As
histórias vividas do
escritor Antônio Figueiredo
na Sala de Protheus:
4 Taste – Esticar a Corda!
escritor Antônio Figueiredo
na Sala de Protheus:
Estica e Puxa...
Ouvi dizer que o tempo não volta atrás
Já tentei de tudo, mas no fundo sei que não sou capaz É tão difícil aceitar esta visão
Estou tão cego não consigo achar a solução
Acordar do sonho Olhar pro futuro
Acordar e esticar a corda
Não me diga que não está na hora
Não sei se fico ou se vou embora
Só quero um rumo para esta história
Já tentei de tudo, mas no fundo sei que não sou capaz É tão difícil aceitar esta visão
Estou tão cego não consigo achar a solução
Acordar do sonho Olhar pro futuro
Acordar e esticar a corda
Não me diga que não está na hora
Não sei se fico ou se vou embora
Só quero um rumo para esta história
4 Taste – Esticar a Corda!
As pessoas que
habitualmente me leem já estão acostumadas com um trecho de música sempre abrindo
a crônica e isso só vem comprovar que os poetas e bardos sempre foram e
continuam sendo cronistas pontuais do que vai pela boca do povo. Em especial
quando o tempo é de “exceção ou
turbulência política” as letras de música tornam-se “mensagens cifradas” da insatisfação ou dos “propósitos resistentes”, que permeia o sentimento popular.
Os contemporâneos
do Movimento de 1964 hão de se
lembrar de dezenas de músicas Chico Buarque, Gonzaguinha, Edu Lobo, Vinicius de
Morais, Carlos Lira, João do Vale, Sérgio Ricardo, Caetano Veloso, Gilberto Gil
e muitos outros autores falando de “privação”,
“resistência” e até “contrarrevolução”
impessoalmente contra um conhecido “inimigo
imaginário”.
Bem, naqueles
tempos o “confronto ideológico” era
indireto e sub-reptício. Como se diz na Bahia, desde sempre, que duro com duro
não faz bom muro e “naqueles tempos”,
no Brasil todo, quem tem “cu” tem
medo. Estamos com Figueiredo, o do “prendo
e arrebento”, para quem se interpusesse ao Processo de Redemocratização e
com isso paradoxalmente constatarmos, que até a Democracia pode ser imposta por
“ato de força”.
Fruto de
exercício permanente e da luta de muitos a Democracia no Brasil de hoje é
sinônimo de “elasticidade”, tanta é a
sua capacidade de “esticar e puxar” e
assim dentro dela abrigar pontos de vista e opiniões tão polares. Extremismos à
direita e à Esquerda tem conceitos admitidos e abrangidos nela. Afinal a
Democracia implica em “respeito a todos”,
inclusive às “minorias barulhentas”. Conceitos
sim, mas atos não.
Entretanto, o “estica e puxa” que tanto acrescentou em
“tolerância” ao nosso desenvolvimento
democrático, livrando-nos de “tensões
desnecessárias”, que no passado tantos golpes políticos aos “donos da cidadania” ensejaram, hoje
toma características de “elástico frouxo”
e com isso a noção exata da “medida do democraticamente
permitido”.
O Chuí dista da
fronteira de Roraima com a Guiana, aproximados, 4.400 km e Recife do Extremo
Oeste Amazônico, outros, 4.300 km.
Quanta “injustiça e disparidade social” com
milhares de diferentes graus de carência e emergência cabem dentro deste “continente” chamado Brasil, mas que em
sua grande maioria não encontra reconhecimento e retumbância nacional e por não
formar “eco eleitoral” está omissamente
deixada à “Bolsa Família pagará”.
Essas
realidades são conhecidas desde que o Marechal Rondon esquadrinhou a Amazônia e
durante os Governos Militares o Projeto Rondon encheu de universitários o Norte
e Nordeste, em primeiro lugar para que eles conhecessem as diferentes “realidades regionais”, mas também para
que o Governo planejasse suas “ações
sociais”.
Era o tempo do
Milagre Brasileiro, que começou em 1970 e podíamos nos permitir “esses luxos” de fazer “obras de interiorização” do porte da
Perimetral Norte, Transamazônica, Tucuruí, Sobradinho e muitas outras. Já era
um “princípio” no trato das
diferenças, mas que teve “morte
prematura” já em 1974. Não tínhamos petróleo e nem “legalidade democrática” e o “milagre”
virou charlatanismo e com isso patinamos por 20 anos até o Plano Real.
