quinta-feira, 7 de março de 2013

"... As Falsas Imagens - Nossas Máscaras - !"







“... O Mestre não é aquele que lhe diz,
mas aquele que o desperta...!”

A.    de Mello


                             E me transformei em Borboleta. Era uma larva e agora me sinto uma borboleta, não das mais bonitas e com belas cores, mas enfim borboleta, e sei que posso voar.
                         E pelo resto de minha vida serei grata ao mestre que me despertou que transformou o medo das chamas em confiança e esperança, e que me demonstrou que não sou nenhum verme.

                        É assim que Jose-Vicente Bonet,  em sua obra Autoestima -   O que é e como se faz-, pela editora Loyola,  lançado em 2003, da obra original espanhola de 2000 – Teologia del gusano – Autoestima y evangelio - faz análise da autoestima, buscando em Eric Fromm, este mais profundamente, mesmo citando vários outros autores, uma análise profunda do que temos hoje, em demasia, em uma espécie de necessidade de mascararmo-nos a todo momento, em todos os lugares, para todos os seres. A rede mundial de computadores que o diga. Fotos são colocadas – os chamados avatares - que no fundo pouco dizem de nós mesmos. Geralmente são fotos buscadas ou reformuladas. Imagens que gostaríamos que nos visualizassem dessa forma e não da que somos realmente.

O Autor diz mais: A pessoa que se autoestima de forma autêntica, em toda a sua realidade individual e social, prefere a vida a morte, o gozo ao sofrimento. E também esta disposta a sacrificar-se por uma pessoa ou causa que se identifique.

O ser humano nasce egoísta. O bebê pega tudo o que está ao seu alcance, mas a autoestima e uma arte que precisa ser aprendida não só para o bem do individuo mas para toda a sociedade.
Só o eu individual plenamente desenvolvido pode desapegar-se do Ego. Nas palavras de Eric Fromm (O criador da análise transacional).
Narcisismo é um amor a si mesmo desvinculado do amor ao próximo.
Narcisista é a pessoa, que tal como o Narciso do mito, se apaixona por sua imagem ao ponto de esquecer-se dos vínculos profundos que as une aos ouros mortais.

O narcisista busca a autorrealização, mas se detém na periferia de si mesmo, no gosto, no  estilo, na imagem que projeta no exterior, pois se revela demasiadamente incomodo para ele aprofundar-se em seu interior por medo do que possa descobrir. O narcisista  “sempre carente de autoestima”... A partir de seu vazio interior olha ao seu redor e busca pontos de referência.

Em Assim Falava Zaratustra, Nietzsche escreveu: Quero dizer uma coisa aos que desprezam o corpo: desprezam aquilo a que devem a sua estima. Quem criou a estima e o menosprezo e o valor e a vontade?
O próprio ser criador criou a sua estima e o seu menosprezo, criou a sua alegria e a sua dor. O corpo criador criou a si mesmo o espírito como emanação da sua vontade.
Diz um pouco mais no capítulo Das Alegrias e das Paixões: Seja a tua virtude demasiado alta para a familiaridade de denominações; e se necessitas falar dela não te envergonhes de balbuciar.

Fala e balbucia assim: “Este é o meu bem, o que amo; só assim me agrada inteiramente; só assim é que quero bem!”
Neste tempo de construirmos falsas imagens para abastecermos uma pseudo autoestima, precisamos nos colocar, primeiro conosco mesmo, nos descobrirmos. O outro não existe se não existirmos nós, primeiro e antes de tudo.

Não somos mais bebês, não conseguiríamos mais “querer” e “pegar” tudo o que quisermos. Mas podemos esforçar-nos, um pouco mais, e conquistar, sendo nós mesmos.
Só isso.

E pode Pensar. Ainda não dói...


Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
          Transpirado de Veneno Luar
          Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES – em 06.03



2 comentários:

  1. O narcisista espelha uma falsa autoestima, porque cultua apenas a aparência para ocultar a fragilidade do ser. Grifes até camuflam, mas não conseguem esconder o tempo todo a insegurança! É preciso cultivar o interior para o exterior brotar belo verdadeiramente!

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  2. Já dizia a TORÀ: Ama a teu próximo, como a ti mesmo. E este mandamento sempre entendido às avessas como se fosse "egoísta". O ensinamento correto é "ama a ti mesmo, como és capaz de amar a outro", pois hoje ama-se ao outro e dele se cobra o "amor que não nos damos a nós mesmos".

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