quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A Impermanência do Ser!





“... Quem ensinasse os homens a morrer, 
os ensinaria a viver...!”

Michel de Montaigne


  

                                      O Universo inteiro, dizem agora os cientistas, não é nada senão mudança, atividade e processo – uma totalidade em fluxo que é à base de todas as coisas:

Toda interação subatômica consiste na aniquilação das partículas
originais e na criação de novas partículas subatômicas. O mundo
subatômico é uma dança sem fim de criação e aniquilação, de
matéria transformando-se em energia, e de energia transformando-
se em massa. Formas transitórias faíscam dentro e fora da
existência, engendrando uma realidade sem fim, para sempre
novamente recriada. [1]

  
                                         O que é nossa vida senão uma dança de formas transitórias? Não está tudo sempre mudando: as folhas nas arvores do parque, a luz em seu quarto enquanto você lê, as estações, o clima, as horas do dia, as pessoas passando por você na rua? E nós? Tudo que fizemos no passado não parece agora um sonho? Os amigos com os quais crescemos os fantasmas de nossa infância, os pontos de vista e opiniões que uma vez defendemos com tamanha e sincera paixão: deixamos tudo isso para trás. Agora, neste mesmo instante, ler estas linhas, este artigo, parece a você vividamente real. Mas esta mesma página não será, dentro em pouco, mais que uma lembrança.

                                       As células do nosso corpo estão morrendo, os neurônios do nosso cérebro estão se deteriorando. Até a expressão em nosso rosto está sempre mudando, dependendo do nosso humor. O que nós chamamos nossa personalidade básica é apenas um “fluxo mental”, nada mais. Hoje nos sentimos bem porque as coisas estão indo bem; amanha sentiremos o contrário. Para onde foi esse sentir-se bem? Novas influências tomaram conta de nós à medida que as circunstâncias mudaram: somos impermanentes, as influências são impermanentes e não há em parte algum, algo sólido ou duradouro a ser apontado.

                                       O que pode ser mais imprevisível do que nossos pensamentos e emoções: você tem qualquer idéia do que vai pensar ou sentir nos próximos minutos? Nossa mente, de fato, é tão vazia, tão impermanente e transitória quanto um sonho. Olhe para um pensamento, como ele vem, fica e vai. O passado é o passado, o futuro ainda não surgiu, e mesmo o pensamento presente, como nós o experimentamos,torna-se logo o passado.

            “A única coisa que realmente temos é o presente, o agora”.
                                        Algumas vezes, quando ensino algumas coisas, depois alguém se aproxima de mim e diz:
 “Tudo parece tão óbvio”? Eu sempre soube disso.
 “Diga alguma coisa nova”. 
Respondo então: 
“Você realmente entendeu e realizou a verdade da impermanência”?

Você de fato a integrou em cada um dos seus pensamentos, respirações e movimentos a tal ponto que sua vida se transformou?
 Faça a si mesmo estas duas perguntas: lembro a cada instante que estou morrendo, e todos e tudo ao meu redor também, e desse modo trato todos os seres a todo o momento de forma compassiva?
Meu entendimento da morte e da impermanência tem sido tão forte e urgente para mim a ponto de que dedique cada segundo da existência à busca da iluminação? “Se “você pode responder” sim” as perguntas, então você compreendeu de fato a impermanência.
Se você compreendeu então descobriu que pensar não dói...!






  1. [1] Gary Zukav – The Dancing Wu Li Masters – Nova York – Bantam – 1080, 197.
  2. Fonte:
O Livro Tibetano do Viver e do Morrer. – Sogyal Rinpoche – Editora Talento – Palas Athena – 5ª edição – Outubro – 2000 – São Paulo . SP
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domingo, 25 de agosto de 2013

“Meninas de Trinta”!
- Da Obra de Roberta de Souza –




“... As mulheres veem tudo ou não veem nada,
segundo as disposições da sua alma: a única luz delas é o amor...!”

Honoré de Balzac


Honoré de Balzac foi um escritor notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o pai do Realismo na literatura moderna. Entre seus romances mais famosos figuram: A mulher de trinta anos (1831/32).

