quarta-feira, 30 de julho de 2014


A emoção do Historiador
Antônio Figueiredo pelo Brasil
Na Sala de Protheus

 

Eu Te Amo... De Graça!

 


                                       Uma declaração de amor sempre é ridícula aos olhos alheios. Assim o sente o amante. Afinal, esses olhos alheios não ocupam o mesmo “nosso espaço interno” para enxergar os altares onde colocamos nossos amores e devoções. Mas quando se fala de “torrão natal”, ainda que cada um tenha um diferente, ele é amado egoísta e exclusivamente em seu pedaço físico particular de solo eterizado e misturado às lembranças mais primordiais com seus sabores e cheiros tornados tão especiais.
                                      Como são doces a infância e seus amores e como são ainda crianças a felicidade e a esperança. Como sonhos e realidade são tão vizinhos e companheiros, quando os pés descalços calçam “botas de sete léguas” de “correr longe pela imaginação”. Nunca o medo é tão corajoso e a covardia tão audaciosa. É a manhã da vida nascendo ensolarada ainda que o tempo seja nebuloso, pois somos “todo poderosos” criadores de “deuses” à nossa imagem e semelhança. Somos do todo um pequeno infinito.
                                    Era assim menino, que ao acordar e abrir a janela do meu quarto e avistava o prédio do Banespa e o Martinelli no centro da cidade, mesmo que encobertos pela costumeira “névoa paulistana”. Eu os sabia lá, assim como sabia que ia ouvir no rádio: Bom dia, café! O café que a gente toma e que tem o doce aroma desta terra primaveril, cantada por Roberto Luna e a seguir no Grande Jornal Falado Tupi ouvir Corifeu de Azevedo Marques dizer: São sete horas, não perca a sua condução. Era impossível não se apaixonar por São Paulo por essas coisas tão familiarmente nossas.
                                   O “bandeirante” acordava toda a manhã ao apitar das chaminés das fábricas que se viam pelas várzeas do Tietê, chamando seus operários já às 06h 00h da manhã, junto com os sinos das igrejas chamando às beatas para o Ângelus.
                                    Ouvia a Rádio Piratininga transmitir as horas, nas badaladas dos sinos do Mosteiro de São Bento ao meio dia ao som da Ave Maria de Somma e na abertura e fechamento da sua programação Paris Belfort, acendendo nosso “heroísmo paulista” pela então recente Revolução Constitucionalista de 32. Tudo isso chamava pelo “amor paulista” à Terra do Café e a Locomotiva do Brasil. Ducor non Duco...
                                  Era com capacete de jornal e espadilha de bambu, que “decorávamos” a aula matinal, nas brincadeiras da tarde. Salve, lindo pendão da esperança... Fulguras, oh Brasil florão da América... Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil.
 
 
                                 Os “amores pátrios infantis” sempre eram heroicos, pois a guerra recém-finda ainda falava muito de perto ao nosso coração e ouvidos. Por mais terras, que eu percorra, não permita Deus, que eu morra, sem que volte para lá. Assim nos ensinavam as nossas “saudosas professorinhas”: O “verde” são nossas matas, o “amarelo” o nosso ouro, o “azul” é o nosso céu estrelado e o “branco” a paz do nosso povo.
                                   Marchava-se nos bairros nos desfiles escolares nas datas históricas nacionais, estaduais ou municipais com um tradicional “concurso de fanfarras”. A criançada vestindo o uniforme da sua escola exibia uma “fina fita de seda verde e amarela” amarrada à blusa. Foi então que aconteceu o “desfile militar” mais lindo, que já vi.
                                     Foi no dia 25 de janeiro de 1954 em comemoração ao IV Centenário de São Paulo. Minha avó, para matar as “saudades da santa terrinha” e ver desfilar a Marinha Portuguesa, me carregou para a Av. São João em frente ao prédio dos Correios e Telégrafos e então vi e me deslumbrei com a Banda dos Fuzileiros Navais da Marinha de Guerra do Brasil e suas evoluções, bem como do sobrevoo dos primeiros jatos da Aeronáutica, os Gloster Meteor. Assim nasceu minha “paixão cívica”.
 
