de um mal que nos consome, não fosse encontrar uma palavra que não diz nada e na qual nos tranquilizamos...!”

Porém para esta grande maioria falta, literalmente, estilo. Sim, aquela maneira particular de escrever, de exprimir o pensamento. Aquele conjunto de características de uma obra, de um autor, de um momento ou época. Inserindo um modo de vida, um procedimento, uma atitude, uma maneira de ser. Sim estilo de escrever. Não estou me referindo ao Estilo internacional, que é a arquitetura funcional, de formas cúbicas e sem ornamentos, criada por Le Corbusier, Gropius, Mies van der Rohe, por arquitetos do grupo De Stijl, e que foi adotada em numerosos países a partir de 1945.

Talvez a forma mais clara disso, seja buscar Sobre o Oficio do Escritor e o Estilo. Da Leitura e dos Livros. Da língua e das palavras – 1851, 28 (295a ), do filósofo alemão Arthur Shopenhauer cuja primeira edição chegou ao Brasil em  2003  pela  Martins Fontes.

Retirei alguns trechos, exatamente, sobre este estilo e sobre o ofício da escrita. E prestem atenção, estou falando de escrever e de estilo. Longe de chegar perto da linguagem e nela me referindo a Língua Portuguesa Brasilesa. Esta sim causa verdadeira dor de cabeça nos grandes escritores clássicos desse País. E uma espécie de “dorzinha de barriga” nos professores de Língua Portuguesa.

Shopenhauer referia-se a esse estilo afirmando:
Há dois tipos de escritor: os que escrevem por amor do assunto e os que escrevem por escrever. Aqueles tiveram ideais ou fizeram experiências que lhes parecem dignas de serem comunicadas; estes precisam de dinheiro, e por isso escrevem, por dinheiro.

Podem ser reconhecidos pela sua tendência a prolongar ao máximo seus pensamentos e expô-los com meias verdades, obviedades, de maneira forçada e oscilante, em geral também por seu amor pelo claro ou escuro, a fim de parecer o que não são, por tal razão, faltam precisão e clareza completa ao seu texto. Sendo assim, pode-se logo notar que escrevem para preencher o papel.

Textos são escritos ora a respeito deste, ora a respeito daquele grande espírito do passado, e o publico que os lê, mas não lê as obras escritas por eles, porque quer ler apenas as obras que acabaram de ser impressas, e a bisbilhotice fútil e insípida de uma cabeça superficial hodierna lhe é mais homogênea e agradável do que os pensamentos de um grande espírito.

Oh, como se assemelham as cabeças comuns da mesma espécie! De fato, todas elas foram produzidas a partir do mesmo molde! É incrível, como a cada uma vem em mente a mesma ideia na mesma ocasião, e nada mais!
 
Acrescente-se a isso suas baixas intenções pessoas. E a bisbilhotice indigna de tais sujeitos e é lida por um público estúpido, basta que tenha sido estampada naquele mesmo dia, enquanto os grandes espíritos descansam na prateleira dos livros.

É realmente inacreditável a tolice a e improcedência do público, que deixa de ler aqueles que, em todos os gêneros, são os espíritos mais nobres e raros de todos os tempos e países, para ler as escrivinhações diárias dessas cabeças comuns, que todo ano surgem em quantidade imensuráveis,  como as moscas – meramente porque foram estampadas naquele mesmo dia e ainda estão úmidas de tinta.

Tais produções deveriam, antes, permanecer abandonadas e desprezadas já no dia do seu nascimento, como de fato o serão após poucos anos e depois para sempre, um material sem valor que servirá apenas para rir dos tempos passados e de suas patranhas.

Para o argentino Jorge Luis Borges – a quem todo iniciante na arte de escrever deveria ler – (...)é no espaço do texto onde tudo pode acontecer inclusive o despertar para a vida, inclusive o entendimento perante o dilema da morte, genitora de outros nascimentos...!”.

Ótimo. Escrevinhe, treine. Mas depois escreva. Junte a emoção, pois como afirmava Borges: Não existe leitor ruim, existem péssimos escritores.

Continue e Pense... Afinal, ainda não dói!


Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal  - Vitória – ES –

quinta-feira, 11 de abril de 2013


“Fala & Linguagem!” – III -
- As aventuras de little John na Comunicação –
#SOSEducação





“O Amor é o encontro que tudo espera
Todos os sentimentos
Sinto o Onipresente, que conduz o homem,
Ao longo do caminho
Encontrar amor e paz
Acordar para seu interior
Gritar pelo Amor
Sabendo que a vida não existe sem
Você, P A L A V R A,
Linda e forte, capaz,
De mudar a diretriz de uma vida
Sangrenta e Cruel....”.

 Kristhel Byancco – As Facetas de uma Mulher


O Outono prosseguia, neste ano, em sua “cruzada” diferençada de anos anteriores. Algum frio, a noite, por dias de sol brilhante que aquecia o tempo diferente. Já se encaminhava a metade do mês, em pleno outono.. Eram nestes dias que little John (1) preferia, aos de chuva, acinzentados em que não podia brincar visitar o papagaio da vizinha e não via o “chato” do doutor Gumercindo. 

Ele se divertia com a rabugice do velho advogado. Estava extasiado e contava para todos os colegas da escola suas novas descobertas. Adorava dizer, o que para ele, eram palavras novas e difíceis de serem pronunciadas: “fonoaudiologia”, Aparelho fonoarticulatório – tinha predileção por este nome que explicava seu “aparelhinho”, foi uma das primeiras grandes palavras e difíceis de serem pronunciadas que tinha aprendido com a fadinha. Impressionava a professora que lhe perguntava com quem tinha aprendido tudo aquilo.

Ele simplesmente dizia que estava “lendo” muito, e que sua irmã mais velha tinha deixado uns livros da faculdade, e que ele bisbilhotava. Satisfazendo assim a velha professora que nunca tinha ouvido falar de Broca (2), Wernicke (3) e outros nomes que little John trazia para a sala de aula e se tornava o centro das atenções. A velha professora não ligava pois  julgava ser a televisão que mostra tudo em todos os horários. Mas estava satisfeita, pois o menino estava aprendendo algo diferençado e isso auxiliava no aprendizado e em suas matérias do dia-a-dia. Ele estava mais concentrado, sua linguagem era mais pausada, seus pensamentos mais direcionados. Enfim mostrava-se outra criança. Mesmo que ficasse pensativa de como aquele menino estava aprendendo tantas coisas, consideradas técnicas demais para ele, e tinha capacidade para guardar.

Quando ouvia isso little John simplesmente “viajava” em seus pensamentos:
- Ah, se a professora conhecesse a fadinha! Acho que ela ia perder o emprego aqui na escola.
Saia da escola, e já imaginava um local onde encontrar a fadinha. Estava esperto. Sabia que a fadinha nunca ia para o mesmo lugar e pensava.
- Acho que ela não gosta muito de ser vista. E hoje vou para um lugar novo, garanto que ela vai estar lá.

A tarde estava em seu curso normal, little John saiu de casa dizendo para sua mãe que ia brincar com seus amigos da escola, ao que sua mãe respondeu:
- Não volta tarde, e cuidado por onde anda, amo você!
Little John já acrescentou a frase aos seus novos conhecimentos:

- Hummm... Minha mãe ta usando só o seu “automático”, sua área de Broca.... Por que ela sempre diz isso quando eu saio. Se eu disser que vou sair e não for, ela diz igual. Engraçado, acho que falta alguma coisa. A fadinha deve saber.

Little John encaminhou-se a um pequeno riacho, aos fundos de um bosque que fazia às vezes de “praça natural”, em seu bairro.
Chegando, procurou seu lugar preferido. Uma pequena queda d´água, em que apareciam as pedras e a água correndo cristalina. Ali, naquele lugar, little John costumava banhar-se nas tardes quentes do verão. Mas hoje escolheu, pois, sabia que a fadinha iria gostar muito daquele lugar.
Recostou-se em uma árvore e adormeceu.

Um clarão luminoso foi o sinal de que a Fadinha Andréa (4) estava chegando.
E hoje ela estava mais bonita do que nunca. Estava com aquele lenço verde, grande, sobre o pescoço e os ombros. Little John achava que o lugar de onde ela vinha também era frio. Toda de branco, parecia uma “doutora”, realçava ainda mais sua pele, seus olhos negros e grandes e seu cabelo bem preto. Little John tinha preferência sempre em olhar as mãos da fadinha. Quando ela chegava tocava-lhe a face. O menino ficava encantado com o gesto.

