terça-feira, 25 de fevereiro de 2014


Que Seja Eterno... E Não à Toa! 





“...Que seja eterno enquanto dure, e que dure para
sempre mesmo que o para sempre não exista...!”.

Dayane Aparecida



                                   Que seja eterno enquanto durar. Durar o quê? Se não for amor, não vai durar a vida toda, pois o destino se encaminhará de que as direções sigam diferentes caminhos. Eu mudaria essa frase para: “Que seja delicioso enquanto tem gosto. Assim é bem mais degustável, não é mesmo?”.

            Eterno para durar. Durar enquanto for eterno, soa meio à toa. Coisas palpáveis têm mais apreço e pés no chão. Seria bom que tudo que amamos, deliciamos, durassem o tempo que fosse necessário, e nos deixariam quando estivéssemos prontos para recomeçar. E quem está pronto para recomeçar?

            O passado tem a magia de nos encantar com seus pensamentos em pessoas e coisas que não voltarão. E para viver uma nova história, outro amor, é preciso vencer a infelicidade de nos prender a memórias inesquecíveis.
            O beijo tem que ser eterno sempre. O abraço amigo, aconchegante tem que ser todos os dias até que meus braços não se possam mais curvar. O diálogo tem que ser constante nas relações, ou morrerá para sempre o amar. O perdão tem que ser mais do que pedir desculpas, tem que ser súplica verdadeira de reconhecimento do erro. Os segredos tem que ser guardados a sete chaves que foram perdidas. Receita básica para se viver eternamente e não à toa.

            Não precisam serem eternos: os rancores, as caras feias, as meias palavras, as discussões, as brigas, as ofensas, e muitos outros sentimentos de abandono, que estes sejam levados para sempre do nosso viver, ou que sejam eternos enquanto durem, aí sim, que seja à toa!
            Até a eternidade de existir, deveriam prevalecer, os bons dias dos vizinhos que sempre nos sorriem; o muito obrigado verdadeiro das pessoas; as compreensões sem qualquer favor em troca; os elogios, sem mentiras; as ajudas mútuas sem preço.

            Que seja eterno enquanto dura... Dura o quê? Uma relação que já começou se desmoronando? O amor unilateral em uma relação de anos? As conversas por obrigação? O carinho apenas por causa da excitação? O mendigar de sentimentos do outro? O beijo longo que nunca mais foi dado nos últimos dois anos? Não, não tem que durar! Precisam de recomeços! É preciso que se migre para outro gostar, verdadeiro.




            Sim, que seja eterno, para sempre, enquanto existirem as belezas do que é bom e nos fazem felizes. Que seja eterno, o amanhecer calmo com céu de esperança, o estar ao lado de pessoas que transmitem sorrisos e alegrias, amar incondicional a vida, fazer a diferença onde existe um pardo viver, olhar para as pessoas com amizade e apreço, existir para fazer histórias.

            A vida é um constante palco de espetáculos, e eu não quero soar à toa nas minhas cenas do cotidiano. Quero ser a atriz principal em todas as apresentações de amor, felicidade, existência, luta, seguir em frente, recomeçar. Quero estar no palco, e sentir a minha plateia feliz pelo simples de eu existir, fazer parte da vida deles, isto sim é viver eternamente, e não enquanto durar.

            Eu não sou à toa, logo, sou para durar uma vida longa, a vida toda.



Da minha amiga Mineira Simone Guerra – Professora,

Amante da Literatura, Poesias e Escritora.

Sua obra mais recente e premiada é Para Cruzar o Atlântico,
Ganhadora do 6° Concurso Literário Mário Quintana em 2010, Categoria: Crônica.
Mais em  http://paracruzaroatlantico.blogspot.com.br/

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif


sábado, 22 de fevereiro de 2014


Quem São Esses Tais Professores?




“...O verdadeiro professor defende os
seus alunos contra a sua própria influência...!”
Amos Alcott


  
                         Essa pergunta me despertou o desejo de buscar respostas, pesquisei diferentes fontes orais, bibliográficas, virtuais, reais lendárias e até imaginárias.
                        Vou publicar alguns dos resultados encontrados. Entre estes figuram as mais diferentes e possíveis definições e determinações. Confesso que para mim causaram as mais diferentes sensações e impressões.
Às vezes, me admirava das atribuições dadas, até me fascinava com tão belas e respeitosas considerações. Às vezes, tornava-se penoso ouvir as lamúrias de certas terminologias, entre elas desfilavam os coitados e sofridos a esses tais professores atribuídos. Confesso que em alguns momentos, também causaram admiração, por determinados conceitos que variavam entre os tais super competentes, super necessários viventes.

