domingo, 22 de março de 2015

#PenarNaoDoi:
 
Um Estado Democrático Ou Demoníaco?
 - Ensaio sobre liberdade e igualdade -
“...Legisladores ou revolucionários que prometem
simultaneamente a igualdade e a liberdade
são sonhadores ou charlatães...!”
Johann Goethe
                         A democracia pressupõe igualdade de direitos e deveres, mas perante a quem ou ao quê, cara pálida? Que igualdade é esta, imposta na sociedade com tributação diferenciada por classe social?
                          Que igualdade existe na perversidade imposta por uma ideologia política, que obriga as gerações futuras a corrigir "desigualdades históricas"?
                         Onde está a igualdade no trânsito, que mata mais por falta de estrutura básica de circulação do que a propagandeada falta educação dos motoristas?
                         Que igualdade é pré-requisito para a tal democracia? Será que a solução não está um pouco mais longe dos olhos do poder e mais perto da base da vida dos indivíduos, considerados livres?
                              Hoje, o poder da lei ė tão contraditório quanto um adolescente que passa o dia expondo a vida nas redes sociais. Pouco olha as pessoas de casa, mas cobra mais atenção dos pais. Um poder que gasta mais energia em encontrar culpados a quem acusar, do que fazer o que lhe cabe na função que ocupa.
                            E, pelo exagero de maquiagem, seja do marqueteiro político, seja do cirurgião plástico, seja ainda dos esteroides anabolizantes estampados sob as peles tatuadas das academias, o indivíduo se vê como uma pessoa incompleta. Sem igualdade real e concreta, sente-se insuficiente no meio de tudo. Dependente deste tudo vazio, sem noção clara de absolutamente nada.
                             Nessa incerteza estrutural, atendemos prazeres imediatos, anestesiamos a angústia na hora, tão rápido, quanto o vazio da satisfação disponível. Fugindo de perdas naturais, reprimindo os próprios erros e os repetindo na proporção da falta presente, enquanto uma nova realização instantânea é alimentada pela ansiedade.
                               Um vazio existencial repetitivo, onde a fragilidade dos laços humanos reais e sólidos, só oferece espaço para dois papéis. Alguns atuando como predadores e o resto, sobrevivendo como presas desamparadas.                        
Infelizmente, tais personagens, sejam eles sociais, econômicos ou naturais, quando identificados na mesma espécie, sugere somente uma palavra, canibalismo.
                             Todos carentes de referências morais claras, que lhes imponham a responsabilidade cruel de ser igualmente livre. Talvez ainda, reconhecer o outro, também como igual, mas diferente, um simples outro, tão distintamente livre, nos mesmos limites que a igualdade se impõe a todos.
                             E ambos, tão insignificantemente iguais perante ao resto e tudo mais, por serem igualmente responsáveis também entre si.
                            Deixar de exigir respeito aos próprios limites e sim, oferecer o mesmo tipo de respeito exigido. Preservar a partir de si, o limite do outro. Sem respeito ao limite do outro, nada mais tem valor, o limite que não vale a um, muito menos importaria ao outro.
Num mundo sem limites, as mulheres são abusadas, física ou socialmente.
                              Entretanto, seguem lotando as salas dos cinemas, absolutamente encantadas com um personagem masculino que impõe sua autoridade com violência física de forma clara e abusiva. Por outro lado, o homem que se atrever a lembrar de que "a mulher apanha" e que talvez isso seja desrespeitoso, corre sério risco de guilhotina na própria cozinha.
                                   O "casaquinho" que a mãe insiste em vestir na filha é rejeitado, por vergonha das amigas da balada. Qual o mal de levar o respeito do pai, a proteção da mãe e usar ambos para ter a coragem autêntica de voltar antes da balada sem se submeter ao medo inútil da vergonha?
                                  A autoridade do respeito corre sério risco de ser decapitada já em casa e proteção simbólica causa vergonha na rua. No entanto, a autoridade romanceada da violência encanta mais do que provocação intelectual da educação. Pena que a realidade do crescente número de agressão física de mulher, desencanta, e muito.
