“Brasil Sem...
...Jornada... Literatura...
Cultura!”
“...Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a
sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que
toda a criação autêntica é um dom para o futuro.
Albert Camus
Passo Fundo – no
norte do RS – recebeu uma péssima noticia depois de trabalhar por mais de
30 anos para se tornar referência no mundo da literatura e cultura em todo o
Mundo. Foi como se fosse uma “nota de
falecimento”:
Publicado pelo Jornal Estado de São Paulo, a
manchete dizia no ultimo dia 20 de maio: “Sem apoio, Jornada de Literatura de Passo
Fundo é cancelada”.
Enquanto a média de leitura do brasilês é de 4,5 livros/ano, dos quais
apenas 2,5 terminam a leitura de cada obra, com a elaboração, desde a década de
80, da Jornada Nacional de Literatura, a
cidade passou a figurar em estatísticas mundiais e não mais no tal de IBGE. Ou
seja, a media de leitura de um passofundense é de 6.5 livros, lidos até o final
per capita, como média geral. Se
contarmos as áreas de prestação de serviços, acadêmicas e médicas o numero sobe
para 8.5 livros/ per capita ano. Média de países de primeiro mundo.
Este foi
apenas um dos resultados desta jornada iniciada e comandada pela fantástica Professora
Doutora Tânia Rösing. – Ela é a imagem
e o coração das Jornadas.
Tive o privilégio de fazer a
primeira entrevista jornalística com Dra. Tânia em 1981. A alegria contagiante
era a mesma até a última jornada já no famoso “Circo da Cultura”, uma imensa área dentro do Campus da
Universidade de Passo Fundo, destinada exclusivamente para a jornada. Além
disso, ainda acontecem entre uma e outra (são
bianuais) a Internacional e a
Jornadinha, para crianças. Escolas do
estado inteiro lotam ônibus para trazerem
leitores para estarem próximo dos grandes escritores.
Verdadeiras celebrações do livro, da leitura e da
literatura aconteceram, bianualmente, e na
UPF, com a intenção de formar leitores que apreciem o texto literário e
envolvam-se com linguagens peculiares às diferentes manifestações culturais,
como o teatro, a música, a pintura, a arquitetura, a fotografia e a dança. As
Jornadas Literárias de Passo Fundo, um dos maiores debates literários da
América Latina, acontecem desde 1981, envolvendo escritores, intelectuais,
pensadores e artistas, além de milhares de leitores.
A movimentação literária de formação de leitores,
promovida pela UPF e Prefeitura de Passo Fundo, levou o governo federal a
conferir a Passo Fundo o título de
Capital Nacional da Literatura, concedido em 2006, por meio da Lei Federal
nº 11.264. Maria Fernanda Rodrigues, que fez o material sobre a jornada em seu jornal, O Estadão, deixou dito:
“Pela primeira vez em sua história, a Jornada Nacional de
Literatura desiste de uma edição por falta de patrocínio.
O orçamento
inicial era de R$ 3,5 milhões, valor que poderia ser captado por meio das leis
Rouanet e de Incentivo à Cultura (RS). Com as dificuldades iniciais, diminuíram
para R$ 3 milhões. Depois, para R$ 2,5 milhões. Não adiantou.” Diz mais para a jornalista:
“Nunca foi
fácil organizá-la e, nas últimas três décadas, houve momentos em que Tânia
Rösing, a idealizadora e coordenadora do evento, pensou em se resignar. Mas,
mesmo aos trancos e barrancos, as lonas de circo eram montadas ano sim, ano não
no câmpus da Universidade de Passo Fundo, para que 18 mil crianças e
adolescentes e entre 3 mil e 5 mil professores pudessem participar de encontros
com escritores e pesquisadores. A semana do evento costuma ser o encerramento
de uma etapa do grande projeto de formação de leitores que é a Jornada –
iniciado em sala de aula com a leitura de obras literárias e com trabalhos
feitos a partir desses livros. A prática é constante nas escolas da região – em
ano de Jornada ou não. “
E a parte triste para o passofundense, vem do
lamento da competente Professora e Doutora Tania: quando disse a jornalista:
“... A Jornada
seria realizada entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro e este ano foi
contratada uma empresa de captação de recursos, com atuação também em São Paulo
e no Rio de Janeiro, já que o cardiologista de Tânia Rösing a proibiu de fazer
as andanças que ela faz todos os anos para tentar fechar a conta. A professora,
no entanto, considera que o resultado teria sido o mesmo se fosse ela batendo
na porta das empresas....!”
Eis o que as Redes Sociais
chamam, subjetivamente, de “pátria
DESeducadora”. Nunca o MEC, o tal e
dito Ministério da Cultura, (deixo de
fora a educação, pois estão longe de tal ato) tinha praticado um “crime” contra a literatura e a
cultura brasilesa. Sinceramente: Eu imagino o estado da Prof. Dra.
Tânia ao ficar sabendo ou tomado esta decisão no ultimo dia 20 de maio. Se para nós simples leitores foi um “tapa na cara” deste “governinho incompetente”, não quero nem
pensar em como deve estar se sentindo esta mulher, guerreira, fantástica que
deu metade de sua vida para a realização deste projeto que é divulgado no mundo
inteiro. Fiz a primeira entrevista... Lamento
Dra. Tânia... Não vou fazer a última... Não suportaria vê-la tão entristecida
com a decisão que teve que tomar. Passo Fundo, O Rio Grande do Sul e o
Brasil perderam um dos maiores eventos literários dos últimos 30 anos. Vamos
colocar na conta destes “governinhos”,
sim, Federal e Estadual, que tem feito de tudo para, literalmente, destruir
tudo o que foi feito de bom para este amado povo Brasilês.
Somente posso
dizer:
“..Belo
trabalho Prof. Dra. Tânia, bela herança que nos deixa e um legado de cultura
que jamais será esquecido e, logo, retornaremos com a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, quando não dependermos
mais de “governinhos incompetentes”... Nós lhe agradecemos profundamente o que
fez até hoje. Sinta-se bem. Sinta-se com a missão cumprida. Pois nós sabemos
aonde e em quem colocar nosso sentimento mais impuro por não termos mais a “sua” Jornada...”. A colega Maria Fernanda deixou como registro no
final de sua matéria as palavras da Prof.
Dra. Tânia Rösing:
“... Quanto a
buscar apoio fora do Rio Grande do Sul, ela diz: "Não deveríamos estar
disputando, no Rio de Janeiro, espaço com a Flip. Admiro o trabalho que eles
fazem, mas não temos nada a ver com a Flip. E não vou ficar disputando beleza
com o BNDES, com a Eletrobrás, porque a bancada carioca é mais forte do que as
outras...!”.
A noticia
cultural mais triste deste ano para o Rio Grande do Sul.
Obrigado
Governos incompetentes.
Pensar
não dói...
Perder
a Jornada... “Dói“... E muito!
Fontes:
http://jornadadeliteratura.upf.br/
MARIA FERNANDA RODRIGUES do Jornal o Estadão
http://m.cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,sem-apoio-jornada-de-literatura-de-passo-fundo-e-cancelada,1690339
Publicado:
http://www.konvenios.com.br/info/verArtigo.aspx?a-id=26576#.VWXqLc9Viko
Vitória – Espirito Santo
Em publicação:
www.pintoresfamosos.com.br
São Paulo - SP
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