                         Por vezes, causavam-me indignação algumas referencias feitas, ou melhor, desfeitas, de tamanhas tornavam-se pequenas, pela pequenez, pejorativa aos tais professoras proferidas.
                         Algumas das deduções mais interessantes foram selecionadas e aqui registradas e por ordem destacadas.

   Primeira: As origens desses tais professores. Algumas teses indicam que esses seres foram criados pelo próprio homem. E assim se materializou, conforme a sua vontade.
   Segunda: Deram-lhe vida, mas monitorada, constantemente vigiada, deram-lhe formas, mas inacabadas, deram-lhe também habilidades, mas pré-definidas e potencialidades, mas previamente estipuladas.
   Terceira: Sua importância usos e convenções são criteriosamente determinadas, pelos planos e projetos especificados.

   Quarta: A sua parte material, constituída de substancias, flexíveis, possíveis de serem maleáveis as necessidades adequadas.
   Quinta: Quanto a parte intelectual, sem dúvidas foi composta de muitas capacidades de absorção, para atender as demandas administrativas, de modo satisfatório. Paralelamente constituído de uma admirável capacidade deletiva e adaptativa. Para ser possível reciclar e reaproveitar o mesmo material humano, tantas vezes conveniente se achar.
   Sexta: Convencionou-se limitar suas capacidades mentais, comportamentais, sociais e culturais. Para se evitar acidentes ou desequilíbrios nos sistemas de comando ou de execução.

Sétima: Apesar de único cada um é incumbido de atender a todos, com todas as diferenças possíveis e imaginárias. Sua formação profissional exige formação específica em uma área do conhecimento. Mas em suas práticas são exigidas amplas e diversas competências e inteligências, mesmo as que não são de sua preferência.

   Oitava: Esse professorado em sua totalidade é permanentemente avaliado, elogiado ou criticado, ofendido ou defendido, em suas capacidades, responsabilidades e afinidades.  Em seu potencial profissional, quanto em seu ser individual, moral e emocional. São tantos, e apesar dos padrões e patrões, todos têm suas particularidades e defeitos, dependem dos momentos, das necessidades e das vontades.
   Nona: É o seu espaço, está convidado a dar o seu aval a tal categoria professoral. Em especial aos que participaram da sua vida pessoal e profissional.




   Décima: São exaustivas as hipóteses, deduções, experimentações e conclusões, nas tentativas de responder a tal pergunta: Quem são esses tais professores?

   Conclusões e atribuiçõesCada um tem a sua própria resposta, cada grupo também convencionou a sua e está, em constante se redefinindo e se modificando, conforme os anseios e necessidades.

   Se os tais professores foram criados pelo próprio homem, ao próprio homem, foi designado. E assim permanecerá por tempo indeterminado.
    Um dia esses tais profes serão chegando, se não forem importantes nem serão lembrados.
   São eles super, mega ou midi profes... O que importa as homenagens, quando houver, que sejam a todas as categorias de profes.
      
Buscando Rubem Alves afirmo eu: “...Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade...!”.




Dos Diálogos e Entendimentos com professores
como minha amada amiga  Isane Johann -  
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES
www.konvenios.com.br/articulistas
Em São Paulo  no
www.cadernodeeducacao.com.br
Diálogos do Caderno
E em www.pintoresfamosos.com.br

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Mestra em Língua Portuguesa Brasilesa
e Mineira Claudia Carvalho – é a convidada de hoje
da Sala Protheus




No Limiar do Ser!


"... A lucidez só deve chegar ao limiar da alma.
 Nas próprias antecâmeras do sentimento 
é proibido ser explícito...!"

Fernando Pessoa


Estava olhando alguns livros que havia muito não lia. Quando de repente um deles cai ao chão e a frase em destaque é a seguinte: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”, era uma tese de Oscar Wilde.

Aquele pequena frase me levou a uma espécie de tempestade de pensamentos. Coloquei-me como objeto daquela frase. Será que minha existência pode ser considerada uma vida, no seu sentido mais pleno e profundo!

Meus pensamentos vagam e sinto que estou sempre no limiar entre o existir e o viver! Sou aquela que vai embora antes do melhor da festa. Bem no instante em que algo mágico poderia acontecer.
 Algo me diz: vá embora, saia daqui!

Como se corresse risco de morte e não chance de vida. E sem pestanejar, nem ao menos refletir vou-me embora. Assim, eu driblo qualquer expectativa e aquele tudo que poderia acontecer, mas que de repente poderia se frustrar, continua existindo como uma possibilidade para quando eu quiser!

E não é uma escolha da qual eu me arrependa!
Ao mesmo tempo em que me poupo me abstenho de que poderia ter sido!
È como se eu me poupasse do mundo e ao mesmo livrasse o mundo de mim.
Distração? Egoísmo?
Não sei que nome dar a isso. Só sei que as vezes me encuca.
Porque sou assim?

Assusta-me a rapidez com que me canso e me desfaço das coisas, das pessoas, das pessoas coisificadas. Não tenho muitos amigos e nem possuo objetos de que goste e me orgulhe. Só gosto e cultivo amor por coisas e pessoas das quais não espero nada!
Assim não me decepciono.

Quando me apaixono sinto certo frenesi, uma espécie de culto pela minha própria paixão! Acho belo meu amor, minha entrega, minha veneração, mas até do quem a esta recebendo.
Meu grande amor pelas pessoas, pelas coisas é o meu talismã sagrado.

Amor incondicional, que não pede nada em troca, porque se pedisse seria impossível de ser devidamente correspondido!



A essas alturas, quem me lê deve imaginar: Egoísmo, defesa, fraqueza!

Pois então que seja! E o que você ama afinal? Alguém deve se perguntar. Amo meu estado de solidão, amo meus defeitos. Porque não ter fraquezas? Porque não querer me defender do que o mundo teria para me dar se não tenho certeza do que seria?

E o tudo para mim é a minha paz, é um sono profundo, sem pesadelos.

E os meus desejos?

Ah! Esse é outro assunto!

PS: Para minha amiga Claudia, pensar sobre seus próprios sentimentos não dói... Afirmo Eu!





Entendimentos & Compreensões
Dos pensamentos de minha amiga
Cláudia Ezídgia de Carvalho - Minas Gerais -
Licenciatura em Língua Portuguesa Brasilesa
 Universidade Federal de Ouro Preto
Mestrado em Literatura Comparada
Unicamp - SP

domingo, 16 de fevereiro de 2014


Oh, Dó...!




Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Tá com dozinha de alguém? Oh, Dó!

Ah, isso me lembra de um dos versos de Willian Shakespeare quando diz: “... Ó doçura da vida: Agonizar a toda a hora sob a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe...!”.

Ter dó; Estar com pena de alguém por alguma razão, estar penalizado; (mesmo que esse ultimo o utilizemos erradamente, quando diz que um jogador foi penalizado ou o juiz proferiu uma sentença penalizando alguém – nestes casos eles receberam pena, então foram apenados), assim não agredimos tanto nossa tão bela, mesmo que inculta e ultima flor do lácio.

Literalmente sentir pelo outro, colocar-se no lugar de alguém que sofreu ou sofre, ou dor pela perda ou por doença. Este sentimento altruísta vem do coração porque o espirito manifesta-se através do coração. Por isso Fernando Pessoa afirma tanto, que (...) tudo vale a pena quando a alma não é pequena (...).
Mas o que é Dó!

Ora, basta procurar no dicionário, diria você, mas não esqueça que além de saber o que procurar, você precisa saber exatamente onde aplicar este substantivo masculino. Afinal, hoje está mais fácil: Joga na Rede Mundial e lá está o significado. Porem não esqueça que dicionaristas são buscadores, pescadores, pesquisadores de palavras, com todo respeito a alguns poucos filólogos de respeito que ainda temos em nosso País. O restante tem uma equipe que sai por ai “garimpando” novas palavras e jogando em um maço de paginas para quem não faz ideia alguma do que significa. A língua Portuguesa é uma das únicas que aceita neologismos e regionalismos e acaba se tornando parte integrante do discurso, seja ele oral ou escrito,

Assim este sentimento que denota pena em relação a outra pessoa; comiseração, esta por sua vez, pode ou não ser aplicado como sinônimo, pois é um sentimento de piedade para com a infelicidade alheia, é ter compaixão.
Comiseração vem do latim, nossa origem linguística, de commiseratiône – que é um apelo a piedade.
Diz-se em um estado de sofrimento que o ser passa por uma profunda autopiedade, (pela nova reforma, que ainda não virou lei, perdeu o hífen), ou seja, tem dó de si mesmo, logo em seguida para a comiseração, ou uma tristeza muito grande por ele mesmo ou pelo que está sentindo.