                                   À noite uma “chuva de prata” frustrada pela cerração. Guardei a folhinha comemorativa de alumínio da SPAM WOLF por muito tempo.
.......
                                 Ir a Santos nos anos 50 saindo de São Paulo pela Estrada do Vergueiro até alcançar a Via Anchieta no Ipiranga era percorrer o “caminho dos pioneiros”, admirando a então quase intocada e exuberante Mata Atlântica na Serra do Mar. Chegar a São Vicente e ver o marco implantado por Martim Afonso de Souza em frente à Biquinha, cruzar a Ponte Pênsil e chegar à Praia Grande onde existia apenas um grande quiosque coberto de sapé para piqueniques, era encontrar ainda intata a visão de chegada dos colonizadores. Como não amar perdidamente essa natureza tão brasileira?
                                Foi minha vida cigana de andarilho por este Brasil imenso, que me levou a conhecer os Campos Gerais do Paraná, então densos de araucárias, gralhas e pinhões na minha adolescência, assim como a beleza de serras e vales de Santa Catarina. Já homem feito fui me encantar com as serras, cerrados e rios de Minas Gerais, todo o Nordeste e parte do Norte e Centro Oeste. O “paraíso terrestre” nunca me pareceu tão familiar e identificável, junto à certeza de que a criação nos reservou sempre do melhor. Como não senti-lo admirando o Rio Amazonas?
                               Foram tantos “brasis” que a alma inundada de beleza tendeu à imensidão, mas que a memória falhou em guardar claras, tantas imagens, sensações, sabores, cheiros, sabores e amores.
                                Contudo, nenhuma riqueza neste continente brasileiro é tão esplendorosa quanto o seu povo. Quando se parte do interior para as capitais é como se uma “mistura dégradée” de gentes e raças tivesse se formado a partir do litoral de entrada até os rincões mais ermos, onde se exibe a pureza dos “nativos brasilienses”, com sua fala e regionalismos, sua comida e sua forma de vida e de ser brasileiro.
                               Já nas cercanias do mar os muitos sotaques e heranças estrangeiras nos fazem crer, que somos a “terra prometida do maná e do mel” para muitos deserdados de sua terra natal e que vieram ao “Novo Mundo” simplesmente para construir uma “pátria de todas as raças”. Uma Babel onde se desfez a maldição da “confusão das línguas”.
                                 Com exceção de países que tinham uma matriz pronta no seu processo de formação do caráter nacional, (é o caso dos USA, que partiram de um “caráter Quaker”), países como o nosso, cujo desenvolvimento do caráter de nacionalidade se faz por “combustão espontânea”, tem que ter a consciência de que só o tempo e a fusão dos mais diversos caráteres de origem, acabarão por formar uma “consciência de brasilidade” e esse é um processo lento em que as hegemonias vão cedendo espaço à formação de um “padrão brasileiro” único.
                               Continuamos a fazer ferver esse “melting pot” e depois de decorridos 150 anos dos primeiros fluxos migratórios começamos a “refinar” a nossa identidade coletiva. Somos uma mescla de olhos azuis e amendoados. De pele branca, negra, amarela e vermelha, (bronzeada). O atual discurso divisionista de separação por “coloração da íris”, não encontra mais eco, pois nunca foi tão essencial, que se encarem os problemas nacionais, não mais regionalmente, mas sim à luz de uma “integração nacional” efetiva.
 
                               Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro Oeste são partes integrantes e não divididas deste “continente brasileiro” e é dessa diversidade coletiva, que se compõe o nosso “amor pátrio”.
O amor nunca divide. Sempre soma.
É por isso que te amo de graça...
 
Das percepções e lembranças de
Antônio Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista, Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil (1961/73). Operário da Cidadania
 
 

 

 

segunda-feira, 28 de julho de 2014


De Recife – PE -para a Sala de Protheus
A homenagem de  Lady Ratis a Ariano Suassuna 

 
UM HOMEM VESTIDO DE SOL

      
"Na primeira manhã / que te perdi / acordei mais cansado / que sozinho / eu cruzei ruas, estradas e caminhos / como um bumba-meu-boi sem capitão..."Alceu Valença, peço licença para externar, através do seu verso, o ser tão sozinho que eu me senti, com a ausência do Capitão Suassuna.

     A primeira vez que o vi e o ouvi foi numa sala de aula, da Universidade Federal de Pernambuco. Encantada com o seu jeito de prosear, nos anos 80 de minha adolescência, lamentei não ser sua aluna, naquela disciplina de História da Arte. Já seria uma espécie de aula-espetáculo? Talvez. Falava dos gregos, viajava por entre os séculos, 'apoiado nas asas de Ícaro', com o devido cuidado para não voar baixo demais ou tão perto do sol... As asas não poderiam derreter antes que o Capitão Suassuna cumprisse integralmente a sua missão.

