As histórias fantásticas do
escritor Antônio Figueiredona Sala de Protheus:
O Bom Humor na Política!
“ ... A cada militante
da Democracia,
pague-se seu soldo
diário em
LIBERDADE...!"
O autor
No Twitter alguns
amigos têm me classificado como “troll”.
E eu discordo. Nasci e fui criado em um tempo em que o exercício da política
era temperado de muito debate e paixão, mas onde nunca faltou um “toque de bom humor”, de “inteligência crítica” e uma “língua democraticamente afiada”. Sempre
foi o bom humor que construiu pontes e salvaram desesperados e desenganados.
Há onze anos enfrentei
uma situação limite, na qual os “Pilatos médicos”
diziam que a escolha entre a vida ou a morte era exclusivamente minha.
Lembro-me dos amigos, visitantes, e só pelas suas caras, “porta adentro”, não era difícil de interpretar o impacto da minha
aparência por seus sorrisos amarelos e abraços condoídos.
Era eu quem os animava e
ria da situação. Não fazia isso por eles, mas por mim. Eu era a única pessoa
que não podia desanimar e foi com “muito
bom humor”, que eles visivelmente relaxavam e eu... Sobrevivia.
São muitos os casos
na história política de quando a tensão cresceu explosivamente no calor do
debate, que uma tirada de bom humor distendeu os ânimos e um bom acordo foi
conseguido. A leitura de Sebastião Nery e sua série “Folclore Político” sobre a “política
nacional” é uma leitura imperdível, pois descreve essa ciência do “bom debate”.
O Congresso Nacional
teve passagens épicas. Conta-se que nos Anos 50, Carlos Lacerda (UDN) fazia um
dos seus discursos verborrágicos e violentos contra Getúlio na tribuna e
Alzirinha Vargas (PTB), filha do Presidente, insistentemente pedia um aparte,
que Lacerda não concedia. Alzirinha não se conteve: Vossa Excelência é um filho da puta! Ao que Lacerda retrucou: Não me consta que Vossa Excelência tenha
idade para ser minha mãe”. Já nos anos 90, Ulisses Guimarães retrucou
Collor de Melo, que o chamou de “velho”:
“Velho mas não velhaco”...
Conta-se do tempo dos
Governos Militares, que Costa e Silva foi “batizar”
uma embarcação, para o que lhe deram uma garrafa de champagne. Perguntou: O que
faço com isso? Responderam-lhe: Quebre no casco. E ele quebrou a champagne no
salto da bota. Outra é que, se criara uma “medida
de burrice”: o TAR e assim
contava-se: 1 militar, 2 militar... Outra era a pergunta: Como se mede um
burro? Médici da cabeça aos pés...
Dizem até que Médici e Geisel faziam questão de saber e rir de “quais eram as novas”.
Desde tempos
imemoriais o “humor” era um tipo de “pesquisa de avaliação” do político e
bem me lembro do programa de Alvarenga e Ranchinho na minha infância de
cantigas caipiras e com auditório ao vivo. Quando perguntavam à plateia o tema e
tinham por resposta: POLÍTICA! Debochavam: É
cumpadi. Tão querendo vê nóis preso! As vítimas eram Jânio Quadros e
Adhemar de Barros, (em SP) e Getúlio Vargas, (Gegê), e depois Juscelino do
quadro nacional. Juca Chaves iniciou sua carreira nos anos 60, principalmente com
a sátira política a Juscelino, (Presidente
Bossa Nova).
É com tristeza
que hoje as Redes Sociais destilem tanto ódio e manipulação da verdade, em vez
de “bom humor” e principalmente,
inteligência. As pessoas perderam a capacidade da inteligência crítica e
principalmente, muitos “doutos sociólogos
e humanistas”, que deveriam ser “formadores
de opinião política”, “vendem” o
conhecimento tradicional da História, reescrevendo-a convenientemente à “encomenda do freguês”. Bilateralmente,
vale isto.
