Antônio Figueiredo para
a Sala de Protheus
Dez Dias Para Refletir...!
tão rico que possa comprar alguém e ninguém
seja
tão pobre que tenha de se vender a
alguém...!”
Jean-Jacques Rousseau
Pela primeira
vez em 25 anos marchamos para uma Eleição Geral na qual a “emoção” com certeza não influenciará o voto. Nenhum dos três mais
importantes postulantes é “carismático”
e muito menos representa um “pai/mãe dos
pobres”, a Economia vai cambaleando e “nuncadantesnahistóriadestepais”
o tema “corrupção” tem sido
apresentado tão pútrido.
Desta vez o “senhor eleitor” não só deverá, como
terá de votar com a razão e com isso não terá o escudo da “esperança” ou do “medo”
e é nisto que reside e saúdo o ineditismo deste certame.
Quem espera que
eu enverede pela análise das candidaturas, com certeza se verá frustrado, pois
o único comentário que farei, é que vote no seu “candidato favorito”, pois será a única forma de conhecermos o “cacife eleitoral” dos “partidos cabeça”, principalmente PT e
PSDB. O “voto útil” terá sua vez e
lugar no “segundo turno”, que creio
que ninguém duvide que venha a ocorrer.
Ainda que
indiretamente é a oportunidade do eleitor demonstrar o seu amadurecimento,
principalmente no tocante a se posicionar quanto à necessária e urgente Reforma
Política, pois é a votação, que cada candidato receber, que certamente
refletirá às formações de bancadas para as próximas legislaturas.
Explico-me melhor: Não resta a menor
dúvida, que o atual sistema de representatividade esgotou seus recursos e isso
ficou explícito no último debate promovido pela CNBB. A candidata Marina Silva
(PSB) respondeu genericamente e apenas mencionando as manifestações de Junho
2013, repercutiu “esses políticos não nos representam” das ruas, ponderando que o atual “sistema político” não nos representa
mais.
Já o candidato Aécio Neves (PSDB) fez a defesa
do “voto distrital misto”, sendo endossado
por Eduardo Jorge (PV), mas lembrando, que Aécio omitiu uma bandeira histórica
do PSDB, o Parlamentarismo. O Pastor
Everaldo (PSC) defendeu o voto distrital puro. Entretanto, a surpresa da noite
foi a afirmação de Dilma Rousseff (PT), que em “ato falho” defendeu a extinção do “voto proporcional”, para em seguida se corrigir e dizer, que se tinha
que acabar com as “coligações
proporcionais”.
Falou-se também, “au passant”, da multiplicidade partidária produtora de “partidos nanicos”, que tornam as “decisões políticas” um “balcão de negócios”, evidentemente não
comentada pelos “minoritários presentes”.
Aliás, é das “minorias”, que mais se trata
neste país e evidentemente é porque nelas é que é mais fácil serem aplicados os
“golpes e promessas utópicas”.
O mais
interessante de tudo é que essas “minorias
organizadas” têm “lideranças
representativas”, que em vez de se apresentarem, como sempre
tradicionalmente o fizeram como “opositoras”,
hoje se alinham com o “governo”, que
seria o responsável pela atenção às reivindicações. Os “excluídos das ações governamentais” tornaram-se “excluídos governistas profissionais”. Ou
alguém consegue ver os MST, MTST e qualquer “M”
organizado, como saídos das “reivindicações
populares”?
Hoje se
constata, 50 anos depois, o que Zé Kéti
clamando contra as “injustiças sociais”,
(protesto contra as condições de vida nas
favelas cariocas) da época, já profetizava: “Acender as velas, já é profissão...”. Hoje todas as grandes
metrópoles do Brasil, de Manaus ao Chuí, se cobriram de favelas onde vivem
alguns de milhões de brasileiros sob as mesmas ou até piores condições de 50
anos atrás, (não havia o domínio do
tráfico de drogas, então), mas o movimento que repercute é o dos “Sem Teto”, que não congrega no Brasil
todo mais de 10 mil pessoas.
O MST, uma
reedição grotesca e mais ousada das Ligas
Camponesas, através de seu dirigente João Pedro Stédile ameaçou “com o inferno” a sociedade brasileira,
caso a atual Presidente Dilma Rousseff não seja reeleita. É um “democrata de esquerda a la 1964”.
E a luta pela
Reforma Agrária? Bem..., é complicado o “assentamento”
no campo sem a infraestrutura de shopping
centers, smartphones, notebooks, supermercados sortidos e praças de
alimentação. Em 2014 ninguém mais quer ser “Jeca
Tatu”, (aquele do Biotônico Fontoura,
cheio de “bicho de pé”), no Brasil, tomando-se por base a “assistência técnica” aos pequenos
agricultores.
