quarta-feira, 29 de outubro de 2014

 A Visão do Escritor
Antônio Figueiredo
sobre o Nordeste nas Eleições:

Viva a Democracia Econômica...
Não somos o melhor e nem o pior da raça humana.
Somos brasileiros, crianças democráticas.
                                                                                       O Autor

                     No ultimo domingo o Brasil foi às urnas e deu um show de Democracia. O pleito transcorreu sob a mais absoluta ordem e disciplina.
O resultado? ... Bem o resultado foi comemorado por alguns e chorado por outros, mas vencer ou perder faz parte do embate político. Porém, passada a apuração, vejo no Twitter uma chuva de imprecações contra o Nordeste e os nordestinos e aqui afirmo: quem assim procede, aposta na divisão da cidadania, a mesma que o PT utilizou neste pleito. E digo o porquê.
                     Orgulho-me de conhecer o Brasil Real graças ao meu trabalho e ao meu interesse pessoal de entender a “Nação Brasileira” e para ser absolutamente verdadeiro, só não conheço as realidades do Pará, Amazonas, Piauí, Maranhão, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso. Destes só conheço Manaus e Belém, mas dos demais estados, excetuados os mencionados, conheço não somente as Capitais, mas também boa parte do seu interior.
                     Quem me conhece ou lê, o que escrevo, sabe que sempre me apoio no meu conhecimento local e na observação da História, normalmente a Econômica, pois Democracia para mim, na sua base, pressupõe a “divisão democrática da riqueza”. E é nisto que está a explicação da derrota das Oposições nesta eleição. A votação maciça recebida em Minas Gerais e Bahia. O resto é “canção de ninar para bovinos”. Pois bem:
                     Durante os Governos Militares o governo fez uma “renúncia fiscal” de “alguns bilhões” no Imposto de Renda de Pessoas Físicas e Jurídicas para o “desenvolvimento do Nordeste e Norte” através do Fundo 157, Finam e Finor. Esses recursos foram destinados à criação de “polos de desenvolvimento” no Nordeste e basicamente à Zona Franca de Manaus. O que na realidade aconteceu é que o dinheiro para esses projetos com tecnologia de ponta, tiveram quase a totalidade dos seus equipamentos industriais levados para o Sudeste.
                     Os projetos em si já pecavam na sua formulação por serem de baixíssima geração de empregos locais, visto que nessas regiões não havia mão de obra qualificada. A consequência disso foi que “bilhões e bilhões” investidos em infraestrutura e edificações viraram “elefantes brancos” e que nos anos 90 serviram para negócios imobiliários de “prédios abandonados”. Foi o que constatei e inclusive adquiri um prédio no “falido” Centro Industrial de Aratu na Bahia.
                     O Polo Petroquímico de Camaçari, também incluído nesse processo, que deveria e chegou a gerar 50 mil empregos hoje não geram mais de 5 mil e com salários individuais, que não chegam a “um terço” dos valores praticados na sua implantação.
                    Na segunda metade dos anos 70, após o “choque do petróleo”, o Brasil já estava fortemente dependente de financiamentos externos para fechar seu Balanço de Pagamentos. Foi nessa época que conseguimos um financiamento direto do Governo Japonês no valor de US$ 1 bilhão, (isso em valores atualizados em “poder aquisitivo” corresponderia hoje a US$ 5/7 bilhões), destinados ao desenvolvimento do Projeto de Irrigação Agrícola do Vale do Jaíba, (106 mil hectares), em pleno cerrado mineiro e próximo à divisa com a Bahia às margens do São Francisco.
                  Por muitos anos seguintes passava pela a região e nada mais do que demarcações dos “futuros canais de irrigação” podiam ser vistos e o dinheiro..., bem isso há que se perguntar ao Delfim Neto, que era o Ministro da Fazenda de então. Já a realidade de hoje, parece que o sistema de irrigação sofre severas restrições pelo volume d’água do rio e o escoamento da produção se faz através do Espírito Santo, a 600 quilômetros da região produtora, o que representa um “custo de distribuição” insuportável para este tipo de “commodity”.