- Olá little John, como está você.
- Muito bem fadinha, eu já estou “craque” no “aparelhinho”. 
- Então vamos ver o que você já aprendeu Você lembra?
-Sim, fadinha, até a professora queria saber como eu aprendi.
- Ela me perguntou e eu disse que nossa voz, que é o som da fala, é por causa que nós, humanos, temos um aparelho fonoarticulatório, e que graças a nossa boca, lábios, dentes, céu-da-boca, língua, “piso” da boca...
Ao que a fadinha interrompe:

- Assoalho da boca, little John, é apenas um nome para se referir a parte inferior de nossa boca e ficar melhor na explicação.
Ao que little John interrompe:
- Mas não é a mesma coisa fadinha?
- Não, meu menino, “piso” vem de pisar, de utilizar os pés, por isso que aprendemos e hoje você vai saber mais sobre as palavras. Cada uma delas tem uma significação, e quando a usamos elas tem que ter uma direção correta. Assim todos sempre vão saber o que realmente estamos falando. Compreendeu?

- Puxa fadinha, ta bom, acho que sim.... e continua.
- Bem, depois vêm aquelas duas partezinhas que eu não esqueço as cordas-vocais, as duas irmãs laringe e faringe, traquéia, esôfago.... acho que não esqueci nada né?
- Muito bom, little John, para seu aprendizado está ótimo, não se preocupe.
- mas fadinha o papagaio não tem isso tudo?
- Não meu menino, a ave tem o bico, que é a sua “boca”, mas bem diferente de nós, aquilo que você enxerga e parece ser a “língua” da ave, tem outras funções diferentes do que para vocês. E elas não têm o restante tudo. Por isso não falam.

- Ah, ta entendi.
- Bem fadinha depois disso tudo, ai vem o tio Broca, que é aquela partezinha aqui em cima da cabeça, lá dentro, que a parte responsável pelos sons da nossa fala. É como se fosse um automático, não é fadinha?
-Mais ou menos, little John, nós dizemos “automático”, pois esta ligada a uma parte do cérebro....
Ao que o menino interrompe, para mostrar que tinha aprendido....
- No lobo Frontal, né fadinha?

- Sim, little John isso mesmo, mas por sua vez, esta ligada a outras partezinhas, do cérebro de vocês, mas é isso sim.
- E quem tem problemas no Broca é afaaa..... esta parte eu não lembro fadinha.
-Afásico, meu menino, mas isso está mais ligado à outra parte que vamos aprender hoje, a região da linguagem no cérebro, que é também chamado de área de Wernicke, que foi aquele tio que descobriu, logo depois de Broca, que a linguagem em tudo aquilo que ela significa era correspondente à outra ligação em nosso cérebro.
- Como assim fadinha, interrompe o menino.

- Veja bem, logo atrás de Broca – colocando seus dedinhos na cabeça de little John, acima da orelha, um pouquinho mais para trás, aqui de seu lado esquerdo, tem outra área no cérebro de vocês, humanos, é aqui que se localiza a área da linguagem ou de Werneck.
- Na ultima vez que nos encontramos, você disse que aprendeu isso na escola, linguagem. Não deixa de estar certo, little John, pois a área de Wernicke é a responsável pela compreensão das palavras e todos os significados, a estruturação inclusive da sua língua portuguesa, esta diretamente ligado a esta capacidade. A semântica.

Ao que o menino interrompe:
- O que é isso fadinha!
-Semântica, little John, é a parte da gramática que estuda o sentido e a aplicação das palavras em um contexto.
- Você ainda vai aprender isso na escola, mas é a significação das palavras quando você as coloca em uma frase, é desta forma que você utiliza a área da linguagem ou de Wernicke.

- Por exemplo, little John, quando eu digo manga, o que você entende?
- A manga de molhar o jardim lá de casa.... Mas também tem a manga que eu gosto de chupar...!
- Viu little John, exatamente isso, quando eu disser para você uma palavra, solta, sozinha, ela não pode ter significado, mas quando eu a colocar em um “lugarzinho na frase”, em um contexto, quando ela faz parte de algo, ela encontra o seu significado. Muito bom!. Exatamente isso.