Os tempos de “períodos de exceção” já estão muito
distantes e a grande maioria dos eleitores brasileiros, se mal é capaz de se
lembrar dos tempos de inflação, quanto mais do “tempo dos governos militares”. Como comentei recentemente, temos a
comemorar pela primeira vez na História do Brasil 30 anos de “estabilidade e liberdades democráticas”
e principalmente de “alternância
democrática no Poder”.
Isso é
totalmente inédito em toda nossa história desde o início da República, que
conta já 125 anos. Isso não é pouco e demonstra amadurecimento político.
Portanto a “ameaça não tão velada” do
Sr. Stédile não é aceitável e principalmente deveria ser severamente punida,
por tratar-se de um “atentado expresso”
aos princípios democráticos, utilizando-se das liberdades democráticas
facultadas.
Talvez esse
senhor, que prega abertamente a “luta
armada”, cujo tipo de manifestação deveria merecer prisão com base na Lei
de Segurança Nacional, pois se trata de ameaça ao “regime vigente”. Respalda-se na ojeriza à política pelo cidadão
comum, mas se esquece de que existe uma instituição, que é a responsável “pela garantia da lei, da ordem e dos poderes constitucionais”, que certamente não
faltará às suas obrigações constitucionais. Somos cidadãos relapsos e frouxos
na preservação das instituições maiores e mais ainda, em defende-las ao não
reconhecer as ameaças e chantagens feitas.
Nunca em
todos os tempos, toda e qualquer ideologia gozou de tanta liberdade de
manifestação e organização. Até mesmo os Partidos
Comunistas desde sempre proscritos estão legalizados duradouramente pela
primeira vez na História. A Democracia Brasileira perdeu o medo de conviver e
confrontar qualquer viés ideológico e muitos de nós gozamos do privilégio da
convivência com muitos de seus seguidores, democraticamente.
Isso só
ocorreu porque a “via democrática”
escolhida é unânime e por isso não há mais espaço para extremismos de qualquer
coloração e o eleitor deve atentar neste momento de disputa eleitoral, quais “discursos” se prestam ao “interesse nacional” e quais aos “interesses particulares”.
O
importante neste momento é analisar com frieza quais candidatos, que não apenas
prometem, mas que efetivamente tem a capacidade e autoridade para enfrentar os
desafios imediatos da: I) redução das mortes por crimes e acidentes de
trânsito, II) redução das mortes hospitalares, III) combater eficazmente o
crime organizado das drogas, das polícias e da política e IV) reestabelecer a
lei e a ordem com mão firme e usando todo o rigor da lei.
É
inaceitável, que a lei seja “pesada”
apenas para os cidadãos “comuns e
ocasionais” para os “criminosos
oficiais”, pois a vida e a saúde dos cidadãos são os bens maiores de uma
Nação, que se propõe a ser “justa e
igualitária” segundo o mando constitucional.
Não
são 87 milhões de beneficiados por programas assistencialistas e isso afirmo a
partir da Bahia, que tem 4 milhões de famílias incluídas, nem tampouco os
noticiários denunciadores de escândalos dos jornais e muito menos “promessas incumpridas e requentadas”,
que decidirão a sétima eleição consecutivamente “democrática e livre”. E que já afirmei ser motivo de grande celebração
por estes últimos 25 anos, pois aí estão os números nas pesquisas a confirma-lo.
O “Muda”, slogan de Campanha dos
principais candidatos, não é uma concessão, mas sim uma exigência da sociedade
iniciada nos protestos de Junho de 2013. As promessas de Dilma de um “novo Ministério”, de Aécio de “Mudança com Segurança” e de Marina de “Mudança com Nova Política”,
independente do vencedor, deverá ser uma prática e não “mais uma promessa”.
Estamos terminando
com certeza um ciclo de 25 anos, uma “quarentena”
compensatória aos 21 anos de Ditadura, de reaprendizado da “prática política” e assim como o último Governo Militar foi de “transição”, também agora “repetimos esse ano” nesse “pré-primário civil”, mas certamente nos
“diplomaremos com louvor”.
Não sei
se “o tempo é o senhor da razão”, sei
simplesmente que “é tempo de mudar”, pois
assim o exige a Nação, ainda que alguns teimem em “ressuscitar mortos”, “recriar
fantasmas” e “blefar”. A
Revolução de 64 fez-se “pelo medo”
aos “Grupos dos Onze” de Leonel
Brizola, que presumivelmente reunia 1 milhão de ativistas. Deu no que deu.
Leia a
História, Sr. Stédile, pois usando um jargão tão usado por vocês, repetimos: No
pasarón y no pasarán...
Das percepções e
pesquisas de
Antônio Figueiredo –
Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista,
Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo e Voto Distrital
Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/ Estudantil
(1961/73). Operário da Cidadania
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