Em pleno século 21, ele rescreveria sua obra, após ler “Meninas de Trinta”, da Jornalista Roberta de Souza, lançado em 2012.

Em meio a hipocrisia e extrema mediocridade das redes sociais, as quais tenho relutância até irritante de participar, tenho me deparado com algumas preciosidades – referindo-me a mentes brilhantes – em meio a tanta pobreza mental e principalmente intelectual.

Mas tenho seguido orientações de mestres como Marisa Cruz e Beth Dalmeida nas áreas consideradas políticas e do mestre e Professor Nelson Valente nas áreas literárias. Com isso, por incrível que pareça tenho adquirido verdadeiros amigos  - no sentido literal e irrestrito da palavra – através deste meio virtual.

Dia destes, após uma crônica sobre Balzac e as Mulheres de Trinta anos, publicado em um sitio, tive o privilégio de receber a obra de minha colega Roberta de Souza.

Com dedicatória e tudo o mais o que reflete a generosidade desta mente jovem e brilhante, sou presenteado com seu livro As Meninas de Trinta.

Confesso Balzac, se vivo estivesse iria rever o que escreveu no século 18.
Esta menina brilhante de 30 anos faz de seu pequeno livro – só no tamanho – uma grandiosidade que somente a percepção e sensibilidade feminina conseguiriam

Com um humor impecável, mostra o fulgor da mulher quando atinge sua idade máxima em tudo. De inteligência, de estruturação emocional, física e mental,
Como toda geminiana – eis outra de nossas afinidades – deixando de lado o esoterismo e apenas fazendo uma alegoria, com um pé na terá e outro no solo consegue distinguir o outro elemento faltante a água.

Auxiliada por Labouré Lima, editora e grande descobridora de talentos literários, Roberta se aventurou e escreveu quase uma autobiografia através das percepções e vivências de seu próprio cotidiano.
Faz revelações gostosas, hilárias, comoventes e em nível de informação fantástica para o tal de “bicho homem”.

O humor é parte integrante dos inteligentes, e ela como citou  Nietzsche na abertura de sua obra, remete a Freud quando afirmava: (...) palavras são como fazer amor..!”. E é exatamente isso que Roberta faz em sua obra.

Uma desconcertante explicação de todas as fases da mulher.
Prefaciado pela brilhante Anna Paula Lemos que conclui dizendo: “Abram a páginas com a chave do afeto e a leveza do entretenimento...!”.

Nesta dualidade, citada por ela, talvez parte de ser geminiana, ela já faz uma completa descrição de TPM, que os mais acostumados ficarão abismados com a criatividade. Deixo para você descobrir no livro.
É claro que me chamou a atenção a “liquidação de muletas”.



E outro ponto: aconselho aos chamados “predadores ou cafajestes do mundo virtual”, prestarem bem atenção na página 33, com o Curso Só para Homens, com vagas limitadas.
Para os homens inteligentes e com a psique equilibrada com o lado feminino, acharão graça e se identificarão. Para o restante dos mortais, sinceramente, vão querer saber onde fazer o curso.

Roberta conclui sua brilhante obra com duas citações que as parodio, completamente:

“Você acorda pra a realidade e vê que aquela jovem adormeceu e que deu lugar a uma senhora e tendo que  admitir que passou a ser uma balzaquiana.!”
E continua:

“É por isso que digo que quando eu voltar a este mundo quero experimentar ser homem. Será que eles passam pelas mesmas crises que nós mulheres? Será que hoje os homens estão mais presentes nas atividades do lar?”.

Posso responder por mim Roberta:
Os homens com sensibilidade e inteligência que já aprenderam que Pensar Não dói... Sim. Quanto aos outros, bem lamento, não tenho a resposta.
Por isso sugiro.
Para os homens inteligentes a leitura é altamente recomendável.

Solicitem o livro para Roberta de Souza pelo e-mail: betapsouza@gmail.com
Para os demais com segundas intenções, aconselho a não entrar em contato com esta menina de trinta anos. Sentir-se-ão os últimos dos moicanos para não dizer primitivos.

