#PreconceitoNao:
cada
homem é parte do continente, parte do todo;
se
um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor,
como se fosse um promontório, assim como se
fosse
uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte
de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte
da
humanidade; e por isso, nunca procure saber por
quem
os sinos dobram, eles dobram por ti...!””
Em 30 de Abril me
deparei com esta postagem na Rede Social Twitter:
Mas, o pior é que a
Monga, mulher gorila foi na verdade uma pessoa real, mais uma mulher explorada,
como tantas são ainda hoje, no tráfico humano, na televisão, por cafetões, por
maridos e tantos outros.
Julia Pastrana era
uma indígena mexicana, nascida em
1834 com hipertricose (doença que faz nascer pelos pôr todo corpo)
e também com hiperplasia gengival
(responsável por suas feições simiescas).
Diz a história que foi
vendida pela mãe a um tal Theodor Lent, que casou com ela e a exibia em feiras,
circos e lugares baratos, como Monga, a mulher gorila. Outros dados
dão conta que Julia trabalhava para o governador de Sinaloa chamado Rates que a levou a Nova Iorque para mostrá-la a
amigos cientistas e jornalistas.
Tutela de Rates, Julia
se apresentava em shows, onde expunha sua aparência monstruosa, mas também
demonstrava sua inteligência, delicadeza e voz belíssima. Não demorou muito
para que outro homem mostrasse interesse pelo “espécime” e comprasse Julia: J. W. Beach passou a mostrá-la como
um híbrido de mulher e orangotango,
com o aval de um doutor Brainerd, que a reputou pertencente a uma espécie
distinta.
Após várias viagens
pelos Estados Unidos, Julia caiu nas mãos de Theodore Lent, que a levou para
uma turnê na Europa, com enorme sucesso. O público se impressionava com a
cultura e boas maneiras de Pastrana, além de sua bela voz. Julia foi até
escalada para um trabalho “sério” em
teatro, em Leipzig, onde interpretava uma mulher de voz linda, coberta sob um
véu, que se revelava no final da peça. O próprio Charles Darwin se encantou com
Pastrana, citando-a no prefácio: “Variação
de Animais e Plantas Domesticados”: “Uma mulher admirável, com uma barba grossa
e masculina.”
Aos 26 ela morreu de
parto e o seu bebe dias depois, a criança também tinha hipertricose. Lent mumificou
os dois e continuou a exibi-los até morrer lá pelos idos de 1921. Depois disso
a múmia de Julia Pastrana ficou sendo exibida em espetáculos duvidosos até ir
para o Instituto de Oslo. Somente em 2013 uma ativista mexicana solicitou a
múmia de Julia Pastrana para ser enterrada.
A segunda história
que quero contar é de Saartjie Baartaman,
uma negra sul africana pertencente à tribo
khoi-san, que tinha grandes seios e grandes nádegas, de baixa estatura,
coxas grossas, enganada que ficaria rica na Europa era exposta, como Julia, num
Show de horrores. Saartjie era
colocada numa jaula de onde saía gritando assustando a todos como um animal
selvagem. Era uma mulher de feitios "Inusitados"
para os europeus. Foi exibida pela Europa, onde foi alvo de chacotas e
humilhações, charges.
Depois foi
exaustivamente estudada por "médicos
europeus", diante de tantas violências, foi levada a se prostituir e
tornou-se alcoolista, morreu 1815 provavelmente por varíola. Seu esqueleto,
órgãos genitais (as mulheres de sua tribo
tem uma peculiaridade quanto aos lábios genitais) e cérebro ficaram em
exposição (como teoria da revolução
racial) até 1974. Somente em 2002, Nelson Mandela reclamou seus restos
mortais, que foram levados para África do Sul. Sobre Saartjie existe um filme, que se
encontra no Youtube “Vênus Negra”.
Duas mulheres em tempos distintos vivendo a mais miseráveis das vidas, mas, tão atuais. Quantas Julias e Saartjies existem pelo mundo, barbarizadas, humilhadas, violadas de todas as formas. O sexismo, o preconceito com a pessoa com deficiência, os nossos preconceitos, por mais que os mascaremos, acabam abrindo brechas e aparecendo como neste post dessa criatura infeliz.
Em respeito a Julia Prastana,
a Saartjie Baartaman, eu lhe convido a repensar seus conceitos, eu lhe convido
a ir ao encontro da sua humanidade. Porque elas duas e as outras tantas
mulheres somos eu e você...Duas mulheres em tempos distintos vivendo a mais miseráveis das vidas, mas, tão atuais. Quantas Julias e Saartjies existem pelo mundo, barbarizadas, humilhadas, violadas de todas as formas. O sexismo, o preconceito com a pessoa com deficiência, os nossos preconceitos, por mais que os mascaremos, acabam abrindo brechas e aparecendo como neste post dessa criatura infeliz.
Para
Candida pensar não dói... Já o preconceito...
Candida
Maria Ferreira da Silva
Assistente Social, Teóloga, Especialista
em
Infância e Violência Domestica pela USP.
Infância e Violência Domestica pela USP.
- Rio de Janeiro – RJ -
Outras
fontes:
http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/04/vida-e-morte-pastrana/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Saartjie_Baartman/
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