- Outro exemplo, bom menino, em nosso primeiro encontro, você disse que o doutor Gumercindo te chamou de “loiro”.... (5) o que você quis dizer com isso?
- É uma gozação, fadinha. Quando os outros não entendem o que queremos dizer.
- Viu! Não significa que seu cabelo tivesse outra cor, não é mesmo, foi apenas um contexto, utilizado pela colocação das palavras, para dizer a você outra coisa. Isso faz parte da semântica. O poder das palavras, a linguagem que vocês utilizam.

- Outro exemplo, quando você cumprimenta o doutor Gumercindo, como ele responde?
- Fadinha, ele nem olha pra gente, só diz bom dia e continua andando?
- Mas tem outra forma de dizer isso? – pergunta a fadinha.

Little John enrubesce, encolhe-se um pouco, e deixa sair, quase sem querer.
-Tem... fadinha!
Fadinha Andréa percebe o tom de timidez do menino e pergunta.
-Hummmm... isso esta me parecendo outra coisa! Por acaso você tem uma namoradinha na escola?

Little John surpreso com a percepção da Fadinha responde.
- Ta bem fadinha, tem uma menina que eu gosto muito, o nome dela é Isadora.
- Muito bem little John, que bom... Mas, então, o que tem de diferente no que eu lhe perguntei sobre o cumprimento?

-Bem fadinha, quando o doutor Gumercindo diz bom dia, é como se não dissesse, acho que ele usa só o Broca...
E continua:
- Mas quando Isadora diz bom dia... parece que até os barulhos somem.... parece que vem lá do coração, seus olhos brilham, e é diferente sim fadinha.
- Muito bom little John, exatamente isso. Quando, como você diz, o dr. Gumercindo lhe cumprimenta, é apenas por fazer, uma espécie de gesto de boa-educação, mas quando Isadora lhe cumprimenta, ela mostra sensibilidade, ela mostra suas emoções, seus sentimentos...
Ao que little John interrompe:

 – Quer dizer que ela gosta de mim:
- Pode ser little John, pode ser. Mas esta é uma tarefa da linguagem, de como colocamos nossas palavras em cada frase, o quanto de sentimento elas possuem, de nossa paixão ao dizer tudo aquilo que realmente queremos dizer e sentimos.

- Esta é a área da linguagem, de Wernicke, que funciona em sua cabecinha, entendeu?
- Puxa, gostei deste tal de Wernicke, ele sabia das coisas né?
E continua
– Então o que aprendemos na escola é mais ou menos isso, sobre linguagem.
-Sim little John, mais ou menos isso, sim. O restante, não se preocupe você vai ter muito tempo para aprender. Agora você tem que se preocupar com as coisas que são importantes para você, como brincar, cuidar de você, se divertir.... Você terá muito tempo ainda para estas coisas.
Ao que little John responde:

- Mas eu gostei desta parte sobre como falar, assim quando eu falar com Isadora, eu não vou usar o Broca, vou preferir o Wernicke.
A fadinha sorrindo com a doçura e a inocência de little John, deixa-lhe um beijo na face, e desaparece entre os raios de sol.
Little John acorda. Meio tonto ainda com tantas informações recebidas da fadinha. Mas fica contente. Sabe que agora vai poder dizer para sua mãe:

 - Eu te amo, e olhar bem nos olhos dela, assim ela saberá que ele esta dizendo por ser verdade, por ele sentir e não só dizer, por dizer.
Ele entendeu que quando cumprimentar Isadora, será diferente e ele entendera todos os olhares, assim como a fadinha fazia, mas ele sabia que ainda não tinha coragem para dizer para Isadora que amava ela. Isso ia ter que esperar.

- Puxa...!  - lembrou little John: - ele esqueceu de perguntar onde ficava a coragem, no seu cérebro, pois ele ia precisar disso para falar com Isadora.

Bem mas isso é uma parte da linguagem para outro encontro de Fadinha Andréa, suas lições de língua, Linguagem e Sensibilidade, e little John terá que esperar.

