segunda-feira, 28 de julho de 2014


De Recife – PE -para a Sala de Protheus
A homenagem de  Lady Ratis a Ariano Suassuna 

 
UM HOMEM VESTIDO DE SOL

      
"Na primeira manhã / que te perdi / acordei mais cansado / que sozinho / eu cruzei ruas, estradas e caminhos / como um bumba-meu-boi sem capitão..."Alceu Valença, peço licença para externar, através do seu verso, o ser tão sozinho que eu me senti, com a ausência do Capitão Suassuna.

     A primeira vez que o vi e o ouvi foi numa sala de aula, da Universidade Federal de Pernambuco. Encantada com o seu jeito de prosear, nos anos 80 de minha adolescência, lamentei não ser sua aluna, naquela disciplina de História da Arte. Já seria uma espécie de aula-espetáculo? Talvez. Falava dos gregos, viajava por entre os séculos, 'apoiado nas asas de Ícaro', com o devido cuidado para não voar baixo demais ou tão perto do sol... As asas não poderiam derreter antes que o Capitão Suassuna cumprisse integralmente a sua missão.

     Discorrer sobre sua capacidade intelectual é chover no molhado. Os jornais estão repletos de cadernos especiais sobre suas obras e eu não sou uma especialista delas. Porém, a dimensão humana que se desprendia de muitos de seus personagens sempre me impressionou. E o Movimento Armorial, surgido na década de 70, foi excepcional. Deixou sementes na música, na dança, no teatro, nas artes plásticas.
     Convivo com esse repertório até hoje: a cultura popular genuína revestida de uma roupagem erudita, sem descaracterizá-la. Viveu uma vida bem vivida de A a Z: ARIANO encontrou a sua amada ZÉLIA, a LUZ DE SEUS OLHOS DE MENINO, a quem devotou todo o seu amor. Sofri com a sua partida súbita, inesperada; mas só posso imaginar que foi um descuido: as suas asas devem ter derretido por ter chegado tão perto do Sol!
     E assim, de tão iluminado, esse homem querido por uma legião de admiradores foi ao encontro de Nossa Senhora: "UMA MULHER VESTIDA DE SOL" - uma de muitas das suas belíssimas obras adaptadas para a televisão. Ariano, o Capitão Suassuna, vive no meu imaginário.

 

 Da paixão e dos pensamentos
Fabiana Ratis.
Pós-graduada em Jornalismo,  Crítica Cultural pela UFPE
 e escultora de palavras.
Recife – Pernambuco –

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário