quinta-feira, 11 de abril de 2013


“Fala & Linguagem!” – III -
- As aventuras de little John na Comunicação –
#SOSEducação





“O Amor é o encontro que tudo espera
Todos os sentimentos
Sinto o Onipresente, que conduz o homem,
Ao longo do caminho
Encontrar amor e paz
Acordar para seu interior
Gritar pelo Amor
Sabendo que a vida não existe sem
Você, P A L A V R A,
Linda e forte, capaz,
De mudar a diretriz de uma vida
Sangrenta e Cruel....”.

 Kristhel Byancco – As Facetas de uma Mulher


O Outono prosseguia, neste ano, em sua “cruzada” diferençada de anos anteriores. Algum frio, a noite, por dias de sol brilhante que aquecia o tempo diferente. Já se encaminhava a metade do mês, em pleno outono.. Eram nestes dias que little John (1) preferia, aos de chuva, acinzentados em que não podia brincar visitar o papagaio da vizinha e não via o “chato” do doutor Gumercindo. 

Ele se divertia com a rabugice do velho advogado. Estava extasiado e contava para todos os colegas da escola suas novas descobertas. Adorava dizer, o que para ele, eram palavras novas e difíceis de serem pronunciadas: “fonoaudiologia”, Aparelho fonoarticulatório – tinha predileção por este nome que explicava seu “aparelhinho”, foi uma das primeiras grandes palavras e difíceis de serem pronunciadas que tinha aprendido com a fadinha. Impressionava a professora que lhe perguntava com quem tinha aprendido tudo aquilo.

Ele simplesmente dizia que estava “lendo” muito, e que sua irmã mais velha tinha deixado uns livros da faculdade, e que ele bisbilhotava. Satisfazendo assim a velha professora que nunca tinha ouvido falar de Broca (2), Wernicke (3) e outros nomes que little John trazia para a sala de aula e se tornava o centro das atenções. A velha professora não ligava pois  julgava ser a televisão que mostra tudo em todos os horários. Mas estava satisfeita, pois o menino estava aprendendo algo diferençado e isso auxiliava no aprendizado e em suas matérias do dia-a-dia. Ele estava mais concentrado, sua linguagem era mais pausada, seus pensamentos mais direcionados. Enfim mostrava-se outra criança. Mesmo que ficasse pensativa de como aquele menino estava aprendendo tantas coisas, consideradas técnicas demais para ele, e tinha capacidade para guardar.

Quando ouvia isso little John simplesmente “viajava” em seus pensamentos:
- Ah, se a professora conhecesse a fadinha! Acho que ela ia perder o emprego aqui na escola.
Saia da escola, e já imaginava um local onde encontrar a fadinha. Estava esperto. Sabia que a fadinha nunca ia para o mesmo lugar e pensava.
- Acho que ela não gosta muito de ser vista. E hoje vou para um lugar novo, garanto que ela vai estar lá.

A tarde estava em seu curso normal, little John saiu de casa dizendo para sua mãe que ia brincar com seus amigos da escola, ao que sua mãe respondeu:
- Não volta tarde, e cuidado por onde anda, amo você!
Little John já acrescentou a frase aos seus novos conhecimentos:

- Hummm... Minha mãe ta usando só o seu “automático”, sua área de Broca.... Por que ela sempre diz isso quando eu saio. Se eu disser que vou sair e não for, ela diz igual. Engraçado, acho que falta alguma coisa. A fadinha deve saber.

Little John encaminhou-se a um pequeno riacho, aos fundos de um bosque que fazia às vezes de “praça natural”, em seu bairro.
Chegando, procurou seu lugar preferido. Uma pequena queda d´água, em que apareciam as pedras e a água correndo cristalina. Ali, naquele lugar, little John costumava banhar-se nas tardes quentes do verão. Mas hoje escolheu, pois, sabia que a fadinha iria gostar muito daquele lugar.
Recostou-se em uma árvore e adormeceu.

Um clarão luminoso foi o sinal de que a Fadinha Andréa (4) estava chegando.
E hoje ela estava mais bonita do que nunca. Estava com aquele lenço verde, grande, sobre o pescoço e os ombros. Little John achava que o lugar de onde ela vinha também era frio. Toda de branco, parecia uma “doutora”, realçava ainda mais sua pele, seus olhos negros e grandes e seu cabelo bem preto. Little John tinha preferência sempre em olhar as mãos da fadinha. Quando ela chegava tocava-lhe a face. O menino ficava encantado com o gesto.

- Olá little John, como está você.
- Muito bem fadinha, eu já estou “craque” no “aparelhinho”. 
- Então vamos ver o que você já aprendeu Você lembra?
-Sim, fadinha, até a professora queria saber como eu aprendi.
- Ela me perguntou e eu disse que nossa voz, que é o som da fala, é por causa que nós, humanos, temos um aparelho fonoarticulatório, e que graças a nossa boca, lábios, dentes, céu-da-boca, língua, “piso” da boca...
Ao que a fadinha interrompe:

- Assoalho da boca, little John, é apenas um nome para se referir a parte inferior de nossa boca e ficar melhor na explicação.
Ao que little John interrompe:
- Mas não é a mesma coisa fadinha?
- Não, meu menino, “piso” vem de pisar, de utilizar os pés, por isso que aprendemos e hoje você vai saber mais sobre as palavras. Cada uma delas tem uma significação, e quando a usamos elas tem que ter uma direção correta. Assim todos sempre vão saber o que realmente estamos falando. Compreendeu?