                Há alguns anos atrás a região de Irecê da Bahia era o maior produtor nacional de feijão e se chegou até a construir a “Rodovia do Feijão”. Hoje não tem mais feijão produzido e a transportar. A grande “nova frente agrícola” está no Oeste Baiano. Estende-se do Sul da Bahia até o Sul do Piauí, altamente mecanizados e de baixo emprego de mão de obra. Entretanto os portos escoadores da produção continuam a ser Santos e Paranaguá no Sudeste, distantes 2000 quilômetros.
                 Nos últimos anos foi incentivado um projeto de “cisternas”, que acumulam a água do período chuvoso para suporte da água doméstica no período de seca no sertão, com cerca de 1,5 milhão de unidades. Este programa em nada difere dos famosos “açudes” construídos nas terras dos coronéis do passado, pois apenas “mitiga” a sede, mas não propicia sustentação econômica a quem vive à jusante das barragens.
               O PRONAF foi transformado no PRÓMOTO, pois o volume de financiamento de motos no Nordeste foi imensamente superior ao do restante do país e poderá levar o programa mãe à falência, pois nada agregou ou agregará à produção agrícola de sustento familiar. A prova? Os milhares de jegues que foram abandonados à beira da estrada para serem atropelados por caminhões.
Na verdade desde o Império o Nordeste vem sendo um “saco sem fundo” de investimentos equivocados, ou “mal intencionados”, pois só “satisfazem” à cobiça dos investidores externos e oligarquias locais, mas não pratica a “justiça social da integração”.
                Os antigos programas de “Frente contra a Seca”, que arrebanhavam trabalhadores em obras de açudes, estradas vicinais, construções de escolas, postos de saúde e outras obras de interesse social do sertão, foi substituído pelo “Bolsa Família”. Imaginem o que R$ 14 bilhões anuais investidos no programa original teriam multiplicado às condições sociais no sertão? Preferiu-se remunerar o “ócio”.
A culpa?
Das Oposições, que em todos estes anos, deixaram que este “aparelhamento eleitoral” acontecesse, por falta de fiscalização da sua real necessidade, adequação e aplicação do Orçamento. E o pior de tudo, com larga inversão em Estados onde o trabalho e as condições de infraestrutura oferecem oportunidade de trabalho, onde se deveria investir em capacitação.
                 O porcentual de municípios atendidos pelo Bolsa Família no Estado de Minas Gerais é de aproximadamente 28%, (853 Municípios) e cobrindo 277 mil famílias de um total de 970 mil famílias. E na Bahia em 417 municípios a cobertura informada é de 27%, ou seja, 380 mil famílias, de um total de 1,4 milhões de famílias, (http://bolsafamilia.datasus.gov.br/w3c/bfa_relconsol.asp), mas que segundo a informação do próprio Governo da Bahia, cobre 1,4 milhão de famílias. A conferir mais esse dado do Governo Federal, para saber se o informe ou a propaganda é falso.
                 Essa é a armadilha colocada pelo PT, que só é incapaz de “planejar” um “projeto de desenvolvimento econômico e social” do Brasil, mas que vem montando muito bem planejadamente o seu “projeto de poder”. Não tenham dúvidas, que para 2018 ainda seremos reféns desse “grilhão social”, ou se preferirem, desse “cabresto político”.
                   Se analisarmos friamente as informações acima, não será difícil concluir porque o “nordestino inculto” e aqui se inclui o Norte de Minas, que sempre fez parte do “semiárido”, (Zona da SUDENE) vota com o “Bolsa Família”. Falhamos na “Democracia Econômica”.
                    Esse contingente eleitoral representa pelo menos 10 milhões de “votos cativos” a “mão que dá” e ai deixo a indagação: Teremos a competência para mudar esse modelo e evitar o “Lula vem aí – 2018”? O momento excede à “nossa vã filosofia” da interpretação dos fenômenos psicossociais, que constituem a “identidade brasileira”. A filosofia deve ser usada para o “bem” e não para o ódio, como assistimos na “time line” e é somente a “ação proativa da cidadania” junto aos políticos eleitos para o Congresso Nacional, que pode reverter esse quadro.
                       Neste aspecto a proposta do Senador Aécio Neves de transformação do Bolsa Família em lei permanente e com recursos inclusos no Orçamento Geral da União pode ser o primeiro passo, pois nos livrará do processo da manipulação política dos “donos dos pobres” e que se comenta com altíssimos níveis de corrupção na sua aplicação, pois o controle do cadastro é distribuído em mais de 4500 municípios no Brasil. Esse é um binômio invencível em eleições: assistencialismo e corrupção.
                       Agora vocês sabem por que o nordestino vota como vota? Como sabiamente disse James Carville, estrategista de Bill Clinton na Campanha Presidencial nos USA de 1992 e que derrotou o até então imbatível Jorge H. W. Bush, (pai):
É a Economia, seu estúpido...
 
