Amor e uma Ilha!
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Você Acredita Nisso?
Machado de Assis.
É assim que
Jean De La Bruyére, em Caracteres,
inicia a descrição sobre o coração.
Em Ecce Homo, Por Que Sou Tão Esperto, no parágrafo 10, meu pensador preferido
Nietzsche diz: “Minha fórmula para a grandeza no
homem é amor fati: não querer nada de outro modo, nem para diante nem para
trás, nem em toda eternidade. Não meramente suportar o necessário, e menos
ainda dissimulá-lo – todo idealismo é mendacidade diante do necessário -, mas
amá-lo”. Ou o amor ágape,
dos gregos. Você escolhe.
Desde os
pré-socráticos até os pensadores e filósofos modernos... Todos... Sim todos, de
uma forma ou outra, tentaram definir o amor.
Shakespeare
foi um dos que enfatizaram que o amor ideal é dois seres em uma ilha.
E
nós... Pobres ignorantes das coisas do coração... Levamos ao pé da letra, de
que teríamos que achar uma ilha e lá com nosso ser adorado viveríamos a perfeição
de uma vida a dois.
Pobres
mortais modernos que julgarem ser significantes ao pensarem terem achado
significado. Enganamo-nos com uma “perfeição”
que beira a uma “loucura impensada”.
A
metáfora tão necessária dos pensadores antigos... Sim hoje parece que para
todos... Pensar Dói... Continuamos a: primeiro encontrarmos o ser perfeito... E,
em seguida, procurar uma ilha... Para lá viver, de fato, o grande amor... Uma
vida inteira de perfeito amor a dois.
Como
nos tornamos pequenos com o tempo... Como confundimos a razão com as coisas do coração...
O que
os pensadores quiseram deixar, ao pensarem, idealizarem desta forma, uma
espécie de “fórmula” para que não errássemos tanto na vida a dois... Que
pudéssemos colocar para fora tudo o que existe em nosso coração lotado de tanto
amor... E na maioria das vezes não sabemos o que fazer com ele. E desta forma, o
transferimos para o primeiro ser “bonito”
que aparece na nossa frente... Mesmo que depois venhamos a descobrir que aquela
beleza é somente exterior... Nada foi descoberto naquele interior... E nos
decepcionamos conosco mesmo... Como erramos tanto ao amar alguém? Por que não
consigo ter “sorte” no amor? O que há
de errado comigo.
Nas
entrelinhas vejo e sinto isso todos os dias, na vida real e nas redes sociais –
este método moderno - de tentativa de
erro e acertos na procura de alguém... Que logo achamos atrás de um perfil “bonito”, não importa o que está do
outro lado... Há uma tendência natural de aceitarmos tudo o que vier daquele “rostinho bonito”.
Quanta
ignorância criamos quando deveríamos apenas ter sentido cada palavra... Cada
reticência do que nos foi ensinado direta ou indiretamente. O amor e uma ilha
nada mais é do que você passar as fases necessárias do seu coração como
descreveu o próprio Nietzsche, depois de ter se apaixonado por Lou Salomé... E morrido em consequência
de não ter visto uma conclusão... Logo ele que tinha tanta definição... Tanto
conceito... Mas, nada de prática, de uma busca, de uma virtude que estivesse
além do simples “olhar o belo”.
Deixou dito ele: Paixão é uma tempestade... Vem... E logo
termina. Se sobrar algo é amor... O amor
é uma estação... Vem, tira-se o máximo daquele tempo... Mas também passa... Se
sobrar algo é apenas sentimento... Este por sua vez poderá durar vários
meses... Mas estes também passam e querem mais... Se sobrar algo então é afinidade... Esta também pode ter seu
tempo finito... Mas se sobrar algo então você encontrou a Incondicionalidade. E somente a partir daqui dois seres podem
utilizar a grande convivência a dois para tirar o máximo que cada um pode
ofertar ao outro. Mas somente até uma tênue linha. Esta é a linha da
preservação do próprio eu. Desta linha não há necessidade de passar.
Esta ilha é
qualquer lugar que você vá viver com seu amor... Um local, uma casa... Um
quarto... Não importa a descrição... Em meio a uma grande capital, ou então no
campo. Se você conseguir manter este amor
dentro da sua “ilha” particular,
não deixar nada, nem ninguém penetrar então você conseguirá sobreviver com o
amor de sua vida.
Em um pequeno
livreto chamado Assim Falava Zaratustra,
Nietzsche achou a maneira de colocar tudo o que sabia e sentia com uma
sabedoria iluminada e poder deixar registrado. Pois a sua época se falasse
daquela maneira, seria tranquilamente tachado de louco.
Neste pequeno
livreto, no capítulo da Redenção
disse ele: “Aprender a amar nosso destino,
encontrar beleza no necessário. Dizer sim à vida, porque só ela que existe e
somente ela traz valor em si mesma. Esta lição serve tanto para momentos de
felicidade como para momentos de desespero. Transformar o “foi assim” em “eu quis assim” dá um sentido próprio ao que
aconteceu”.
Sim
existe, basta você construir a ilha ideal que sirva aos dois... Em qualquer
lugar e nunca... Mas, nunca mesmo, deixar ninguém penetrar, entrar, passear, utilizar
esta “ilha”, este local onde o amor
jorra é somente de dois seres.. Se houver mais seres não será amor... Transformar-se-á
em amizade... E existe amizade no amor, pois existe confiabilidade,
honestidade, retidão, lealdade... Exatamente como na amizade. Mas existe aquele
algo mais que somente um olhar conhece... Então há necessidade de nada dizer...
Só de estar... Ficar... Permanecer... Muitos momentos... Juntos.
O jovem padre
Fábio de Mello, com sua sabedoria de uma beleza infinita deixou dito em sua Liturgia do tempo: “Se
você quiser saber se o outro te ama de verdade, é só identificar se ele seria
cabaz de tolerar a sua inutilidade...”.
Ah, mas você poderá
dizer: O que um padre sabe sobre o amor se ele tem que ser casto?
Talvez eles, os
sacerdotes, saibam muito mais do amor, exatamente por serem castos... Por
usarem a razão para buscar as verdadeiras coisas do coração e não do corpo
físico. Esta separação, quem sabe, não seja uma das razões para eles, os
sacerdotes (de todas as religiões)
pensarem, falarem e praticarem tanto o amor Fati,
como disse Nietzsche no trecho acima... Ou o amor incondicional, também dele.
Não deixe o tempo que
fortalece as amizades enfraquecerem o amor.
Não deixe ninguém intrometer-se naquilo que é conquistado e reservado
somente a dois.
Pensar não
dói... Mas se você não usar o coração com a razão para amar... Bem, tenha
certeza aí sim vai doer muito.
Existe amor e
uma ilha? Sim. Existe. Cabe a você encontrar ambos.
Somente
você. Por que todos os acontecimentos se
inserem numa ordem causal da natureza, assim como você, portanto, nada poderia
ter acontecido de outra forma, nada poderia ter sido diferente, não adianta
lamentar-se.
Faça um favor a si mesmo... Ame mais...
Simples assim...
Dos entendimentos & compreensões da
vida
Das observações diárias dos seres
Das perguntas diárias que recebo
Apenas um eterno aprendiz
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