“... De todas as presunções ridículas da humanidade,
nada ultrapassa as críticas feitas aos hábitos
dos pobres, por aqueles que tem casa,
estão aquecidos e alimentados...!”
H.Malville
Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.
- Zá Ramalho
Ao menos a semana
trouxe um pouco de sol, em uma das manhãs da semana, depois de muitas com
chuvas e temperaturas que encerraram fevereiro com 15°.
Coisas do Rio Grande
do Sul.
Ao dirigir-me ao
carro, no estacionamento, aborda-me um homem jovem, completamente carregado de
mercadorias (de todos os tipos –
carteiras, cintos, capas para banco de automóveis entre outras bugigangas),
dizendo:
-Senhor, não esta precisando de alguma coisa?
Sendo gentil puxei conversa dizendo:
- Olá amigo, sotaque
do nordeste, o que fazes aqui nestes frios e olha que o inverno nem começou.
Deveria estar na terra do sol.
Ao que ele me respondeu, baixando a cabeça, quase que envergonhado:
- Senhor, sou da
Campina Grande, Paraíba.
Exaltei-me interrompendo-o:
- Que maravilha pertinho da Capital, tenho muitos amigos na Paraíba e adoro o
nordeste.
Ao que ele, enfático, respondeu:
- É senhor, mas lá a
seca não nos dá o que comer e vindo para cá eu garanto o sustento de minha
família.
Interrompi-o, quase que enfaticamente:
- Mas amigo vocês tem um
dos maiores contingentes de políticos no Congresso...
Ele me interrompeu com certo olhar de tristeza dizendo, com a voz um
pouco mais baixa.
- Senhor, não temos
políticos, eu não voto. Lá nos temos donos...
Aquietou-me. Emudeceu-me. Comprei uma carteira, qualquer coisa. Penalizado,
entristecido comigo mesmo.
Ele se afastou sorrindo e agradecendo.
Eu olhei um bom tempo para aquela carteira em couro, e a música de Zé
Ramalho, automaticamente veio-me a cabeça:
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Povo marcado, ê
Povo feliz
Ele se afastou sorrindo,
feliz. E eu entristecido, como a perguntar-me:
- O que continuamos fazendo
com o Nordeste? Porque agimos como se fosse outro país? Meu Deus, não nos
importamos em nada com todo o sofrimento, de nossos irmãos, com todos os seus
flagelos, no nordeste, há décadas... E eles estão sendo sorrindo... Eles estão
sempre felizes.
-O que há conosco?
No que estamos nos
transformando?
A frase dita por George Washington
veio-me à cabeça:
“...
Que seu coração tenha pena da aflição e a angústia de todos...!”
Pena? Eu tenho. Mas é um
sentimento pequeno, pobre. É tudo o que posso fazer?
Bilhões para obras da
transposição do Rio São Francisco e nem na metade está; Bilhões do orçamento
nacional todos os anos; Milhões e milhões saem dos cofres nacionais para obras
contra a seca: poços artesianos e muitas outras coisas.
E aonde vai?
Ficou as ultimas palavras
do vendedor, ecoando na mente:
“...
nós não temos políticos; Nós temos donos. Eu não voto!”
Voltei para casa. Hora do
almoço. Confesso: abri a geladeira e a fechei novamente. Segurei o choro,
gostaria de transportar aquela geladeira para o sertão nordestino, como nos
filmes de ficção. Não tenho esse poder. Mas lembrei de que posso escrever, e
posso fazer outros brasileses pensarem também.
Imediatamente lembrei-me da
frase de Dom Francisco Austregésilo de Mesquita quando afirmou:
“...Com o povo
passando fome é mais fácil comprar votos. Os políticos não têm interesse em
resolver o problema da seca...!”
Você que esta lendo isso, é
brasiles, tem casa, comida e, principalmente, água, ajude-os a levantar uma
bandeira e vamos ajudar este “povo
marcado, este povo feliz” e admirável, que não é um gado novo, corrigindo o
título da magnífica música de Zé Ramalho. Se somos irmãos, faremos algo. Chega
de ficar somente olhando e escutando baboseiras.
O povo, foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.
Cantem-na.
Mas, por favor, pensem... Não dói!”
Mas
para os nordestinos, vamos fazer algo mais. Por Favor!
Entendimentos & Compreensões
Publicado no sitio do Grupo Kasal –
Vitória – ES - em 22.03.2013
http://konvenios.com.br/info/Artigos.aspx?codAutor=117
Como um bom gladiador em favor das causas perdidas , me junto a esse desabafo de sensibilidade que o mestre dilui nesse texto , se nossos ou digamos deles mesmos, "POLÍTICOS" , quisessem, fariam o sertão virar DUBAI , com cascatas , chafarizes de água mineral jorrando do chão seco e árido do nosso sertão, não por ostentação , mas para demonstrar o quanto nós podemos , nosso dinheiro , nosso suor , nossa dor que hoje infelizmente só alimenta a mesa farta , o motorista particular a ajuda de custo , que custo? Se o próprio salário ja se faz justo ao trabalho que exerce. A covardia e a falta de sensibilidade que aflora entre nós de de sangrar o coração , temos que ser muito pedras para não nos comover nos semáforos da vida , onde vemos explicitamente dois lados ,de dentro e de fora do carro , onde ,o de fora implora misericórdia e o de dentro dependendo da sua lucides sangra e sofre junto ou fecha o vidro ignorando a dor , a humilhação e a dignidade de um pedinte a beira do ser "nada" , literalmente falando! TODA CAUSA É JUSTA , QUANDO SE ENVOLVE AMOR E VERDADE!
ResponderExcluirEstou maravilhada com sua visâo. Sinta-se beijado, abraçado e muito querido, tamanho é o seu coração, tamanha é a sua fraternidade.
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