     Discorrer sobre sua capacidade intelectual é chover no molhado. Os jornais estão repletos de cadernos especiais sobre suas obras e eu não sou uma especialista delas. Porém, a dimensão humana que se desprendia de muitos de seus personagens sempre me impressionou. E o Movimento Armorial, surgido na década de 70, foi excepcional. Deixou sementes na música, na dança, no teatro, nas artes plásticas.
     Convivo com esse repertório até hoje: a cultura popular genuína revestida de uma roupagem erudita, sem descaracterizá-la. Viveu uma vida bem vivida de A a Z: ARIANO encontrou a sua amada ZÉLIA, a LUZ DE SEUS OLHOS DE MENINO, a quem devotou todo o seu amor. Sofri com a sua partida súbita, inesperada; mas só posso imaginar que foi um descuido: as suas asas devem ter derretido por ter chegado tão perto do Sol!
     E assim, de tão iluminado, esse homem querido por uma legião de admiradores foi ao encontro de Nossa Senhora: "UMA MULHER VESTIDA DE SOL" - uma de muitas das suas belíssimas obras adaptadas para a televisão. Ariano, o Capitão Suassuna, vive no meu imaginário.

 

 Da paixão e dos pensamentos
Fabiana Ratis.
Pós-graduada em Jornalismo,  Crítica Cultural pela UFPE
 e escultora de palavras.
Recife – Pernambuco –

 

domingo, 27 de julho de 2014


#PensarNaoDoi:

 

Sozinho ou Solitário?
 
 
“... Dentro de mim mora um anjo
Dentro dele mora a vaidade
Que, às vezes, fala por mim...!”

Suely Costa

 
                                   O grande brasilês das letras Carlos Drumond de Andrade, deixou escrito:

“Enfeite-se com margaridas e ternuras E escove a alma com flores Com leves fricções de esperança De alma escovada e coração acelerado Saia do quintal de si mesmo E descubra o próprio jardim”...
 
Afinal você é sozinho ou solitário?
Se têm diferença? Tem... Muita diferença.
O grande psicanalista Carl Jung deixou escrito:
 A "individuação" pode ser um termo que usa para um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o self, centro da psique total, o qual, por sua vez, inclui tanto a consciência como o inconsciente. Para Jung, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema.
                               Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer Senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado.
Às vezes nos falta esperança, mas alguém aparece para nos confortar.


Bem, outro pensador, Nietzsche também afirmou que: “os que mais amamos são os primeiros a nos traírem...!”.
Portanto, parece que esta “inconsciência do coletivo”, nas palavras de Jung, está em estabelecermos, exatamente, primeiro o que queremos para nós mesmos para após, esta estruturação estabelecida buscarmos a aproximação do outro. E talvez com ele construir algo.

                             Às vezes o amor nos machuca profundamente, e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa.
Outras vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar,  tanto quanto precisamos respirar, é nossa razão de existir.
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o  nosso destino. Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa.
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um por do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa  batendo em   nosso rosto, é a força da natureza nos chamando para a vida.  Você  descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade. Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo.   

                            Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram, descobre também  que outras disseram eu te amo uma única vez e agora temem dizer novamente,  e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajuda-las a  reconstruir um coração quebrantado.
A constatação desta vez parece vir das experienciações, atribuídas a Luís Fernando Verissimo.

Gostamos quando dissemos algo “bonito” – já que ninguém sabe quem somos – atribuir a alguém já conhecido, famoso e principalmente lido, reconhecido.
Desta forma acabamos fazendo uma transferência, mesmo que tenhamos uma inteligência exatamente ou quem sabem em nível de tal pessoa, escritor ou personalidade das letras.

                                         Por isso citei Jung e sua famosa teoria do “inconsciente coletivo”. Talvez, apenas talvez, em nossos dias não seja mais uma simples teoria, mas uma verificação do que está acontecendo ou do que está ocorrendo na vida de muitas pessoas.
Nas palavras, ainda atribuídas ao escritor, está mais ou menos assim:

“Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é  necessário, existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e  percorre-lo.