O tempo que dedicamos ao aprendizado de alguém esta diretamente ligado à sensibilidade que “construímos” em nosso coração, proveniente da parte mais essencial de nosso ser, para que possamos repassar, a outros seres, com a mesma paixão com que colocamos nossa própria vida. Esta é a diferença entre repassar conhecimento e ensinar a pensar.

Little John descobriu cedo, que cada palavra bem articulada, com os sentimentos mais puros de seu pequeno ser, encontrarão respostas positivas, sorridentes do outro lado. Se conseguíssemos sempre, como little John falar para o outro lado, como se à frente tivéssemos uma Isadora, certamente construiríamos um mundo melhor. Das palavras e pelas palavras o som mais puro de nossa alma.

“Homenagem a todos aos profissionais da fonoaudiologia e todos aqueles que utilizam a palavra com sensibilidade e que descobriram que Pensar não dói !”.


Notas explicativas do glossário da bibliografia do rodapé –


1 - little John – Americanização para fugir dos tempestios primitivos de ongs e  tribos do politicamente correto, combatentes de pseudas-pré-concepções.

2 - Paul Pierre Broca – 1861 – Medico e Antropologo francês descobriu a área motora da fala.

3 - Carl Wernicke – 1876 -  Neurologista e Psiquiatra alemão -  descobre a
      área de compreensão, da inteligencia, do agrupamento e da classificação das diferentes emoções, tambem chamada de área da linguagem, em continuação ao trabalho de Broca.

4 - Fada Andréa – Homenagem a fonoaudióloga e especialista em   Educação
       Especial, Supervisão e Orientação escolar e Psicopedagogia,  Professora Andréa Schiavetto de Campo Mourão – PR. Uma das mais inteligentes e dedicadas profissionais da área que o autor conhece.

5 - Loiro – Criação americana, abrasileirado como neologismo explicativo das
      pessoas que tem preguiça de pensar por sí próprias, sinonimia de “antas”,
      “bizonhos”, ou comportamentos nao pensados, etc. Nem sempre possue a
       coloração loura nos cabelos.



Inspírado e transpirado do conhecimento
da  professora  Andréa Schiavetto - Psicopedagoga Clínica e Educacional,
Coaching Educacional, Fonoaudióloga Clínica e Educacional, Administradora Educacional, Orientadora Educacional,
Educação Especial e Assessora Educacional do Colégio
Adventista de Campo Mourão, Palestras e  Capacitações sobre Educação.

terça-feira, 9 de abril de 2013


 A Fala – II !
#SOSEducação
- A ação do cérebro na fala do homem –





“...O sorriso é a manifestação dos lábios, 
quando os olhos encontram o que o coração procura...!”

by Protheus – Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada.


- Diga loro... fa-di-nha! Vamos... Assim ó: ... fa-di-nha!
E o papagaio, acostumado à presença de little John,(1) e já condicionado a repetir o que os humanos lhe dirigiam, tentava imitar a criança.
Com alguns “sons estranhos” saindo de seu bico, a ave tentava repetir o que o menino dizia.

Insatisfeito, little John encaminhou-se para um bosque muito bonito, no final de sua rua... E falava com ele mesmo.
- Puxa, a fadinha prometeu que ia voltar, e já faz três dias que durmo, durmo, durmo... E nada dela aparecer...
E continuavam seus pensamentos solitários:

- Vou ensinar o papagaio da vizinha, e a fadinha vai ver como o papagaio fala. Ela não me acreditou. Vai ver que antes dela virar fadinha, e ser aquilo... Como é mesmo... Fonoau... Nao-sei-o-quê, não existia papagaio...!
Após longa caminhada, na tarde tranquila e ensolarada, little John recostou-se a uma árvore e lá ficou tentando “desatar os nós” que tinha conseguido de tanto pensar.

Terminou por adormecer, ali mesmo ao sol, no meio do bosque.
De repente sorriu. E lá estava a Fadinha Andréa, (2) vinda do alto, por meio dos raios de sol, tão brilhante quanto eles, e agora estava mais linda ainda. Resplandecente. Sorria e seu sorriso contagiava.
Chegou, aproximando-se de little John, e passou suas lindas mãos de fada, por sobre os cabelos dizendo:

- Olá meu bom menino, estava me procurando.
Little John respondeu-lhe:
- Puxa! Faz um tempão que eu chamo você e você não aparece.
A fadinha graciosamente sorri, mostrando seus dentes brancos contrastando com seus cabelos pretos e sua pele bronzeada.

