Ah, Destinos Desencontrados...!
“... Mar infinito, três vezes bendito,
traz meu filho...!”
E. Tabosa
Os dias de
janeiro, para os gaúchos, foram, digamos um pouco diferente dos outros verões.
Ansiosos pelo verão, pelo astro rei brilhar majestosamente
no céu, depois de um inverno que parecia não ter mais fim, ele teimava em nos
dar sol razoável e chuvas todas as noites.
Os produtores
agrícolas faceiros. Suas culturas de verão cresciam vertiginosamente em direção
ao céu e a uma abençoada fartura...
A tarde ia ao seu
final, resolvi, enfim acabar com a preguiça, esta amiga do ócio, e colocar
minhas correspondências em dia – o que não fazia há dois dias – E assim o fiz.
Ao dar uma passada para postagem na rede Twitter, dei-me com uma
mensagem de um amigo, desta rede, hoje em outro país que tinha deixado uma
mensagem comovente:
Deixou escrito ele:
“...O que move minha caminhada é ter a certeza que um dia
abraçarei minha filha novamente....!”
Aquilo pegou os amigos, no diálogo, um pouco de surpresa a todos. Desfocado do assunto, visto
que as “politicagens” permeavam as postagens, aquela frase, literalmente, “cravou-se” nos integrantes.
Todos logo
acordaram e trataram de lhe enviar as melhores mensagens possíveis, Força e
toda aquela coisa que amigos fazem nestes momentos.
São estes
momentos que me lembro de Schopenhauer – o que todos chamavam de filósofo
pessimista – ah, de pessimista ele nada tinha, mas muito de realista, quando
afirmou: “...Na verdade, só existe prazer no uso e no sentimento
das próprias forças, e a maior dor é a reconhecida falta de forças onde elas
seriam necessárias...!”.
As mensagens de apoio
seguiram-se, uma atrás da outra para este amigo, como se fosse o automático
ligado e havia a necessidade disso.
Em meio a tudo
isso, creio; todos imaginaram em suas mentes muitos cenários, já que todos
sabiam estar este amigo residindo em outro pais; Ah, deve ter se separado da
esposa e está longe da filha... Teve que viajar e não pode mais voltar... Estes
automatismos dignos do ser humano....
Mas em seguida, depois
de muitas mensagens de apoio e motivação, veio uma postagem dizendo:
- “Te amo, filha. Deus te ampare...!”
A partir disso os integrantes da postagem simplesmente calaram-se. Como
assim “Deus te ampare?” E lá vem nossa mente tentando preencher estes “buracos”
que a comunicação sempre deixa...
Mas, creio eu, ninguém esperava a ultima frase... A última
fala... A última deixa... Esta que deixou, literalmente, todos atônitos:
- “.
Perdão por ter postado, mas faz pouco mais de um ano que Deus a acolheu...!”
Bem,
você que esta lendo isso, certamente esta tendo os mesmos pensamentos que cada
um de nós teve naquele momento: Como assim? Morreu? Foi-se? Mas... Mas...
Sim e ninguém mais teve coragem de dizer absolutamente mais
nada.
Imediatamente
lembrei-me de uma frase postada em meio a uma crônica atribuída a Leonardo da
Vinci. Deixou-o registrado:
“...Tal
é o Prazer e a Dor... Saem de um tronco único porque têm uma só e mesma base,
eis que cansaço e dor são a base do prazer e os prazeres vãos e lascivos estão
na base da dor....!”
E as
mensagens terminaram...
Ninguém
teve coragem para dizer mais nada.
O que
dizer a um homem que perdeu uma filha amadíssima?
Isso
não é natural... Foge à amada mãe natureza... Não está no universo...
Entre as muitas formas
de cada um achar uma “desculpa”, veio-me a mente, as palavras de um sacerdote
em uma cerimônia fúnebre:
Disse
o sacerdote:
- “Os
filhos jamais devem ir antes do pais... Não é da natureza divina.. A perda de
um filho tira um elo da corrente. Sem este elo, não é mais corrente. Sem um
filho não somos mais família...Ficamos perdidos...”!
Foi exatamente assim que
senti aquele pai naquele momento. Um ser perdido quase que procurando entre as
postagens, entre os integrantes algo parecido... Algo como sua filha...
O que
dizer a um pai que perde um filho? E se você tiver algo a dizer, devolvo-te a
pergunta: Como fazê-lo? Assim.. Simplesmente falar?
Não creio nisso.
Perturbou-me, sobremaneira, aquele pai saudoso de seu ser mais amado estar... Longe...
São
nestes momentos que a empatia aparece mesmo que você nunca tenha praticado...
Ela leva-te a pensar nos teus filhos. Como você se sentiria em um momento
destes?
Prefiro
não pensar. Não estou fugindo. Mas fiquei estupefato, pois em tendo palavras
sempre para confortar alguém... Eis-me, em um momento, como diria Rubem Alves,
preferi praticar escutatória.... Calei a oratória.
Creiam-me.
Não desejo ao “inimigo” uma situação destas. A perda de um filho.
Pensei por um momento...
Será que não posso trocar? Já vivi... Já fiz minha vida... Meus filhos estão
independentes lindos, felizes e abençoados... Não posso ir e deixar a filha
deste homem junto ao seu amado pai?
Ah,
quando o coração começa a falar, a razão já arruma um jeito de cortá-lo.
Simplesmente
não tem o que dizer...
Simplesmente que Ele em
sua misericórdia divina tenha acolhido
esta filha tão amada e que ela, em luz se transformando, ilumine seu sofrido
pai que precisa terminar sua missão... Com um peso tão grande para suportar...
Eis-nos
diante da limitação... Eis-nos diante dos mistérios da Vida...
Pensar não dói... Afirmo
eu. Já perder um filho... Creiam-me, peço-Lhe que afaste estes pensamentos,
para não deixar-me em tristezas
desnecessárias.
E que este e outros pais que perderam seus filhos amadíssimos possam estar envolvidos em tanta luz que a paz aquiete seus corações...
Perdão não ter algo melhor para ofertar-lhes...
Entendimentos & Compreensões
Das dores sentidas e verificas no mundo...
Minha homenagem do coração a
Rogério Kovalski e Antônio Figueiredo
e suas Estrelas Brilhantes no Cosmos.
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