Obrigado pelo presente Roberta. Que privilégio saber que descobriu cedo que pensar não dói...

Se fosse você, leitor que ficou curioso, não esperaria para entrar em contato e ler esta obra-prima desta jornalista sábia, sensível, inteligente, perspicaz e com um humor dos deuses.

Já tenho seis amigas na lista para a leitura do livro e oito amigos.
Fui egoísta e dei o e-mail da Roberta.
Simples.


Extraído das percepções da Obra Meninas de 30
da jornalista Roberta de Souza
Fotos Ilustrações de Beta de Souza

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sábado, 24 de agosto de 2013


A grama do vizinho é sempre mais verde. 
Isto é um clássico. 
Mas de perto nenhuma grama é perfeita.

by minha amiga de alma Monica El Bayef -
Carioca,Professora,Psicologa, Poetisa e Cronista




Olho minha grama. De dar pena. Tem falhas, uns queimados. Formigas, umas pequenas pragas de insetos. Umas flores que esqueceram de brotar. Desanimo.
Meu vizinho tem a grama verde. Linda. Olho daqui e aprecio. Não desejo que seque. De nada me adiantaria. Apenas avalio que a grama dele é bem melhor do que a minha. E me ressinto um pouco.
Algumas questões me chegam nessa avaliação. Ou ele sabe cuidar melhor do que eu. Talvez tenha investido mais, trabalhado melhor. E tem uma linda grama por merecimento. Fruto de seu empenho.
Ou talvez ele também tenha gramas queimadas, faltando pedaços, umas pragas. Que eu daqui não enxergo.
Pode ser que sejam as duas opções? Sim. A grama do vizinho é sempre mais verde. Isto é um clássico. Mas de perto nenhuma grama é perfeita.
É fácil ser verdinho de longe. E acho mais que tem que ser assim mesmo. Para que se expor sem necessidade?

De perto cada um sabe onde queima, onde falta, onde dói. E esse pedaço de grama a gente só mostra a quem merece. A quem vai ficar do lado, meter a mão no esterco junto com a gente, regar e ajudar a jardinar.   

Entendimentos & Comprensões
da criatividade de minha amiga de alma Monica El Bayef -
Carioca,Professora,Psicologa, Poetisa e Cronista

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

VIVER NÃO DÓI...!





O pássaro é livre na prisão do ar.
O espírito é livre na prisão do corpo.

Carlos Drummond de Andrade


O que dói é a vida que não se vive. Definitivo como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido alguém
que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo.
Um tempo feliz.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter
conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido, juntos, e não tivemos, por todos os shows, livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, Mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais
profundas angústias, se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as
quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
Pensar não dói...! Viver? Também não...!
Depende de você!


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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

As Aventuras de Jade!
- Da Obra de Jane Di Lello





“... Não há nada para escrever. Tudo o que você
precisa fazer é se sentar em frente
de sua máquina de escrever e sangrar...”

 Ernest Hemingway


“... Saudade não tem braço, mas como ela sabe apertar (...)!”

É assim e desta forma, que Jane Di Lello, conclui, encerra ou apenas faz uma pausa para uma próxima obra, em seu livro: De Atos e Fatos a Anos Luz -  obra independente, desta mulher que hoje está nordestina. Mas, seu sangue tem as misturas de todos os lugares do mundo onde já andou.

De cada lugar guardou um pouquinho e nos revela em um livro de uma singeleza complexa.
Explico a ambiguidade.

O livro é uma espécie de autobiografia, uma narrativa que leva o leitor a contextos, os mais diversos possíveis.
Aos poucos você se sente nadando em rios, andando de búfalos, e sempre como se estivesse ouvindo as risadas de Jade.

Este nome é mais que um personagem no livro. Jade se torna a própria autora durante muitos anos de sua vida. Tanto que o acompanha até os dias atuais quando resolveu escrever suas aventuras.
Desde a precocidade de uma menina até a mulher viajada pelo mundo todo.

