Das observações do Escritor
Antônio Figueiredo para a
Sala de Protheus:
O Velho e o “Novo Velho”...!
“... O tempo, no fundo é uma eterna criança,
que não soube
amadurecer. Eu posso, ele não vai poder me esquecer...!”
Resposta ao Tempo – Aldir Blanc
Desde
os idos de 1970, quando eu e meu amigo Oiram Correia lá da Economia de Santo
André compúnhamos músicas para os Festivais Universitários da Canção, que nunca
se classificavam, mas que eram “sucesso
absoluto” entre as “meninas da
Filosofia”, nosso “hino icônico”
era “Amigo é pra essas coisas...” de
Aldir Blanc e Silvio Silva Junior. Eu era o “Aldir”
da dupla, o fazedor de versos e rimas, que se torcia e retorcia nas métricas
para pisar nas mesmas “pegadas poéticas”.
Debalde...
Aldir sempre
versejou com facilidade desenhando ricas figuras poéticas contemporâneas sempre
inéditas, como na canção “O bêbado e o Equilibrista” de 1969 em parceria com
João Bosco. Ele turbinado pela “paisagem e agitação” cariocas e o Bosco com a
cachaça de Fonte Nova, mas ambos os “quatro agitados agitadores culturais”.
Naqueles
tempos respirávamos “entusiasmos
ideológicos” compatíveis ou irreconciliáveis, por isso vivíamos em conflito
constante e assim não nos era difícil falar das ideias de Karl Marx, ou da
filosofia “hippie”, curtir Beatles e “brandir punhos” com Sérgio Ricardo nos
festivais. Era a “busca de espaço” de
uma “geração rebelde” e inconformada
com a possibilidade de uma nova guerra e desta vez seria a da “solução final”.
Eram
tempos de “guerra fria”. Éramos
filhos recém-nascidos da II Guerra Mundial e da Guerra da Coréia e qualquer “revolução” fosse a Cubana, ou a Checa
apelava ao nosso “espírito de luta e
justiça” contra a opressão a quem quer que fosse, mas no fundo de tudo isso
estava a busca do que mais queríamos, que era “paz e amor”.
“Faça humor, não faça a guerra” e a liberação sexual masculina falava
alto aos nossos hormônios. Para complicar mais ainda Mary Quant ainda foi
inventar a “minissaia” e Brigitte
Bardot vinha desfilar de biquíni em Búzios. Buscávamos desenfreadamente a vida.
Viver rapidamente era preciso, pois na tela passavam Hair e também o Couraçado
Potenkim a nos mostrar a transitoriedade terrena.
Então
veio a Revolução de 64. Nem excesso de repressão e nem de liberdade para essa
juventude, que se falava pelas letras das canções para contar suas angústias e
anseios. Não éramos nós que explodíamos bombas, cometíamos atentados e
assaltávamos bancos, apesar de entre eles se encontrarem muitos de nossos
amigos. Cada qual lutava pelo que considerava justo.
E
assim passou a década de 70. Foi todos cuidar das suas vidas, criar suas
famílias e “ganhar dinheiro”. O
entusiasmo pela “luta pela liberdade”
foi sendo substituída pela compra do novo apartamento ou do novo carro e nossos
compositores favoritos exilados foram tomando gosto por Roma e Paris e com isso
sobrou exclusivamente a ânsia por “votar
diretamente” para Presidente.
A nova juventude começou a cantar suas crises existenciais e sua revolta
pela falta de espaço nessa “nova
sociedade brasileira”, enquanto criávamos nossos filhos e comprávamos
apartamentos e casas de veraneio. Eram os anos 80.
“A
tarde caia como um viaduto” ainda que pressagiasse a queda do Elevado Paulo de
Frontin em 1971, era na verdade uma crônica crítica sobre aqueles “anos de chumbo” e é dos seus versos e
inspiração, que me socorro para falar destes “anos de lama”. Naqueles tempos perdemos a “liberdade”, mas não a “vergonha”.
