De Recife – PE -para
a Sala de Protheus
A homenagem de Lady Ratis a Ariano Suassuna
UM HOMEM VESTIDO DE
SOL
"Na primeira manhã / que te perdi / acordei mais cansado
/ que sozinho / eu cruzei ruas, estradas e caminhos / como um
bumba-meu-boi sem capitão..."Alceu Valença, peço
licença para externar, através do seu verso, o ser
tão sozinho que eu me senti, com a ausência do Capitão Suassuna.
A
primeira vez que o vi e o ouvi foi numa sala de aula, da Universidade Federal
de Pernambuco. Encantada com o seu jeito de prosear, nos anos
80 de minha adolescência, lamentei não ser sua aluna, naquela disciplina de História da Arte. Já seria
uma espécie de aula-espetáculo?
Talvez. Falava dos gregos, viajava por entre os séculos, 'apoiado nas asas de
Ícaro', com o devido cuidado para não voar baixo demais ou tão perto do sol... As asas não poderiam derreter antes que o Capitão
Suassuna cumprisse integralmente a sua missão.
Discorrer
sobre sua capacidade intelectual é chover no molhado. Os jornais estão repletos
de cadernos especiais sobre suas obras e eu não sou uma especialista delas. Porém, a dimensão humana que se desprendia de
muitos de seus personagens sempre me impressionou. E o Movimento Armorial, surgido na década de 70, foi excepcional.
Deixou sementes na música, na dança, no teatro, nas artes plásticas.
Convivo com esse repertório até hoje: a cultura
popular genuína revestida de uma roupagem erudita, sem descaracterizá-la. Viveu uma vida bem vivida de A a Z: ARIANO
encontrou a sua amada ZÉLIA, a LUZ DE
SEUS OLHOS DE MENINO, a
quem devotou todo o seu amor. Sofri com a sua partida súbita, inesperada;
mas só posso imaginar que foi um descuido: as suas asas devem ter derretido por ter chegado
tão perto do Sol!
E
assim, de tão iluminado, esse homem querido por uma legião de admiradores foi
ao encontro de Nossa Senhora: "UMA
MULHER VESTIDA DE SOL" -
uma de muitas das suas belíssimas obras adaptadas para a televisão. Ariano, o Capitão Suassuna, vive no meu imaginário.
Da paixão e dos pensamentos
Fabiana Ratis.
Pós-graduada em Jornalismo, Crítica Cultural pela UFPE
e escultora de palavras.
Recife – Pernambuco –
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