#HistóriasVividas:
“Meu Pintinho Amarelinho...!”
“...Meu
pintinho amarelinho
Cabe aqui na minha mão.
Quando quer comer bichinhos,
Com seus pezinhos ele cisca o chão.
Cabe aqui na minha mão.
Quando quer comer bichinhos,
Com seus pezinhos ele cisca o chão.
Ele bate
as asas,
Ele faz piu piu,
Mas tem muito medo é do gavião...!”
Ele faz piu piu,
Mas tem muito medo é do gavião...!”
Galinha Pintadinha – Meu Pintinho
Amarelinho
Ela sempre “fingia
medinho”, cobrindo seus olhos com as mãozinhas, mas deixando entrever entre
seus dedinhos seus olhinhos negros irrequietos à espera da minha reação. Esse
era um perigo real, pois quando ela nasceu morávamos na fazenda e poucas eram
as semanas em que não se via uma “choca” cheia
de pintinhos correndo pelo terreiro. Contudo, felizmente os seus “pintinhos amarelinhos” sempre estiveram
a salvo e assim nunca precisamos lidar com essa ameaça concretizada.
Sempre duvidei da eficácia ou da serventia
pedagógica de estimular os “medos
infantis”, pois sempre questionei: o que ensina fazer uma criança chorar?
Na famosa canção “boi da cara preta”
sempre cantava para ela, “olha essa
menina que não tem medo de careta” e então ela sorria feliz. O medo é uma
herança ancestral, que não precisamos exercitar, posto que já vêm, no “pacote da autopreservação”, da espécie.
O que sempre procurei ensinar aos meus filhos foi
o reconhecimento dos perigos reais e ela ainda muito pequenina já reconhecia o
chocalho de uma cascavel: “Toba” e
saia correndo quicando na ponta dos seus pezinhos. Era exatamente isso que queria
que ela aprendesse. A “noção exata”
do perigo real, pois ainda que a cascavel tenha muito má fama, é uma cobra
extremamente paciente e só ataca se fortemente ameaçada.
É desse aprendizado, que carece o “nosso pintinho verde-amarelinho”, pois
pelo que se lê nas redes sociais, é que nossos céus estão infestados de “perigosos gaviões” e que a nossa “infantil democracia” corre riscos
eminentes. Impressiona-me a quantidade de “Traficantes
do Medo”, tanto à Esquerda, como a Direita, que por pura “burrice histórica”, desconhecem a
solidez da Democracia Brasileira.
No século passado por 36 anos em 55 anos, (1930/45 e de 1964/85) estivemos sob
dois regimes ditatoriais. Um civil, (Getúlio
Vargas), apoiado por militares e talvez o mais repressor de todos os tempos
e outro militar apoiado por civis, igualmente repressor e o que me pergunto é
que se as “verdadeiras forças
democráticas” nada aprendeu daqueles tempos?
Na realidade da Ditadura Vargas não existe hoje em dia uma “memória histórica” viva a testemunhar os horrores daqueles tempos
e dos únicos protagonistas políticos que são lembrados só restaram Getúlio Vargas e Carlos Lacerda e mesmo
assim atores políticos do Governo Vargas de 1950 a 1954, que já respirava “novos ventos democráticos”, ainda que
fosse por influência dos militares recém-vindos da II Guerra Mundial, que
aeravam o “pulmão nacional”.
Olhar para o Movimento de 1964 como uma exclusiva
reação à ameaça comunizante é uma visão míope da História. Na verdade, a “elite militar” já sonhava de longa data
com um “Brasil sob nova direção” e no
novo cenário da “Guerra Fria”, para se
sobressair dentro dos dois Grandes Blocos, (USA
e URSS), sobrava espaço para “hegemonias
regionais” e foi esse espaço que Golbery do Couto e Silva planejou ocupar e
efetivamente ocupou. Só assim se justificam os “maciços investimentos” conseguidos e que mudaram radicalmente a
infraestrutura do país.
O que tenho visto é uma quantidade imensa de “cabeças ocas” defendendo a “ideologia” como o “motor histórico”, seja pela Esquerda ou pela Direita. Como já
dizia Bill Clinton em sua Campanha contra Bush Pai em 1992: É a Economia,
estúpido. O mesmo poderia ter dito Karl Marx ao escrever o Capital, pois toda
sua teoria se desenvolveu em cima de um “cenário
econômico”. É a Economia que qual vento sobre o capinzal movimenta ondas em
todos os sentidos e é a “onda principal”,
que move uma “corrente ideológica”.
O Governo Fernando
Henrique, (Itamar Franco), considerado por alguns como “neoliberal”, ainda que tenha propiciado o maior programa de “distribuição de renda”, (uma medida
econômica), através do Plano Real,
sucumbiu em 2002 por força da “crise da
dívida” e o eleitor votou em Lula, não por conta de suas “pseudo-ideias socializantes”, mas pelo
desânimo com a continuidade dos programas do PSDB.
O Governo Lula a rigor manteve todas as políticas
econômicas herdadas, mas graças à bonança da Economia Mundial privilegiou
fortemente programas sociais, além de conseguir evitar efeitos catastróficos à
Economia resultantes da Crise Mundial de 2008 e isso he rendeu uma reeleição e
a eleição e reeleição da sua sucessora Dilma Rousseff.
Contudo, foi o artificialismo das medidas
econômicas entre 2010/14 e a maquiagem de dados econômicos postergando suas
consequências para além de novembro 2014, que a levou a uma reeleição
extremamente apertada. Agora em 2015 todo o “circo”
desabou e com ele os índices de aprovação da “Presidenta” e do PT. É
evidente que a dimensão dos escândalos também comprometeu a Economia e a
integridade de muitas empresas estatais.
Idêntico ao que aconteceu em 2002, o Governo
perdeu sua “capacidade de investir” no
desenvolvimento e principalmente de manter e incrementar “Programas Sociais”. Existe uma falácia de que somente Governos de
Esquerda tem a “preocupação social”,
mas a meu ver “o bem-estar social”
não é bandeira de nenhuma ideologia e sim o fim precípuo de qualquer Governo
Eleito, pois foi para isso que foi eleito pela “grande massa sem ideologia”, que é quem efetivamente sustenta
qualquer Governo.
A grande mudança a partir de 1964 foi
conscientização e a valorização de uma classe média urbana, quanto aos seus
direitos sociais e principalmente quanto às suas necessidades e direitos através
da Educação. A mudança de atitude política é sempre precedida das mudanças de
comportamento econômico, que por sua vez modificam o comportamento social.
Não importa se o Governo queira ainda tomar uma
estrada, que conduza a uma Moscou, que não mais existe ou para Washington, que
ainda continua lá. Antigamente dizia-se que “com
cuspe e com jeito...!”. Hoje o cidadão comum avalia todo e qualquer governo
pelo “ronco da barriga” e pelo “volume no bolso”, que tem sua carteira.
Em Moscou e Pequim também funciona assim hoje em
dia, ainda que o “pintinho seja cor de
rosa”.
Dos
Entendimentos & Compreensões
E da
história Vivida do Escritor e Cronista
Antônio
Figueiredo – São Paulo – SP –
Exclusivo
para a Sala de Protheus
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