O Escritor e
Amigo Toni Figueiredo
É o
Convidado especial da Sala de Protheus!
“Memórias de Abril!”
– A Mentira Meio Centenária –
Não é por acaso ou coincidência, que retomo
os escritos nesta data de 1º de Abril, sempre levada em conta mais como a do “dia da mentira”, mas certamente “portão de entrada” para o Brasil
Moderno.
Vou pela via estreita da polêmica embasada em
uma discussão honesta e lógica sob as luzes do tempo apropriado, suas normas e
consequências esperadas em busca do definitivo “balanço pacificador” de uma discussão meio centenária, ainda que
alguns “calos doloridos” se sintam
pisados.
Aos muito poucos, aos quais interessa ficar
definitivamente “acocorados” e cuja
única solução aceita é a que calce perfeitamente “seu manequim ideológico e o
dos seus propósitos”, minhas sinceras condolências. São desonestos, tanto os
que se baseiam em conceitos contemporâneos de DDHH para julgar os casos de
tortura e mortes ocorridas, quanto os que sadicamente torturaram por “dever de ofício” na assessoria aos “herdeiros tenentistas”, a partir do
AI-5. Nenhum deles lutava pela Democracia. Uns totalitários de Esquerda, outros
totalitários de Direita.
A manutenção desse “Holocausto Revolucionário”, uma
“justificativa democrática esquerdista” de hoje para a atuação extremista de
ontem, atribui uma falsa relevância e importância para a construção do Moderno
Estado Brasileiro e objetiva somente impor à sociedade uma “dívida de guerra” em pensões e indenizações em quantidade nada desprezível
e moralmente desonesta, pois não faz jus à memória dos muitos idealistas, que
se envolveram e morreram na luta armada gratuitamente.
Respeitem-se os mortos dos dois lados, pois
uma “escolha ideológica” não se julga.
É foro íntimo. Daí meus respeitos à considerada última geração da “juventude idealista, inflamada e
transformadora dos anos 60/70, em todo o mundo, expressa na rebeldia do rock’n’roll e ideologia”. A troca desta
por sexo e drogas foi das gerações seguintes, que dormiram sobre os louros e
tumbas gloriosas daquelas gerações e agora cobram um “aluguel”.
Ao contrário do que se tenta fazer crer hoje
a repressão a partir de 1967 não foi aceita com mutismo social. Muitas foram às
vozes que se levantaram pelas vítimas, uma grande maioria imbuída do “espírito nacionalista” de então, contra
os muitos casos de selvageria sarcástica explícita e com motivação pessoal, tanto
da parte da oficialidade militar, quanto do “famigerado”
Delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury.
Atuante inicialmente no Esquadrão da Morte
que dominou São Paulo nos anos 70 justiçando bandidos convenientemente foi
requisitado pelos Órgãos da Repressão, (DOPS-SP), pela extrema eficácia dos
seus métodos no trato de bandidos comuns, quem foram transferidos aos presos
políticos. Acabou “convenientemente afogado”
nas águas de Ilhabela-SP em 1979 e especula-se que por “ordens superiores” por seu enriquecimento e corrupção oportunistas.
É dessa época a destemida atuação dos
Promotores Públicos Dirceu de Mello e Hélio Bicudo, este um verdadeiro campeão
e paladino dos DDHH.
No “lado
golpista” foram muitos também os “especialistas”
e seus excessos que foram punidos dentro do próprio Código Militar, como o
ocorrido na morte de Manoel Fiel Filho no DOI-CODI-SP e que custou a “cabeça” do Comandante do II Exército,
Gal. Ednardo D’Ávila Melo, responsável também pelas mortes de Wladimir Herzog e
outros, (1976), para mencionar os mais conhecidos, por ordem do Presidente
Ernesto Geisel, reconhecidamente o mentor da Abertura Política Gradual, mas que
mostrou-se impotente em combater o “corporativismo
dos porões da ditadura”.
Imputar à Revolução a invenção do pau de arara,
sessões de choque e afogamentos é desconhecer os procedimentos policiais, que
sempre foram corriqueiros nas delegacias de Polícia, desde os tempos de Vargas
e Felinto Muller no Estado Novo.
Pois bem, quem se metia em um “processo de insurgência” sabia
perfeitamente dos seus códigos e o “custo
da fatura” vigente e que foram largamente utilizados tanto pelo Capitalismo
como pelo Comunismo. A Convenção de Genebra nunca reconheceu os direitos dos “Exército sem Uniformes”, assim como,
por essa mesma razão, nunca se manifestou sobre as execuções sumárias de
prisioneiros por “exércitos não
regulares” e por Regimes Revolucionários, que se instalaram no Poder.
Era a chamada “guerra suja” e por isso “suja”
para todos. Não existiu qualquer diferença de tratamento entre as masmorras do
Estado Novo de Getúlio Vargas, na Intentona Comunista, no Regime Militar do
Brasil. Idênticos procedimentos foram utilizados no Uruguai, Argentina, Chile e
Peru, bem como na Revolução Cultural de Mao na China, na Castrista em Cuba.
E na
Guerra do Vietnã. Che Guevara é hoje chamado de criminoso, contudo pelas “regras” da época, jogava com o
regulamento embaixo do braço, como dizemos no futebol. A guerra de guerrilhas
não mantinha campos de prisioneiros e nem tampouco hospitais, assistência da
Cruz Vermelha e observadora da ONU. A tecnologia e experiência dos métodos da
Inquisição prevaleceram desde a Idade Média.