Mas o que mais encanta em Jade é aquela criança interior, que todos temos, mas que a autora não perdeu. Jane continua com sua Jade em polvorosa. Depois de ler o livro e conversar com Jane, você às vezes tem dúvidas se quem está do outro lado do telefone é Jade ou Jane.

O tempo passou. Somente isso. Mas não mudou a Jade. Mudou a Jane. Como se a perfeição, esta sim filha do tempo, ele que é senhor da razão, tivesse feito modificações em Jane que somente Jade conseguiria. Não é contraditório. É realidade. Não é conceitual. É verificação.

Toda a primeira parte da obra é uma narrativa emocionada e emocionante. Leva o leitor a diversos mundos que somente Jade conhece e compreende, e que Jane viria a conhecer depois, com o tempo.
O livro vai deixando de ser um romance em que o personagem central é Jade, para se tornar a narrativa de uma vida alegre, vivida, experenciada.
Em diversos momentos você vai ficar na dúvida entre a ficção ou a realidade. Mesmo que no fundo tudo seja uma realidade.

Jade, como todo personagem tem um herói, aquele que a acompanha, que a aconselha, quase um mago. Ele escuta e se surpreende com Jade.
E este mago o acompanhou durante grande parte de sua vida.

Mas ela tinha outro herói. Ah, o bom José! Até parece música da Rita Lee.
Mas José para Jade ou Jane tem uma significação de vida, de transmutação, de valorização integral da própria vida.
Talvez seja tudo isso que tenha tornado a autora este ser especial que é.

E com isso, tenha tido a coragem de partilhar conosco esta obra para que aprendêssemos que através da coragem tudo somos e tudo podemos.
Ela nos revela através de Jade, o quanto somos imortais, quase semideuses.

Jade, ou a autora, que se mistura tanto em um só personagem que você somente vai descobrir no final da obra a qual deixa registrado:

“(...) Amanhã pode ser tarde! Ontem? Isso faz tempo! Amanhã? Só a Deus pertence. Amanhã pode ser muito tarde para você dizer que ama. Dizer que perdoa. Pedir desculpas. Amanhã pode ser muito tarde. O seu amor amanhã pode ser inútil; o seu perdão amanhã pode não ser preciso; o seu regresso amanhã pode não ser esperado, a sua carta não ser lida; o seu e-mail deletado; todo seu carinho amanhã pode não ser mais necessário; o seu abraço amanhã pode não encontrar outros braços. Porque amanhã pode ser muito tarde (...)!”

É desta profundidade que falo. É desta iluminação que todos nos possuímos, mas que Jane descobriu a utiliza que mais fazem as pessoas serem elas mesmas; serem felizes; serem completas; não importa a condição.
Esta condição ficou bem clara na leitura entre a criança Jade a mulher Jane.

Toda esta vontade de viver, todo este amor distribuído, narrado na segunda parte do livro, lembra Eric From quando disse: “... amor é a única resposta sã e satisfatória para o problema da existência humana...!”.

E isso fica claríssimo em De Atos e Fatos A Anos-Luz, de Jane Di Lello que diz mais:
“... Só para continuar com minha alegria, pois esta será eterna...!”.

Da obra de minha amiga de alma Jane Di Lello
Busque o seu.  Você além de amar a leitura, vai querer ter para, várias vezes não esquecer do espirito de Jade. Durante sua vida.
Busque seu livro direto com a autora entrando em contato através do e-mail -  janedilello@gmail.com  Belém, Pará, Brasil.
Jade e Jane, que privilégio ter acompanhado uma vida alegre e cheia de iluminação.
Jade e Jane que bênção saber que os seres ainda não desaprenderam que Pensar Não Dói... Nem Amar...!


Transpirado do livro de Jane Di Lello – Belém – Pará -
De Atos e Fatos a Anos Luz –
Edição 2009 –
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domingo, 18 de agosto de 2013


Limpe a Sua Geladeira!




