#Historias da Paulicéia:
“A Esquerda e a Direita, Ignorantes, da Av. Paulista”!
“... A diferença
fundamental entre Direita e Esquerda
é que a Direita
acredita cegamente em tudo que lhe
ensinaram, e a
Esquerda acredita cegamente em
tudo que ensina....!”
Ao
tomar a decisão de retornar a São Paulo me assaltava uma dúvida de qual bairro
eu escolheria. Minhas irmãs pressionavam o tempo todo para que ficasse ali pela
Vila Mariana onde moram, mas que por alguma razão desconhecida a ideia não me
seduzia. O sonho de todo nativo da periferia da Zona Norte sempre foi o de
cruzar o Tietê e se estabelecer na Zona Sul como prova do seu sucesso pessoal, mas
isso não me desafiava mais, pois já o havia feito, há 35 anos, quando voltei de
Belo Horizonte para a Paulicéia.
Voltei
novamente para Minas e depois de 14 anos retornei outra vez a São Paulo e desta
vez para morar ali na Agua Fria/Barro Branco, na parte mais alta de Santana e
já próximo da Serra da Cantareira, mas que me faltava uma vista importante: o
perfil da cidade desenhado lá na outra colina oposta do Tietê. Mas desta vez a “encomenda”, teria de vir completa: num
horizonte a vista da mata da Cantareira e Horto Florestal e no outro horizonte
toda a cidade, mas bem visíveis o Edifício do Banespa e as antenas de TV na
Avenida Paulista. Era, por demais, importante esta situação.
E por
quê? Podem muitos perguntar. Porque onde resido hoje, ainda que não seja mais
periferia, ainda conserva as redondezas locais que o são e que carregam os
mesmos problemas, com os quais convivi e dos quais não quero perder a sensibilidade
e tampouco sua identidade e realidade. Eram lugares em igual vulnerabilidade como
os atuais, Osascos e Barueris da
chacina de algumas semanas passadas, já pela pouca presença do Estado.
Tanto
quanto no passado essas periferias representam a população de mais baixa
escolaridade e especialização e automaticamente de mais baixa renda e por isso
mais dependentes da qualidade dos serviços públicos de saúde, educação e
transporte. No quesito segurança, contudo, é que sempre se manifestou a maior
das carências, visto que o policiamento sempre foi mais corretivo, que
preventivo e assim a abordagem policial sempre foi mais dura e desconfiada. Nos
tempos mais antigos essas ações eram através da RUPA, (Ronda Unida da Primeira Auxiliar), da Polícia Civil e hoje através
de ROTA e ROCAM das Polícias Militares.
Entretanto
hoje um novo fenômeno foi acrescentado à insegurança nas periferias: o tráfico
de drogas e as Milícias e desta maneira a população fica refém da troca de
balas entre estes dois grupos criminosos e destes com os policiais. Em algumas
metrópoles como São Paulo as periferias se encontram nos extremos da cidade, já
em muitas outras como Rio de Janeiro as “balas
perdidas” desses confrontos entram pela janela adentro da Classe Média em
plena Zona Sul.
Todavia,
a maior perda ocorrida para as periferias foi a “higienização social” nelas ocorrida. As classes mesclavam-se
nesses bairros, desde as classes baixas mais baixas, até a média classe média e
decorrente disso filhos de todas essas classes sociais frequentavam as mesmas
escolas e postos de saúdes e os adultos os mesmos ônibus e bondes apinhados,
bem como todas as quermesses ou quaisquer eventos sociais suburbanos. Havia uma
solidariedade social automática.
Uma
imensa quantidade de Modernos Direitistas e Esquerdistas são filhos de pais
dessas antigas periferias e delas a muito tempo se afastaram e “pedrinamente” já as negaram por
milhares de vezes e lá não vão fazer manifestações, porque lá não tem o MASP, o
charme da cobertura “on line”
privilégio da Zona Sul e principalmente, não tem segurança que a garanta.
Uma
coisa que imprudentemente a Classe Média desconsidera é que ela é a Classe C e
D de ontem e poderá retornar a ela amanhã, pois em uma convulsão social serão
os seus bens que estarão mais ao alcance das Reformas Messiânicas dos “novos profetas”. Se os bens dos ricos
forem confiscados, certamente a eles voltarão, quando a “onda moralizadora” tiver passado. Já os da Classe Média, que é o “para-choque social”, ou melhor, o “grão” a ser oferecido às “mós sociais” para que dele se extraia a
“farinha da Justiça Social” estarão
definitivamente perdidos. Tem sido assim nos movimentos à Esquerda ou a Direita...
O
mais interessante de tudo é que nas manifestações da Avenida Paulista, quer
estivessem de “vermelho” ou de “verde amarelo” eram todos “reacionários” e “progressistas” da mesma classe social brigando entre si.
Muito juízo, Classe Média...
Assisti
estupefato às manifestações do Presidente da CUT e de um vereador Presidente da
Câmara no Sul da Bahia falando em “pegar
em armas” e eu conjecturo:
Eles
vão pegar em armas outra vez? Cinquenta anos depois, cinquenta quilos mais gordos
e 50 milhões de reais mais proletários?
Mais
uma vez não caberão nas suas trincheiras... Embaixo de suas camas... Os “idealistas” morreram! A eles meu “minuto de silêncio” reverente...
Dos Entendimentos & Compreensões
Exclusivo para a Sala de Protheus
De Antônio Figueiredo
Escritor & Cronista
São Paulo – SP -
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