quarta-feira, 18 de março de 2015

BrasiWood...!

#História na Sala de Protheus:
BRASIWOOD...!
 Hoje finalmente vai ter reunião
Conversação, conversação, conversação de paz
Vão chegando os ministros das relações
De um lado o civil, do outro o militar
Variadas seitas e religiões
É porque a ajuda lá pro meu país
O caminho eu não sei o caminho não

Ana, Ana a ONU
está me dando sono
Acorda olha o dono
O dono do sono
O dono do abandono
O dono do esporte clube das nações
O dono do ar que eu respiro
Respiro prá te amar
Acorda

Hoje vai ter retransmissão
Há um satélite artificial
Para a paz, a paz
Pela televisão
Sérgio Ricardo – Conversação de Paz –
Trilha sonora de TERRA EM TRANSE

                                      Com toda a certeza se o CINEMA NOVO ressurgisse no Brasil nestes nossos tempos e aí ainda estivesse o gênio de Glauber Rocha, para reescrever o seu TERRA EM TRANSE e ainda vivessem os protagonistas Jardel Filho, Glauce Rocha, José Lewgoy, Paulo Autran, Paulo Gracindo, Francisco Milani, Hugo Carvana, Jofre Soares e se ainda se mantivessem alinhados os únicos sobreviventes, Danuza Leão, Paulo César Peréio e Darlene Glória, o “novo cenário” seria para todos um tanto quanto surpreendente.
                                    Uma breve leitura da sinopse do filme na Wikipédia além de esclarecedora revelará que Glauber foi então muito mais profético, que seria hoje surpreendente. Ainda que de “esquerda” e no “caderninho dos militares” era mal visto dentro da própria esquerda.
                              Contudo, nós que naqueles tempos gostávamos de passear pela “zona oeste” temos extrema dificuldade em entender os “atuais pós dilulianos”, aqueles que juram de pés juntos, que todos que lutaram e morreram contra a “redentora”, o faziam pela “Democracia e Liberdades Democráticas”. Ainda que por puro idealismo, não o faziam.
                              Essa geração ainda ouvia as histórias da Ditadura Vargas e por isso dispunha-se a lutar idealisticamente contra “qualquer tirania” através da “luta armada” fosse à Legião Estrangeira, ou em Sierra Maestra, na Primavera de Paris ou na Primavera de Praga. Essa geração é a geração do Couraçado Potenkim, de Spartacus, Taras Bulba e até mesmo Canção do Êxodo. Era a “geração dos rebeldes”. Em todo planeta.
                              Para quem viveu em São Paulo nesses anos sabe muito bem que exceto os bairros servidos pelos “bondes palhinha”, (Higienópolis, Brigadeiro, Paulista e Jardins), onde se concentrava a “elite paulistana”, fosse a cafeeira ou a “novo rico” industrial, o restante da cidade era composto de “bairros operários”.
                               É só se fazer um passeio ainda hoje pelas ruas de Vila Mariana, Cambuci, Aclimação, Pinheiros, Lapa, Pompeia, Itaim Bibi, Vila Olímpia, Mooca, Ipiranga para ainda encontrar as características “vilas de sobradinhos geminados”.
                              Pois bem, foi dessas periferias que nasceram os primeiros sentimentos anarquistas e “esquerdo-nacionalistas”, pois muito semelhantemente aos tempos atuais, quem não estava do lado do “poder”, (direitista de Getúlio Vargas), eram todos tachados de “comunistas” e foi desses bairros, que nasceram muitos líderes operários e estudantis de 1964, a grande maioria de origem italiana.
                               Nas primeiras décadas do Século XX e até os anos 60, o bairro do Cambuci, onde ficava a maioria das gráficas de São Paulo, era um foco de agitação política e quando eram presos anarquistas e outros líderes sindicais eram levados para as celas de uma delegacia da Rua Barão de Jaguara, mais conhecida como a “Bastilha do Cambuci”. Em Outubro de 1930 a delegacia foi tomada de assalto e incendiada pela população.
                            Em 2004 foi exibida uma minissérie sobre os 450 anos de São Paulo, (Um só Coração) e nela ficou muito bem evidenciada a “luta operária” daqueles tempos. Adentrei ao Mercado de Trabalho em 1959 no torvelinho dessa “agitação laboral” e pasmem, no movimento sindical as palavras de ordem eram contra: os baixos salários e a carestia. Eram: “filas do leite”, filas da carne”, filas do pão”, “filas do trigo”. Todas elas fruto da briga entre o Tabelamento da COFAP e o excesso da demanda por bens. Além é claro da “especulação dos tubarões”.
                               A construção acelerada de Brasília mostrou seus efeitos funestos sobre a inflação e o salário mínimo, (ver link abaixo) e isso desencadeou uma “guerra social” por ocupação e manutenção de espaços na “pirâmide social” e é evidente que os “protagonistas diretos” tinham sua preferência ideológica, mas que jamais almejaram se expandir dos limites do território nacional. A tentativa de “alinhamento” fosse à Rússia ou Estados Unidos, fruto da Guerra Fria, ocorria fora das “fileiras operárias”, por mais que tentassem os “infiltrados”.
                              O que a “elite pensante” da época, (cineastas, escritores, sociólogos, teatrólogos, pintores e muitos artistas), todos considerados “esquerdistas” pelo Governo Militar, desnudavam a “realidade brasileira” criticando suas “elites e oligarquias”, mas apontando rumos sempre com um “olhar bem brasileiro”. Por essa razão Glauber Rocha, um ídolo da “dita esquerda” criticava também a “esquerda”.
                                A Revolução de 64 foi a luta entre dois modelos antagônicos e no final, a “esquerda” por sua “histórica inexpressividade”, como o é até os dias de hoje, perdeu e aos perdedores coube o ônus da derrota. Simples assim. Os vencedores escrevem a História, menos no Brasil.
                               Ao “cidadão contribuinte” pouco importa quem foram os heróis ou os vilões, pois isso nada acrescenta à História, uma vez a verdade nunca se conhece instantaneamente. Tem que “maturar” em páginas amarelas da História e dos livros.
                                Interessa ao cidadão o respeito aos seus direitos e que os políticos sejam fieis obedientes à Constituição. Assim como o contribuinte eleitor é fiel pagador ou recebedor das suas más ou boas escolhas, que tal regra se estenda a todos e principalmente aqueles que se dizem “nossos representantes”.
                             A discussão Direita x Esquerda é meramente semântica, pois nada acontecerá sem que o povo permita ou enlouqueça e só serve a interesses espúrios de influência. Ao povo bastam paz e justiça social, que só se alcança com o respeito integral ao dinheiro do cidadão e o respeito às leis.
                              A mentira será sempre mentira independentemente de ser dita com um sorriso ou a boca espumando. Continuará mentira vestida de andrajos ou de traje de gala, pois sempre esbarrará na “memória histórica”.
No grito só se “toca gado”...

 

Fonte:
(http://www.ocaixa.com.br/bancodedados/salariominimo.html
Antônio Figueiredo
Escritor  & Cronista
São Paulo – SP.

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