“Os instintos, sob a grande energia repressiva, volvem para dentro: isso é o que se chama interiorização do homem; assim se desenvolve o que mais tarde denominar-se-á ‘alma’”!
Nietzsche – Genealogia da Moral – 1886 -



                                 Já aprendemos que de nada adianta entulharmos o nosso “quartinho dos fundos”. Aprendemos que ele está localizado em um cantinho de nossa mente. Exatamente como os “quartinhos das bugigangas” que existem em cada casa ou apartamento. Como a maioria se deu bem neste “padrão de limpeza”, devemos continuar para o resto da casa. Que tal? Vamos Lá?
                                 “Viajando”, dia destes, com meu grande amigo, psicólogo e filósofo, de Toledo, PR, Mauricio Mantovanelli, discorríamos ora entre Freud e Jung, ora entre Nietzsche e outros seres que já tinham descoberto que “Pensar não dói...” sobre o que o ser faz, ou melhor, não faz, com ele e para ele mesmo.

A partir do “jogo” a respeito do “quartinho dos fundos”, - artigo anterior- que todo o individuo faz questão de manter, sujo, infecto, adornado de todo tipo de bichos peçonhentos e a companhia de outros monstros horripelentos, que cada ser tem a “criatividade” de criar, alimentar e alojar neste lugar situado entre o inconsciente e seu lado primitivo da mente humana.
                               
 Dizia Mauricio que eliminar as toxinas do organismo e soltar a tensão nos músculos são procedimentos conhecidos na medicina holística. A necessidade de purificação física é tão forte que, como conceito, tornou-se a principal meta tanto nos autotratamentos quanto na medicina convencional. Um exemplo são as infinitas marcas de vitaminas e suplementos nutricionais anunciados como “agentes de limpeza” e purificação. Entre os adeptos de tratamentos alternativos as opções vão do jejum a dietas ricas em fibras e alimentos crus, até banhos e imersão com água salgada, exercícios de respiração, megadosagens de vitamina C e terapias à base de litros e mais litros de água, para ficar no exemplo de Hugh Prather (2003; 27).


                              Na abordagem corpo-mente-espírito, vale tudo para eliminar as forças negativas. No ritual cotidiano, pela manha tomamos uma chuveirada e escovamos os dentes e, ao longo do dia, lavamos as mãos depois de cada ida ao banheiro – mesmo que, pessoalmente, discorde deste ponto, penso que deveríamos lavar antes, já que principalmente o homem cuida tanto do que é seu não é mesmo?-. Em vez de “água da bica”, tomamos preferencialmente água mineral.
 Os sabões em pó, que lavam nossas roupas, contêm desinfetantes e usamos produtos antibacterianos para limpar a cozinha. Muitas casas e até alguns carros possuem sistemas de filtragem do ar.

                             Estamos muito preocupados em “limpar” nossos corpos e o ambiente em que vivemos de tudo que possa prejudicar a nossa saúde e energia, porem, estranhamente, não sentimos a menor necessidade de esvaziar nossas mentes de tudo o que possa “estragar”, “azedar”, nossas atitudes, bloquear a nossa intuição e arruinar nossos relacionamentos.

                       Que diferença faz se o corpo está sempre limpinho, desintoxicado e livre de germe, se nenhum ser vivo que este corpo encontra é confortado? Na verdade, acredita-se que nossos corpos são mortais e nosso espírito é eterno. Ao menos a grande maioria das religiões e até filosofias profundas, como o espiritismo, ensina isso.

                        Diariamente, hora após hora, voltamos à atenção na manutenção exterior. Nossas roupas estão limpas, cabelos lavados, enxaguados, e cremes especiais, contra o sol, contra o excesso de umidade, contra o excesso do excesso do excesso, dentes escovados, e ainda por cima mastigamos algumas gomas para que o hálito esteja sempre fresquinho e cheiroso. Porem a mente como está?

Cheia de ansiedades mesquinhas, ressentimentos, mágoas, culpas, perspectivas deterioradas, preconceitos venenosos e uma lista sem fim de autoimagens gordurosas, ensebadas, sujas, pequenas. Não nos incomodamos em limpar o lixo mental que produzimos, hora após hora. É como se o local que estocamos não tivessem fim, nem sequer tamanho reduzido, visto a quantidade produzida. Sem esquecer o que a grande maioria dos seres, ainda tem o quartinho dos fundos, para guardar a quinqualharia que vem trazendo durante toda uma vida.

