terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Do escritor paulista
Antônio Figueiredo
Especial para a
Sala de Protheus:

Feliz Ano... De Novo...!

 Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
 
Ivan Lins
                                           
Hoje é trinta e um de mais um dezembro e como de hábito segue-o um “primeiro de janeiro”, daqueles que sempre juramos que “este ano eu vou ...” e então o enchemos de “promessas vencidas”, (exceto as muitas das quais já desistimos em definitivo). Todas não cumpridas, para variar, acumuladas naquele monte de “primeiros de janeiro”, que já tiveram cumpridos os seus dezembros.
Mas este ano será diferente. Tenho a mais absoluta das certezas ... Só não me lembro bem, se já disse isso no passado ...
Bem, em primeiro lugar quero me livrar de qualquer complexo de culpa, que carrego por todos estes anos por: não parar de fumar; não fazer regime e não começar a “malhar” e etc. ..., e é melhor parar por aqui.
Minha consciência, sem vergonha que é, já não cora mais de vergonha, pois acostumou-se a “descumprir projetos de ano novo”, pode “encher-se de má vontade” e então não cumprir os meus “firme propósito e desejos” para 2015.
 Vamos à minha “lista mínima”, então:

  1. Gratidão - Que eu seja grato, até mesmo ao receber um sorriso tímido e ver nele o maior tesouro que ganhei em toda a vida e jamais esquecer a importância daquele gesto e do momento;
  2. Generosidade - Que eu seja generoso gratuitamente, pois todas as dádivas que a vida dá em oportunidades, saúde, felicidade, paz e amor assim o são e muitas das vezes de quem menos esperamos ou de desconhecidos e que sejamos “devedores fieis” pagando com a mesma moeda nossos “estranhos”;
  3. Solidariedade - Que eu seja solidário naturalmente, até mesmo com quem apenas pede um olhar ou um sorriso, pois um vigilante guardião não deixa passar e de perceber por menor que seja a necessidade ou pedido;
  4. Justiça – Que eu seja humanamente justo e compreenda a limitação e tolere as deficiências e divergências com nossos semelhantes e que a maior das injustiças, que cometa seja a de tolerar os intolerantes;
Eu poderia desfilar propósitos por todo um ano e mesmo assim, ainda que os cumprisse a todos, quiçá não lograsse atingir a perfeição como ser humano. Contudo, na vida “jamais buscamos a perfeição” e sim “nos aperfeiçoar”.
Ser hoje melhores que ontem, mas não ainda o bom suficiente para o amanhã, que deve ser o nosso objetivo máximo permanente, que jamais concluiremos, mas constantemente perseguiremos.
Somos como pedras brutas lavradas continuamente e que ainda assim não perdem em tamanho, mas que crescem dia a dia ao formar parte de uma construção, quer de amanhãs melhores, quer de caminhos mais planos e amplos, onde todos possam caminhar juntos em pé de igualdade. Isso se formos “pedras do bem”. Outros simplesmente seguem seu destino eterno de “pedras brutas” e que só são úteis e se prestam a apedrejar as “Marias madalenas”.
Um “ano novo” é mais que uma contagem cronológica de tempo a ser celebrada a cada novo marco. É a lembrança de que ele “tempo” está passando e nos questionando o que temos feito com ele. Se o estamos aproveitando bem ou desperdiçando-o? Se estamos construindo com ele, ou se nada agregamos ao tempo que passou? Um dia certamente nos tomará a “prestação de contas”.
O tempo é um “diário” cheio de páginas em branco e uma “pena de escrever” autônoma, sobre as quais não se impõe qualquer vontade ou mando humano, mas que se auto escreve com as “verdades absolutas”, que testemunha, cinicamente.
Não são verdades sujeitas à interpretação ou versões de quem quer que seja, pois é a “verdade pura”, que um dia rebeldemente se revelará e então escreverá a História real, plena e absoluta. O tempo é também um “corretor de textos”, mas tão somente dos “nossos escritos”, porque o seu sempre reina dominante e eterno.
Já o que chamamos de “realidade”, para ele são simples “ilusões individuais”. Cada um de nós vê a sua com os seus “olhos da alma” e é assim que a constrói. Podemos enganar nossa percepção, mas não aquilo que o tempo “registrou” indelevelmente. O tempo é o senhor da razão e da verdade.
Sempre foi dito, que a história é a “versão dos vencedores”. Hoje não mais, pois nestes tempos em que a “informação eletrônica” de múltiplas fontes gira a Terra em questão de segundos e o Universo em minutos os fatos reportados “on line” submetem-se a diversidade da inteligência humana a decifrá-los e a interpretá-los com espantosa rapidez e fidelidade.
Qual será o “tempo” do Brasil em 2015? Continuaremos a tratar a “informação oficial” como a indiscutível e irrefutável “voz do rei”, ainda que agrida às inteligências mais primárias?  Essas são as “perguntas do milhão”.
Seguirão sendo as “ilusões individuais” de alguns “vendedores de quimeras” a “realidade do Brasil”? Ou será, que é chegada a hora de “acertar os ponteiros” desse relógio histórico e será a “ilusão coletiva” de uma Pátria Justa e Limpa, que começara a se impor em benefício da cidadania?
Ainda, que não tenha havido uma “promessa de ano novo” em primeiro de janeiro deste ano, a “verdade do tempo” se impôs e de trás das cortinas emergiu não uma “ópera bufa”, mas uma “pornochanchada política” da pior qualidade de enredo e protagonistas a debochar do “cidadão contribuinte”.