Fonte:
Das vivências, percepções e pesquisas de
Antônio Figueiredo – De algum lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista, Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil (1961/73). Operário da Cidadania
 
 
 

terça-feira, 28 de outubro de 2014


Psicanálise Política!
"...Não se cogita a repressão total das
tendências agressivas do homem:
o que podemos tentar é canalizar
essas tendências para outra
atividade que não seja a guerra...!"
 
Freud
            
                                    Talvez “Esquerdo Caviar” (livro do Rodrigo Constantino) seja um título exagerado e provocativo demais, quem está no comércio sabe que ninguém come a casca da laranja, mas é ela que garante a carona da fruta para a casa do consumidor. O apelo comercial é evidente, assim como eficaz na instigação, talvez esteja fazendo muita gente coçar a cabeça na livraria, especialmente a turma do senso comum barulhento, que adora só um lado da bibliografia, mas se diz defensor da liberdade e da diversidade.
                        Quem se leva minimamente a sério pouca importância dá ao rótulo, só interessa o recheio, mas nada impede se valer da curiosidade frágil do ser humano para fazê-lo pensar, especialmente sobre si mesmo. Ao se discutir ideias, há necessidade de marcar território, na impossibilidade de imitar os cachorros, usa-se o mesmo marketing barulhento que garantiu a contaminação intelectual no mundo, cujos reflexos vão, desde as sociedades tidas, tradicionalmente, como conservadoras, até as relações pessoais básicas (filhos e pais, marido e mulher, irmãos e outros...).
                              Marketing é provocar e fazer pensar, filosofia mercantilista do título de autoria do economista escritor, mas também muito bem absorvida pelo grupo Porta dos Fundos, que hoje colhe os frutos (notoriamente lucrativos) da liberdade de expressão ainda existente no Brasil, apesar da vigilância ostensiva do senso comum.
                           “Esquerda Caviar” ofende somente quem quer ser ofendido. Alguns esquetes da Porta dos Fundos, também ofendem, mas somente quem quer ser ofendido. Ambos se valem da liberdade para provocar ideias, um, na discussão política, outro, na comédia, ainda que ambos os ramos da filosofia andem entrelaças desde a origem, na Grécia antiga.
                          Provocam mudança de sentimentos e comportamentos, exigem energia intelectual e devem ser vistos também como eventos psicológicos. Aliás, psicoterapia nada mais é do que uma relação política de inoculação filosófica com fins terapêuticos.
                         De qualquer forma, parece que o admirável, criativo e talentoso ator Gregório Dudivier e o já celebrado ator Herson Capri, deixaram-se picar pela provocação, ofendidos, adjetivam os debatedores, seja lá quem fossem, ainda que jurem não usar o mesmo artifício provocador nos seus esquetes ou espaços na mídia.
                       Entretanto, justiça seja feita, na coluna do dia 20 de outubro, na Folha de São Paulo, apesar da perversa referência ao agressor da Luana Piovani (usando um nome próprio como adjetivo), fato repetido no dia seguinte pelo mais experiente Herson Capri no O Globo, aparentemente, existe uma centelha de evolução psicológica nos admiráveis atores.
                        Não precisa ser muito dado à política para verificar que existem duas correntes de esquerda dominantes no mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial. A contaminação das ideias socialistas/comunistas no meio intelectual foi crescente e muita gente boa usou da sapiência para evoluir na discussão das mesmas ideias.