  Não procure querer conhecer seu futuro antes da hora, nem exagere em seu sofrimento, esperar é dar uma chance à vida para que ela coloque a pessoa certa em seu caminho.  A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna...!”.
                              
                                   A dica final, bem ao menos de quem já viveu meio século é a de que você deve se lembrar de que quando você aprende a viver sozinho, com você mesmo, estará pronto para todas as outras vivências. Pois agora, você se conhece mais... Muito mais do que pensava se conhecer antes.

É simples assim.
Aprender a viver sozinho é diferente de solidão.
É quando você se basta.
É quando você é mais importante que tudo.
 
Viu, afinal, pensar não dói...

Já a solidão bem, aí deixo para você pensar...

 


Entendimentos & Compreensões de dias frios
Leituras & Pensamentos da Madrugada
 

domingo, 20 de julho de 2014


O mestre Antônio Figueiredo
traz mais uma aula para o Brasilês
na Sala de Protheus:

 

Pobre Gigante Rico...

 
“... A riqueza de uma nação se mede pela riqueza
do povo e não pela riqueza dos príncipes...!”
Adam Smith

                                                   “Quem não sabe aonde ir, qualquer caminho serve” costumava dizer um amigo, quando as discussões sobre um projeto tomavam o caminho da “vaidade pessoal” e os participantes propugnavam exclusivamente por suas ideias em detrimento do “consenso”. Enquanto eu usava meu “raciocínio espacial” e sobrevoava os problemas, ele “niponicamente”, acostumado que foi em empresas japonesas, insistia em pontuar cada passo do raciocínio terrestre. Aprendi muito com ele em análise, síntese e busca de rumos. Assim como pregava “Mestre Albino”, vamos à “raiz do pé de fumo”.
                                                    Foi assim que me debrucei sobre estes últimos 50 anos, buscando entender os “ziguezagues” do Brasil, ora um “país em desenvolvimento”, ora um “subdesenvolvido” e na verdade a conclusão é a de que age como um “pé rapado”, que ganha sozinho a Mega Sena da Virada e esbanja seus recursos naturais e arrecadados perdulariamente, como se fossem infinitos.
                                                   Em Dezembro de 1965, (Emenda Constitucional 18) foi substituído o IVC, (Imposto s/Vendas e Consignações – Alíquota média de 3%) pelo ICM, (Imposto s/Vendas e Consignações – Alíquota média de 17%). O IVC era incidente sobre cada uma das operações, ou seja, uma “cascata acumulativa”, quanto mais circulação promovida pelos agentes intermediários, mais o Governo Estadual arrecadaria.
                                                   A propositura do ICM previa que na origem se geraria um “crédito” e cada um dos “agentes intermediários” recolheria a mesma alíquota sobre o “valor agregado”, ou seja, sua margem de lucro e custos. A esperteza da filosofia do tributo é que pressupunha de partida, que o bem “circularia” pelo menos por seis “agentes intermediários”.
                                                     Foi a partir de Novembro de 1964, (Lei 4502), que o antigo Imposto de Consumo, (Imposto do Selo do antigo Código Tributário Português – 1660), que tinha alíquotas variáveis por atividade entre 1% e 10%, passou a ser seguidamente emendado até aparecer em 1969 já com a denominação de Imposto de Produtos Industrializados com uma alíquota média de 15%.
                                                  Essa Reforma Tributária nos Governos Militares atendeu à necessidade de ampliar a capacidade de investimento dos Governos Estaduais e Federal, contudo mantendo a perversa filosofia de “tributar o consumo” e não a “renda”. Até mesmo os Governos Militares deviam sua “estabilidade e manutenção” às elites econômicas. Nesse período a “carga tributária” manteve-se ao redor de 23%, começando a crescer mais fortemente a partir do Governo Collor em 1990, (31%). Hoje circundamos 38%/40%.
                                                Ainda que seja Economista com ampla base teórica para fazê-lo, meu propósito é passar a visão do “contribuinte”, profissão que mais exerci em toda minha vida. Meu cadastro de CPF é de 1970, bem como o de muitos “operários especializados” das linhas de montagem da Chevrolet e do ABC automobilístico. Todos eram “orgulhosos contribuintes” do Imposto de Renda, ainda que com renda de 3 a 4 salários mínimos. Já as “grandes fortunas”... Entenderam?

