quinta-feira, 27 de agosto de 2015


#Historias da Paulicéia:

 

“A Esquerda e a Direita, Ignorantes, da Av. Paulista”!


“... A diferença fundamental entre Direita e Esquerda

é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe

ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em

tudo que ensina....!”


 

Ao tomar a decisão de retornar a São Paulo me assaltava uma dúvida de qual bairro eu escolheria. Minhas irmãs pressionavam o tempo todo para que ficasse ali pela Vila Mariana onde moram, mas que por alguma razão desconhecida a ideia não me seduzia. O sonho de todo nativo da periferia da Zona Norte sempre foi o de cruzar o Tietê e se estabelecer na Zona Sul como prova do seu sucesso pessoal, mas isso não me desafiava mais, pois já o havia feito, há 35 anos, quando voltei de Belo Horizonte para a Paulicéia.

Voltei novamente para Minas e depois de 14 anos retornei outra vez a São Paulo e desta vez para morar ali na Agua Fria/Barro Branco, na parte mais alta de Santana e já próximo da Serra da Cantareira, mas que me faltava uma vista importante: o perfil da cidade desenhado lá na outra colina oposta do Tietê. Mas desta vez a “encomenda”, teria de vir completa: num horizonte a vista da mata da Cantareira e Horto Florestal e no outro horizonte toda a cidade, mas bem visíveis o Edifício do Banespa e as antenas de TV na Avenida Paulista. Era, por demais, importante esta situação.


E por quê? Podem muitos perguntar. Porque onde resido hoje, ainda que não seja mais periferia, ainda conserva as redondezas locais que o são e que carregam os mesmos problemas, com os quais convivi e dos quais não quero perder a sensibilidade e tampouco sua identidade e realidade. Eram lugares em igual vulnerabilidade como os atuais, Osascos e Barueris da chacina de algumas semanas passadas, já pela pouca presença do Estado.

Tanto quanto no passado essas periferias representam a população de mais baixa escolaridade e especialização e automaticamente de mais baixa renda e por isso mais dependentes da qualidade dos serviços públicos de saúde, educação e transporte. No quesito segurança, contudo, é que sempre se manifestou a maior das carências, visto que o policiamento sempre foi mais corretivo, que preventivo e assim a abordagem policial sempre foi mais dura e desconfiada. Nos tempos mais antigos essas ações eram através da RUPA, (Ronda Unida da Primeira Auxiliar), da Polícia Civil e hoje através de ROTA e ROCAM das Polícias Militares.

Entretanto hoje um novo fenômeno foi acrescentado à insegurança nas periferias: o tráfico de drogas e as Milícias e desta maneira a população fica refém da troca de balas entre estes dois grupos criminosos e destes com os policiais. Em algumas metrópoles como São Paulo as periferias se encontram nos extremos da cidade, já em muitas outras como Rio de Janeiro as “balas perdidas” desses confrontos entram pela janela adentro da Classe Média em plena Zona Sul.

Todavia, a maior perda ocorrida para as periferias foi a “higienização social” nelas ocorrida. As classes mesclavam-se nesses bairros, desde as classes baixas mais baixas, até a média classe média e decorrente disso filhos de todas essas classes sociais frequentavam as mesmas escolas e postos de saúdes e os adultos os mesmos ônibus e bondes apinhados, bem como todas as quermesses ou quaisquer eventos sociais suburbanos. Havia uma solidariedade social automática.


Uma imensa quantidade de Modernos Direitistas e Esquerdistas são filhos de pais dessas antigas periferias e delas a muito tempo se afastaram e “pedrinamente” já as negaram por milhares de vezes e lá não vão fazer manifestações, porque lá não tem o MASP, o charme da cobertura “on line” privilégio da Zona Sul e principalmente, não tem segurança que a garanta.

Uma coisa que imprudentemente a Classe Média desconsidera é que ela é a Classe C e D de ontem e poderá retornar a ela amanhã, pois em uma convulsão social serão os seus bens que estarão mais ao alcance das Reformas Messiânicas dos “novos profetas”. Se os bens dos ricos forem confiscados, certamente a eles voltarão, quando a “onda moralizadora” tiver passado. Já os da Classe Média, que é o “para-choque social”, ou melhor, o “grão” a ser oferecido às “mós sociais” para que dele se extraia a “farinha da Justiça Social” estarão definitivamente perdidos. Tem sido assim nos movimentos à Esquerda ou a Direita...


O mais interessante de tudo é que nas manifestações da Avenida Paulista, quer estivessem de “vermelho” ou de “verde amarelo” eram todos “reacionários” e “progressistas” da mesma classe social brigando entre si.

Muito juízo, Classe Média...

Assisti estupefato às manifestações do Presidente da CUT e de um vereador Presidente da Câmara no Sul da Bahia falando em “pegar em armas” e eu conjecturo:

Eles vão pegar em armas outra vez? Cinquenta anos depois, cinquenta quilos mais gordos e 50 milhões de reais mais proletários?  

Mais uma vez não caberão nas suas trincheiras... Embaixo de suas camas... Os “idealistas” morreram! A eles meu “minuto de silêncio” reverente...

 

 

Dos Entendimentos & Compreensões

Exclusivo para a Sala de Protheus

De Antônio Figueiredo

Escritor & Cronista

São Paulo – SP -

 

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