sexta-feira, 21 de agosto de 2015


#RelatosDaVidaReal:

 

Quem Sabe Assim Fico Famoso...


 Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

 

Manoel Bandeira

 

Hoje, 19 de agosto de 2015, está previsto o julgamento do executor de Walgney Carvalho. O nome de Carvalho será mencionado o dia todo num salão de júri por dezenas de centenas de vezes. Será citado pela imprensa, pela população regional, como há dois meses foi o nome de Rodrigo Neto.

Ainda lembro quando Carvalho, Rodrigo e Carioca estiveram em minha casa. Mais tarde soube que ele aceitou minha oferta e desceu com os bolsos cheios de bananas. Envergonhado, Rodrigo queria que o mesmo voltasse e devolvesse. Sabíamos que não passava de mais uma de suas brincadeiras! Tivemos outros momentos de descontração, quando acompanhava duas senhoras a serem fotografadas pelo Carvalho, para compor o painel do dia “Internacional da Mulher”. Não sei se foi o acaso ou o fragor da descontração que me fez naquela quente tarde do dia 02 de março de 2012 fotografar Carvalho.


Lá também conversamos muito com o Rodrigo Neto, que manifestou em palavras por "aquelas mulheres que fazem...”. Sim, duas mulheres de vidas transformadas e que ele bem conhecia suas vidas pregressas. Quem diria que daí a um ano, ao iniciar o “Dia Internacional da Mulher”, seria Rodrigo Neto executado, sem direito a defesa e de forma tão doída, cabal, quando se ouviu o choro de tristeza, aflição, perplexidade, despedida ecoar pelo céu poluído de nossa Vale do Aço? E quem diria que logo após, o mesmo choro ecoaria, desta vez pela vida de Carvalho? Oh dor, que não se passa. Dor doída, a pior de todas e ao mesmo tempo a mais justa, porque todos passaremos pelo vale da morte!


Estaria Carvalho prevendo sua morte, quando pouco antes de sua partida, em uma rede social, postou que jamais conseguiriam saber quem executou o amigo, enquanto continuassem investigando os colegas da imprensa, que como Carvalho, alguns sairiam machucados desta linha de pensamento?
Daí uns dias, demonstrando a ferida aberta por ter sido investigado pela morte de Rodrigo, Carvalho volta a escrever: “Quem sabe assim fico famoso!”.
Famoso desta forma? Famoso após ceifarem-lhe a vida sem qualquer direito de defesa, de forma impiedosa? Precisavam mesmo ceifar as vidas destas duas pessoas e com que direito?

Não se tem respostas certas aos nossos questionamentos.
A vida é o maior patrimônio da humanidade. Que haja um basta para sempre, porque a dor de mãe é igual para todas!
 


 

Extraído da Agenda de Marilene Marques
Agosto/2015.
Contabilista. Trabalha com
Assistência  Social Voluntariado
E ex-professora –
Apaixonada pela Vila do Assaraí  - Minas Gerais
Fonte:
Imagens cedidas pelo Plantão Policial -
Radio Vanguarda -  AM 1170 – Ipatinga - MG.

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