- Puxa fadinha, ta bom, acho que sim.... e continua.
- Bem, depois vêm aquelas duas partezinhas que eu não esqueço as cordas-vocais, as duas irmãs laringe e faringe, traquéia, esôfago.... acho que não esqueci nada né?
- Muito bom, little John, para seu aprendizado está ótimo, não se preocupe.
- mas fadinha o papagaio não tem isso tudo?
- Não meu menino, a ave tem o bico, que é a sua “boca”, mas bem diferente de nós, aquilo que você enxerga e parece ser a “língua” da ave, tem outras funções diferentes do que para vocês. E elas não têm o restante tudo. Por isso não falam.

- Ah, ta entendi.
- Bem fadinha depois disso tudo, ai vem o tio Broca, que é aquela partezinha aqui em cima da cabeça, lá dentro, que a parte responsável pelos sons da nossa fala. É como se fosse um automático, não é fadinha?
-Mais ou menos, little John, nós dizemos “automático”, pois esta ligada a uma parte do cérebro....
Ao que o menino interrompe, para mostrar que tinha aprendido....
- No lobo Frontal, né fadinha?

- Sim, little John isso mesmo, mas por sua vez, esta ligada a outras partezinhas, do cérebro de vocês, mas é isso sim.
- E quem tem problemas no Broca é afaaa..... esta parte eu não lembro fadinha.
-Afásico, meu menino, mas isso está mais ligado à outra parte que vamos aprender hoje, a região da linguagem no cérebro, que é também chamado de área de Wernicke, que foi aquele tio que descobriu, logo depois de Broca, que a linguagem em tudo aquilo que ela significa era correspondente à outra ligação em nosso cérebro.
- Como assim fadinha, interrompe o menino.

- Veja bem, logo atrás de Broca – colocando seus dedinhos na cabeça de little John, acima da orelha, um pouquinho mais para trás, aqui de seu lado esquerdo, tem outra área no cérebro de vocês, humanos, é aqui que se localiza a área da linguagem ou de Werneck.
- Na ultima vez que nos encontramos, você disse que aprendeu isso na escola, linguagem. Não deixa de estar certo, little John, pois a área de Wernicke é a responsável pela compreensão das palavras e todos os significados, a estruturação inclusive da sua língua portuguesa, esta diretamente ligado a esta capacidade. A semântica.

Ao que o menino interrompe:
- O que é isso fadinha!
-Semântica, little John, é a parte da gramática que estuda o sentido e a aplicação das palavras em um contexto.
- Você ainda vai aprender isso na escola, mas é a significação das palavras quando você as coloca em uma frase, é desta forma que você utiliza a área da linguagem ou de Wernicke.

- Por exemplo, little John, quando eu digo manga, o que você entende?
- A manga de molhar o jardim lá de casa.... Mas também tem a manga que eu gosto de chupar...!
- Viu little John, exatamente isso, quando eu disser para você uma palavra, solta, sozinha, ela não pode ter significado, mas quando eu a colocar em um “lugarzinho na frase”, em um contexto, quando ela faz parte de algo, ela encontra o seu significado. Muito bom!. Exatamente isso.

- Outro exemplo, bom menino, em nosso primeiro encontro, você disse que o doutor Gumercindo te chamou de “loiro”.... (5) o que você quis dizer com isso?
- É uma gozação, fadinha. Quando os outros não entendem o que queremos dizer.
- Viu! Não significa que seu cabelo tivesse outra cor, não é mesmo, foi apenas um contexto, utilizado pela colocação das palavras, para dizer a você outra coisa. Isso faz parte da semântica. O poder das palavras, a linguagem que vocês utilizam.

- Outro exemplo, quando você cumprimenta o doutor Gumercindo, como ele responde?
- Fadinha, ele nem olha pra gente, só diz bom dia e continua andando?
- Mas tem outra forma de dizer isso? – pergunta a fadinha.

Little John enrubesce, encolhe-se um pouco, e deixa sair, quase sem querer.
-Tem... fadinha!
Fadinha Andréa percebe o tom de timidez do menino e pergunta.
-Hummmm... isso esta me parecendo outra coisa! Por acaso você tem uma namoradinha na escola?

Little John surpreso com a percepção da Fadinha responde.
- Ta bem fadinha, tem uma menina que eu gosto muito, o nome dela é Isadora.
- Muito bem little John, que bom... Mas, então, o que tem de diferente no que eu lhe perguntei sobre o cumprimento?