- Bom menino, eu estava atendendo outros meninos que também tem dúvidas. Mas agora estou aqui.
Little John, antes que ela sumisse novamente, iniciou seus questionamentos.
- Fadinha eu entendi e quase decorei tudo o que você me disse. Mas eu estou ensinando e o papagaio da vizinha quase esta falando “f a d i n h a”. E você disse que papagaio não falava?
A fadinha Andréa, rindo disse ao menino:

- Calma, little John, hoje eu te explico esta parte. Vamos lá. Acompanhe-me.
Ao que little John se levanta e diz rapidamente:
- Mas fadinha, eu não sei voar?
Divertindo-se com a ingenuidade do menino, a fadinha responde:
- Não little John, não iremos a lugar algum. O que eu disse foi para você me acompanhar no pensamento que eu vou te explicar agora sobre a fala, sua origem e o que controla ela no cérebro, está bem?

Little John aproveitando a deixa lasca, imediatamente.
-Então eu vou poder ensinar o papagaio da vizinha também, e o doutor Gumercindo eu não conto!!!
Rindo com toda aquela inocência, a fadinha Andréa, senta-se ao lado do menino, passando suas mãos de fada na cabeça do menino, e diz:
- Bom menino, sabe por que o papagaio nunca vai falar?
E continua, antes que little John a interrompa novamente com uma pergunta desconcertante:

- Aqui... – e colocando sua mão de fada sobre a cabeça do menino, aponta:
-Bem aqui, - colocando o dedo no inicio dos cabelos do menino, -
 No final de sua testinha, onde começam seus cabelos, deste seu lado esquerdo, dentro da sua cabecinha, no seu cérebro, tem uma pequena área chamada de Broca.
Ao que o menino interrompe dizendo.
- Mas fadinha, este “troço” ai tem no milho da vovó. Ela sempre diz que tem que ficar bem guardado por causa da tal da broca.
A fadinha rindo, emenda ao garoto.

- Little John, o nome que você ta dizendo de “broca do milho” é um inseto minúsculo que se alimenta daquele cereal.
- O que eu estou te dizendo, é que esta partezinha, bem minúscula do seu cérebro se chama B R O C À. Como se tivesse um acento no ultimo “a”.
-Ah, entendi, Broca.  Responde o garoto.
- Isso mesmo Little John, Broca, é a origem da fala, e foi descoberto por um homem muito estudioso, um cientista chamado Paul Pierre Broca (3) e viveu no século 18, na França.

Encantado com a conversa, little John dispara.
- Puxa, esse tal de “Broca” era mais inteligente que o doutor Gumercindo...?
-Bem continuando little John:
- Este tio, ficou famoso e se destacou muito como médico, como pesquisador nas neurociências – ou o estudo das regiões neuroniais do cérebro.
- Ele foi quem descobriu o centro da fala, que é uma pequena parte, aqui dentro, no seu cérebro, que os profissionais, como as fonoaudiólogas... Chamam de terceira circunvolução do lobo frontal.

- Lembra little John que eu te falei das fonoaudiólogas? Não é mesmo?
Sim, mas que “negócio” é este de “lobo..” fadinha!
- Não se preocupe com isso – responde a fadinha. É apenas um nome que os médicos e pesquisadores dão para algumas partes do corpo, neste caso da sua cabecinha. Mas vamos adiante, isso não é importante, esta bem?
- Tá bom fadinha, - responde little John.
-O Dr. Brocá...
Interrompe novamente little John, a explicação da fadinha:
- Puxa! Este sim é doutor e não aquela porcaria do Gumercindo...?

A fadinha sorri e continua:
- Little John, o Dr. Broca, descobriu tudo isso, quando estudava os cérebros de pacientes afásicos, que é o nome das pessoas que não conseguem falar.
Little John dispara novamente:
- Então quem é mudo é este tal de afásico ai?
A fadinha pacientemente e sorridente responde:
- Pode ser meu menino, pode ser. Mas existem outros casos em que as pessoas são ou se tornam incapazes de falar.

