Individualidade
Iluminada!
“...
Na embriaguês o individuo perde a consciência
de
sua individualidade; desabrocha naquela
excitada
massa em festa, dilui-se com ela...!”
-
Nietzsche citando Latacz em A Tragédia Grega
-
Aqueles que conhecemos em nossa vida logo
se tornam multidões. Amigos são poucos. Amigos estão conectados com nossa mais
profunda relação conosco e consigo mesmos. Eles entendem as “loucuras” como se fossem uma espécie de
reflexo apaixonante.
Tenho-os, e bem espalhados por este
Brasil. Em cada um deles encontro o brilho necessário para refletir a vida com
mais paixão
Eles são muito especiais. São eternos “namorados da alma”. Amigos da alma não são convencionais estão
além da hipocrisia. Amigos sábios, cúmplices, modelos. Identificados com a
chama criativa, da paixão, exatamente como a que está em sua profundidade do
ser. Aquilo que o pensador chamava de além-humano.
Nietzsche,
certamente, teria criado um personagem especial, em uma definição atual. Mas
não é o caso dele. A magia de nossa relação conosco mesmo é que permanece um
mistério, menos para amigos. Mas, parece, estamos dispostos a continuar assim.
Por isso são amigos. Necessários e muito amados, além do simples amor
convencional.
Vez por outra recebo recados. Neles
estão pedidos de “socorro”. Envaidece-me,
pois seus pedidos requerem um contato, uma presença. Esta é a solução
procurada. Nada de carência sentida. Isso seria primitivo. Tem diferença com
necessidade humana.
Quando não podem fazer isso, mandam-me
recados. Os mais diferentes possíveis. Quase um divã de suas relações com as pessoas a sua volta, com o mundo.
Uma
destas amigas, muito amada, é Branwen. Sim, homenageio-a como a Rainha das
Águas, da Mitologia Celta. Ela é assim. Uma espécie de sábia, naturalmente
precoce.
Uma filósofa de profundidade extremada
e difícil de ser encontrada. Sensibilidade tão aflorada que em nossas
conversas, vez por outra sou surpreendido por alguma colocação tão profunda e
inédita, como se ela já tivesse vivido 100 anos. Há algum tempo, recebi um
recado de sua indignação.
Quando ela “reclama” de algo, geralmente, é uma espécie de sinopse de algum
tratado de filosofia das relações.
O
recado tinha título: Que Capa Você Veste?
E começava assim:
“...
Fascinante o encantamento que nos toma quando nos permitimos ser surpreendidos
por vitrinas que despertam nosso desejo consumista. Nosso desejo de estar melhores,
de nos sentirmos melhores (...).”
É apenas a introdução. E é um recado pessoal,
de amigo. Ela não tem este “espírito
consumista”. Como a conheço, profundamente, certamente que era apenas uma
espécie de “preparação” para o que
vinha em seguida:
E a sequência continha:
“...
Na verdade, todos são “vitrinas”, expostas a um público completamente
desconhecido 'escancarados' à observação e avaliação daqueles que acreditam
serem os “donos-da-verdade”, os sabedores da história, os conhecedores das
'ciências ocultas', com incrível poder de análise e eficiente formação de
valores que podem ser amplamente divulgados e seguidos, cegamente, por seus pares...”.
A
maioria das pessoas, que conheço, iria direto ao ponto, chorariam suas mágoas,
esbravejariam altíssimo por algo que lhes tenha acontecido, rogaria “pragas”, buscariam culpados, tudo como
uma espécie de: “reconhecendo-se a culpa
costuma-se tornar menor a pena”. Meio agostiniano eu sei (Santo Agostinho, filósofo da igreja).
Mas para Branwen isso seria simplório,
em demasia. Fugiria
de seu contexto de “nobre”. Típico de
sua alma iluminada e elevada. E ela vai mais longe:
“...
Suas vidas são impulsionadas pelos meandros da fofoca, da maledicência, da
preocupação incessante com os comportamentos alheios. Demonstram extrema
necessidade de verem disseminadas suas inferências malévolas aos que,
supostamente detém algum poder...”!
Afinal quando se fala é necessário
explorar, com riqueza, o que se quer dizer. Não precisam ser argumentos
aristotélicos de análise e síntese, porem enriquece os seres que convivem.
E Branwen continua:
“...
E a quem estes bajulam e informam incessantemente, completamente providos dos
interesses e objetivo de, simplesmente, terem opinião considerada e a possível
situação de um 'linchamento' em praça pública de um de seus desafetos...”.
Poderia muito bem significar uma
espécie de “recado” aos “politiqueiros”. Mas não se enganem. Não
buscaria significado para hipocrisias baratas. Ela detesta explicações fáceis
ou fortuitas. Até porque, deixa na continuação, sua marca:
“...
É nobre salvar a pátria, zelar pelos bons costumes e pelo cumprimento de regras
estabelecidas? Seria, se o “candidato” a “nobre” fosse pessoa de conduta Ilibada,
sem resquícios de arrogância ou ignorância. Se um de seus desafetos veste-se
com grandes doses de sentimentos nobres, com discretas aplicações de sarcasmo,
antes de discutir...”.
Assim
fica o recado desta amiga, amada e sábia, sobre nossas próprias condutas. Fica
o modelo de síntese do “que dizer e por
que”, em cada contexto. Fica mais fácil ser contraditório quando não se
sabe o que dizer. Por isso Branwen, quando deixa seu recado tem profundidade
que nos ajudam a pensar sobre nossa própria conduta.
Ela encerra o “recadinho” assim:
“...
Observe o que vestes, pois as traças do rancor, do desamor e da infelicidade
podem ter roído toda a sua capa dourada de 'Nobre'...!”
'Nossa
Conduta Revela o Nosso Caráter'.
Conclui Branwen.
Em tempo:
O recado não é para políticos não.
Apenas o que Branwen capta, com sua sensibilidade, no dia-a-dia, e reparte
conosco.
Pensar em quem somos como nos
relacionamos com o outro e para que estejam aqui não dói e nos difere do
primitivo, concluo eu!
Entendimentos
& Compreensões
Leituras
& Pensamentos da Madrugada
Publicado
no Sitio da Kasal – Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
Sitio
do Grupo Gazeta Noticias – Carazinho – RS
www.gazeta670.com.br/colunistas
A Individualidade Iluminada! Belíssimo tema para uma profunda reflexão do ser um tanto quanto perdido na sociedade do TER. Por que há pessoas com 90 anos parecendo que têm 60 e tantos outros com 20 ou 30, com ares de 80? A conduta, a coerência ou o que costumamos chamar popularmente de filosofia de vida interfere e muito no semblante da pessoa e na sua estética, como um todo. A alma, quando não é leve, envelhece precocemente. Spa's, plásticas, grifes e todas as novidades que prometem milagres não surtem o efeito desejado, pois o pensar está em descompasso com o agir... Se não se evolui como SER HUMANO, é porque a individualidade ainda não encontrou a luz! Sinal de que aspectos importantes da vida não estão sendo levados a sério, ou pior, nem sequer foram descobertos. Quem dera todos encontrassem o caminho do equilíbrio, começando por PENSAR antes de FALAR ou ESCREVER para não MAGOAR o outro deliberadamente! Começamos a olhar o outro, assim como a tudo que nos cerca, com outros olhos, quando inciamos a viagem rumo ao EU... Dói, mas os frutos são doces e verdadeiros!
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