sábado, 29 de agosto de 2015


#PensarNaoDoi:

 

 “... Quer Brincar de Gente?”


“...O amor é o fenômeno mais próximo da meditação:

os amantes abandonam suas máscaras, são uma

alma dentro de dois corpos....!”

Osho

 

Vamos fazer uma brincadeira diferente hoje? Eu e você?

Eu te explico:

Eu te convido a retirar a “máscara” que te impede até mesmo de respirar. Assim... Devagarinho, com muito jeito para não machucar... Começa lentamente, aquele fiozinho, aquela dobra, cuidado... Se puxar rápido demais a dor vai ser intensa. E o choque com a luz talvez você não aguente... Mas calma.. Você se acostuma!  Mas eu te ajudo, posso te garantir que é um brinquedo diferente. E depois, com o tempo, ele passará a ser um hábito.

Ah, eu até compreendo! Há muito tempo estás empenhado em construir, cuidadosamente, a máscara que carregas.


Cada dia um elemento novo a ser acrescentado: As expectativas dos que nos cercam os compromissos sociais, os nós de tantas gravatas, os horários a serem cumpridos, os sorrisos obrigatórios... As lágrimas contidas... As explosões reprimidas... As ternuras amordaçadas... O sexo marcado no relógio...

E onde ficou o brilho antigo do teu olhar, os planos geniais o entusiasmo contagiante?

Ah, sei, a correria do dia a dia não permite, o tempo chama ruidosamente... Ah, você até ouviu... Amigo: “tempo é dinheiro”.

É lentamente, quase sem perceber, você foi construindo esse arremedo, essa caricatura que apresenta socialmente, como um escudo, como um cartão que dispensa comentários. Socialmente, ele parece bom. Mas não é verdade, não representa a tua essência. Vamos continuar puxando essa tua segunda pele; depois do choque inicial vai te sentir muito melhor.


Sim, a boca. Esta começando a esboçar um meio sorriso e consigo adivinhar que esse meio sorriso vai se alargar até explodir. E mais tarde treinando os espontâneos que conheço... Estou falando do sorriso puro e espontâneo que conheço... E mais tarde ainda, essa boca vai dizer que és um fraco, que tem medos, e enfrentará momentos de insegurança, e muitas vezes até te sentiras só e muito assustado.

Puxa mais, até chegar aos olhos. Percebes como estão duros e frios? Com uma ponta de cinismo, poderia te dizer. Calma, não estou te acusando de nada. Desmancha esta carranca. Quero um olhar morno suave. Assim, não: parece um olhar de conquistador barato, farejando a presa Entendo é o velho costume exigido pela sociedade atual. Tentemos outra vez: eu quero um olhar de menino sonhador imaginando estrelas, fazendo piqueniques ou travessuras aos domingos, mas em plena terça-feira. Chute latinhas... Você sabe empinar papagaio? Venha eu te ensino. Consegues correr atrás de uma bola? Vá eu te acompanho. Eu? Bem eu não posso fisicamente.. Mas eu te assisto e te acompanho feliz na imaginação...

Melhorou muito, vai acabar conseguindo.

Mas o que é agora?


Teu olhar se sombreou, vejo um brilho diferente nele... Estás chorando?

Não, por favor, deixa a lágrima cair, não interrompas sua trajetória... Permita-me contemplá-la. É linda a tua lágrima, é macia e vem rolando maciamente...

Ahahahahaha... Conseguiu a gargalhada, teu olhar ficou menino outra vez, e até o milagre da lágrima tu conseguiste. Estou feliz com o nosso brinquedo novo.

Como? Que horas são? A máscara? Por quê? Ah, sim, vais sair.

Precisa cumprir teus compromissos já assumidos... Sim estou lembrando o tal do “tempo é dinheiro”... Está bem... A competição... As aparências. Mas... Estavas chegando perto... Não podemos continuar a brincadeira? Não consegues deixar a máscara e tentar enfrentar o mundo com a tua cara real, teus olhos reais, teu sorriso real, tua lágrima real?

É impossível? É isto que está dizendo... E recolocas rapidamente a máscara do teu rosto. Não há tempo a perder...


Observo porem, que a recolocastes muito mal ela não se parece mais com uma segunda pele; não estás confortável como antes. Sinto – ou será apenas um desejo meu? – que a máscara não te pertence mais, ela não te cobriu os olhos e pude perceber o olhar de menino maroto pensando no piquenique, ou no carrinho para descer a ladeira. Precisa partir. Antes vislumbro um sorriso quase aberto que a máscara, torta  e desajeitada, não conseguiu esconder.

Mas, está bem.. Eu te espero outro dia, para continuarmos o brinquedo. Você vem tá?

Enquanto isso pensa. Não dói!

Sê feliz...

 

 

Entendimentos & Compreensões

Leituras &Pensamentos da Madrugada

Transpirado de Virginia de Andrade

Arquivos da Sala de Protheus

quinta-feira, 27 de agosto de 2015


#Historias da Paulicéia:

 

“A Esquerda e a Direita, Ignorantes, da Av. Paulista”!


