quinta-feira, 21 de março de 2013

"...E Ela Continua (mais) Inculta e Bela! - #SOSEducaçao!"






““... Meu amor eu te acariceio (acariciar) com uma rosa
segurando-a pela hastia (haste), iluminados por esta luz que
vem deste postio (poste) da tua rua.
Sei que não negoceio (negocio) mais o amor que por ti tenho.
Depois que formos festiar (festar), com tuas novas vestias (vestes), na próxima noite de luar, vou te ratar (raptar) para tê-la em meus sonhos. Não sou corruto (corrupto), mas pagarei à lua para te iluminar, mesmo que ela não queira...!”.

José Carlos Protheus Bortoloti


O acima não é nenhuma preciosidade da escrita nem da poesia, sem ofender os poetas.  E também nem uma ideia (agora sem acento) nova, afinal esta é a terceira em 75 anos. É apenas uma demonstração de como se pode reescrever e falar, a partir de agora. E temos que aguentar (sim, agora sem trema) calados?

Agora não haverá mais paraquedistas (agora sem hífen), na escrita da Língua Portuguesa. Quem não sabe continuará não sabendo. Quem sabia um pouco saberá menos ainda e necessitará se atualizar muito.

Mas como aqui (Brasil) se aceita tudo, e parece não haver, ainda, nem vontade, para uma vacina contra a ignorância. Continuaremos assim, ignorantes e estúpidos.

Ora se, “ainda, escrevemos e cantamos a segunda parte do Hino Nacional como “..deitados eternamente”..., quando Joaquim Osório Duque Estrada (o autor da letra, para quem não sabe) escreveu: “Deitados TERNAMENTE em berço esplêndido”... E se entrar no sitio (em vez de site, por favor) da presidência da república, encontrará, nos símbolos nacionais, o hino escrito desta maneira... Estranho? Tem certeza disso?

Esqueci: todos os demais sítios também terão o Hino, com o mesmo erro.
Nossa, que ranço?
Pareço daqueles nacionalistas exacerbados?
Lamento. Não sou. Mas ser usado, como estúpido, para que alguns ganhem verdadeiras fortunas com a ignorância alheia e nada fazermos? Bem, certamente aqui o adjetivo será outro.

Estúpido ou não, agora eu tenho opção na escrita. Posso escrever qualquer um dos termos acima e estarei corretíssimo pela nova ortografia da língua portuguesa.

Baseados no decreto 6.583, de janeiro de 2009, que em 2013 era para  virar lei e substituir a de nº 5.765, que regulamenta todo o nosso idioma, os regionalismos (ou caipirismo como os especialistas preferem) podem ser utilizados em nossa língua e estarão corretos. Quando será?

Resposta com o tal de “MEC”. Sempre os respeitei e aprendi a gostar deles com a paulista/paranaense, Prof.ª Andréa Schiavetto, grande fonoaudióloga com quem trabalhei, adorava os regionalismos quando passava de um estado para outro.

Mas daí a torná-los parte integrante de uma língua completamente sem nexo ou sentido, dentro de algo tão belo e puro? Ou seja, os verbos terminados em “IAR” e os regionalismos. Ou ainda certas consoantes mudas como em rapto e corrupto.
Esta é “bagunça” legal, que iniciou em 2009 seria até o final de 2012. Já mudou.

Este era o período para se mudar tudo o que está escrito até agora em língua portuguesa. Sim, eu disse tudo.
E os acima são apenas uns poucos exemplos das atrocidades cometidas com a tal de “mudança na ortografia da língua portuguesa”, com o “intuito” de aproximação dos países lusófonos, ou seja aqueles que falam a língua portuguesa.

Nunca seremos iguais à língua de Portugal. Basta sair do Aeroporto em Lisboa, e verá que é outra língua completamente diferente.
Quem ganha com isso? Os mesmos de sempre.
Meu mestre, diz que isso somente acontece em países atrasados, em países sem cultura e que derivam disso os ganhos exorbitantes de poucos em decorrência da ignorância dos demais.

Ele diz mais: Nossa língua possui cerca de quatrocentos mil vocábulos. Achou muito? Sabia disso? Bem, uma pessoa culta utilizará, em sua comunicação e escrita, em torno de 7 a 9 mil vocábulos. A média geral em torno de oitocentos e mil vocábulos. Quer saber para que todo o resto?

Pergunte para aos mesmos imortais da Academia Brasileira de Letras, que promoveram esta mudança. Ou melhor, mais esta mudança.

Ops, muita mistura de assuntos? Este texto está uma bagunça generalizada? Tem certeza? É algum especialista da Língua Portuguesa? Está na Academia de Letras? Sabe todas as alterações que haverá? E que a partir da data que o MEC decidir, tudo o que existe publicado no Brasil estará errado e precisará ser reeditado?

Não? Esta colocando os termos certos? E quem vai saber que são corretos se você não informar? E agora quando algum “caipira” utilizar um termo correto em nossa língua, ainda vai chamá-lo de caipira?

Perdão Olavo Bilac: espero que meu título não ofenda sua obra. A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema desse poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculto fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.

Continuaremos “subindo para cima”, “descendo para baixo”, “gritando alto”, só para citar as redundâncias. Continuaremos sendo atrasados.
Pensar não dói, tenha a certeza disso.
Mas falar e escrever, cada vez mais, vai doer e muito.


Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES – em 15.02.2013


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