Hoje nos envergonhamos de fazer valer nossa liberdade, porque a verdadeira
vergonha a perdemos, ao deixar de lutar por ela.
Hoje decorridos 12 anos sob a “batuta democrática” de uma “pseudo esquerda” surpreendente e nós os
que “sonhávamos com a volta do irmão do
Henfil e toda turma, que partiu num rabo de foguete” e com “um oásis de odaliscas e tâmaras” prometidas,
já não sonhamos mais, porque a realidade mostrou-se uma “miragem” tornada um “deserto
de ideias e valores”.
Digo
“pseudo esquerda”, porque a
verdadeira nunca quis um regime democrático e de liberdades individuais e sim a
“ditadura do proletariado”, na qual “uns poucos” decidiriam o que era “melhor para todos”. Entretanto, os “esquerdas rosa choque” hoje no poder
fizeram questão de manter a “nomenklatura”
e suas “dachas”, sem esquecer nos
reservarem os “gulags”.
É
nesse “deserto democrático”, que
perambulam esses “bandos de beduínos” salteadores
da nossa riqueza, das nossas esperanças e do futuro de nossos filhos e netos.
Descuramos em confiar cegamente na nossa classe política entregando-lhes as “senhas” do nosso futuro e liberdade.
Se
antes o sentimento de restrição de liberdade se fazia por um “regime”, hoje a sentimos pela “desfaçatez” com que respondem às
ilicitudes, que comentem, jogando em nossa cara de “palhaço contribuinte” mentiras pelas quais teríamos sido colocados
ajoelhados no milho na nossa infância por nossas educadoras e pais.
Já
tive a oportunidade de comentar nestas crônicas, que uma das razões mais fortes
da Revolução de 1964 foi exatamente o mesmo tipo de comportamentos dos
políticos e suas práticas em nada diferentes das atuais, assim como também já
tive a oportunidade de comentar, que a transferência da Capital Federal para
Brasília, foi funesta para a “pressão
democrática” sobre nossos representantes.
Em
Brasília criou-se o “oásis democrático”,
que sonhávamos para nós, só que o utilizam para roubar-nos do respeito, que
merecemos como seus “patrões”. Quem
já viveu mais de 70 anos deve lembrar-se da “panela
de pressão” popular, que eram o Palácio do Catete e o de Tiradentes no Rio
de Janeiro, quando lá estava instalada a capital.
Entretanto, as
manifestações de Junho/Julho de 2013 por todo o país e em especial em Brasília
são acontecimentos a celebrar, pois indicam que a população “acorda lentamente”, mas o faz
consciente e com determinação e as Eleições de Outubro de 2014 foi o grande
despertador.
Aos “inspiradores” e seu muro em
Berlim o tempo fez justiça e o mesmo estará acontecendo por aqui com seus “discípulos” e seu “Muro de Brasília”. Ainda é muito cedo para se falar em “impeachment” da presidente reeleita,
mas é evidente que ameias e bastiões da “fortaleza
petista” começam a desmoronar e que sobre suas “coligações podres” os urubus começam a sobrevoar.
Nunca dantes na história deste país se escarneceu tanto do cidadão e dos
seus reclamos por decência e política limpa, bem como jamais o “corretivo” será tão rigoroso e
exemplarmente aplicado.
Aos
nossos políticos sobra-lhes PODER ABSOLUTO, mas falta-lhes PUDOR RELATIVO... “Já raiou a liberdade no horizonte...” e
luminosamente cegante para quem vive da obscuridade de ideias e atos.
Respondo que ele
(tempo) aprisiona, eu liberto. Que ele adormece as paixões eu desperto -
Resposta ao Tempo – Aldir Blanc
Das percepções e pesquisas do Escritor e Articulista Antônio Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo - Operário
da Cidadania
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