                      Por conta do resultado do conflito, alguns passaram a reconhecer que certo nível de conservadorismo é essencial para a tal justiça social. A conservação da democracia com instituições de Estado independentes, poderes equivalentes e instrumentos fiscalizadores entre si, com representatividade popular, passou a serem acolhidos como garantia da liberdade individual, assim como esta uma das formas mais eficazes de crescimento econômico, onde as relações de comércio fundadas na livre iniciativa são meios civilizatórios, pacificadores e promovem a tão buscada justiça social (Adam Smith).
                      Por outro lado, tem uma esquerda parada no tempo. Ela ainda acredita que a política começou com Rousseau e todas as teorias de Marx só comportam uma interpretação. Ainda que nada do que se revela coerente na teoria tenha oferecido reflexos práticos nos grupos sociais que passaram pela experiência. Fato estanque, especialmente com a relativização das instituições da República, da livre iniciativa econômica e individual, em favor do bem comum igualitário, definido por um grupo seleto que nivela e submete os indivíduos a um “pensamento coletivo”.
                   Naquela, a psicanálise política forçada com o advento da Segunda Guerra Mundial, provocou autocrítica e confronto das próprias deficiências como uma forma de aprendizagem e evolução, amadureceu a ideologia. Nesta, simplesmente aceitar o fato de que, não fosse o “ultra” conservador Winston Churchill, talvez o oeste americano estivesse falando japonês e o leste alemão, parece uma heresia digna da fogueira. Mas, apesar da façanha política de colocar no mesmo ambiente Roosevelt e Stalin, Sir Churchill prontamente deu posse ao adversário trabalhista nas eleições havidas após fim da guerra, ou seja, garantiu a democracia com alternância de poder, ganhou a guerra e foi derrotado nas regras que defendia, sem mágoa ou ressentimento.
                 Um lado da esquerda aceitava a aproximação com os liberais conservadores, especialmente quando se tratava de economia, enquanto outra permanecia irredutível na intervenção estatal mais ampla. Ou seja, um lado entendeu as mudanças do mundo, amadureceu, reconheceu alguns equívocos e passou a lutar também por instituições mais sólidas, menores gastos estatais e inclusão social através dos mecanismos de mercado, com interferências pontuais para manter o equilíbrio entre as relações e as contas públicas, cuja função é promover o bem-estar social. No Brasil, cartilha do FHC, nos Estados Unidos, todos democratas desde Roosevelt até Obama (não por acaso, todos de esquerda).
                    Já, a “outra esquerda” se nega a rever conceitos, afinal, crescer dói, quem se lembrar da adolescência sabe. Permanecem revoltados contra nem bem sabem mais o quê, precisam do conflito para ter consistência retórica, quando chegam ao poder, na falta de quem ferir, sobra para as instituições do Estado, contaminam os poderes independentes, impõem condutas igualitárias sob o pretexto de luta social, pervertem a ordem e a democracia. Ou seja, típico comportamento autodestrutivo do adolescente que vai passando da idade sem confrontar as próprias deficiências e fugir das responsabilidades. O pior, usando ainda o discurso da tolerância para impor sua intolerância à liberdade individual.
                     Triste, mas acontece e, num país com eleições a cada 2 anos, a democracia se transformou em masturbação política raivosa que se alivia na chance do combate com inimigo existente, nessa acepção, a Venezuela ainda é uma democracia, onde só um lado goza o prazer ganhar a eleição e governar.
                Mas justiça seja feita, a esquerda madura consegue discernimento para reconhecer que Aécio é tão de esquerda quanto Dilma, outra parte não consegue nem ver que Obama é de esquerda, estes ainda darão trabalho aos seus terapeutas. O Gregório Dudivier e o Herson Capri nem tanto.
