quarta-feira, 30 de março de 2016


#AcordaBrasil:

 Por Um Congresso Limpo!

"....O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar
para os homens que tem à sua volta...!"

Nicolló Maquiavelli - 1498

                                             Na semana passada mais um fantasma surgiu para assombrar o cenário político nacional e em especial o Congresso Nacional: O “listão da Odebrecht”. Junto com ela retorna à discussão do financiamento de campanhas.
                                            Em uma decisão estúpida e descolada da realidade o STF decidiu em setembro de 2015 proibir o financiamento por pessoas jurídicas das campanhas eleitorais. Até parece que as pessoas físicas deste país com renda per capita de continente africano podem suportar campanhas eleitorais mais ricas, que as dos USA! O que o STF na prática está estimulando é a continuação da prática do Caixa 2 ou forçando a tese do Financiamento Público de Campanhas, como se não bastasse as verbas do Fundo Partidário.
                                           Temos o péssimo hábito de tapar o sol com o lixo que estava debaixo do tapete e de estimular o crescimento da oligarquia política dominante, que teima em usar da “procuração do povo” para não só manter, como estender insuportavelmente sua rede de privilégios. Mantem-se nos dias de hoje os costumes medievais da suserania e da vassalagem. Eles nos concedem quireras para poderem exigir nossa fidelidade à manutenção dos seus milharais.


                                          Este é o legado-maldição do Sistema do Voto Proporcional que faz com que todas as eleições tenham a característica de “eleições gerais”, pois não só as eleições para os “cargos majoritários” de prefeitos, governadores, senadores e presidente da república os candidatos devem ser votados em todo o território do munícipio e estado, mas também os candidatos a vereadores, deputados estaduais e federais. É um sistema de “raspar o tacho” para se aproveitar até as últimas migalhas de votos em desconhecidos.
                                          É evidente que graças a esta característica o custo das campanhas cresce assustadoramente, não só por exigir uma cobertura territorial muito maior, quer do candidato, quer dos seus cabos eleitorais ou agentes de campanha. Este é um fator de geração de corrupção muito mais forte, pois nem sempre o candidato terá o controle da demanda financeira dos seus correligionários.
                                          No nosso livro VOTO DISTRITAL – ESTE ME REPRESENTA explicamos detalhadamente como e o quanto se reduziriam os custos das campanhas pela restrição dos votos válidos exclusivamente aos Distritos para as eleições proporcionais e por extensão às eleições majoritárias, pois a fidelidade partidária faria a sua parte na cabalagem de votos para estas.


                                            Ainda que se acuse o voto distrital de favorecer a criação de “currais eleitorais”, é bom enfatizar que a criação dos maiores currais eleitorais aconteceu sob o sistema do voto proporcional face aos programas de bolsas assistenciais nas regiões mais pobres e de baixa educação formal. Este é um problema que persistirá sob qualquer sistema, ainda que sob o voto distrital estimule a “briga entre coronéis” ao nível do distrito, enquanto que no voto proporcional muitos lugares sempre apresentam partidos e candidatos únicos nos cargos proporcionais e candidatos majoritários inexpressivos. Nem todos os partidos estão organizados em todos os municípios e estados.
                                          O voto distrital obriga a esta organização, pois não existe eleições distritais por aclamação.
                                        Como sempre enfatizamos a “verdadeira representatividade” reside numa competição saudável desde as menores células políticas representadas pelos distritos, pois a proximidade do candidato da sua base eleitoral circunscrita possibilita ao eleitor um maior controle da atividade política do seu representante, além de reduzir os custos das famosas “visitas às bases” muitas vezes indeterminadas.


                                         Como dissemos em artigo anterior o voto é um contrato estabelecido entre o eleitor e o candidato e sem que haja uma vinculação territorial definida mais próxima a aplicação do contrato fica sem efeito e é nula.
                                    Quero que meu candidato respeite os compromissos de ação que assumiu comigo na campanha, mas mais principalmente, quero que respeite o meu dinheiro pessoal e de todos os cidadãos que como eu contribuem na acumulação do “dinheiro público” através dos seus impostos, que nada mais é quem um pagamento por “prestação de serviços” das autoridades de todos os níveis e poderes.


 
Das Percepções de um Brasil Atual do
Escritor e Articulista 
Antônio Figueiredo – São Paulo – SP –




Obs..:
Todas as obras publicadas na Sala de Protheus
São de inteira responsabilidade de seus autores.
O Editor!

domingo, 27 de março de 2016


#SeriePoetica:

 A Mala ou o Trem?

“...Há cem mil maneiras de perder o amor
 de uma mulher, e a única que não se previu
é, precisamente, a que se realiza....!”.




