quinta-feira, 23 de maio de 2013

"O Homem ou a Instituição?"



" ... Na sociedade, que é a humanidade no espaço e na história,
que é a humanidade no tempo, há bacilos e toxinas de forma humana
que o olhar das gerações não descobre, que o olhar dos historiadores
ignora, ou muitas vezes, finge ignorar, mas cuja existência não
é um mistério para o bacteriologista da sociedade e da história..."

         E.Malynski e L. de Poncins - A Guerra Oculta -   


O que mais nos falta na época atual, chamada de contínua modernidade, é aquela "coisa" fantástica chamada de sentimento de povo, sua seiva, sua alma.


Parte-se do princípio, verdadeiramente humano, de que o indivíduo somente crescerá se o meio em que vive crescer primeiro, ou seja, da união de indivíduos temos um meio forte, que o transformará em um indivíduo forte. O contrário não é verdadeiro.
O homem criou instituições através de modelos corrigidos por centenas de anos, na tentativa, muitas vezes utópica, de se chegar ao meio social - onde deve sempre estar inserido o indivíduo - perfeito e harmonioso. Estas instituições deveriam ser servidas de homens de valores, de méritos para que estes através de suas sabedorias imprescindíveis colocassem o crescimento e o progresso do povo como um todo, acima de tudo.

A crença no progresso está naturalmente identificada na essência, com o desenvolvimento material. Alias, René Guéneon, criticou admiravelmente isto em seu livro " Oriente e Ocidente " quando diz: "...A crença no progresso indefinido é a mais ingênua e a mais grosseira de todas as formas de otimismo..." - É também por isso que verifica-se atualmente, no chamado mundo moderno, ao qual o Brasil quer se inserir, as instituições serem menos importantes de que o indivíduo que a dirige, ou que deveria nos representar.

Contrariando o princípio acima colocado, estes indivíduos colocaram as considerações pessoais acima da busca da verdade, como um todo.
Diz-se hoje, que agimos politicamente, fazemos revoluções sociais, criamos constituições, e muitas outras ações sociais para estabelecer e proteger os direitos humanos. Isto, julga-se a partir deste princípio, são meras regras  jurídicas remetidas aos tempos do feudalismo, porque constituições e cartas de direitos são apenas "as formas que tornam aceitável um poder essencialmente normalizador". Às vezes, tentamos usar nossas mentes para desmanchar a opressão. Temos de esquecer, pois toda espécie de inquérito sobre a condição humana (“...) apenas desliga indivíduos de uma autoridade disciplinar para ligá-los a outra”, portanto, apenas faz engrossar o triunfante discurso do poder.

Toda crítica soa vazia, porque o próprio crítico está "dentro da máquina", investido de seus efeitos de poder. Poder que conferimos a nós mesmo, já que somos parte de seu mecanismo.

O exercício de pensamento acima, nada mais é, do que aquilo ao qual se propõe, exercitar nossas mentes preguiçosas, sobre o fato de que ao reanalisarmos nossos conceitos atuais sobre os métodos empregados pelas instituições que tanto defendemos, devemos cuidar com as espécimes que nelas colocarmos, pois senão, estas espécimes - geralmente subespécimes - usam nossas instituições apenas para o crescimento de seu poder pessoal, ou de algo que ainda desconhecemos e o sentido comum a todos, que foi sempre a base da luta do indivíduo, desaparece.

Caso contrário, será verdadeira a afirmativa que Lord Beaconsfield fez em Coningsby, em 1844 - veja bem a época -: "O mundo é governado por personagens muito diferentes das que imaginam os indivíduos cujo olhar não penetra nos bastidores..."
Portanto, temos que nos esforçar para que nossos olhares comecem a penetrar nos bastidores, e vamos tentar corrigir em tempo o que ali acontece, sob pena de nossas futuras gerações, amargarem com o fato de que nós, seus ancestrais, pouco ou nada fizemos para corrigir estas distorções políticas e sociais, o esfacelamento do meio e, por conseguinte do indivíduo.

Vamos exercitar ainda mais o nosso pensamento, para analisarmos profundamente os indivíduos que querem chegar a estas instituições através de nós. Mas que, OBVIAMENTE, também seja PARA NÓS.
Senão também é ÓBVIO, que as consequências, serão por nós sentidos.
E pensar ainda não dói!

Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES –

www.konvenios.com.br/colunistas

Um comentário:

  1. Que espaço inteligente!
    Dá gosto encontrar alguém que não tem medo de "pensar", pois realmente não dói. O que dói é a dor que não se sente quando a batida do coração funciona apenas como a engrenagem de uma máquina. Não pulsa, apenas segue o ritmo mecânico dos que não sabem o que é a emoção de uma boa leitura nem o carinho de um familiar ou amigo.
    Abraços

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