                   Na psicanálise política, ainda que o processo terapêutico seja gradual e lento, o processo de amadurecimento e confronto com as próprias concepções equivocadas exigem alguns passos básicos. O primeiro é descobrir a origem e externá-la. Talvez os fantásticos artistas nem tenham terapeutas formais, afinal, dificilmente aceitariam ajuda de um profissional LIBERAL, talvez um médico cubano os atenda. Mas o fato é que os espaços que ambos ocupam na mídia, quando abordam de política, talvez estejam promovendo resultados psicoterapêuticos interessantes.
                      No texto confessional de ambos, resta confirmado o diagnóstico do Dr. Luiz Felipe Ponde (...) na adolescência é natural a rebeldia e qualquer teoria revolucionária é adequada para a mente confusa em formação (...), coisa que parece que Herson ainda não ter ultrapassado na sua ideologia política, quanto ao Gregorio, talvez pela idade, a confissão oferece ainda mais detalhes ao divã do leitor, refere um encontro com FHC na residência de sua mãe, onde esta teve um comportamento repressor com a minoria segregada, diga-se, o filho, simplesmente por este não estar de acordo com a formalidade do momento. Pobres meninos, que hoje confessam os traumas ainda não superados, aliviam a revolta adolescente e, na fase seguinte, talvez sejam capazes superar a violenta mácula ideológica provocada, um pela mãe e outro pela fuga de Jango.
                       Quem sabe até descobrirão que existe uma esquerda madura no mundo, que permite debate de ideias; que o adversário político não é inimigo; que o Estado Democrático é respeitado; que as instituições básicas do ente público são conservadas para o bem comum e que a liberdade individual é muito mais compatível com bem-estar social do que qualquer outra ideia igualitária.
                       Parabéns aos atores, pelos textos identificaram a origem da imaturidade política, talvez se a mãe fosse liberal, respeitaria a liberdade individual e valorizaria muito mais a companhia do filho do que a casca que o revestia, mas por hábito raivoso da esquerda, reprimiu com energia a atitude infantil, colocando-o ainda mais à esquerda que ela mesma. Talvez se aquela esquerda raivosa tivesse tomado o poder quando Jango saiu, hoje seríamos Cuba e ambos estivessem sem liberdade expressão, pelo menos ficariam livres de expor suas fragilidades pessoais.
                           No entanto, pela liberdade, a centelha de evolução, amadurecimento psicológico da ideologia política acendeu, ainda que tímida. É o primeiro passo da caminhada terapêutica que terão pela frente, talvez um dia se descubram discutindo ideias sem egocentrismo, nem mesmo se valer do coitadismo para externar suas posições políticas e fique menos evidente a falta de maturidade política.
                            Não só para os atores, mas também para essa esquerda agressiva do PT que se nega a reconhecer as deficiências (arrogância) e nem mesmo aprende com as virtudes (esquizofrenia), onde o Sr. Luís Inácio foi eleito com o discurso do “Lulinha paz e amor”, governando com empatia e boa vontade até de adversários políticos, mas cujo comportamento se revelou um engodo e nem ele consegue mais consegue se identificar no narcisismo reinante na sua personalidade, mas aí o caso exige tratamento psicoterápico drástico, com baixo risco de recuperação.
                              E, na falta de um verdadeiro liberal com eco político e social para moralizar essa bagunça, vimos a disputa para ver qual dos candidatos é mais de esquerda, valendo-se da ignorância coletiva para que sejamos obrigados a votar em quem, talvez, seja a esquerda madura.

