“... Aquele que ama bastante para desejar amar
um milhão de vezes mais só fica inferior em amor
àquele que ama mais do que desejaria...!”
by La Bruyère – Caracteres –
Séc. XVII
A respeito das
consequências de amar muito, apaixonar-se, recebi de uma irmã de alma, muito
amada, certa vez o seguinte pensamento:
"... O silêncio já se tornou para mim uma necessidade física
espiritual. Inicialmente escolhi-o para aliviar-me da depressão. A seguir
precisei de tempo para escrever. Após havê-lo praticado, por certo tempo,
descobri, todavia, seu valor espiritual. E de repente dei conta de que eram
esses momentos em que melhor podia comunicar-me com Deus. Agora sinto-me como
se tivesse sido feito para o silêncio...!”.
Obviamente era a consequência do de algo que tinha
sido amor, paixão.
Em Confissões, Agostinho, o filósofo da Igreja
deixou escrito: “... os corpos nada mais
desejam por seu peso do que a alma deseja por seu amor (...). Meu peso é o meu
amor; é ele que me leva aonde quer que eu vá...”!
A gravidade
da alma, a essência de quem é alguém e o que, como tal, é impenetrável aos
olhos humanos, manifesta-se nesse amor. Prova o que Jung sempre disse: Mitos e
Arquétipos existem.
Às vezes penso que eles moram comigo, em meu
quarto. Dia desses assisti a um casamento. Sim, o velho, antigo e por que não
dizer primitivo ritual de acasalamento oficial. Sim, oficial, com aliança, contrato.
Tudo.
Olhei por sobre o altar e além do sacerdote estavam
os “guardas”. Sim. Irmãos, padrinhos,
testemunhas. Pais na primeira fila e a “parentada”.
Sim, aqueles que vêm para comer e “verificar”
como andam àqueles a quem não viam há tempos e fazerem suas apostas sobre o
tempo de duração, daquilo que estão presenciando.
Neste momento me ocorreu que este ritual “cerimônia de casamento”, é a cena final
de um conto de fadas. Ninguém conta o que ocorre depois.
Que Cinderela irritava o príncipe com sua mania de
limpeza, porque ficou desempregada. Não contam o que acontece depois, por que
não há depois. O objetivo do amor romântico era casamento. Mas, isso nem sempre
foi assim.
Lá pelo século XII falava-se em amor cortês, onde o
amor não tinha nada a ver com casamento e sexo. Em muitos casos era uma paixão
entre um cavalheiro e uma dama já casada. Então, eles nunca consumavam o amor. Eles
tinham de sublimar o amor. Tipo “ir ao
banheiro na frente um do outro” e buscavam algo mais... Divino.
Eles tiraram o sexo da equação e restou a comunhão
de almas.
Agora, por favor, pensem nisso: Sexo era a relação
fatal do amor.
Busquem na literatura da época: Lancelot e
Guineviere (da trilogia do Rei Arthur,
para os que não lembrarem), Tristão e Isolda. A consumação só levava a
loucura, ao desespero ou a morte. Ou ainda, Romeu e Julieta, se preferirem. Médicos,
professores e alguns amigos de cérebros privilegiados concordam que o
verdadeiro amor tem dimensões pessoais, enquanto o amor romântico não passa de
mentira, ilusão.
Nietzsche foi enfadonho quanto a isso. Um mito
moderno, uma manipulação desalmada. Notem bem: Sem alma! E falando em
manipulação, vamos ao cinema, vemos os amantes se beijando na tela.
Ouvimos a música e concordamos com isso, certo?
Agora se minha namorada me beija e não ouço uma
filarmônica, eu a mando embora? Mas a questão é: Por que acreditamos nisso?
Acreditamos porque sendo mito, ou manipulação,
todos queremos nos apaixonar? Por quê? Porque
essa experiência nos faz sentirmos vivos.
Nossos sentidos ficam aguçados, as emoções crescem,
nosso dia a dia desaparece e ficamos nas alturas.
Pode demorar uma hora, uma tarde ou uma estação,
mas não tem menos valor. Guardamos estas lembranças pelo resto de nossas vidas.
Li, em algum lugar, há algum tempo, que diz que
quando nos apaixonamos é como se ouvíssemos Puccini (compositor clássico italiano). Gostei, talvez porque a musica dele
expressa o desejo da paixão em nossas vidas e do amor romântico. “E, enquanto,
ouvimos, “La Boheme ”
ou “Turandot”, ou lemos clássicos
como “E o Vento Levou”, ou assistimos
“ Ghost “ um pouco desse amor vive em
nós.
Então a questão final é: Por que queremos nos
apaixonar se pode durar tão pouco? E ser tão doloroso? Porque precisamos
propagar a espécie?
Porque necessitamos nos conectar a alguém? Pelo
condicionamento cultural? Hum... Boas tentativas de respostas.
Mas, intelectuais demais. Ao menos para mim. Penso
que é por quê... Como muitos de vocês já devem saber: Enquanto dura é bom pra
caramba! É por isso. Bem, ao menos pensar sobre isso não dói...
Concordam?
Das Leituras & Pensamentos da Madrugada
profeborto@gmail.com
Olá, José Carlos! Saudações Literárias. Tudo bem?
ResponderExcluirPassei por aqui e achei muito bem cuidado e interessante o seu espaço.
Gostei muito do texto.
Sempre que eu puder voltarei para ver as novidades.
Abraços de Luz
http://iluminandoavida.blogspot.com.br/