Terapeutas já trataria como “depressão” mesmo que não concorde com o termo utilizado, pois deprimir-se significa ter perda de fluxos elétricos no cérebro e ao mesmo tempo perda neuronal, transtorno bipolar, distimia, dislexia, hipomania e outras classificações e isso seria neurológico e afetaria o psicológico.
Mas sentir dó, os poetas já utilizaram de todas as formas possíveis, exatamente para mostrar tudo isso.

Dó vem do latim dolus.  Mas estamos falando de um sentimento exclusivamente humano, e nenhuma denotação para a primeira nota musical na escala maior.


Assim se você se sentir desconfortável em utilizar a palavra “dó”, pode buscar alguns sinônimos de acordo com quem vai ser o receptor de todo este sentimento tão profundo, de colocar-se no lugar do outro, ou seja: quando você está com dó, de você mesmo ou de outro, você está comiserado, está compadecido, está em compaixão, com enternecimento, até se for mais profundo, você até lastima, tem misericórdia, fica com pena, de piedade, de remissão.

Mas independente da semântica que você possa entender ou utilizar, ainda é um sinal de compaixão. E estar piedoso por alguém é como se você quisesse até se redimir por tudo aquilo que esta acontecendo e você fica impotente.
Muitos autores da língua portuguesa Brasilesa não gostam de utilizar este substantivo, mas ai já tem influencia da psicologia. E, bem, dai é outra questão.

Estar compassivo por alguém, ter dozinho por algo ter acontecido é sinal de humanidade.

Mesmo que cause dó, pode sentir já pensar sobre tudo isso, tenha certeza, não dói...

Inspirado na cientista de Diálogos do Caderno
Lais Martins com afagos na alma de sua mãe!
Crônica Publicada:
Sitio Kasal – Vitória – ES
www.konvenios.com.br/articulsitas
www.cadernodeeducacao.com.br
Em Diálogos do Caderno
www.pintoresfamosos.com.br
www.epensarnaodoi.blogspot.com.br
www.Twitter.com/profeborto


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Historiadora e Jornalista conversa
com Mônica Bayef na Sala de Protheus:



Um convite à amizade!



“... Quem tem um amigo, mesmo que um só, 
não importa Onde se encontre, jamais sofrerá 
de solidão; poderá morrer de saudades, 
mas não estará só..!”.

Amyr Klink



Hoje voltei aos tempos de infância, de colégio propriamente dito. Lembrei-me das amizades gestadas especialmente neste período e que nos acompanham ao longo de uma vida. De muitos nos separamos, nos reencontramos em outros tempos, outro contexto.
Sei por vivências próprias que a amizade se constrói devagarinho, muitas emoções vivenciadas juntas. No entanto quero voltar ao período escolar, onde sem constrangimento perguntávamos ao coleguinha: Tu queres ser meu amigo. Hoje pergunto a competente psicóloga e escritora Mônica Bayef, queres ser minha amiga?
 Há que bom guria... Se a rejeição dói na infância, na vida adulta mais ainda. Assim fico só com a amiga, mas posso indicar a terapeuta. Precisamos nos ver mais, atualizar o papo. Fico corada, de vergonha, quando me reconheço em tuas crônicas. Vou te pedir: pegas leve, não precisas ser assim tão contundente, por acaso conheces também minha família? Juro... Já vi retratada nelas.
Quero te propor, suspendas à agenda por um dia e vamos organizar um café literário. Sugiro convidarmos também Marina Colasanti, Marília Gabriela e se o céu permitir, também Simone de Beauvoir, confesso minha curiosidade sob o relacionamento aberto que viveu com seu companheiro nos idos do século XX. E o feeling com que realizou abordagens sobre a temática feminina em suas obras. Nossa é muito contemporânea. Se me permitirem levarei uma amiga, do quilate das outras convidadas. A Marina a conhece. É Tânia Rösing, coordenadora das Jornadas Internacionais de Literatura. Evento que se realiza a cada dois anos em Passo Fundo, RS. Além da conversa inteligente, preparem-se meninas para muitas gargalhadas. Tânia tem um senso de humor apurado e muito afiado.
Pensei nisso, porque faço amizade com a bondade das pessoas. Este encontro será a grande reportagem da minha vida. Espero que Marilia me de espaço, quero perguntar muito. Ali seremos todas “lenhas” da mesma fogueira
Mônica, tu sabes, o poder da palavra é imensurável. Palavras e pensamentos estão interconectados. E usar o poder das palavras e dos pensamentos é construir uma vida de paz, alegria e amor.  Imaginem, quantas crônicas serão alimentadas neste dia.  Mal posso esperar.  Um grupo de mulheres desafiadoras, tentando entender o mundo, e ao mesmo tempo dando uma contribuição inestimável.