 

Entendimentos & Compreensões de um Brasil Atual
Dos meus diálogos com o Jurista Michael Chehade - RS -




 

 
 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014


#SOSEducacao:

“A Fábula do Socialismo!”

“...Nossos tesouro está na colmeia
de nosso conhecimento.
Estamos sempre voltados a essa direção,
pois somos insetos alados da natureza, coletores do mel da mente...!" 
Nietsche

                      Tirei férias forçadas. Explico: Com os “famosos temporais” de primavera no sul, mais uma vez teve-se a prova de como são, na prática, os serviços no Brasil.
                      Em um final de semana, um destes temporais ocasionou uma descarga tão grande de energia estática da crosta terrestre (os famosos raios) que, mesmo com toda proteção e parafernália para prevenção destes fenômenos, não escapamos deles. Desta vez vieram pelos fios de alta tensão. Sim pela rede de energia elétrica da cidade. Com isso aparelhos eletro eletrônicos foram literalmente tostados. Com isso os serviços de telefonia, internet, TVs a Cabo e outras necessidades, ainda terrestres (e não via satélite como gostam de apregoar os mentirosos de plantão) simplesmente “derreteram” receptores e sistemas de frequência modulada, as quais são dependentes, através de torres de transmissão as operadoras de comunicação, quase que em geral.
Um bairro inteiro ficou desta forma mais 22 dias.
                      Assim às “férias a que me referi”, fiquei sem meu “curso” quase que diário, o qual tem o privilégio, ao conversar longas horas com o professor de história e pesquisador brasiliense Marlon Adami.
Mas ficou gravado. Registrado uma de nossas ultimas conversas.
                      Indagava-me a ele sobre como explicar, de uma forma mais clara, mais definitiva para o Brasilês o que no fundo é o tal de “socialismo” e que não deu certo, até hoje, em nenhum país em que isto foi submetido. Quase sempre à força, ditatorialmente, seja de uma ou outra forma.
                     Sua primeira resposta foi a tão utilizada frase de argumentação do que estamos acostumados a chamar de “vermelhinhos” no Brasil. Aqueles que tiveram uma espécie de doutrinação mesmo que ainda prefira chamar de “lavagem cerebral”...
                    Como conversa, semanalmente, com o grande e notável professor e escritor Olavo de Carvalho, ele utilizou as mesmas metáforas do famoso brasileiro tão contestado pelos não menos famosos “vermelhinhos”:
Repetiu-me o professor o aforismo tão utilizado:
“...Nunca discuta com um idiota. Ele leva a discussão até o nível dele e depois ganha pela experiência...”.
Em seguida professor Marlon disse-me:
- Vou te contar a famosa “fábula do socialismo”. O que sabemos é que ela foi utilizada por um professor americano no final dos anos 70 em uma sala de aula de uma universidade estadunidense;
Continuou o professor Marlon:
                         (...) Um professor de economia disse que nunca havia reprovado um só aluno, até que certa vez reprovou uma classe inteira.  
Esta classe em particular havia insistido que o socialismo realmente funcionava: com um governo assistencialista intermediando a riqueza.
Ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.
O professor então disse: Esta bem! Vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas.
                             Todas as notas serão concedidas com base na média da classe, e, portanto, serão justas. Todos receberão as mesmas notas, o que significa que em teoria ninguém será reprovado, assim como também ninguém receberá um A.
                             Depois de calculada a média da primeira prova todos receberam B. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Já aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Como um resultado, a segunda média das provas foi D. Resultado: Ninguém gostou.
                                 Depois da terceira prova, a média geral foi um F. As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por justiça dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram aquela disciplina... Para sua total surpresa.
O professor explicou: o experimento socialista falhou porque quando a recompensa é grande o esforço pelo sucesso individual é grande. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros para dar aos que não batalharam por elas, então ninguém mais vai tentar ou querer fazer seu melhor. Tão simples quanto o exemplo de Cuba, Coréia do Norte, Venezuela e o Brasil e Argentina, que estão chegando lá.
                                Depois de me contar a tal “fábula do socialismo” colocada na prática por este professor universitário estadunidense, o professor Marlon foi um pouco mais longe e me presenteou, por escrito com cinco pontos que nunca, jamais deveríamos esquecer quando o assunto for o tal de “socialismo”:
Para o professor Marlon Adami eis os principais requisitos:
1. Você não pode levar o mais pobre à prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando dividi-la.
5. Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
E você?
Em que parte de toda esta “historinha” pensa que o Brasil está?
                     Os resultados desta eleição serão sentidos, pagos e que sirvam de lição para muitas gerações: O povo brasilês vai pagar caro por deixar que esta espécie de “experimento” que ele, o próprio povo, permitiu, através do voto que fosse colocado em prática em nosso País. Arruinando assim no mínimo quatro gerações futuras.
                        Agora veja aonde se encaixa a sua responsabilidade nisso tudo e assuma sua parte de cidadão, e pare de “esperar” melhores notas através dos “outros”!
Pode pensar... Não dói!


 

 Entendimentos & Compreensões
Dos diálogos com o professor de história
e pesquisador Marlon Adami – Brasília – DF –
Arquivos pessoais do autor
 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014


Um pedido especial do
Escritor Antônio Figueiredo
na Sala de Protheus:

COM AÇÚCAR E COM AFETO...

