Cartinha ao Papai Noel...
e a gente ficou feliz a rezar.
Papai Noel, vê se você tem
a felicidade, pra você me dar.
Eu pensei, que todo
mundo
fosse filho de Papai Noel
e assim felicidade
eu pensei, que fosse uma
brincadeira de papel.
fosse filho de Papai Noel
e assim felicidade
eu pensei, que fosse uma
brincadeira de papel.
Já faz tempo, que eu
pedi,
mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu,
ou então felicidade
é brinquedo que não tem
mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu,
ou então felicidade
é brinquedo que não tem
Hoje eu quero entrar no “túnel do tempo” e reviver as vésperas
de Natal da minha infância. Talvez seja de todo impossível, que depois de 69
“natais” eu ainda consiga vestir “calças curtas da inocência” seguras por um
“suspensório de sonhos” e recolorir com “cabelos de milho dourado” os de hoje “cobertos
de neve”.
Mas, eu quero ...E se quero ...Eu posso. Coisas de menino
birrento. E mais uma coisa, não se riam de mim, porque o mais importante de
tudo é que eu ainda acredito em Papai Noel ...
Vocês podem me achar um alienado e até mais, um “louco de
pedra”, pois com o cenário que está pintado o nosso país nos dias de hoje, como
pode alguém querer sonhar e ainda mais ... Acreditar em Papai Noel.
Outros podem até considerar, que meu ato é uma “fuga à
realidade”, como se eu estivesse me colocando numa posição fetal literária,
como que buscando uma posição protetora intrauterina nas palavras.
Não é nada disto. Eu simplesmente quero voltar no tempo para me
permitir a escrever uma “cartinha ao Papai Noel”, daquelas que a gente pedia o
quase impossível, simplesmente pelo prazer e a coragem de pedir. Para ter o
“direito de sonhar” e que descuidadamente Papai Noel pudesse se enganar na
“distribuição” e deixar aquele “presente errado” no nosso sapatinho tão
caprichosamente engraxado ao pé da Arvore de Natal.
Por falar nisso, aos pés da árvore sempre vejo os sapatinhos de
todos, mas tenho me esquecido de colocar os meus. Talvez seja por isso, que não
venha realizando muitos dos meus desejos e sonhos.
Mas vamos à “cartinha”:
Querido Papai Noel!
Este ano eu não fui muito bonzinho. Sei que minhas notas na
“escola da vida” não foram muito boas e mamãe, como já está com noventa anos e
papai, que já “viajou” para muito longe, não estão aqui para me puxar as
orelhas, mandar escovar os dentes e tomar banho, mas mesmo assim ainda consegui
passar de ano.
Tem uma matéria que eu deveria ter me esforçado mais, que é a da
Cidadania. Deveria ter feito mais exercícios e melhorado a letra, mas
infelizmente não me esforcei o bastante e por causa disso, sei que muita gente
vai passar um ano de 2015 não muito bom.
Papai Noel, sei que por isso não mereço muitos e bons presentes,
mas o que quero que o Senhor traga não é só para mim. Quero que o Senhor traga
um pouco de paz e esperança para os “meus amiguinhos e moradores” da rua
Brasil. A rua está muito esburacada e com muito esgoto a céu aberto e por isso
muitas crianças estão ficando doentes e até morrendo. Falta escola e um guarda
na esquina para a gente atravessar a rua com segurança.
Mas o que eu mais queria é que o Senhor trouxesse aquele seu
“trenó de brinquedos” cheinho de “esperança e coragem” para que todos possam
enfrentar o ano, que está chegando. Ouço os adultos dizendo que “não vai ser
mole” e como também ouço deles, “que a vida é dura”, espero que não seja mais
dura do que já é para muitos dos meus amigos, que os pais estão desempregados.
O que tem me preocupado é que eles não têm aparecido de manhã
cedinho para brincar na rua com a gente de tanta vergonha e quando aparecem
ainda tenho que dar metade do meu pão com manteiga do café da manhã, que ainda
estava comendo. Isso não é problema, porque graças a Deus em casa temos
bastante comida.
Ainda que na noite de Natal o Senhor esteja numa grande
correria, porque afinal de contas entregar presentes no mundo inteiro, tendo
que entrar e sair num monte de chaminés, eu queria pedir um favor especial, que
não é prá mim, mas para todos os meus vizinhos da “rua Brasil”.
Lá em Brasília tem um prédio com “duas chaminés” e vai ser fácil
o Senhor achar, porque em baixo tem “duas panelas”. Uma de boca prá cima e
outra de boca para baixo. Do outro lado da praça tem uma casa bem grande com
umas “pontas de lança”. Nesses dois lugares eu queria que o Senhor despejasse
toda a “vergonha”, que todo mundo diz que está sentindo. Eu não compreendo
muito bem dessas coisas, mas se todo mundo tá falando é porque a coisa é séria.
Na verdade o que todo mundo diz é que quer ter paz e
tranquilidade para trabalhar, educar os filhos e dar a eles um “futuro melhor”.
Não daqueles que se compra em shopping center, mas daqueles que se acha na rua
com as pessoas alegres e felizes e se cumprimentando umas às outras.
Não sei se isso é pedir muito?
Se isso for impossível, deixe pelo menos muita paz e força de
vontade para as pessoas poderem mudar essas coisas ruins, que estão acontecendo
na “rua”, pois senão as coisas ficarão ainda mais difíceis, porque as pessoas
começarão a brigar umas com as outras e aí ninguém terá mais paz e esperança na
“rua”.
Quero desejar ao Senhor um Feliz Natal e muitos e muitos anos de
trabalho, que é muito bonito. Se o Senhor precisar de um ajudante é só falar.
Adoro ver as pessoas felizes e sorrindo, mas só posso ir depois que o Senhor
entregar o meu presente, então ele terá eu ser o primeiro.
Assinado: Toninho
P.S.: Dá um beijo na Mamãe Noela e um abraço em todas as renas
...
Das lembranças e da mente divina
De Antônio Figueiredo - São Paulo - SP
Escritor e Articulista.
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