Antônio Figueiredo
sobre o Nordeste nas Eleições:
Viva a Democracia Econômica...
Não somos o melhor
e nem o pior da raça humana.
Somos brasileiros,
crianças democráticas.
O Autor
No ultimo domingo o Brasil
foi às urnas e deu um show de Democracia. O pleito transcorreu sob a mais
absoluta ordem e disciplina.
O
resultado? ... Bem o resultado foi comemorado por alguns e chorado por outros,
mas vencer ou perder faz parte do embate político. Porém, passada a apuração,
vejo no Twitter uma chuva de
imprecações contra o Nordeste e os nordestinos e aqui afirmo: quem assim procede, aposta na divisão da
cidadania, a mesma que o PT utilizou neste pleito. E digo o porquê.
Orgulho-me de conhecer o
Brasil Real graças ao meu trabalho e ao meu interesse pessoal de entender a “Nação Brasileira” e para ser
absolutamente verdadeiro, só não conheço as realidades do Pará, Amazonas,
Piauí, Maranhão, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso. Destes só conheço
Manaus e Belém, mas dos demais estados, excetuados os mencionados, conheço não
somente as Capitais, mas também boa parte do seu interior.
Quem me conhece ou lê, o
que escrevo, sabe que sempre me apoio no meu conhecimento local e na observação
da História, normalmente a Econômica, pois Democracia para mim, na sua base,
pressupõe a “divisão democrática da
riqueza”. E é nisto que está a explicação da derrota das Oposições nesta
eleição. A votação maciça recebida em Minas Gerais e Bahia. O resto é “canção de ninar para bovinos”. Pois bem:
Durante os Governos Militares
o governo fez uma “renúncia fiscal”
de “alguns bilhões” no Imposto de
Renda de Pessoas Físicas e Jurídicas para o “desenvolvimento
do Nordeste e Norte” através do Fundo
157, Finam e Finor. Esses
recursos foram destinados à criação de “polos
de desenvolvimento” no Nordeste e basicamente à Zona Franca de Manaus. O
que na realidade aconteceu é que o dinheiro para esses projetos com tecnologia
de ponta, tiveram quase a totalidade dos seus equipamentos industriais levados
para o Sudeste.
Os projetos em si já
pecavam na sua formulação por serem de baixíssima geração de empregos locais,
visto que nessas regiões não havia mão de obra qualificada. A consequência
disso foi que “bilhões e bilhões”
investidos em infraestrutura e edificações viraram “elefantes brancos” e que nos anos 90 serviram para negócios
imobiliários de “prédios abandonados”.
Foi o que constatei e inclusive adquiri um prédio no “falido” Centro Industrial de
Aratu na Bahia.
O Polo Petroquímico de
Camaçari, também incluído nesse processo, que deveria e chegou a gerar 50 mil empregos
hoje não geram mais de 5 mil e com salários individuais, que não chegam a “um
terço” dos valores praticados na sua implantação.
Na segunda metade dos anos 70, após o “choque do petróleo”, o Brasil já estava
fortemente dependente de financiamentos externos para fechar seu Balanço de
Pagamentos. Foi nessa época que conseguimos um financiamento direto do Governo
Japonês no valor de US$ 1 bilhão, (isso
em valores atualizados em “poder aquisitivo” corresponderia hoje a US$ 5/7
bilhões), destinados ao desenvolvimento do Projeto de Irrigação Agrícola do
Vale do Jaíba, (106 mil hectares), em
pleno cerrado mineiro e próximo à divisa com a Bahia às margens do São
Francisco.
Por muitos anos seguintes
passava pela a região e nada mais do que demarcações dos “futuros canais de irrigação” podiam ser vistos e o dinheiro...,
bem isso há que se perguntar ao Delfim Neto, que era o Ministro da Fazenda de
então. Já a realidade de hoje, parece que o sistema de irrigação sofre severas
restrições pelo volume d’água do rio e o escoamento da produção se faz através
do Espírito Santo, a 600 quilômetros da região produtora, o que representa um “custo de distribuição” insuportável
para este tipo de “commodity”.
Há alguns anos atrás a região
de Irecê da Bahia era o maior produtor nacional de feijão e se chegou até a
construir a “Rodovia do Feijão”. Hoje
não tem mais feijão produzido e a transportar. A grande “nova frente agrícola” está no Oeste Baiano. Estende-se do Sul da
Bahia até o Sul do Piauí, altamente mecanizados e de baixo emprego de mão de
obra. Entretanto os portos escoadores da produção continuam a ser Santos e
Paranaguá no Sudeste, distantes 2000 quilômetros.