 Acredito que como os amigos enriquecem nossa vida. Podemos criar uma rede entre nós para nos apoiarmos nas curvas além de sermos pontes que transporão  abismos.
Obrigada guria. Para mim já está marcado.
Vou ali preparar o mate e redigir a pauta... Espero-te!
Não demores...




Rose Santarém –
Historiadora e Jornalista
Passo Fundo – RS –
rosetosanta@gmail.com
Especial para a Sala de Protheus




sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Dr. e Prof. Luis A. R. Branco de Lisboa – Portugal
É o convidado da Sala de Protheus -


“Hedonismo”
- Necessidade ou Desejo? –




Em primeiro lugar acredito que devido às diferentes ideias sobre o real significado da palavra hedonismoseja-nos necessário esclarecer nossa perspectiva epistemológica da palavrapara assim estabelecer um plano comum do pensamento que conduzirá este breve texto. Portanto, hedonismo é a concepção de que de que o prazer (incluindo a ausência da dor) seja o único bem intrínseco da vida. A palavra tem sua origem no grego hedonikos, que quer dizer prazeroso. A filosofia hedonista teve por pais Epicuro e Aristipo de Cirene, surgindo na Grécia antiga por volta do Séc. IV a.C.

O hedonismo é a busca excessiva do prazer, o que não significa o mero prazer físico, mas envolve todas as esferas da vida. A filosofia classificou três tipos de hedonismo: O hedonismo psicológico, que tem como base a ideia de que em todas as ações o ser humano tem a intenção de obter mais prazer e menos sofrimento. O hedonismo ético, que tem como princípio o fato do homem contemplar o prazer e os bens materiais como as coisas mais importantes da vida. E o hedonismo psicológico empírico, que tem por princípio a busca pelo prazer como a atitude mais importante na conquista e realização pessoal. 

De certa forma o hedonismo como proposto nas escolas cirenaicas e epicuristas tem como fator negativo a super valorização do desejo, da vontade, do egoísmo e individualismo, sendo portanto, contrário a muitos valores humanos e principalmente religiosos. Mario Vargas Llosa explica em seu livro “La civilización del espectáculo”[1] que o problema dos nossos dias tem sido o desenvolvimento de uma cultura disposta a sacrificar tudo pelo mero prazer e diversão. Isto significa que para a sociedade atual as coisas mais importantes são as prazerosas e divertidas e sendo o prazer e a diversão os mais importantes bens da vida, nada mais importa, a não ser uma espécie de carnaval eterno que absorve desde a vida privada, à todas as áreas que compõe uma sociedade, envolvendo as questões relativas à teologia, filosofia, ética, biologia, psicologia, sociologia, leis, política, economia e história. Portanto, vivemos numa sociedade disposta a sacrificar seus valores em cada uma das áreas supra citadas, por mero prazer, satisfação e realização pessoal. O grande problema desta forma de vida é que ela nos transforma em presas e predadores.