                                               Contudo, aqui importa o “sentimento de bem estar social” da época nos grandes centros motores da Economia considerados o binômio -  RENDA x CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. Tanto a qualidade do ensino básico e do sistema de saúde pública no Brasil, desde a década de 1950, mantinha “padrões aceitáveis” e dessa maneira essa “classe média operária” destinava sua renda ao “consumo”. Iniciou-se na época o amplo acesso a bens de consumo duráveis domésticos, inclusive o acesso a “casa própria” e à “poupança” para auto amparo na “velhice”. A aposentadoria máxima era de 20 salários mínimos. Assim aconteceu o “Milagre Brasileiro” dos anos 70.
                                                 O crescimento acelerado da Economia exigiu a ampliação do ensino superior e a criação de uma “classe média gerencial” e com isso se alongou a “pirâmide social brasileira”, acrescentando-lhe mais alguns degraus. Não há dúvidas, que a manutenção da carga tributária em muito influiu para que essa “dinâmica” fosse mantida, porém essa bonança começou a se conturbar a partir do 1º choque do petróleo em 1973. O Governo Geisel subestimou (Delfim Netto) seu efeito.
                                             Acho de uma enorme “miopia política” definir esse tempo exclusivamente como de “anos de chumbo” e dar ênfase exclusivamente à “tortura” como a “tatuagem na testa” desse tempo. A verdade é que a Esquerda foi despossuída das suas grandes bandeiras como a Reforma Agrária e dos Direitos Sociais do Operário Agrário e por isso tenta desqualificar o “desenvolvimento social e aprendizado democrático” conseguidos nesse período. Escondem que foi a “luta conjunta da sociedade”, que redefiniu a nova participação social e sindical e a “abertura democrática” e a consequente redemocratização.
                                              Reivindicar todos os “cadáveres mártires” como “causa democrática” da Esquerda é estigmatizar Wladimir Herzog e Manoel Fiel Filho como “revolucionários da ditadura proletária”, que simplesmente queria trocar uma ditadura por outra e chamar toda uma restante geração de “merda” como se os demais estivessem exclusivamente preocupados com “Dancing Days” e os “Anos Dourados”. Não foi uma geração alienada.
                                                Só a “luta contra a injustiça” robustece e forma uma verdadeira Democracia e quem disso duvida que assista à série Gigante da Indústria do History Chanel sobre o desenvolvimento industrial americano dos anos 1850 a 1900. Uma “sociedade justa e fraterna” só se encontra pronta como “modelos prontos para consumo” nos livros, assim como os sobre qualquer outra utopia. Para fazê-los valer há que se calejarem mãos e ideias, uma tarefa que muito poucos se dispõem a fazê-lo.
                                                Muitos dizem que os Governos Militares mataram a incipiente “formação política”, que se iniciava naqueles anos de 1960, mas a verdade é que a “qualidade dos políticos” só piorou depois da “redemocratização” e a culpa disso não é do governante, é da “sociedade”, que não se organizou e não soube impor a vontade dos seus direitos em face dos tributos que paga. Aliás, nem mesmo sabem quais são esses direitos ou como deve se fazer representar e votar.