Jamais
considerei qualquer realização de qualquer Governo uma vitória pessoal de
qualquer político. Eles são eleitos para essa finalidade e não estão mais do
que cumprindo a obrigação do “mandato
popular” outorgado, segundo suas promessas de “realização das aspirações” de todos os cidadãos.
No caso do Plano
Real, foi a lição de casa “bem feita”
pelos que já haviam fracassado antes ao entender que a Lei da Oferta e da
Procura é a única que “regula” o
Mercado. A sociedade apoiou porque se cansou de medidas populistas e
casuísticas de ajuste e “nuncadantesnahistóriadestepais”
o brasileiro viu a sua moeda tão respeitada e essa conquista credita-se à
sociedade como uma “nação”.
De maneira
idêntica tem respondido a sociedade ao “crescente
esforço fiscal” nestes últimos 30 anos, que, entretanto em quase nada tem
sido útil para a “inclusão” dos “eternos excluídos”, pois que os
Governos irresponsavelmente além de “gastar”
esse “suor extra”, ainda têm gastado
crescentemente pelo aumento da Dívida Pública.
E é esse “saco sem fundo”, que vem testando não
apenas a “confiança nas instituições”
por parte da sociedade, mas principalmente a nossa paciente capacidade
contributiva, mormente pela constatação de que nestes últimos anos essa
capacidade destina-se alimentar uma “cadeia
de malversação” do “dinheiro público”
honestamente ganho pelo contribuinte.
Aquilo que foi
uma tentativa frustrada nos anos 60 de organização de movimentos sociais
mantidos pelo dinheiro público, (Ligas
Camponesas e Grupos dos Onze) o que sempre foi uma prática dos “partidos comunistas” na montagem de um
“exército partidário”, (os bate-paus), consolidou-se nos
Governos do PT de 2003 até os dias de hoje. E aí está um “ex-presidente” chamando às ruas o “exército do Stédile” para a manutenção de um “projeto de poder”, que evidentemente se desfaz em nacos
apodrecidos de carne corrompida.
O que o PT e
sua “Nomenklatura” talvez não tenham
se dado conta, é que a mesma barreira, a qual impede que o Brasil marche
celeremente para a sua integração social justa e igualitária é a mesma que não
permitirá a confirmação de um “poder
totalitário” dominante. Seu imenso território, habitado por uma imensa e
diversificada realidade social e econômica.
O “Bolsa Família”, ainda que reúna um “exército de desassistidos”, não é um “movimento social” organizado, que pese
e influencie rumos. É tão simplesmente um “exército
irregular” disperso e sem líderes. Faltou “inteligência estratégica” ao PT, que optou por “movimentos sociais” agitadores para
pressionar os “grandes e mais
desenvolvidos centros”, exclusivamente.
Basta analisar
o peso da atuação e influência do MST no Norte e Nordeste e do MTST fora do “eixo São Paulo x Rio”, como também o
da “liderança partidária”, que exerce
o PT nessas regiões.
Entretanto, este não é
apenas o grande desafio de organização política que enfrenta um “esquema de Poder”, mas a própria
organização política, partidária e institucional, que enfrenta o Brasil e a
razão desses “estica e puxa”, que
enfrentamos desde a Independência. O desafio segue sendo a “construção” de uma Nação pra valer.
O que
crescentemente vem mudando o Brasil é o reconhecimento dessa multiplicidade de
caracteres, com “classes específicas”
de Nordestinos, Nortistas e os do Centro Oeste reconhecendo “identidades equivalentes” no Sul e o
Sudeste, que enfrentam iguais problemas. O Sul-Sudeste vem deixando
progressivamente de ser o “explorador”
de regiões menos favorecidas. Todas as regiões têm sido “exploradas” nas suas expectativas, igualmente.
Já houve
tempo em que o PT era a “salvação do
Brasil”. Bastou-lhe 12 anos de poder para instalar-se o “Brasil do salve-se, quem puder”...
Evoluímos...
A questão
hoje é saber se ainda há espaço para esticar, ou se já é hora de puxar...
A Democracia é
elástica, até o ponto em que se rompe. Daí prá frente, ninguém quer pagar para
ver.
Entendimentos & Compreensões
Antônio Figueiredo –
Escritor & Articulista –
São Paulo – SP
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