Num texto mais exaustivo poderíamos discorrer sobre cada uma destas áreas, mas num texto condensado, apenas à título de exemplo, podemos falar da ética, cada vez mais relativizada, desvalorizada e desrespeitada de forma grotesca por indivíduos comuns como por governantes, tornando a sociedade em um caos moral de desrespeito aos bens públicos e privados, ao indivíduo e a sociedade como um todo. É importante entender que de forma prática, a busca excessiva pelo prazer individual é sem dúvida o motor propulsor da corrupção coletiva que assistimos hoje descaradamente no Brasil. Sendo assim, faz todo sentido o discurso da Deputada Estadual Cidinha Campos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no dia 24 de Março de 2010 quando disse que a corrupção no Brasil já faz parte do DNA do brasileiro[2]. Obviamente, que o sentido usado pela deputada é figurativo e não biológico, mas certamente já o é culturalmente. Outro exemplo de hedonismo exacerbado é o que diz respeito ao sexo e a sensualidade, hoje áreas da vida sem quaisquer limites na sociedade, ao ponto de educação sexual que deveria ser uma prerrogativa familiar, passou a ser do Estado, e um estado corrompido moralmente.

Como contra proposta a este hedonismo vigente, o teólogo protestante John Piper apresenta-nos em seu livro “Brothers, We Are Not Professionals: a Plea to Pastors for Radical Ministry”[3] aquilo que ele chama dehedonismo cristão: “Por hedonismo cristão, eu não quero dizer que a nossa felicidade é o bem maior. Quero dizer que a busca do bem maior sempre resultará em nossa maior felicidade no final. Mas quase todos os cristãos acreditam nisso. Hedonismo cristão diz que devemos buscar a felicidade, e persegui-la com todas as nossas forças. O desejo de ser feliz é um motivo adequado para toda boa obra, e se você abandonar a busca de sua própria alegria, você não pode amar o homem ou agradar a Deus.”

Em resumo John Piper diz: “O hedonismo cristão visa substituir uma moral kantiana por uma  moral bíblica.”Isto porque Kant foi sem dúvida um dos filósofos mais recentes a escrever sobre este hedonismo exacerbado e imoral. 

Em suma, respondendo nossa pergunta inicial, o hedonismo é uma necessidade, que deve obedecer princípios éticos e morais, para que seja legitimado e produza resultados positivos não apenas para um indivíduo mas para toda a sociedade. E para concluir, acrescento a este texto um excerto do livro Verdade na Prática: Textos Selecionados[4]: 

“A felicidade no cristianismo é considerado um marco fundamental da salvação. Pressupõe-se que todo aquele que é cristão é feliz. Numa metáfora para nos ajudar em nosso pensamento, desejo explicar de forma simples como podemos entender a diferença entre a felicidade e a alegria. A alegria é um contentamento esporádico na vida, enquanto que a felicidade é o estado em que se vive. Se comparássemos a alegria e a felicidade com uma árvore, diríamos que a felicidade é a árvore e a alegria os frutos da árvore. Os frutos dependem das estações do ano, dependem de uma boa terra e de um bom jardineiro para surgir no momento certo, já a árvore, esta existe o ano inteiro.

Semelhantemente, a alegria pode estar a espera da estação certa para aparecer, mas a felicidade segue todo o ano, e em todas as estações. A ausência desta felicidade é vista pela maioria como o fim da vida. Nietzsche escreveu que: “A ideia do suicídio é um potente meio de conforto: com ela superamos muitas noites más.”(1]) Portanto, não é de se admirar que aquele que se vê infeliz, veja o final da vida, muitas vezes pelo suicídio, como algo razoável. E Nietzsche disse ainda: “O suicídio é admitir a morte no tempo certo.”(2)

O teólogo católico espanhol José Maria Arnaiz escreveu algumas observações sobre a felicidade(3):

É importante evitar o risco de confundir o bem-estar material com a felicidade; isso seria como confundir a fantasia com a realidade, os meios com os fins, a embalagem com o conteúdo, o prazer com a alegria, a aparência com a existência.

Todas as pessoas que foram à Jesus com um desejo genuíno de encontrarem a felicidade e se deixaram conduzir pelos padrões de Deus foram satisfeitas nas suas buscas. No entanto a Bíblia nos fala de um jovem rico, que pensava que sua felicidade estava condicionada às suas posses. Quando Jesus lhe mostra que o mais importante é dar do que receber (At 20:35), ele fica desapontado e o Evangelista Marcos registrou: “Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades” (Mc 10:22).

Semelhante, muitos estão a viver infelizes pois sua felicidade esta condicionada ao bem-estar material.