As “vergonhas da nação” ficaram expostas, até no plano internacional e a surpresa ficou por conta, de que o nu era mais decoroso, que os “farrapos ideológicos” que as cobriam.
Todavia, cumprimos agora “tempos de purificação” e já cobrimos nossas cabeças de cinzas, jejuamos e cingimos nossos cintos em expiação pelos tempos de adoração ao “bezerro de ouro” e a “ira democrática” punitiva sobre todos nós, certamente não nos condenará a esperar e vagar nesse “deserto de ideias” por 40 anos.
“Doze anos bastam, ó Liberdade ...”.
Os “muros dessa Sodoma infame”, aos judeus tocou uma Jericó, já estão à vista e expugnáveis e é para lá que vamos marchar circundando-os e batendo as nossas “sandálias dos humilhados” com toda nossa e muita mais força, levantando uma nuvem de pó, que encobrirá esse “sol de vergonha”, que cobre a Nação. Esses muros cairão em 2015 e isto é mais que uma promessa ou desejo de “ano novo”, é a vontade de um povo tomando a “pena e o livro do tempo” em suas próprias mãos para então escrever o seu “tempo criador” de futuros.
O homem “é e faz o seu tempo presente” e é sobre o “alicerce do hoje”, que edifica o seu futuro, pois ainda que eterno senhor da razão e da verdade, o tempo é subalterno à vontade e à ação do homem. Ele tão simplesmente se assenhora da “razão exercida”, “despoeira” a mentira e armazena o “grão da verdade” nos celeiros da História.

A razão decide, mas é a alma que inflama e nos leva aos “limites da irresponsabilidade”, inclusive quanto à preservação do nosso ancestral “instinto de sobrevivência” e sempre foi com estas “labaredas da indignação”, que se escreveram as mais belas páginas da história de todos os povos. Muitas vezes sangrenta, mas que a “alma brasileira” saberá redigi-las em paz.
Se é sincero cantar, que se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta e nem teme, quem te adora, a própria morte e atendermos ao que nos pede a nossa “terra adorada, (que) entre outras mil és tu, Brasil, ó Pátria Amada” poderemos celebrar:
Feliz Ano Novo, Brasil... Enfim! E em paz...

 
Do amigo Escritor e articulista
Antônio Figueiredo
São Paulo – SP.
 

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