“... Surpreende-me, sempre e cada vez mais,
o que as pessoas fazem com as pessoas....!”.
by Protheus
Um homem comete uma violência
contra uma mulher. Violência. Não importa o tipo.
O suficiente para que esta mulher
perca o seu tesouro mais sagrado, profundo e importante para o ser humano: Sua
Dignidade.
O dito, ´homem´, esta mais para uma criatura abominável, macho primitivo, ofensivo até aos animais que
respeitam, acima de tudo as fêmeas de sua espécie.
Mas parece que isso é, um pouco
natural, neste país em que os valores continuam, cada vez mais distorcidos.
Esta criatura abominável faz o que faz e fica por isso, por mais esforços
culturais que poucos tentam fazer. È ofensivo para nós homens. É cruel.
Mas ele ainda enfrentará o pior
dos algozes, um dia, sua própria consciência. Por isso não valorizaremos seu
ato mais abominável ainda, falando dele.
Isaak Dinesem diria sobre isso
que: (...) Todos os sofrimentos podem ser
suportados se os convertermos numa história ou se contarmos uma história sobre
eles (...).
O que nos interessa é o ser sensível chamado
mulher.
O que resta para esta mulher? Sem
dignidade? O fundo de um poço horrendo, chamado o infinito indescritível de o
seu próprio ser. Muitas não conseguem superar isso. E as consequências são as
mais horríveis possíveis de se imaginar com um ser humano. Outras seguem
conselhos de amigos ou familiares e procuram ajuda. Muitas desistem facilmente.
Mas o que se traz hoje é
diferente. Em parte.
Uma mulher que passou todo este
inimaginável sofrimento, esta horripilante experiência, esta descida a um poço
profundo de seu próprio ser, este sentimento de ausência de dignidade, resolveu
seguir os conselhos e procurou uma profissional. Sim, foi buscar ajuda em uma psicóloga
especialista no trato de questões, como essa: A violência contra a mulher.
Penso que foi mais por sugestão do que por acreditar em um resultado. Mas foi.
E o principal: Encontrou. Sim encontrou uma profissional que lhe desse o
tratamento adequado ao seu sofrimento. Ao seu martírio.
Esta psicóloga esta profissional
do comportamento humano, este ser que somente pode ser definido com extremada
humanidade, de compaixão infinita e de uma sensibilidade profunda, além de sua
percepção profissional quase iluminada.
Se existe este tipo de
profissional quando precisarmos? Sim. Existe.
Após um curto período de terapia,
de ouvir completamente esta mulher, de sentir o seu problema como se fosse seu,
a ajudou além do que se espera de uma simples consulta terapêutica.
Quando a mulher se julgou pronta,
a profissional a acompanhou a uma delegacia especializada à violência contra a
mulher.
Como se fosse uma mãe, com a
menina pela mão, levando-a, com coragem, com determinação para que enfrente com
altivez estas criaturas abomináveis.
E lá foram as duas. A mulher e
sua psicóloga.
Efetuaram o registro em um
boletim de ocorrências com detalhes para que os profissionais, desta área,
procedam a investigação e sigam a lei.Ponto.
Agora é com os policiais.
Portanto a criatura abominável que busque a sua defesa, se é que ela existe
neste mundo.
Mas o que interessa, agora, é o
comportamento, fantasticamente, exemplar e louvável da profissional de
psicologia. O que interessa agora é sentir que esta mulher recuperou ao menos
parte de seu tesouro mais autêntico, sua parte mais profunda do Ser – sua
dignidade.
Você consegue ao menos imaginar
como esta mulher esta se sentindo?
Você consegue sentir alguém ao recuperar
sua própria dignidade?
Sim, é difícil. Por isso chamo a
atenção para ambos os seres.
Primeiro: a mulher e sua
grandeza, quase natural, mas que seguiu seus instintos e foi buscar ajuda e não
se sentiu envergonhada, menor, diferente. Ao contrário enfrentou o que
precisava para voltar a se sentir um ser digno.
Esta é uma grande mulher.
Segundo, outra grande mulher,
desta vez a profissional. Que foi além de ouvir e soltar alguns conselhos
técnicos de sua área, dentro da psicologia.
Foi além ao ter empatia profunda,
ao entender a gravidade da situação enfrentada por outro ser.
Foi além ao acompanhar sua
cliente, eu diria quase uma amiga, mantendo a distancia entre profissional e
paciente, e não deixá-la sozinha, quase como que comprovando que tudo o que
ouviu e disse a sua cliente/paciente, ela estaria junto para comprovar.
Há um leigo examinando toda esta
questão? Sim. Porem há, também, um ser dotado de humanidade profunda.
Houve transferência ou contra
transferência, utilizando o jargão profissional da área?
Pesquisei a fundo esta questão e
lhes garanto, não houve.
Pense agora como saiu esta
mulher, com a cumplicidade da profissional, que ela buscou, ao sair de uma
delegacia, como se tivesse dado fim a um sofrimento indescritível, apenas por
que esta psicóloga acreditou nela.
Por isso busco Maquiavelli para
auxiliar nesta questão: (...) A maneira
mais fácil de crescer é se cercar de pessoas mais inteligentes que você (...).
Pensou?
Quanto mais estamos enfrentando
um problema mais necessitamos que alguém nos entenda, nos ouça, nos compreenda.
Não importa se esta mulher pagou as consultas à profissional. Isso não é mais
importante. Tudo porque esta profissional foi além do que diz as regras de sua
profissão, e não afetou nenhuma delas.
Muito pelo contrário, criou nova,
no atendimento profissional/paciente, não só mostrando os resultados que este
paciente poderia atingir, como acompanhando para comprovação de ambos.
Por isso pode-se afirmar, ainda
vale a pena confiar no ser humano. Que bom que existem profissionais como esta
psicóloga.
Dá pra quase sentir a alegria e
transformação desta mulher recuperando sua dignidade e, por que não dizer, sua
própria vida.
Acredite, o ser humano vale a
pena, mesmo em meio a criaturas primitivas e horrendas.
A mais profunda admiração por
este profissional. É muito iluminada.
P.S,: Mantive a discrição
de nomes, em respeito à profissional e a este ser humano que recuperou a
dignidade. O que importa é a mensagem transmitida disso.
Publicado no Paraná
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