José Maria Arnaiz continua:

A felicidade é o bom depósito que deixam nossos anos, é o que nos devolve a vida como reação a tudo o que vivemos e demos de liberdade, de verdade, de justiça e amor; há vidas que deixam um sabor de insatisfação, de infelicidade e de tarefa não cumprida… Isso ocorre quando nelas há algo que não funcionou.

O viver irresponsável, seja em que área for, nos trará resultados negativos. O texto Sagrado fala de algo chamado pelos teólogos de “A lei da semeadura”, pois diz: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Se você só semeou tolices, arrogância, rejeição, inimizades, imoralidades, e coisas semelhantes a esta, o que espera colher? Mas, ainda há tempo para mudar as sementes, e semear as coisas certas, para colher coisas boas.

José Maria Arnaiz diz ainda:

A felicidade não se apresenta como uma diversão continua… nem sequer como um estar contentes e alegres todo o dia, nem mesmo como um sonho colorido do futuro… Está claro que (a felicidade) não se trata de pedir uma carga leve para andar pelo mundo, e sim, bons ombros para carregá-la com facilidade. A felicidade está em algo mais profundo. Algo que subsiste sob os sofrimentos e alegrias de cada dia, do ter ou não ter, do mandar ou não mandar, da saúde ou da doença… Tem relação com o saber que estamos onde queremos estar e queremos estar onde temos de estar.
Sempre ouvimos a seguinte frase: “Ah, se o você soubesse da minha vida!” Com esta frase parece que temos todas as razões do mundo para sermos infelizes. O escritor português Miguel Esteves Cardoso escreveu que: “Em Portugal dizer «Eu sou feliz» é como dizer «Eu sou rico»… é como confessar uma anormalidade”.(4) Isto nos mostra que há aqueles que tem tornado a infelicidade uma cultura. Cardoso diz ainda que: “Em Portugal, o que convém é andar mais ou menos”.
Se esperamos um viver feliz, o cristianismo nos convida fazer alterações na nossa maneira de ver a felicidade. Na cultura bíblica da felicidade, Deus é a sua essência, ele é a sua razão, ele é o seu motivo e sua causa. A Bíblia nos diz que: “…Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1:27).
Isaías 53:5 diz: “…o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. A palavra paz usada neste texto é “shalom”, cujo significado é muito além de simplesmente paz, mas compreende todos os aspectos necessários para uma vida feliz. Shalom também não significa a ausência da guerra, mas sim, a presença do Príncipe da Paz (Is 9:6).
Em Efésios 2:14 diz: “Porque ele é a nossa paz…” – Ele quem? Jesus, ele é o “shalom”. Terminaremos com uma citação de John Piper: “Na conversão encontramos o tesouro oculto do reino de Deus. Arriscamos tudo nele. E, ano após ano, nas lutas da vida, comprovamos repetidamente o valor do tesouro e descobrimos novas profundidades de riquezas que não conhecíamos. Assim a alegria da fé cresce. Quando Cristo nos chama para um novo ato de obediência que nos custe algum prazer temporal, lembramo-nos do valor insuperável que é segui-lo e, pela fé no seu valor insuperável que é segui-lo e, pela fé no seu valor provado, esquecemos o prazer mundano. Qual é o resultado? Mais alegria! Mais fé! Mais profunda que antes. E assim avançamos de alegria em alegria, de fé em fé.”

Como filosofo cristão não posso conceber a possibilidade de uma felicidade sem Deus e sem limites. 



Luis A R Branco é  Teólogo, Poeta, Filósofo, Escritor, Proessor, 
Licenciado em Teologia – Mestre em Admnistração Eclesiática – 
Doutor em Ministério – Doutorando em Filosofia – Brasilês, atualmente residindo em Lisboa Portugal.






[1] Mario Vargas Llosa, La Civilización Del Espectáculo, 1a. ed. (México, D.F.: Alfaguara/Santillana, 2012).
[2] Cidinha Campos, “Revolta da dep. Cidinha Campos com 'os que mamam', principalmente dep. José Nader” (video), Março, 24, 2010, 4:18, accessed February 5, 2014, http://www.youtube.com/watch?v=q21rM03_R18.
[3] John Piper. Brothers, We Are Not Professionals: a Plea to Pastors for Radical Ministry. Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers, 2002.
[4] Luis Alexandre Ribeiro Branco. Verdade na Prática: Textos Selecionados, Petrópolis, Clube de Autores, 2014.