quarta-feira, 27 de maio de 2015


 

“Brasil Sem...

...Jornada... Literatura... Cultura!”


“...Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro.

 

Albert Camus

 

Passo Fundo – no norte do RS – recebeu uma péssima noticia depois de trabalhar por mais de 30 anos para se tornar referência no mundo da literatura e cultura em todo o Mundo. Foi como se fosse uma “nota de falecimento”:

Publicado pelo Jornal Estado de São Paulo, a manchete dizia no ultimo dia 20 de maio: “Sem apoio, Jornada de Literatura de Passo Fundo é cancelada”.


Enquanto a média de leitura do brasilês é de 4,5 livros/ano, dos quais apenas 2,5 terminam a leitura de cada obra, com a elaboração, desde a década de 80, da Jornada Nacional de Literatura, a cidade passou a figurar em estatísticas mundiais e não mais no tal de IBGE. Ou seja, a media de leitura de um passofundense é de 6.5 livros, lidos até o final per capita, como média geral. Se contarmos as áreas de prestação de serviços, acadêmicas e médicas o numero sobe para 8.5 livros/ per capita ano. Média de países de primeiro mundo.

Este foi apenas um dos resultados desta jornada iniciada e comandada pela fantástica Professora Doutora Tânia Rösing. – Ela é a imagem e o coração das Jornadas.


 Tive o privilégio de fazer a primeira entrevista jornalística com Dra. Tânia em 1981. A alegria contagiante era a mesma até a última jornada já no famoso “Circo da Cultura”, uma imensa área dentro do Campus da Universidade de Passo Fundo, destinada exclusivamente para a jornada. Além disso, ainda acontecem entre uma e outra (são bianuais) a Internacional e a Jornadinha, para crianças. Escolas do estado inteiro lotam ônibus para trazerem  leitores para estarem próximo dos grandes escritores.


Verdadeiras celebrações do livro, da leitura e da literatura aconteceram, bianualmente, e na UPF, com a intenção de formar leitores que apreciem o texto literário e envolvam-se com linguagens peculiares às diferentes manifestações culturais, como o teatro, a música, a pintura, a arquitetura, a fotografia e a dança. As Jornadas Literárias de Passo Fundo, um dos maiores debates literários da América Latina, acontecem desde 1981, envolvendo escritores, intelectuais, pensadores e artistas, além de milhares de leitores.

A movimentação literária de formação de leitores, promovida pela UPF e Prefeitura de Passo Fundo, levou o governo federal a conferir a Passo Fundo o título de Capital Nacional da Literatura, concedido em 2006, por meio da Lei Federal nº 11.264. Maria Fernanda Rodrigues, que fez o material sobre a jornada em seu jornal, O Estadão, deixou dito:


 “Pela primeira vez em sua história, a Jornada Nacional de Literatura desiste de uma edição por falta de patrocínio.

O orçamento inicial era de R$ 3,5 milhões, valor que poderia ser captado por meio das leis Rouanet e de Incentivo à Cultura (RS). Com as dificuldades iniciais, diminuíram para R$ 3 milhões. Depois, para R$ 2,5 milhões. Não adiantou.”  Diz mais para a jornalista:

“Nunca foi fácil organizá-la e, nas últimas três décadas, houve momentos em que Tânia Rösing, a idealizadora e coordenadora do evento, pensou em se resignar. Mas, mesmo aos trancos e barrancos, as lonas de circo eram montadas ano sim, ano não no câmpus da Universidade de Passo Fundo, para que 18 mil crianças e adolescentes e entre 3 mil e 5 mil professores pudessem participar de encontros com escritores e pesquisadores. A semana do evento costuma ser o encerramento de uma etapa do grande projeto de formação de leitores que é a Jornada – iniciado em sala de aula com a leitura de obras literárias e com trabalhos feitos a partir desses livros. A prática é constante nas escolas da região – em ano de Jornada ou não. “

E a parte triste para o passofundense, vem do lamento da competente Professora e Doutora Tania: quando disse a jornalista:

“... A Jornada seria realizada entre os dias 28 de setembro e 2 de outubro e este ano foi contratada uma empresa de captação de recursos, com atuação também em São Paulo e no Rio de Janeiro, já que o cardiologista de Tânia Rösing a proibiu de fazer as andanças que ela faz todos os anos para tentar fechar a conta. A professora, no entanto, considera que o resultado teria sido o mesmo se fosse ela batendo na porta das empresas....!”


 Eis o que as Redes Sociais chamam, subjetivamente, de “pátria DESeducadora”.  Nunca o MEC, o tal e dito Ministério da Cultura, (deixo de fora a educação, pois estão longe de tal ato) tinha praticado um “crime” contra a literatura e a cultura brasilesa. Sinceramente: Eu imagino o estado da Prof. Dra. Tânia ao ficar sabendo ou tomado esta decisão no ultimo dia 20 de maio. Se para nós simples leitores foi um “tapa na cara” deste “governinho incompetente”, não quero nem pensar em como deve estar se sentindo esta mulher, guerreira, fantástica que deu metade de sua vida para a realização deste projeto que é divulgado no mundo inteiro. Fiz a primeira entrevista... Lamento Dra. Tânia... Não vou fazer a última... Não suportaria vê-la tão entristecida com a decisão que teve que tomar. Passo Fundo, O Rio Grande do Sul e o Brasil perderam um dos maiores eventos literários dos últimos 30 anos. Vamos colocar na conta destes “governinhos”, sim, Federal e Estadual, que tem feito de tudo para, literalmente, destruir tudo o que foi feito de bom para este amado povo Brasilês.

Somente posso  dizer:

 “..Belo trabalho Prof. Dra. Tânia, bela herança que nos deixa e um legado de cultura que jamais será esquecido e, logo, retornaremos com a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, quando não dependermos mais de “governinhos incompetentes”... Nós lhe agradecemos profundamente o que fez até hoje. Sinta-se bem. Sinta-se com a missão cumprida. Pois nós sabemos aonde e em quem colocar nosso sentimento mais impuro por não termos mais  a “sua” Jornada...”. A colega Maria Fernanda deixou como registro no final de sua matéria as palavras da Prof. Dra. Tânia Rösing:


“... Quanto a buscar apoio fora do Rio Grande do Sul, ela diz: "Não deveríamos estar disputando, no Rio de Janeiro, espaço com a Flip. Admiro o trabalho que eles fazem, mas não temos nada a ver com a Flip. E não vou ficar disputando beleza com o BNDES, com a Eletrobrás, porque a bancada carioca é mais forte do que as outras...!”.

A noticia cultural mais triste deste ano para o Rio Grande do Sul.

Obrigado Governos incompetentes.

Pensar não dói...

Perder a Jornada... “Dói“... E muito!

 

 

Fontes:

 

http://jornadadeliteratura.upf.br/

MARIA FERNANDA RODRIGUES do Jornal o Estadão

http://m.cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,sem-apoio-jornada-de-literatura-de-passo-fundo-e-cancelada,1690339

Publicado:

http://www.konvenios.com.br/info/verArtigo.aspx?a-id=26576#.VWXqLc9Viko

Vitória – Espirito Santo

Em publicação:

www.pintoresfamosos.com.br

São Paulo - SP

 

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