“... Você pode dizer que eu sou um sonhador.
 Mas não sou o único...!"
                                                                        John Lennon

                          Lembro-me muito bem desta canção em sua época e Chico Buarque, ainda que a qualidade da música destoasse muito da qualidade dos seus versos, era o poeta mór da sua geração. Parecia que garimpava no nosso mais profundo aquilo que em nós só era manifesto por um “suspiro” do peito, que mal ousava tentar se explicar.
                         Nos idos de 1968, nosso professor de Português, o Luís, recém saído da USP, nos exigia a análise sintática e morfológica em sala de aula das letras das suas músicas, mas que a ali não se restringia. As aulas sempre acabavam na mesa de um boteco e Chico nos acompanhava e sempre ao final de cada verso, Luís sempre exclamava: Puta que o pariu, Chico...
                         Grande parte do nosso grupo era constituído de meninas e as declamações de Luís, sempre acabavam em um suspiro. Os enormes olhos verdes do Buarque de Holanda eram irresistíveis para elas e “hors concours” para nós, mas todos os amávamos igual e cumplicemente. Elas aos “olhos” e nós aos “versos”. Ah esse “coração feminino”, que nos vicia em “açúcar e afeto”!
                            Neste domingo os eleitores brasileiros estarão se apresentando às urnas para uma das eleições mais importantes desde o Movimento DIRETAS JÁ e talvez a mais virulenta dentre as que me lembro de e isso não me assusta. Não vejo a Democracia em risco por isso. Explico: Todo e qualquer movimento de aprimoramento se faz sob atrito e calor.
                             Tudo na humanidade começou com a utilização da pedra. Este embrião tecnológico dotou-nos de ferramentas e armas de “pedra lascada” e isto fez de quem fragilmente se expunha no meio da “cadeia alimentar”, tornar-se a espécie mais adaptável e de sucesso dentre todas as espécies. Nada mais apropriado, que uma “democracia mesozoica” se utilize da mesma tecnologia para começar a subir seus degraus evolutivos. Isso é o que tem acontecido na prática e discussão política atual.

                              Na “fase seguinte” talvez comecemos a utilizar um “moinho de pedra” ou de “roda d’água”, que é composto de 2 pedras circulares muito imperfeitas lavradas à mão, ainda que perfeitas à visão. Só o uso as ajustará e fará com que delas se extraia a “melhor farinha”. A parte superior é fixa e tem um buraco por onde caem os grãos. Já a pedra inferior é a que gira e é a sensibilidade do moleiro, que ajusta a distância entre as pedras.
                               Isso quer dizer, que se estiverem ousadamente próximas demais a princípio se comerá farinha com muito pó de pedra, correndo-se o risco de “bater pedra”, isto é que as mós se partam. Se estiverem cautelosamente distantes demais se comerá uma “canjiquinha” grossa demais ou então “nenhuma farinha”. Por outro lado se a força da água liberada for excessiva o produto final será uma “farinha queimada” e se for pouca, pode até parar o processo de moagem.
                            O mesmo acontece na lapidação de uma gema. O objetivo é obter-se o máximo da pureza e brilho e para isso tem que se retirarem os excessos. Pois bem, ouvi de uma comentarista política de larguíssima convivência em processos eleitorais, que a despeito de tudo tanto o PT, quanto o PSDB são o “que de melhor” o Brasil conseguiu construir nestes nossos tempos. É o “moinho de pedra” da política brasileira.
                            Não são feitos da melhor pedra e tampouco no seu funcionamento nos tem dado o melhor das “suas farinhas”. Talvez por serem tão próximos é que tentam mostrar-se tão distantes. A diferença talvez esteja no “volume d’água” que os impulsionam. O PT sempre se alimentou das camadas mais embaixo da pirâmide social e o PSDB da parte mais acima.
                             A qualidade da “farinha democrática” dependerá de como nos vestirmos neste domingo. Se cobertos das peles das nossas presas/predadores abatidas nessa “caça política”, ou se de “linho branco” pacificador, fruto do trabalho conjunto de uma coletividade, não mais nômade de caçadores extrativistas, mas de cidadãos livres agricultores da “semente democrática”.

