sábado, 14 de fevereiro de 2015


Ah, Destinos Desencontrados...!
“... Mar infinito, três vezes bendito,
traz meu filho...!”
E. Tabosa
 
                                Os dias de janeiro, para os gaúchos, foram, digamos um pouco diferente dos outros verões.
Ansiosos pelo verão, pelo astro rei brilhar majestosamente no céu, depois de um inverno que parecia não ter mais fim, ele teimava em nos dar sol razoável e chuvas todas as noites.
                                Os produtores agrícolas faceiros. Suas culturas de verão cresciam vertiginosamente em direção ao céu e a uma abençoada fartura...
                              A tarde ia ao seu final, resolvi, enfim acabar com a preguiça, esta amiga do ócio, e colocar minhas correspondências em dia – o que não fazia há dois dias – E assim o fiz.
                            Ao dar uma passada para postagem na rede Twitter, dei-me com uma mensagem de um amigo, desta rede, hoje em outro país que tinha deixado uma mensagem comovente:
Deixou escrito ele:


“...O que move minha caminhada é ter a certeza que um dia abraçarei minha filha novamente....!”
                              Aquilo pegou os amigos, no diálogo, um pouco de surpresa a todos. Desfocado do assunto, visto que as “politicagens” permeavam as postagens, aquela frase, literalmente,  “cravou-se” nos integrantes.
                              Todos logo acordaram e trataram de lhe enviar as melhores mensagens possíveis, Força e toda aquela coisa que amigos fazem nestes momentos.
                              São estes momentos que me lembro de Schopenhauer o que todos chamavam de filósofo pessimista – ah, de pessimista ele nada tinha, mas muito de realista, quando afirmou: “...Na verdade, só existe prazer no uso e no sentimento das próprias forças, e a maior dor é a reconhecida falta de forças onde elas seriam necessárias...!”.
As mensagens de apoio seguiram-se, uma atrás da outra para este amigo, como se fosse o automático ligado e havia a necessidade disso.
                                Em meio a tudo isso, creio; todos imaginaram em suas mentes muitos cenários, já que todos sabiam estar este amigo residindo em outro pais; Ah, deve ter se separado da esposa e está longe da filha... Teve que viajar e não pode mais voltar... Estes automatismos dignos do ser humano....
Mas em seguida, depois de muitas mensagens de apoio e motivação, veio uma postagem dizendo:
- “Te amo, filha. Deus te ampare...!”
                         A partir disso os integrantes da postagem simplesmente calaram-se. Como assim “Deus te ampare?” E lá vem nossa mente tentando preencher estes “buracos” que a comunicação sempre deixa...
Mas, creio eu, ninguém esperava a ultima frase... A última fala... A última deixa... Esta que deixou, literalmente, todos atônitos:
- “. Perdão por ter postado, mas faz pouco mais de um ano que Deus a acolheu...!”
                      Bem, você que esta lendo isso, certamente esta tendo os mesmos pensamentos que cada um de nós teve naquele momento: Como assim? Morreu? Foi-se? Mas... Mas...
Sim e ninguém mais teve coragem de dizer absolutamente mais nada.
                        Imediatamente lembrei-me de uma frase postada em meio a uma crônica atribuída a Leonardo da Vinci. Deixou-o registrado:
“...Tal é o Prazer e a Dor... Saem de um tronco único porque têm uma só e mesma base, eis que cansaço e dor são a base do prazer e os prazeres vãos e lascivos estão na base da dor....!”
E as mensagens terminaram...
Ninguém teve coragem para dizer mais nada.
O que dizer a um homem que perdeu uma filha amadíssima?
Isso não é natural... Foge à amada mãe natureza... Não está no universo...
                       Entre as muitas formas de cada um achar uma “desculpa”, veio-me a mente, as palavras de um sacerdote em uma cerimônia fúnebre:
Disse o sacerdote:
- “Os filhos jamais devem ir antes do pais... Não é da natureza divina.. A perda de um filho tira um elo da corrente. Sem este elo, não é mais corrente. Sem um filho não somos mais família...Ficamos perdidos...”!
                       Foi exatamente assim que senti aquele pai naquele momento. Um ser perdido quase que procurando entre as postagens, entre os integrantes algo parecido... Algo como sua filha...
O que dizer a um pai que perde um filho? E se você tiver algo a dizer, devolvo-te a pergunta: Como fazê-lo? Assim.. Simplesmente falar?
                       Não creio nisso. Perturbou-me, sobremaneira, aquele pai saudoso de seu ser mais amado estar... Longe...
São nestes momentos que a empatia aparece mesmo que você nunca tenha praticado... Ela leva-te a pensar nos teus filhos. Como você se sentiria em um momento destes?
Prefiro não pensar. Não estou fugindo. Mas fiquei estupefato, pois em tendo palavras sempre para confortar alguém... Eis-me, em um momento, como diria Rubem Alves, preferi praticar escutatória.... Calei a oratória.
Creiam-me. Não desejo ao “inimigo” uma situação destas. A perda de um filho.
                         Pensei por um momento... Será que não posso trocar? Já vivi... Já fiz minha vida... Meus filhos estão independentes lindos, felizes e abençoados... Não posso ir e deixar a filha deste homem junto ao seu amado pai?
Ah, quando o coração começa a falar, a razão já arruma um jeito de cortá-lo.
Simplesmente não tem o que dizer...
                       Simplesmente que Ele em sua misericórdia divina  tenha acolhido esta filha tão amada e que ela, em luz se transformando, ilumine seu sofrido pai que precisa terminar sua missão... Com um peso tão grande para suportar...
Eis-nos diante da limitação... Eis-nos diante dos mistérios da Vida...
                        Pensar não dói... Afirmo eu. Já perder um filho... Creiam-me, peço-Lhe que afaste estes pensamentos, para não  deixar-me em tristezas desnecessárias.
E que este e outros pais que perderam seus filhos amadíssimos possam estar envolvidos em tanta luz que a paz aquiete seus corações...
Perdão não ter algo melhor para ofertar-lhes...
 

Entendimentos & Compreensões
Das dores sentidas e verificas no mundo...
Minha homenagem do coração a
Rogério Kovalski e Antônio Figueiredo
e suas Estrelas Brilhantes no Cosmos.

 

 

 

 

 

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