                                  Sem reconhecimento claro de qualquer autoridade na vida real, seguem as pessoas romanceando a vida virtual. Renova-se a assinatura da angústia a cada final de semana de ressaca, a cada "gatinho" que não liga no outro dia, a cada mulher "pega" entre sexta e domingo, dissolvendo o mal-estar na esperança de outra final semana diferente, mas que se repete exatamente igual.
                             Anestesiado no tempo, parece que o ser humano escolhe dissolver a própria vida num liquidificador sempre disponível, onde hélices imediatas giram no ciclo do prazer, angústia e medo, acionadas pelo simples toque dos dedos. Na esperança de vencer os dois últimos, os dedos funcionam procurando o primeiro, mas o tempo passa e, imediatamente, as outras lâminas alcançam a vida. Num tempo considerado imediato pela eminência do próximo prazer.  
                            No entanto, o que se faz dessa vida, nesse tempo que passou entre as hélices, acaba dissolvido e alguns poucos sonhos reais (naqueles que ainda têm a capacidade de sonhar) se perdem. Mais tarde, a inconsistência da vida concreta se mostra cruelmente real. 
                          Neste momento aparecem outras duas lâminas, desamparo e indiferença. Seja do mundo predatório já experimentado, seja daquelas mesmas autoridades decapitadas no passado, muitas mortas ou distantes demais para serem acusadas do vazio dissolvido.                
                             Estas cortam de verdade, nem que seja simplesmente na memória, a alma se prende na angústia e no medo, girando na velocidade dos dedos ávidos por prazer, que terminam o serviço todo. No final, jaz o indivíduo na submissão a qualquer autoridade, desde que seja clara, presente, servindo até a abusiva.
                             Nessa brincadeira, abusam do poder de tributar em nome de serviços e estrutura nunca entregues. Abusam do poder de multar, culpando os motoristas sobreviventes das estradas que não existem. Abusam do poder de legislar para interferir na autoridade da escola em reprovar, em nome de uma "proteção" da criança que estuda pouco. Abusam das mulheres em baladas, carros, rua e em casa e, em nome do desamparo, todas aceitam caladas, engolem na vida adulta o que não quiseram ouvir dos pais guilhotinados no passado.
                            Abusam do marketing, em nome da proteção de um hierarquia política obscura. Abusam da ausência de autoridades claras, em nome de uma responsabilidade totalitária inexistente. Abusam desta responsabilidade, em nome de uma democracia desigual. Abusam desta tal democracia, em nome de "desigualdades históricas".
                             Por fim, abusam do direito, em nome de uma liberdade meramente virtual. Enquanto isso, dissolvem-se vidas encantadas no sonho de uma autoridade que torne concretos os limites que tornariam todos iguais, passo a passo, respeitada a liberdade em cada parte desfragmentada da sociedade. Igualdade e liberdade sólidas, materializadas nas autoridades reais de cada ambiente, plenamente reconhecidas nos limites que lhes cabem atuar, desde a base da casa, passando pela escola, até o topo da política.
                             Diferente disso, segue o sonho de que não doa muito a próxima porrada do galã, que saiu do filme e acordou dentro da casa de alguém que já sonhou com a balada da próxima semana, cujo pai sonhava na próxima votação do congresso, numa sociedade esperançosa na próxima eleição, votada por pessoas que, simplesmente, estão à espera da próxima mensagem elogiosa no WhatsApp. Twitter, like no Instagram.
                            E, caso este texto acabe no Face book, Twitter, coitados dos que não "curtirem", não serei mais amigo de vocês e irão arder no fogo do inferno por toda eternidade. Tanto lá, quanto no paraíso, terão que experimentar igualdade e ver que tipo de liberdade seria possível cultivar aqui na Terra.
Pode pensar... Ainda não dói...!
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Dos meus diálogos com
Michael Nedeff  Chehade
Especialista em Direito.
Amigo & Irmão de alma.
 

 

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