“... A diferença fundamental entre Direita e Esquerda

é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe

ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em

tudo que ensina....!”


 

Ao tomar a decisão de retornar a São Paulo me assaltava uma dúvida de qual bairro eu escolheria. Minhas irmãs pressionavam o tempo todo para que ficasse ali pela Vila Mariana onde moram, mas que por alguma razão desconhecida a ideia não me seduzia. O sonho de todo nativo da periferia da Zona Norte sempre foi o de cruzar o Tietê e se estabelecer na Zona Sul como prova do seu sucesso pessoal, mas isso não me desafiava mais, pois já o havia feito, há 35 anos, quando voltei de Belo Horizonte para a Paulicéia.

Voltei novamente para Minas e depois de 14 anos retornei outra vez a São Paulo e desta vez para morar ali na Agua Fria/Barro Branco, na parte mais alta de Santana e já próximo da Serra da Cantareira, mas que me faltava uma vista importante: o perfil da cidade desenhado lá na outra colina oposta do Tietê. Mas desta vez a “encomenda”, teria de vir completa: num horizonte a vista da mata da Cantareira e Horto Florestal e no outro horizonte toda a cidade, mas bem visíveis o Edifício do Banespa e as antenas de TV na Avenida Paulista. Era, por demais, importante esta situação.


E por quê? Podem muitos perguntar. Porque onde resido hoje, ainda que não seja mais periferia, ainda conserva as redondezas locais que o são e que carregam os mesmos problemas, com os quais convivi e dos quais não quero perder a sensibilidade e tampouco sua identidade e realidade. Eram lugares em igual vulnerabilidade como os atuais, Osascos e Barueris da chacina de algumas semanas passadas, já pela pouca presença do Estado.

Tanto quanto no passado essas periferias representam a população de mais baixa escolaridade e especialização e automaticamente de mais baixa renda e por isso mais dependentes da qualidade dos serviços públicos de saúde, educação e transporte. No quesito segurança, contudo, é que sempre se manifestou a maior das carências, visto que o policiamento sempre foi mais corretivo, que preventivo e assim a abordagem policial sempre foi mais dura e desconfiada. Nos tempos mais antigos essas ações eram através da RUPA, (Ronda Unida da Primeira Auxiliar), da Polícia Civil e hoje através de ROTA e ROCAM das Polícias Militares.

Entretanto hoje um novo fenômeno foi acrescentado à insegurança nas periferias: o tráfico de drogas e as Milícias e desta maneira a população fica refém da troca de balas entre estes dois grupos criminosos e destes com os policiais. Em algumas metrópoles como São Paulo as periferias se encontram nos extremos da cidade, já em muitas outras como Rio de Janeiro as “balas perdidas” desses confrontos entram pela janela adentro da Classe Média em plena Zona Sul.

Todavia, a maior perda ocorrida para as periferias foi a “higienização social” nelas ocorrida. As classes mesclavam-se nesses bairros, desde as classes baixas mais baixas, até a média classe média e decorrente disso filhos de todas essas classes sociais frequentavam as mesmas escolas e postos de saúdes e os adultos os mesmos ônibus e bondes apinhados, bem como todas as quermesses ou quaisquer eventos sociais suburbanos. Havia uma solidariedade social automática.


Uma imensa quantidade de Modernos Direitistas e Esquerdistas são filhos de pais dessas antigas periferias e delas a muito tempo se afastaram e “pedrinamente” já as negaram por milhares de vezes e lá não vão fazer manifestações, porque lá não tem o MASP, o charme da cobertura “on line” privilégio da Zona Sul e principalmente, não tem segurança que a garanta.

Uma coisa que imprudentemente a Classe Média desconsidera é que ela é a Classe C e D de ontem e poderá retornar a ela amanhã, pois em uma convulsão social serão os seus bens que estarão mais ao alcance das Reformas Messiânicas dos “novos profetas”. Se os bens dos ricos forem confiscados, certamente a eles voltarão, quando a “onda moralizadora” tiver passado. Já os da Classe Média, que é o “para-choque social”, ou melhor, o “grão” a ser oferecido às “mós sociais” para que dele se extraia a “farinha da Justiça Social” estarão definitivamente perdidos. Tem sido assim nos movimentos à Esquerda ou a Direita...


O mais interessante de tudo é que nas manifestações da Avenida Paulista, quer estivessem de “vermelho” ou de “verde amarelo” eram todos “reacionários” e “progressistas” da mesma classe social brigando entre si.

Muito juízo, Classe Média...

Assisti estupefato às manifestações do Presidente da CUT e de um vereador Presidente da Câmara no Sul da Bahia falando em “pegar em armas” e eu conjecturo:

Eles vão pegar em armas outra vez? Cinquenta anos depois, cinquenta quilos mais gordos e 50 milhões de reais mais proletários?  

Mais uma vez não caberão nas suas trincheiras... Embaixo de suas camas... Os “idealistas” morreram! A eles meu “minuto de silêncio” reverente...

 

 

Dos Entendimentos & Compreensões

Exclusivo para a Sala de Protheus

De Antônio Figueiredo

Escritor & Cronista

São Paulo – SP -