   George Sand 


                                         A reocupação bem dosada é necessária e benéfica, porém de forma exacerbada mais atrapalha do que favorece o trabalho de qualquer cidadão. Segundo os entendidos esta inquietude ou ideia fixa antecipada perturba o espírito a ponto de produzir sofrimento moral. Não é à toa que vou logo dizendo: Quem quiser me tirar o sono é só marcar minha viagem para as primeiras horas matinais. Certa vez passei a noite acordado por medo de perder o horário da prova no dia seguinte, outra ocasião o motivo da minha insônia foi uma entrevista de trabalho, resultado o anseio atrapalhou totalmente o expediente e consequentemente perdi o emprego.
                                Não é área de um poeta, mas no dizer dos especialistas esta inquietude é, num certo sentido, um receio de que algo pode sair errado, então o cérebro precisa se manter em constante vigília. Há na preocupação, pelo menos para o cérebro límbico primitivo, alguma coisa de mágico. Como um amuleto que afasta um mal previsto, a preocupação ganha psicologicamente o crédito de prevenir o perigo com o que se está obcecado.
Então vou direto ao assunto: O título desta crônica pode parecer estranho, mas são acontecimentos comuns, por isso resolvi relatá-lo mesmo assim. Por estes dia estive conversando com um conhecido lá das Minas Gerais e como este adora um trem, acabou me segredando a razão de sua paixão. Meio que confuso dizia e repetia a questão e de qualquer forma ficou certo, pelo menos foi o que entendi: Não foi amor à primeira vista, aquela mala que sempre trazia a mão.
 

                                  Seu nome não saberá certamente, mas isto pouco importa, Tinga das Gerais, o apelido. Os amigos lhe chamavam de poeta, mas ele dizia sempre: O que posso dizer do que me vem a mim com facilidade? Tenho consciência que sou apenas um colecionador de palavras. Sou um homem que adora pintar com os caracteres, isto é, brincar de amar com as letrinhas, se há má pretensão não sei, mas fico a imaginar se algum dia o que escrevo de alguma maneira chegar a alma feminina de um jeitinho todo especial. Ah... Se as minhas palavras alcançassem o coração de uma mulher bonita e doce, é divino amar ainda que através de palavras. Pena que eu não sou o que ela imagina que eu seja, mas de gestos e trejeitos isto o poeta aqui tem de sobra, e por aí saio à procura do amor por este mundo a fora.
Fez questão de falar: Na vida passamos por incidentes que parecem à queda de uma peça de dominó enfileirada, em consequência de seu esbarrão as demais vão ao chão. Já se passaram muitos anos da minha vida, mas aquela paixão vale à pena contar minuciosamente. Foi desta forma escrevendo que lhe aconteceu o que mais esperava; era primavera do ano em que os astronautas puseram os pés pela primeira vez na lua. Quando abriu a caixinha do correio ali estava uma carta com aroma de alfazema. Tinha poucas linhas e nelas estava escrito: “Encontrei o amor de minha vida”... Mas não era pelo que estava escrito, aquelas palavras seriam por si só vazias, se não fossem a grafia redondinha e tinha o perfume nas entrelinhas. Coração de poeta não se engana quando o tema é amor, era como uma semente num terreno fértil, e como a chuva na terra sedenta. Outras cartas foram chegando e o perfume exalando mantinha o coração acelerado ao abrir cada correspondência.


                               Mas o tempo foi passando, seis meses, um ano de troca de palavras carinhosas e intimidades, então a incumbência chegou através da carta: “Esteja me aguardando na estação do trem na Capital da cidade”. Poeta mal podia acreditar, iria conhecer de fato aquela a quem ultimamente seu coração reverenciava em verso e prosa. Mais que depressa tratou de arrumar a mala, limpou, engraxou os sapatos e colocou suas melhores roupas para passar os dias mais felizes de sua vida com a amada. Depois colocou a mala arrumada em cima da cama e caminhou de passos largos para a estação a fim de comprar o bilhete da passagem. Daí o escorregão: Poeta conferiu o bilhete faltavam dez minutos para o trem partir da estação e então o que fazer? Poeta gaguejou e o funcionário falou: Temos este horário ou então somente no dia seguinte. 
Poeta pensou: O trem ou a mala?
Então, diga-me amiga, faria o quê? O trem ou a mala?
O trem apitou partindo da estação enquanto poeta permanecia paralisado em grande confusão: o trem ou a mala?
                                  Poeta perdeu de vez a amada que cansou de esperá-lo na estação da cidade e não pode entender o sacrifício que fizera para conhecê-lo e ele nem de perto a quis ver. Poeta continuou a escrever e me segredou: não desistirei nunca de tentar fazer chegar a alma feminina os meus sonhos, os meus desejos e minha maneira de amar. Que a feminilidade esteja sempre aberta aos meus textos e a esta maneira bem natural de dizer: "AMO-TE E BEIJOU A MALA!"


 

Entendimentos & Compreensões
Das vidas encontradas de Marly Ferreira
Cantora, Escritora – Rio de Janeiro – RJ.
Arquivos da Sala de Protheus.