A abordagem lógica de tempos,
circunstâncias e acontecimentos indica que muitos só têm uma orelha ou um só
olho. Ou Esquerdo ou Direito, adeptos que são da “Teoria das Metades”. No “meio
da missa” já comungaram a “opinião
formada”. Temos o embate da “Privataria
Tucana x Pivetagem Petista” e o debate de ideias tornou-se o embate dos “versus contra os adversos”. Puro lixo
político. Um “sociólogo proeminente”
esta semana me arguiu de onde tirei o conceito de “permeabilidade social”.
Nesta semana o
nordestino recebeu muita solidariedade e principalmente “deboche”. Mas isso não importa, no Brasil nos últimos 200 anos
apesar se ter investido mais no Nordeste, do que Israel investiu para fazer um “jardim no deserto” e o Governo dos
Estados Unidos no Arizona e Novo México, o caminho dos “bolsos fundos” coronelistas por aqui não permitiu que “transbordasse” muito para chegar ao “semiárido”. Mas isso não importa,
afinal demos lhes a Bolsa Família e os “marqueteiros”
criaram o “fato novo”, que a campanha
precisava.
Como se dizia
nos Anos 60, a era do “complexo de
viralatas”, a que batizou Nelson Rodrigues: O brasileiro é o único povo que sabe que vai dar uma mancada e... Dá!
É incrível se
pensar que foi feita uma Revolução em nome da “moralização da política”, onde todos democratas foram derrotados,
fossem os poucos da Esquerda e da Direita e a grande maioria de Centro e que
mesmo “cumprindo a pena” de 21 anos de “severas
restrições” às liberdades constitucionais não tenhamos aprendido nada.
Ditadura e Democracia desperdiçadas.
Nem todo cidadão
tem a habilidade de militar politicamente, mas todos têm a obrigação da “consciência política” da sua posição,
obrigações e direitos na Sociedade e o justo retorno aos tributos, que paga. O
Estado não é uma instituição de caridade e nem tampouco um “saco sem fundo”. É uma “organização
voltada à administração do bem estar comum independente de todas as classes
sociais”. Nem com mais direitos e privilégios aos mais poderosos e nem
relegando à penúria da desassistência aos que tem “menos voz e influência”.
Em outros
tempos era alguém de sucesso, que nos inspirava a prosseguir lutando, por seu
exemplo de superação de dificuldades. Hoje tudo se mediocriza, talvez como
consolo da nulidade majoritária, que varre todos os segmentos sociais,
incapazes de se manifestar e exigir seus direitos. Perde-se a liberdade pelas
pequenas concessões de consciência, que se faz a cada escândalo novo, que
explode. Sem indignação, não há “revolução”.
Tenho a
convicção, que este momento é de construir uma verdadeira “união nacional”. Aquela que nunca nos esforçamos por ter, pois nos
acovardamos em permitir, que o Nordeste tenha sido desde o fim da escravidão o “estoque de mão de obra barata”, seja
para desbravar o Acre, seja para construir São Paulo ou Brasília, o que nunca permitiu
que construíssem o seu “Brasil Regional”.
Tenho o
privilégio de ter morado em periferias e vivido por 37 anos entre Minas Gerais
e Bahia e o de conhecer o Brasil de Norte a Sul e de Leste a Oeste, principalmente
em seu “miolo atrasado” e creio que apenas dando-lhes “esmolas”, jamais os
recompensaremos pelo “Brasil dos outros”,
que ajudaram a construir.
É
confortavelmente covarde achar que o óbolo na bandeja do padre ou do pastor
garante a Salvação. Acalma a consciência, mas não nos livrará do inferno que
tão competentemente estamos construindo. O Brasil é um pouco mais, que “nós e eles”...
Das vivências, percepções
e pesquisas de
Antônio Figueiredo – De algum
lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista,
Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital
Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil
(1961/73). Operário da Cidadania
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