quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


Das observações do Escritor
Antônio Figueiredo para a
Sala de Protheus:
O Velho e o “Novo Velho”...!

 


 “... O tempo, no fundo é uma eterna criança,
que não soube amadurecer. Eu posso, ele não vai poder me esquecer...!”

                                                         Resposta ao Tempo – Aldir Blanc

  

                                              Desde os idos de 1970, quando eu e meu amigo Oiram Correia lá da Economia de Santo André compúnhamos músicas para os Festivais Universitários da Canção, que nunca se classificavam, mas que eram “sucesso absoluto” entre as “meninas da Filosofia”, nosso “hino icônico” era “Amigo é pra essas coisas...” de Aldir Blanc e Silvio Silva Junior. Eu era o “Aldir” da dupla, o fazedor de versos e rimas, que se torcia e retorcia nas métricas para pisar nas mesmas “pegadas poéticas”. Debalde...

Aldir sempre versejou com facilidade desenhando ricas figuras poéticas contemporâneas sempre inéditas, como na canção “O bêbado e o Equilibrista” de 1969 em parceria com João Bosco. Ele turbinado pela “paisagem e agitação” cariocas e o Bosco com a cachaça de Fonte Nova, mas ambos os “quatro agitados agitadores culturais”.

Naqueles tempos respirávamos “entusiasmos ideológicos” compatíveis ou irreconciliáveis, por isso vivíamos em conflito constante e assim não nos era difícil falar das ideias de Karl Marx, ou da filosofia “hippie”, curtir Beatles e “brandir punhos” com Sérgio Ricardo nos festivais. Era a “busca de espaço” de uma “geração rebelde” e inconformada com a possibilidade de uma nova guerra e desta vez seria a da “solução final”.

Eram tempos de “guerra fria”. Éramos filhos recém-nascidos da II Guerra Mundial e da Guerra da Coréia e qualquer “revolução” fosse a Cubana, ou a Checa apelava ao nosso “espírito de luta e justiça” contra a opressão a quem quer que fosse, mas no fundo de tudo isso estava a busca do que mais queríamos, que era “paz e amor”.

“Faça humor, não faça a guerra” e a liberação sexual masculina falava alto aos nossos hormônios. Para complicar mais ainda Mary Quant ainda foi inventar a “minissaia” e Brigitte Bardot vinha desfilar de biquíni em Búzios. Buscávamos desenfreadamente a vida. Viver rapidamente era preciso, pois na tela passavam Hair e também o Couraçado Potenkim a nos mostrar a transitoriedade terrena.

 


Então veio a Revolução de 64. Nem excesso de repressão e nem de liberdade para essa juventude, que se falava pelas letras das canções para contar suas angústias e anseios. Não éramos nós que explodíamos bombas, cometíamos atentados e assaltávamos bancos, apesar de entre eles se encontrarem muitos de nossos amigos. Cada qual lutava pelo que considerava justo.

E assim passou a década de 70. Foi todos cuidar das suas vidas, criar suas famílias e “ganhar dinheiro”. O entusiasmo pela “luta pela liberdade” foi sendo substituída pela compra do novo apartamento ou do novo carro e nossos compositores favoritos exilados foram tomando gosto por Roma e Paris e com isso sobrou exclusivamente a ânsia por “votar diretamente” para Presidente.

A nova juventude começou a cantar suas crises existenciais e sua revolta pela falta de espaço nessa “nova sociedade brasileira”, enquanto criávamos nossos filhos e comprávamos apartamentos e casas de veraneio. Eram os anos 80.

“A tarde caia como um viaduto” ainda que pressagiasse a queda do Elevado Paulo de Frontin em 1971, era na verdade uma crônica crítica sobre aqueles “anos de chumbo” e é dos seus versos e inspiração, que me socorro para falar destes “anos de lama”. Naqueles tempos perdemos a “liberdade”, mas não a “vergonha”. Hoje nos envergonhamos de fazer valer nossa liberdade, porque a verdadeira vergonha a perdemos, ao deixar de lutar por ela.

Hoje decorridos 12 anos sob a “batuta democrática” de uma “pseudo esquerda” surpreendente e nós os que “sonhávamos com a volta do irmão do Henfil e toda turma, que partiu num rabo de foguete” e com “um oásis de odaliscas e tâmaras” prometidas, já não sonhamos mais, porque a realidade mostrou-se uma “miragem” tornada um “deserto de ideias e valores”.

Digo “pseudo esquerda”, porque a verdadeira nunca quis um regime democrático e de liberdades individuais e sim a “ditadura do proletariado”, na qual “uns poucos” decidiriam o que era “melhor para todos”. Entretanto, os “esquerdas rosa choque” hoje no poder fizeram questão de manter a “nomenklatura” e suas “dachas”, sem esquecer nos reservarem os “gulags”.

 


É nesse “deserto democrático”, que perambulam esses “bandos de beduínos” salteadores da nossa riqueza, das nossas esperanças e do futuro de nossos filhos e netos. Descuramos em confiar cegamente na nossa classe política entregando-lhes as “senhas” do nosso futuro e liberdade.

Se antes o sentimento de restrição de liberdade se fazia por um “regime”, hoje a sentimos pela “desfaçatez” com que respondem às ilicitudes, que comentem, jogando em nossa cara de “palhaço contribuinte” mentiras pelas quais teríamos sido colocados ajoelhados no milho na nossa infância por nossas educadoras e pais.

Já tive a oportunidade de comentar nestas crônicas, que uma das razões mais fortes da Revolução de 1964 foi exatamente o mesmo tipo de comportamentos dos políticos e suas práticas em nada diferentes das atuais, assim como também já tive a oportunidade de comentar, que a transferência da Capital Federal para Brasília, foi funesta para a “pressão democrática” sobre nossos representantes.

Em Brasília criou-se o “oásis democrático”, que sonhávamos para nós, só que o utilizam para roubar-nos do respeito, que merecemos como seus “patrões”. Quem já viveu mais de 70 anos deve lembrar-se da “panela de pressão” popular, que eram o Palácio do Catete e o de Tiradentes no Rio de Janeiro, quando lá estava instalada a capital.

Entretanto, as manifestações de Junho/Julho de 2013 por todo o país e em especial em Brasília são acontecimentos a celebrar, pois indicam que a população “acorda lentamente”, mas o faz consciente e com determinação e as Eleições de Outubro de 2014 foi o grande despertador.

Aos “inspiradores” e seu muro em Berlim o tempo fez justiça e o mesmo estará acontecendo por aqui com seus “discípulos” e seu “Muro de Brasília”. Ainda é muito cedo para se falar em “impeachment” da presidente reeleita, mas é evidente que ameias e bastiões da “fortaleza petista” começam a desmoronar e que sobre suas “coligações podres” os urubus começam a sobrevoar.

 


Nunca dantes na história deste país se escarneceu tanto do cidadão e dos seus reclamos por decência e política limpa, bem como jamais o “corretivo” será tão rigoroso e exemplarmente aplicado.

Aos nossos políticos sobra-lhes PODER ABSOLUTO, mas falta-lhes PUDOR RELATIVO... “Já raiou a liberdade no horizonte...” e luminosamente cegante para quem vive da obscuridade de ideias e atos.

Respondo que ele (tempo) aprisiona, eu liberto. Que ele adormece as paixões eu desperto -           

Resposta ao Tempo – Aldir Blanc

 

Das percepções e pesquisas do Escritor e Articulista Antônio Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo - Operário da Cidadania


 

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