No século XX, a princípio foi o Nazi/Fascismo
e depois a Guerra Fria quem definiu territórios e influências, mas foi nos anos
60, após o “descuido cubano”, que os
USA estabeleceram que fosse inaceitável que o Comunismo fizesse novas “cabeças de ponte”, no Continente e que “via Cuba” exportasse sua Revolução
financiada pela URSS, que financiava Cuba.
Enquanto
a CIA teve fortíssima atuação junto aos Governos Latino Americanos, da mesma
forma que KGB teve fortíssima influência no Leste Europeu, absorvendo países
satélites de cultura “não Eslava” e
internamente com mão de ferro sob Stalin. A China, ainda que fora dessa
“rivalidade”, também estendeu seus “tentáculos de influência” ao Laos, Camboja
e Vietnã.
Cada qual cuidava do seu “terreiro” e foi assim no “affair”,
que a tentativa de instalação dos foguetes soviéticos em Cuba em 1961 foi obstada
pelos USA forte e militarmente, mas que nas invasões de Hungria e
Checoslováquia pela URSS, passivamente condescendentemente mantiveram-se à
distância. Era o poderio nuclear dissuasório e intimidadores mútuos.
Para melhor entender o Golpe de 1964 é
importante entender o equilíbrio das forças políticas de então. Nas Eleições de
1960, Jânio Quadros saiu vencedor por 48% dos votos impondo uma derrota
esmagadora a Adhemar de Barros e ao Marechal Lott. Contudo, o Vice Presidente
João Goulart (PTB) foi eleito com apenas 36,1% dos votos, contra 33,7% de
Milton Campos (UDN). A eleição foi garantida pela diferença de votos no Rio
Grande do Sul, que teve como vencedor Fernando Ferrari (MTR), que já havia
derrotado Jango Goulart e Leonel Brizola em pleitos anteriores.
Como se pode verificar, o “espólio varguista” sempre teve muita briga de “herdeiros” no Rio Grande do Sul. A
maioria do Congresso era composta por PSD/UDN.
Na primeira fase do golpe ocorreu uma
Intervenção Militar comemorada em inúmeras manifestações de apoio em todo país
e que deveria ter os dias contados até as Eleições Gerais de 1965, por acordo
mútuo entre o Gal Castelo Branco e os partidos opositores a Jango Goulart,
basicamente PSD, PSP e UDN, ou seja, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Ocorreram apenas cassações de mandatos parlamentares e a repressão foi praticamente
nula.
Contudo, pela “quebra do acordo” e a ascensão de Costa e Silva e a edição do
AI-5, a intervenção transformou-se em Golpe Militar, que fez recrudescer os
protestos por Democracia e a atividade guerrilheira. Com isso o número de
baixas começou a crescer: entre os
“guerrilheiros de esquerda” 356 mortos e desaparecidos e 6.016 denúncias de
torturas. Entre as “forças do Golpe” foram
119 mortos.
Hoje a “Esquerda”
se esquece de descontar da sua “cota” uma
quantidade muito grande de “vítimas
democráticas”, (não
esquerdistas/nacionalistas), que estão incluídos nos números acima[AF1] ,
que pagaram o mesmo preço pela militância, ainda que não violenta. Mas ainda
assim, se considerarmos uma população de 75 milhões de brasileiros na época, esses
números dão a exata proporção da “força revolucionária” da contrarrevolução de
então e demonstra que desde a Intentona de 1935, o Comunismo continuou a ser uma
“filosofia estranha” e pouco empolgante do pensamento político brasileiro.
Decorridos 50 anos, hoje temos um arcabouço
legal devidamente sedimentado e negociado entre todas as forças e tendências
políticas, inclusive as “forças de esquerda”, que gerou o “Pacto Social de
Pacificação”, representado pela Lei da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita de
1979, para que “judicialmente” se busque a solução de todas essas pendências. O
que é inaceitável é que uma minoria tente fazer prevalecer a sua “visão
particular da História”, por dispor de maior força política momentânea e queira
fazer refém toda a Sociedade, como que imputando-lhe um “complexo de culpa” pelos desmandos de um período autoritário e no
qual fracassaram na “tomada do Poder”.
Essa “devassa histórica”, que necessitamos,
deve ser feita para escrever com “letras
limpas” todos os períodos obscuros na nossa História, que são muitos e a sua
grande maioria, mitologizada com heróis forjados e outros reais omitidos,
conveniente e seletivamente, para sabermos quem efetivamente e que contribuição
patriótica deu para a “nossa construção
cidadã”.
Nossos
Panteão e História Nacional mudam ao sabor dos modismos ideológicos e
pragmáticos.
Uma Comissão da Verdade Verdadeira Ampla,
Geral e Irrestrita não pode esquecer que existem dezenas de milhares de
torturados e desaparecidos de sempre nas
“cadeias e periferias públicas” desde a Abolição da Escravidão. Destes
ninguém cuida e lhes oferece uma solução definitiva de inclusão social,
econômica e política, apenas “assiste-os
a caridade pública” do bolsismo e cotismo, por serem pretos, putas e pobres,
militantes históricos do Partido dos Excluídos, que é a maioria nacional.
Essa é a “fatura”,
que a República enrola e empurra com a barriga, quem sabe até o dia em que uma “guerra civil” venha resgatá-la...
Aliás, não seria isso o que vemos na grande maioria das metrópoles brasileiras?
Atribui-se tudo à “droga” e eu concordo... À “droga
da maioria dos políticos”.
POR QUÊ?
Das
percepções e pesquisas de
Antonio
Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista, Escritor, Empresário, Militante Apartidário
Parlamentarismo e Voto Distrital Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais
Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil (1961/73). Operário da Cidadania.
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