                            Assistimos filmes, viajamos nas histórias da literatura – ao menos alguns -, passamos horas em outra viagem, a da internet, e sabemos outro sem fim numero de histórias sobre a vastidão e o poder da mente humana.  Contamos para as crianças sobre o fantástico, fabuloso “poder da mente e da imaginação”, e motivamo-as para que continuem neste caminho.

Adoramos seminários e palestras, principalmente, quando aparecem “encantadores de serpente”, com todas as mágicas e fórmulas para que qualquer um mude sua vida, facilmente. No fundo isso é somente um engenhoso trabalho de autoengano, no qual fingimos acreditar que tudo o que está em nosso gigantesco cérebro é útil, vale a pena guardar, e está excelente, conservado, em ótimo estado.

                          Se pararmos um pouquinho, só um pouquinho, pensarmos, olharmos, verificarmos e veremos que no lugar desta fabulosa “caixa mágica”, que julgamos ser nosso cérebro cheio de sonhos, de maravilhas desconhecidas, de um mundo fabuloso, provavelmente verá que ele se parece como a maioria das geladeiras. Atulhadas.
“Uma ligeira verificação por uma pequena prateleira qualquer vamos descobrir coisas tão velhas enfiadas lá no fundo que nem conseguimos lembrar o momento exato que “compramos” e guardamos” aquilo. De tão cheios de mofo, bolor, além de um odor repugnante, os recipientes com todos os restos “guardados” nos cantos parecem ter vida própria.

                          Os “cantinhos” de nossa geladeira mental criaram seus próprios nichos, ou propriedades, azedos e pútridos. Como a cena é horripilante, temos o impulso de colocar todas essas “coisas bolorentas” bem depressa de volta, nos seus devidos lugares, para manter a ilusão de que, bem ali, na nossa amada geladeira, só existem sucos gostosos de laranjas que tomaram todo o sol de suas vidas, maças que vieram fresquinhas do sul, verduras dos melhores lugares paulistas, plantadas e cuidadas por japoneses caprichosos – sim, ninguém cuida melhor de verduras que os japoneses-brasileses-.
                         Limpar mentes entulhadas, carregadíssimas não é tarefa pequena. Dr. Mauricio que o diga. É sua prática diária. Mudou o nome claro, em vez de psicologia, hoje ele é um agente de saúde e meio ambiente. Sim, pois a alma não é tão suja assim. Leva um tempo, com toda a certeza do mundo, além disso, é necessária muita coragem, até porque, sempre acontecerão descobertas não muito positivas. Mesmo assim, quando as prateleiras de sua “geladeira” mental estiverem limpas, ariadas, cheirosas, como novas e novamente organizadas, você poderá colocar as novas maças, laranjas, verduras fresquinhas, além de alimentos nutritivos. Neste aspecto você descobrirá que o sacrifício foi pequeno em conseqüência do resultado que isto trará.
O filósofo britânico David Hume (1711-1776) afirma que alguns pensadores consideram que o homem se guia mais à luz da razão em vez da ação, e buscam para formar este entendimento em vez de lhe aperfeiçoar os costumes. De certa forma o filósofo quer que usemos a razão, mas no sentido de aperfeiçoar nossos sentimentos em consequência dos resultados que podem ser produzidos para a nossa alma, ou a psique, como gosta o Dr. Maurício.
Uma pequena paradinha, assim como fazemos para abastecer nosso carro, ou nos alimentarmos se faz necessário para a limpeza da mente. Os resultados, além do perfume maravilhoso dos produtos fresquinhos e nutritivos de nossa “geladeira mental” certamente será uma nova alegria produzida. Afinal, pensar não dói... Não é mesmo?

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sábado, 17 de agosto de 2013

“O Homem, sua Alma ou Lenda?”




“... E amanhã não seremos o que fomos...  Nem o que somos...!”

