““... Meu amor eu te acariceio (acariciar) com uma rosa
segurando-a pela hastia (haste), iluminados por esta luz que
vem deste postio (poste) da tua rua.
Sei que não negoceio (negocio) mais o amor que por ti tenho.
Depois que formos festiar (festar), com tuas novas vestias (vestes), na
próxima noite de luar, vou te ratar (raptar) para tê-la em meus sonhos. Não sou
corruto (corrupto), mas pagarei à lua para te iluminar, mesmo que ela não
queira...!”.
José Carlos Protheus Bortoloti
O acima não é nenhuma
preciosidade da escrita nem da poesia, sem ofender os poetas. E também nem uma ideia (agora sem acento) nova, afinal esta é a terceira em 75 anos. É
apenas uma demonstração de como se pode reescrever e falar, a partir de agora.
E temos que aguentar (sim, agora sem
trema) calados?
Agora não haverá mais
paraquedistas (agora sem hífen), na
escrita da Língua Portuguesa. Quem não sabe continuará não sabendo. Quem sabia
um pouco saberá menos ainda e necessitará se atualizar muito.
Mas como aqui (Brasil) se aceita tudo, e parece não
haver, ainda, nem vontade, para uma vacina contra a ignorância. Continuaremos
assim, ignorantes e estúpidos.
Ora se, “ainda, escrevemos e
cantamos a segunda parte do Hino Nacional como “..deitados eternamente”..., quando Joaquim Osório Duque Estrada (o autor da letra, para quem não sabe) escreveu: “Deitados TERNAMENTE em berço esplêndido”...
E se entrar no sitio (em vez de site,
por favor) da presidência da república, encontrará, nos símbolos nacionais,
o hino escrito desta maneira... Estranho? Tem certeza disso?
Esqueci: todos os demais sítios
também terão o Hino, com o mesmo erro.
Nossa, que ranço?
Pareço daqueles nacionalistas
exacerbados?
Lamento. Não sou. Mas ser usado,
como estúpido, para que alguns ganhem verdadeiras fortunas com a ignorância
alheia e nada fazermos? Bem, certamente aqui o adjetivo será outro.
Estúpido ou não, agora eu tenho
opção na escrita. Posso escrever qualquer um dos termos acima e estarei
corretíssimo pela nova ortografia da língua portuguesa.
Baseados no decreto 6.583, de
janeiro de 2009, que em 2013 era para virar lei e substituir a de nº 5.765, que
regulamenta todo o nosso idioma, os regionalismos (ou caipirismo como os especialistas preferem) podem ser utilizados
em nossa língua e estarão corretos. Quando será?
Resposta com o tal de “MEC”.
Sempre os respeitei e aprendi a gostar deles com a paulista/paranaense, Prof.ª
Andréa Schiavetto, grande fonoaudióloga com quem trabalhei, adorava os
regionalismos quando passava de um estado para outro.
Mas daí a torná-los parte
integrante de uma língua completamente sem nexo ou sentido, dentro de algo tão
belo e puro? Ou seja, os verbos terminados em “IAR” e os regionalismos. Ou
ainda certas consoantes mudas como em rapto e corrupto.
Esta é “bagunça” legal, que iniciou em 2009 seria até o final de 2012. Já
mudou.
Este era o período para se mudar
tudo o que está escrito até agora em língua portuguesa. Sim, eu disse tudo.
E os acima são apenas uns poucos
exemplos das atrocidades cometidas com a tal de “mudança na ortografia da língua portuguesa”, com o “intuito” de aproximação dos países
lusófonos, ou seja aqueles que falam a língua portuguesa.
Nunca seremos iguais à língua de
Portugal. Basta sair do Aeroporto em Lisboa, e verá que é outra língua
completamente diferente.
Quem ganha com isso? Os mesmos de
sempre.
Meu mestre, diz que isso somente
acontece em países atrasados, em países sem cultura e que derivam disso os
ganhos exorbitantes de poucos em decorrência da ignorância dos demais.
Ele diz mais: Nossa língua possui
cerca de quatrocentos mil vocábulos. Achou muito? Sabia disso? Bem, uma pessoa
culta utilizará, em sua comunicação e escrita, em torno de 7 a 9 mil vocábulos. A média
geral em torno de oitocentos e mil vocábulos. Quer saber para que todo o resto?
Pergunte para aos mesmos imortais
da Academia Brasileira de Letras, que promoveram esta mudança. Ou melhor, mais
esta mudança.
Ops, muita mistura de assuntos? Este texto está uma bagunça
generalizada? Tem certeza? É algum especialista da Língua Portuguesa? Está na
Academia de Letras? Sabe todas as alterações que haverá? E que a partir da data
que o MEC decidir, tudo o que existe publicado no Brasil estará errado e
precisará ser reeditado?
Não? Esta colocando os termos
certos? E quem vai saber que são corretos se você não informar? E agora quando
algum “caipira” utilizar um termo
correto em nossa língua, ainda vai chamá-lo de caipira?
Perdão Olavo Bilac: espero que
meu título não ofenda sua obra. A expressão "Última flor do Lácio, inculta e
bela" é o primeiro verso de um famoso poema desse poeta brasileiro que
viveu no período de 1865 a
1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua
portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculto fica por
conta de todos aqueles que a maltratam (falando
e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.
Continuaremos “subindo para cima”, “descendo para baixo”, “gritando alto”,
só para citar as redundâncias. Continuaremos sendo atrasados.
Pensar não dói, tenha a certeza
disso.
Mas falar e escrever, cada vez
mais, vai doer e muito.
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES – em 15.02.2013
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