Nos últimos anos foi
incentivado um projeto de “cisternas”,
que acumulam a água do período chuvoso para suporte da água doméstica no
período de seca no sertão, com cerca de 1,5 milhão de unidades. Este programa
em nada difere dos famosos “açudes”
construídos nas terras dos coronéis do passado, pois apenas “mitiga” a sede, mas não propicia
sustentação econômica a quem vive à jusante das barragens.
O PRONAF foi transformado no PRÓMOTO,
pois o volume de financiamento de motos no Nordeste foi imensamente superior ao
do restante do país e poderá levar o programa mãe à falência, pois nada agregou
ou agregará à produção agrícola de sustento familiar. A prova? Os milhares de
jegues que foram abandonados à beira da estrada para serem atropelados por
caminhões.
Na
verdade desde o Império o Nordeste vem sendo um “saco sem fundo” de
investimentos equivocados, ou “mal intencionados”, pois só “satisfazem” à
cobiça dos investidores externos e oligarquias locais, mas não pratica a “justiça
social da integração”.
Os antigos programas de “Frente contra a Seca”, que arrebanhavam
trabalhadores em obras de açudes, estradas vicinais, construções de escolas,
postos de saúde e outras obras de interesse social do sertão, foi substituído
pelo “Bolsa Família”. Imaginem o que
R$ 14 bilhões anuais investidos no programa original teriam multiplicado às
condições sociais no sertão? Preferiu-se remunerar o “ócio”.
A
culpa?
Das
Oposições, que em todos estes anos, deixaram que este “aparelhamento eleitoral” acontecesse, por falta de fiscalização da
sua real necessidade, adequação e aplicação do Orçamento. E o pior de tudo, com
larga inversão em Estados onde o trabalho e as condições de infraestrutura
oferecem oportunidade de trabalho, onde se deveria investir em capacitação.
O porcentual de municípios
atendidos pelo Bolsa Família no Estado de Minas Gerais é de aproximadamente 28%,
(853 Municípios) e cobrindo 277 mil famílias de um total de 970 mil famílias. E
na Bahia em 417 municípios a cobertura informada é de 27%, ou seja, 380 mil
famílias, de um total de 1,4 milhões de famílias, (http://bolsafamilia.datasus.gov.br/w3c/bfa_relconsol.asp),
mas que segundo a informação do próprio Governo da Bahia, cobre 1,4 milhão de
famílias. A conferir mais esse dado do Governo Federal, para saber se o informe
ou a propaganda é falso.
Essa é a armadilha colocada
pelo PT, que só é incapaz de “planejar”
um “projeto de desenvolvimento econômico
e social” do Brasil, mas que vem montando muito bem planejadamente o seu “projeto de poder”. Não tenham dúvidas,
que para 2018 ainda seremos reféns desse “grilhão
social”, ou se preferirem, desse “cabresto
político”.
Se analisarmos friamente as
informações acima, não será difícil concluir porque o “nordestino inculto” e aqui se inclui o Norte de Minas, que sempre
fez parte do “semiárido”, (Zona da SUDENE) vota com o “Bolsa Família”. Falhamos na “Democracia Econômica”.
Esse contingente eleitoral
representa pelo menos 10 milhões de “votos
cativos” a “mão que dá” e ai deixo
a indagação: Teremos a competência para
mudar esse modelo e evitar o “Lula vem aí – 2018”? O momento excede à “nossa vã filosofia” da interpretação
dos fenômenos psicossociais, que constituem a
“identidade brasileira”. A filosofia deve ser usada para o “bem” e não para o ódio, como assistimos
na “time line” e é somente a “ação proativa da cidadania” junto aos
políticos eleitos para o Congresso Nacional, que pode reverter esse quadro.
Neste aspecto a proposta
do Senador Aécio Neves de transformação do Bolsa Família em lei permanente e
com recursos inclusos no Orçamento Geral da União pode ser o primeiro passo,
pois nos livrará do processo da manipulação política dos “donos dos pobres” e que se comenta com altíssimos níveis de
corrupção na sua aplicação, pois o controle do cadastro é distribuído em mais
de 4500 municípios no Brasil. Esse é um binômio invencível em eleições: assistencialismo e corrupção.
Agora vocês sabem por que o nordestino vota
como vota? Como sabiamente disse James Carville, estrategista de Bill Clinton
na Campanha Presidencial nos USA de 1992 e que derrotou o até então imbatível
Jorge H. W. Bush, (pai):
É a Economia, seu estúpido...
Fonte:
Das vivências,
percepções e pesquisas de
Antônio Figueiredo –
De algum lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista,
Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital
Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil
(1961/73). Operário da Cidadania
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