"... Pássaros cantam após a tempestade,
por que as pessoas não podem se sentir livres
para se deleitar no pouco e sol que lhes
resta...!"
dos
pensamentos de R. Kennedy
É fácil pedir perdão.
Basta falar.
É muito difícil pedir
perdão para seres que ficaram. Partes deles se foram.
Mas, como brasiles,
eu preciso, necessito, para manter ao menos um pouco de consciência, eis que
dela se alimenta minha essência de ser humano.
Por isso peço. A
cada um dos Santa-marienses e de todos os locais onde moram seres ligados aos
seres que se foram.
Perdão!
Perdão, pois como
brasiles, não cobrei antes. Não previ o mínimo para manutenção de meus irmãos.
Perdão por pensar
agora nas providências. Sei que para todos vocês é depois.
E nada muda. Nem a
dor. Nem a saudade.
Perdão por ter
ficado ausente e não ter verificado que nossos homens públicos estavam mais
ausentes ainda.
Perdão por nossos
fiscalizadores terem falhado e não pensado nos seus filhos.
Perdão por não
termos segurança necessária para que suas irmãs e namoradas pudessem divertir-se
no melhor de sua juventude.
Perdão, pela
ganância de ditos “empresários”, eis
que somente o dinheiro lhes interessa.
Perdão por não ter contribuído
e fiscalizado os políticos, eles sim, eleitos e administradores da vida
pública.
Perdão por não ter
cobrado anteriormente que eles fizessem valer a lei para que nossos filhos
estudem e se divirtam em nossas próprias cidades.
Perdão se somente
agora todos aparecem. Sim, perdão pelos abraços de governadores e presidentes,
deputados, prefeitos, vereadores e todos aqueles que vocês pagam os salários. E ficam nas "luzes", enquanto a escuridão toma conta de cada um.
Perdão Santa Maria.
Perdão por terem
pseudos jornalistas e repórteres lhes perguntando em meio ao desespero “como estavam se sentindo”.
È minha culpa, como
brasiles. Por isso peço-lhes, se puderem, um dia, perdoem-me por não ter verificado
que tudo estava errado e que deveria ter-lhes dito: Não liberem seus filhos.
Guardem-nos em casa embaixo de sua proteção divinizada. Aqui fora não temos
condições de cuidar deles.
Perdão por
cobrar-lhes tantos impostos e taxas, e fazê-los trabalhar tanto para dar uma
faculdade para seus filhos.
Eles agora não precisam
mais se formar. Estão formados.
Perdão se agora
somente posso rezar. E peço ajuda da minha amiga Mirna Cavalcanti, lá do Rio de
Janeiro, para orar comigo: Ela que escreveu homenageando cada um de vocês: Triste,
oremos pelas almas dos que cedo partiram. Que Deus sustente os que aqui ficaram
com a saudade da perda de seres que amavam.
Perdão Santa Maria. Mas agora não deixaremos que existam outros como vocês.
Não deixaremos que outros chorem. Que outros tenham partes deles
retiradas.
Não deixaremos e faremos o que não fizemos antes.
Cobraremos, exigiremos, fiscalizaremos, estaremos tal qual águias em cima
de cada um que tiver cargo público ou responsabilidade.
Estaremos de olhos firmes e justos, retos, fraternos, mas aguçados para
empresários metidos a gananciosos que pagam, que subornam, que traem a própria
espécie.
Perdão pelos idiotizados que fizeram manchete de suas tragédias e de suas
tristezas.
Perdões se fizeram com vocês estatísticas ou números de audiência ou para
venda de alguma coisa.
Por Favor, Perdão Santa Maria.
Neste início de semana, saibam, dói tudo, dói pensar, dói lembrar, dói
apenas imaginar o que estão sentindo... Longe de saber exatamente.
Perdão Santa Maria.
Que ele, em sua infinita misericórdia, que tudo arquiteta e sabe neste
universo, seja piedoso com cada um de vocês. Pois cada um dos que foram agora
são anjos divinos. E Iluminarão vocês.
E iluminarão cada um de nós, culpados.
Choramos juntos. Todos. Com cada um de vocês...
Perdão!
Meã Culpa!
Dos Sentimentos da
Madrugada
De uma semana trágica no
Rio Grande do Sul!
Prof. Borto,
ResponderExcluirO seu artigo, só em refletir, dói. Mas é preciso. O país comovido pela tragédia em Santa Maria. Não sei se a comparação procede, no momento, mas vou desabafar também. Como nordestina, sinto-me ainda mais desamparada... Não sei o que é a realidade da seca no sertão, mas me abalo com cada família que deixa sua casa em busca da sobrevivência na cidade grande, com o gado morrendo de sede e fome. Não sinto a solidariedade dos irmãos brasileiros... Aliás, ainda sinto o preconceito, ora velado, ora escancarado... O Nordeste é solidário para com todos. Nordestinos nordestinados a sofrer? Não. Somos gente! Não desviei do seu foco, mas ampliei o assunto para outras plagas, porque, no fundo, estamos falando das mesmas coisas...