sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O que faz de você ser você!





“... Quanto mais o homem fala de si, mas deixa de ser ele mesmo. Dê-lhe uma máscara e ele dirá a verdade...!”
 Oscar Wilde.


                                Quem é você? É assim que Jostain Gaardner inicia seu romance O Mundo de Sofia - Uma Pequena História da Filosofia -. Quase biográfico, pela história da filosofia, tentando ensinar Sofia, uma menina de 15 anos, quem ela é? De onde veio e para onde vai. Como é o mundo a sua volta e porque todos se compartam de tal maneira. Mas, no fundo quem é você? Provavelmente esta é a pergunta mais fácil que se possa fazer a uma pessoa, não é mesmo? A pessoa que não sabe responder a esta pergunta saberá então responder o quê?
Portanto, veja-se respondendo de forma mais objetiva possível.
Repito a pergunta:
Quem é você?
                               Se eu pedir que você responda usando no máximo dez ou doze palavras, certamente você limitará a resposta ao seu nome, idade, altura, naturalidade, estado civil, e, talvez, profissão, não é mesmo?
Se, no entanto, eu pedir que responda em dez ou doze linhas, além dos seus dados pessoais, você traçará um pequeno perfil da sua personalidade, falará dos seus sonhos e ideais mais imediatos, e até mesmo poderá comentar um ou outro fato relevante da sua vida. Correto?
Mas eu posso pedir também que você responda em dez ou doze páginas datilografadas. Neste caso, você precisará se expor mais ainda, falar de coisas que compõem o seu universo particular, detalhes da sua infância, da sua formação profissional, enfim, “desenhará” a imagem mais próxima possível da sua realidade. As três respostas, entretanto, estarão falando da mesma pessoa, estarão se referindo exclusivamente a você.
                                A nossa realidade social é exatamente esta; somos a mesma pessoa sempre, em todas as circunstâncias, em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, porém, redigida e paginada de forma diferente.  
                        Essa diferença de “exposição” é que permite que a nossa imagem seja também interpretada de formas bem diferentes. Em suma, somos uma só pessoa, mas não temos uma só imagem. Podemos ter – e na verdade temos - muitas imagens, algumas das quais chegariam a nos surpreender se pudéssemos vê-las pela ótica alheia.

 Assim sou um “Eu” quando estou em casa com minha família. Às vezes até necessito, vez por outra, de uma “máscara” para não dizer exatamente como estou o que acaba interferindo em “quem eu sou”. Quando saio de casa, de minha família, posso mostrar outro “eu”, inconscientemente, para meus amigos, de acordo com o ambiente ou a natureza das pessoas que estou convivendo. Novamente mudarei este “eu”, quando estiver no trabalho. E mudarei novamente quando for ao colégio ou faculdade. Estas máscaras, identificadas pela personalidade por Freud, são uma espécie de sobrevivência mediante ao ambiente em que estamos ou enfrentamos. Mas no fundo mesmo quem somos nós.

 O que faz de mim ser exatamente o que sou. Teríamos que escolher entre a confrontação genética do qual fui criada; o ambiente, entre eles o social e familiar onde vivo e, principalmente, o sistema de educação ao qual fui criado. Depois disso, meus amigos vão interferir neste processo, de forma aleatória, através do sistema de comparação. O que gostamos, “copiamos” a adaptamos ao nosso “eu”, o que não gostamos deixamos de lado. E vamos fazendo isso uma vida toda, infelizmente, no fundo, sem descobrirmos, exatamente, quem somos nós.

Com a retirada, ou na maior parte do ensino, a pouca influência da filosofia, nos tornamos um pouco preguiçosos com esta “matéria”. Somente quando sofremos duros “golpes” e necessitamos parar é que a pergunta vem à tona novamente. Mas o que faz de eu ser o que sou, é exatamente esta mistura, esta miscigenação cultural ao qual estamos inseridos, a todo o momento, Em casa, no trabalho, na escola, na sociedade, com o namorado ou esposo, ou vice versa. E depois o mundo seria extremamente violento se o homem pudesse ler o pensamento alheio; seria o caos, uma briga em cada esquina.


Leituras & Pensamentos da Madrugada
Extraído dos Entendimentos & Compreensões
de Hérika Gambin -  Toledo, PR,
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES
www.konvenios.com.br/articulistas

Um comentário:

  1. O que faz de mim ser quem eu sou? Não apenas o que herdei de traços genéticos e da educação que recebi, mas e PRINCIPALMENTE DOS EXEMPLOS QUE TIVE E TENHO. As ações falam muito mais do que só palavras. Pais não são perfeitos, mas são espelhos em quem os filhos se miram para concordar ou discordar, quando ainda, neste último caso, ainda lhes falta a maturidade adequada para equacionar o 'modelo' de casa e as influências recebidas na escola, dos amigos e do mundo, enfim. Tenho orgulho da lisura de meus pais, avós maternos e paternos. Exemplos dignos.
    Diga-me hoje quem faria o que meu avô materno José da Costa Lima fez? Comerciante, na sua Paraíba natal, se via, à época da GRANDE DEPRESSÃO de 1929, aflito com a crise no comércio local. Veio às pressas com os filhos e a esposa para o Recife, MAS ANTES DE VIR, PUBLICOU UM ANÚNCIO NO JORNAL DIZENDO DE SUA SITUAÇÃO E, CASO ALGUÉM PRECISASSE FALAR OU RECEBER DINHEIRO DELE, O PROCURASSE NO ENDEREÇO...O meu eu é composto de quem sou, mais do "eu" bom (exemplo) de todos os meus antepassados. Meu alicerce é forte. Para degringolar está difícil. Tenho uma serenidade interior que me acompanha e me norteia nas horas mais prementes. Não vou acertar todas as vezes e nem errar. Vou seguir aprendendo e tentando me equilibrar na corda bamba da vida, sempre buscando a decência.

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