 Ovídio 56 a C em Metamorfose, XV,215-6 



                            Seremos fortes. Muito fortes, porém justos. Faremos da lealdade uma de nossas forças principais, pois dela vem à confiança. E quanto mais confiarmos, mais amaremos. E ao amar nos elevamos. Quanto mais elevados mais próximos estaremos da verdade. Tão ensinada. Tão proferida... E nada praticada. O que aconteceu conosco nestes milhares de anos? O que o homem está fazendo com ele? Benedito Prado, poeta espanhol já afirmou:

"Agora Eu lhes digo,  homem que Eu quis;
 Um homem liberto, fraterno e aberto,
 Fazendo da vida um canto feliz..!”

E prossegue o poeta:

"... Não é este aí o homem que Eu quis...
Que vive oprimido, que anda perdido,
que cai abatido no mundo que Eu fiz...

O ser deve ser valente, mas contra as tiranias. No coração deve haver somente virtudes. Sorrir? Sempre. Chorar? Só se for de alegria. Nunca de dores. Mas o poeta diz mais:

 Será que eu falhei? -Me digam vocês!
 Será que eu pus muita água no mar?
 Será que é o calor do meu sol a queimar?
 Se acaso é assim, perdão eu errei!
Agora eu lhes digo o mundo que eu quis:
As estrelas não brigam o sol não se afasta,
O mar não soçobra na terra que eu fiz.
Agora eu lhes digo à terra que eu quis:
Sem ódio, sem guerra, sem tanta injustiça,
Que ferem meu filho, o homem que eu fiz.
Agora eu lhes digo o homem que eu quis:
Um homem liberto, fraterno e aberto,
Fazendo da vida um canto feliz.
Será que eu falhei, sendo bom demais?
Será que o Amor, a Justiça e a Paz
Não valem mais nada neste mundo meu.
Se acaso é assim, perdão, eu errei!

Nossas forças devem defender os indefesos. Ajudarmos aqueles que se sentirem mais fracos. Ao falarmos deveríamos dizer somente a verdade. Nada mais. Se por acaso fôssemos tomados de ira deveríamos dirigi-la aos déspotas, tiranos, a todos aqueles que se aproveitam dos indefesos.
Não haveria seres cruéis e traiçoeiros. Em nenhum momento. Usaríamos nossa coragem para pedir ajuda se necessitássemos. E não nos esconderíamos atrás das máscaras hipócritas que sustentam a ausência da dignidade que nasceu conosco.

Com isso todos, seriamos bons, justos, verdadeiros, amáveis.
E transmitiríamos isso a todos os que viriam. Aprendemos as juras. Mas, logo proferidas, são esquecidas. Mas na maioria das vezes nos tornamos tolos e  incrédulos de nós mesmos. Não são velhos códigos iniciados nas noites dos tempos. Não. Nasceram conosco. Mas por que nos esquecemos de praticar?

Os dons, os talentos, as características mais iluminadas, estão em nós. É nossa marca principal. Olhamos as estrelas, admirados. De um esplendor magnífico. Tão superior a nós mesmos. Mas somente olhamos. Não buscamos compreensão ou entendimento. Principalmente de nós mesmos. Não precisaríamos temer nem lamentar nada. Muito menos nos iludir.

Apenas compreender que nossas preocupações, temores, lamentos, são criados e podem ser dissipados por nós mesmos.
É nisso que reside nossa alma. Nosso espírito mais puro. Nossa essência mais profunda. Em valores esquecidos. Mas, que estão conosco.
Valor. O homem deve ser valente. Mas não para enfrentar outros seres, somente, mas para ter coragem de se enfrentar.

No coração, só virtude. Defender os indefesos e auxiliar os mais fracos. Só dizer a verdade. E derrotar o que for contra tudo isso com a força mais sincera do próprio coração. Quando entendemos todos os princípios, que fazem parte de nós mesmos, entendemos o amor. E amamos. E o resto não existe. Pois somos como as estrelas. Brilhamos como elas. Quando amamos. Não seriam mais princípios ou lendas. Nem ilusões. Seriamos como nossa alma é. Pura. Elevada.

“... Não é esse aí o homem que Eu fiz...!

 Pensar e amar não pode doer... Nunca!



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