                           Na realidade vamos necessitar neste domingo, que os espíritos estejam desarmados e se retome o espírito de unidade para que o Brasil possa encontrar as soluções para avançar no caminho das premissas constitucionais de liberdade e igualdade. Esse desafio em uma “nação continente” jamais se realizará pela vontade exclusiva de um presidente, mas somente pela vontade de um “povo inteiro e uno”.
                            Há 80 anos fez-se no Brasil uma campanha de saúde pública para que “Jeca Tatu calçasse botinas” para combater a verminose e o “bicho do pé”. Hoje o que necessitamos é que o “Zé Nordestino”, (não esquecendo os mineiros da “zona da SUDENE”) e o “Zé Nortista” calcem as “botas de sete léguas” da inclusão social da Educação e Saúde, pois não podemos querer que todos “discutam igualmente” o futuro do Brasil estando as coisas como hoje ai estão.
                               Antevejo o dia em que todos os brasileiros calçarão as mesmas “botinas da igualdade digna” marchando para as urnas, quando os sulistas também lutarão pelos direitos dos nordestinos e nortistas e os nordestinos e nortistas conscientes de seus direitos estarão lutando não pelas “migalhas” da mesa da cidadania, mas por sua merecida “fatia de pão”.
                              Que não seja mais a voz de um “salvador da pátria”, (ou de si mesmo), que nos emule a buscar o futuro. Mas sim a consciência cidadã de que a “igualdade constitucional” é um direito a ser perseguido e conquistado, porque somos todos “filhos da mesma mãe” e gerados por um “pai de todos” e nos livremos definitivamente dos “pais dos pobres”, que só distribuem a “miséria”, pois é dela que se limentam e dela tiram votos.
                             Todas as eleições e manifestações políticas das quais me lembro, sempre foram muito mais vestidas pela emoção do que pela razão. A emoção é a única reação humana coletiva que efetivamente provoca mudanças e neste quesito sempre foi a mulher a responsável por seu despertar. Impossível não se consternar ante a visão de uma mãe africana e já exaurida de forças e músculos amamentando seu bebê, ou uma mãe palestina carregando seu filho ferido após um bombardeio.
                             Uma imagem forte que guardo na memória, que vi pela televisão, é daquela menina vietnamita, hoje uma grande propagandista dos DDHH, correndo nua e toda queimada por uma explosão de bomba de napalm. Porém, das mais fortes são as que vi, pessoalmente, milhares de vezes, de mães retirantes alimentando seus filhos em uma cuia com um caldo ralo de leite e farinha de mandioca. A condenação à morte pela fome é a mais sádica sentença de um povo, que se diz civilizado.
                                 Entretanto, a imagem feminina que quero ver neste domingo não é a do choro e nem da desesperança, mas sim a da altivez e da certeza de quem olha em primeiro lugar e acima de tudo, para aqueles que a cercam e a quem deve proteger. Não tenho a ilusão de ver nas filas das urnas garbosas senhoras e senhorinhas vestidas com vestidos de laços de fitas, chapéus e sombrinhas, mas, ainda que com “sandálias havaianas”, a sua elegante vestimenta seja a dos seus mais “ambiciosos sonhos de igualdade”.
                              Uma eleição não se decide pelos mais esclarecidos ou pelos mais necessitados, mas sim pela confiança, que um dos candidatos passar ao eleitorado. Aquele que melhor falar ao “coração” das pessoas e que despertar o “real sentimento de mudança”. Isto se traduz em “olhar para o futuro”. O passado não se muda mais...
                               Eleitor: vote “com açúcar e com afeto”, ainda que esta receita não esteja no livro da Dona Benta. Eu sou aquele menino com olhos fixos na vovó com um birote no cabelo, mas também com um olho naquele lindo bolo.... Da DEMOCRACIA.
Lembre-se que assim encerra nosso hino: Pátria amada, BRASIL...

 
Das percepções e pesquisas de
Antônio Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista, Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil (1961/73). Operário da Cidadania