-Bem fadinha, quando o doutor Gumercindo diz bom dia, é como se não dissesse, acho que ele usa só o Broca...
E continua:
- Mas quando Isadora diz bom dia... parece que até os barulhos somem.... parece que vem lá do coração, seus olhos brilham, e é diferente sim fadinha.
- Muito bom little John, exatamente isso. Quando, como você diz, o dr. Gumercindo lhe cumprimenta, é apenas por fazer, uma espécie de gesto de boa-educação, mas quando Isadora lhe cumprimenta, ela mostra sensibilidade, ela mostra suas emoções, seus sentimentos...
Ao que little John interrompe:

 – Quer dizer que ela gosta de mim:
- Pode ser little John, pode ser. Mas esta é uma tarefa da linguagem, de como colocamos nossas palavras em cada frase, o quanto de sentimento elas possuem, de nossa paixão ao dizer tudo aquilo que realmente queremos dizer e sentimos.

- Esta é a área da linguagem, de Wernicke, que funciona em sua cabecinha, entendeu?
- Puxa, gostei deste tal de Wernicke, ele sabia das coisas né?
E continua
– Então o que aprendemos na escola é mais ou menos isso, sobre linguagem.
-Sim little John, mais ou menos isso, sim. O restante, não se preocupe você vai ter muito tempo para aprender. Agora você tem que se preocupar com as coisas que são importantes para você, como brincar, cuidar de você, se divertir.... Você terá muito tempo ainda para estas coisas.
Ao que little John responde:

- Mas eu gostei desta parte sobre como falar, assim quando eu falar com Isadora, eu não vou usar o Broca, vou preferir o Wernicke.
A fadinha sorrindo com a doçura e a inocência de little John, deixa-lhe um beijo na face, e desaparece entre os raios de sol.
Little John acorda. Meio tonto ainda com tantas informações recebidas da fadinha. Mas fica contente. Sabe que agora vai poder dizer para sua mãe:

 - Eu te amo, e olhar bem nos olhos dela, assim ela saberá que ele esta dizendo por ser verdade, por ele sentir e não só dizer, por dizer.
Ele entendeu que quando cumprimentar Isadora, será diferente e ele entendera todos os olhares, assim como a fadinha fazia, mas ele sabia que ainda não tinha coragem para dizer para Isadora que amava ela. Isso ia ter que esperar.

- Puxa...!  - lembrou little John: - ele esqueceu de perguntar onde ficava a coragem, no seu cérebro, pois ele ia precisar disso para falar com Isadora.

Bem mas isso é uma parte da linguagem para outro encontro de Fadinha Andréa, suas lições de língua, Linguagem e Sensibilidade, e little John terá que esperar.

O tempo que dedicamos ao aprendizado de alguém esta diretamente ligado à sensibilidade que “construímos” em nosso coração, proveniente da parte mais essencial de nosso ser, para que possamos repassar, a outros seres, com a mesma paixão com que colocamos nossa própria vida. Esta é a diferença entre repassar conhecimento e ensinar a pensar.

Little John descobriu cedo, que cada palavra bem articulada, com os sentimentos mais puros de seu pequeno ser, encontrarão respostas positivas, sorridentes do outro lado. Se conseguíssemos sempre, como little John falar para o outro lado, como se à frente tivéssemos uma Isadora, certamente construiríamos um mundo melhor. Das palavras e pelas palavras o som mais puro de nossa alma.

“Homenagem a todos aos profissionais da fonoaudiologia e todos aqueles que utilizam a palavra com sensibilidade e que descobriram que Pensar não dói !”.


Notas explicativas do glossário da bibliografia do rodapé –


1 - little John – Americanização para fugir dos tempestios primitivos de ongs e  tribos do politicamente correto, combatentes de pseudas-pré-concepções.

2 - Paul Pierre Broca – 1861 – Medico e Antropologo francês descobriu a área motora da fala.

3 - Carl Wernicke – 1876 -  Neurologista e Psiquiatra alemão -  descobre a
      área de compreensão, da inteligencia, do agrupamento e da classificação das diferentes emoções, tambem chamada de área da linguagem, em continuação ao trabalho de Broca.

4 - Fada Andréa – Homenagem a fonoaudióloga e especialista em   Educação
       Especial, Supervisão e Orientação escolar e Psicopedagogia,  Professora Andréa Schiavetto de Campo Mourão – PR. Uma das mais inteligentes e dedicadas profissionais da área que o autor conhece.

5 - Loiro – Criação americana, abrasileirado como neologismo explicativo das
      pessoas que tem preguiça de pensar por sí próprias, sinonimia de “antas”,
      “bizonhos”, ou comportamentos nao pensados, etc. Nem sempre possue a
       coloração loura nos cabelos.



Inspírado e transpirado do conhecimento
da  professora  Andréa Schiavetto - Psicopedagoga Clínica e Educacional,
Coaching Educacional, Fonoaudióloga Clínica e Educacional, Administradora Educacional, Orientadora Educacional,
Educação Especial e Assessora Educacional do Colégio
Adventista de Campo Mourão, Palestras e  Capacitações sobre Educação.

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