 - Mas continuando meu bom menino. Presta atenção, esta bem?
- Sim, fadinha... Vou prestar você é melhor que a minha professora que nunca tem paciência... - Responde Little John.
Fadinha Andréa não se importando com o comentário continua...
- O Lobo Frontal, esta partezinha aqui – apontando para a cabeça do menino – é muito importante, pois é ela que determina tudo o que você faz, por impulso, automaticamente... Como por exemplo, tomar água, correr, cantar, falar com o seu amigo o “papagaio” da vizinha.... É como se fosse um processador...

Ao que o menino interrompe novamente:
- igual “aquilo” que tem nos computadores que eu jogo?
- Parecido, - Responde a Fadinha.
- Continuando... little John, assim quando você fala, esta partezinha aqui, - apontando com seus dedinhos para a área de Broca, na cabeça, a fadinha responde.... No seu Lobo Frontal, esta uma pequena área do cérebro chamada de Brocá, ela que dá os impulsos para que todo o seu aparelho fonoarticulatório funcione.

- E o papagaio, Little John, não tem isso que vocês humanos tem.
 - Assim quando você esta falando, é esta área, de Brocá que impulsiona toda a linguagem falada. Entendeu litle John.
Ao que o menino responde:
- Entendi sim, Fadinha.  Eu já tive esta tal de linguagem na escola.
Ao que a fadinha interrompe.

- Não, bom menino, esta é outra linguagem, que os profissionais se referem.
 - É a linguagem falada, que faz parte da comunicação. Mas daí tem outro tio.  Wernicke, (4) que viveu também na mesma época de Broca que descobriu esta outra partezinha do cérebro. Mas isso eu te explico outra hora, ta legal?
O menino responde:

- Puxa como tem gente no nosso cérebro. Brocá eu vou lembrar, mas este tal de vernique, este eu não sei fadinha.
A fadinha sorrindo, afaga os cabelos de little John novamente e diz.
- Isso é para outro encontro, combinado. É fácil, basta você lembrar-se das lições, sobre todo o seu “aparelhinho” e agora, aqui em cima, na sua cabecinha, a área de Broca, que é o centro da fala, esta bem?

- Ta bem, fadinha, vou pensar sobre este tio Brocá.... Pode deixar... Mas não demora pra voltar ta?
Sorridente a fadinha beija a face de little John e simplesmente, como por encanto, desaparece em meio aos raios de sol.
Little John retorna para casa. No caminho, lembra-se de como o doutor Gumercindo o tratou mal.

Ao passar por sua casa vê o advogado chegando. Little John corre até ele, enquanto desce do carro e diz:
- doutor Gumercindo o Sr. sabe o que é Brocá.
Ao que o advogado responde.
- Sei sim meu vizinho, é um inseto que tem no milho, por quê?
Satisfeito com suas novas descobertas o menino responde:
- Não é não, é algo que o Sr. tem na cabeça e não sabe. Por isso o Senhor Não é medico, é advogado. Tchau!

O advogado não entendendo o que o menino queria dizer, apenas acompanha sua silhueta afastando-se, na rua, em direção a sua casa.


Notas explicativas do glossário da bibliografia do rodapé –


1 - little John – Americanização para fugir dos tempestios primitivos de ongs e tribos do politicamente correto, combatentes de pseudas-pré-concepções.

2 - Fada Andréa – Homenagem a fonoaudióloga e especialista em   Educação
       Especial, Supervisão e Orientação escolar e Psicopedagogia,  Professora Andréa Schiavetto de Campo Mourão – PR. Uma das mais inteligentes e dedicadas  profissionais da área que o autor conhece.

3 - Paul Pierre Broca – 1861 – Medico e Antropologo francês descobriu a área motora da fala.

4 - Carl Wernicke – 1876 -  Neurologista e Psiquiatra alemão -  descobre a
      área de compreensão, da inteligencia, do agrupamento e da classificação das diferentes emoções, também chamada de área da linguagem, em continuação ao trabalho de Broca.


Inspírado e transpirado do conhecimento
da  professora  Andréa Schiavetto - Psicopedagoga Clínica e Educacional,
Coaching Educacional, Fonoaudióloga Clínica e Educacional, Administradora Educacional, Orientadora Educacional,
Educação Especial e Assessora Educacional do Colégio
Adventista de Campo Mourão, Palestras e  Capacitações sobre Educação.