                                                    Dividir um país em classes por puro objetivo político de Poder é muito além de “antidemocrático”, é um “crime de lesa pátria” contra um país muito mal consolidado como Nação. É só ler a história recente dos últimos 200 anos. Os “populistas” sempre lutaram pelo “reconhecimento imediato” e por isso não ultrapassaram em muito o seu tempo, já os “estadistas” são os que prepararam e fermentaram suas políticas sem pressa. Deixaram sua imagem para ser sazonada e degustada pela História.
                                                    Não nego os méritos de qualquer governante, que contribuiu para a “construção do Brasil Moderno”, sejam eles militares, Collor, FHC ou Lula/Dilma. O que não posso admitir é que se queira “apagar páginas da História”, pois isso representa excluir uma parte importante do nosso aprendizado e evolução como Nação. Defeitos todos eles têm e muitos, mas será o “futuro”, quem dirá “qual foi a melhor safra”. O saldo da conta corrente dos erros e acertos sabemos que é e sempre será nossa.
                                                       Assistimos de longa data ao progressivo retorno à mesma matriz desenvolvimentista do Brasil Colônia, com o peso da atividade Agrícola e Mineração respondendo por mais de 50% do Balanço de Pagamentos, (2013) e que certamente não tem a capacidade de absorver a mão de obra oriunda do crescimento demográfico e fazer a distribuição da riqueza, pois que é fortemente concentradora e capital intensiva.
                                                        Não é preciso ser economista, até uma “dona de casa” sabe o que acontece no descompasso de renda e gastos e que são “fundamentos básicos” a compatibilidade da renda, (Geração de Riqueza-PIB) e os gastos, (Gastos Públicos inclusive juros) e o investimento para melhoria do “padrão de vida”, (Saúde, Educação, Transporte, Casa Própria, Lazer e Custo de Vida Estável) e para isso é preciso manter um saudável superávit no Balanço de Pagamentos, que hoje nas Contas Nacionais é suprido graças à “poupança externa”, através de empréstimos.
                                                         O PIB raquítico brasileiro hoje é representado por 70% do Setor Serviços, majoritariamente prestados internamente no Brasil pelo crescimento da renda nas diferentes classes e principalmente na C e D e participação praticamente nula nas Exportações. A Dívida Consolidada cresce pelo PIB minúsculo e os Gastos Governamentais irresponsáveis, gerando mais juros e reduzindo o investimento, que reduz geração de emprego, que reduz aumentos reais de salários e aumenta a inflação.
                                                            Essa tem sido a tônica da Economia Brasileira desde o Império. O Estado não cumpre a sua parte e pior, gasto por conta do futuro cada vez mais. Quando nós cidadãos teremos o “direito à verdade” das nossas reais condições? Sabemos que tempos muito difíceis vem adiante, mas não sabemos e nem nos preparam para o tamanho do “tsunami” com os preços dos combustíveis, energia e demais administrados pelo Governo estão represados e certamente em breve o “dique” arrebenta.


                                                          É uma sucessão de “7 anos de vacas gordas e 7 anos de vacas magras” e não vejo no “horizonte político” nenhum “José do Egito”. Somos uma terra de Faraós. Um areal político, com um “oásis” só deles:
Brasília, que é longe de tudo... Até do Brasil.

Para meu mestre e amigo Antônio Figueiredo pensar no Brasil... Não dói!
E você?
 

Das percepções e pesquisas de
Antônio Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista, Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil (1961/73). Operário da Cidadania
 
 

 

 

quinta-feira, 17 de julho de 2014


#PensarNaoDoi:
 
Idosos ou Velhos!

 
Não quero adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra
metade velhice! Crianças, para que
não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
 
O. Wilde

 Você se considera uma pessoa idosa ou velha?
E você que é jovem como deseja chegar lá?
Acha que é a mesma coisa?
Então ouça o depoimento de um “idoso” sensato:

Idosa e uma pessoa que tem muita idade;
Velho é quem perdeu a jovialidade!
Você idoso quando sonha;
É velho quem apenas dorme!

Você é idoso quando ainda prende;
É velho quem já nem ensina.
Você é idoso quando pratica esporte ou de alguma outra forma se exercita;
É velho quando apenas descansa.


 É idoso quando seu calendário tem amanhas;
É velho quando seu calendário só tem ontens.
Idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência.

Ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro.
E é no presente que os dois se encontram.
Velho é aquele que tem carregado o peso dos anos, que em vez de transmitir experiências às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão.

Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que separa o presente pelo apego ao passado.
O idoso se renova a cada dia que começa;
O velho se acaba a cada noite que termina.
O idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina.

O velho tem sua miopia para os tempos que passaram.
O idoso tem planos;
O velho tem saudades.
O Idoso curte o que resta da vida;
O velho sofre o que o aproxima da morte.

O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos.
O velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua “ostra” e recusa a modernidade;
O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos  e de esperança.
Para ele o tempo passa mais rápido, mas a velhice nunca chega.


O velho cochila no vazio de sua vida e suas horas de arrastam destituídas de sentido.
As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso.
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.
Em resumo, idoso e velho, que até podem ter a mesma idade, no cartório, mas tem idade bem diferente no coração.

Se você é idoso guarde a esperança de nunca ficar velho.
Sobretudo, seja você... Sê feliz...

Com qualquer idade.

  

Entendimentos & Compreensões de Vida
Texto de autor desconhecido
Entendimentos & Compreensões de Vida
Recebida de meu amigo mineiro Cleber Máximo.
Em homenagem ao amor e carinho por sua mãe de 90 anos.
Ela é idosa... Não velha.