do escritor Antônio Figueiredo:
30 Anos de Democracia!
“...Marx
formulou a “filosofia marxista”.
Lula
deu-lhe um “choque de capitalismo”.
Marx
morreu na miséria.Lula
tornou-se um “camarada milionário”.Socialismo
de resultados..1”.
O Autor
No próximo
ano de 2015 temos uma enorme conquista a celebrar. Pela primeira vez na
história da República gozamos de verdadeiras “garantias constitucionais democráticas” no exercício da política.
Talvez não sejam pelas quais muitos lutaram e morreram para conseguir, mas são
a que nós brasileiros merecemos pelo esforço, que fizemos em tê-las.
Comecei a
escrever esta crônica ainda sob o impacto das denúncias de Paulo Roberto Costa,
ex-Diretor de Abastecimento da Petrobrás e fui levado a questionar nosso
conceito de “República Democrática” e
seus valores em relação a um passado histórico recente dos últimos 60 anos e
evidentemente vamos falar de “corrupção” e
da “interface Poder e Justiça”.
Além de
gozar de excelente memória, sempre me socorri da leitura histórica e da minha
experiência pessoal para entender e interpretar os diferentes tempos. A memória
por vezes falha, mas a História e as experiências vividas são registros, que
não se apagam e evidentemente as memórias são crivadas pela consciência
política atual.
Vamos às
memórias e à História: Nos anos 50/60, adotando-se a técnica moderna de “nuvem”, os maiores questionamentos
políticos aconteciam com as palavras: escassez
de alimentos, fila de alimentos, cota de importação, crise cambial, salário
mínimo desvalorizado, falta d’água, transporte e postos de saúde na periferia,
nepotismo e favorecimento de aliados.
Os casos
de corrupção no Congresso noticiados eram praticamente nulos e no Executivo,
pontuais. Lembro-me das grilagens de terra de Moyses Lupion (PR) e Adhemar de Barros e sua famosa
renovação da frota policial com “Chevrolets”.
Eram mais comuns os casos de “favorecimento”,
fosse às políticas do café ou à “imprensa
amiga”. Havia-o também nas “cotas de
importação” de trigo, outros alimentos e insumos com uma atenção especial
aos “empresários alinhados”. A
questão era se os empresários se “alinhavavam”
ao Governo ou vice versa.
Outro
fator crítico sempre foi a “política de
câmbio”, visto que o Brasil sempre andou “de joelhos” perante o Sistema Financeiro Internacional desde o
Reino Unido. Apesar do “forte controle”
cambial exercido pela SUMOC, (Superintendência
da Moeda e do Crédito – DL 7293/1945), criada por exigência do FMI e Banco
Mundial e do monopólio do Banco do Brasil quanto às “divisas estrangeiras” muitas foram a denúncias de favorecimento
aos “bancos aliados”.
A palavra “corrupção” não fazia parte dessa “nuvem”, visto que as “práticas de governabilidade” entendiam
inclusos todos esses favores do Poder Público em troca de “apoio”, fosse da oligarquia agrária ou da econômica. Somente
mais tarde apareceram os chamados “casos
de corrupção” como os classificamos hoje, (malversação de recursos públicos) “abafados” na construção de
Brasília e cometidos por Israel Pinheiro, que foi cassado pela Revolução
especificamente por isso.
O sistema
político brasileiro nunca aceitou a “premissa
democrática”, de que só é saudável o regime que admite a importância de uma
Oposição legislativa livre e respeitada e um judiciário com autoridade e
independência. Esta é uma constatação permanente desde os tempos do Reino
Unido, quando falavam mais alto as Cortes em Lisboa, passando pelo Império e a
República até os dias atuais.
O brasileiro pensa
futebolisticamente, que juiz bom é o que marca “pênaltis” para o “nosso time”
e que só os “jogadores adversários”
cometem infrações graves. Apesar de esta ser uma “alegoria futebolística” tão ao gosto do ex-presidente Lula, não
deixa de encerrar uma verdade aplicável não só à CBF, mas a todas as instituições
nacionais.
Somos perversos
contra as instituições maiores, que deveriam proteger os nossos “direitos cidadãos”. Não diligenciamos
na sua construção, reforço e manutenção, porque isso implicaria que o cidadão criticamente
se politizasse e fiscalizasse a “mais
valia” do seu voto e o exercício do mandato outorgado.
Ao
contrário, por uma danosa “rivalidade
provinciana” profundamente enraizada desde tempos imemoriais e sempre “revitalizada” por espúrios interesses
políticos, insistimos nos “nós contra eles”,
“paulistas contra nordestinos”, “baianos
contra sergipanos” e “pernambucanos
contra os restantes nordestinos”. Um “desserviço
à nacionalidade”, num qualificador mínimo, ou uma “traição ao espírito uno de brasilidade”, se quisermos chamar o “diabo” pelo devido nome.
A maior
instituição a preservar deveria ser o “Federalismo”,
pois é o que determina a “proporcionalidade
de participação” nas decisões nacionais, entretanto o que de mais grave
aflige à nacionalidade nos dias atuais é o “divisionismo”, pelo fato de que mal
saímos de um período de exceção e justamente quando recomeçávamos a construção
de um “projeto político de Nação”,
assistimos ao desmonte da confiança em todas as Instituições da República.
Tornamo-nos
“velhos” em plena “adolescência democrática”.
Do Governo
Sarney herdamos, além da inflação mais desestruturante de todos os tempos,
também uma “Constituição Cidadã” medrosa
aos tempos de arbítrio e por isso garantista e inadequada à realidade da
globalização. De Fernando Collor pelo menos a retirada do “guarda-chuva protetor” do Estado ao empresário, que sacudiu a
Economia e nos fez avançar e nos introduzir na Economia Global.
Foram os
Governos Itamar Franco e o primeiro de FHC, que com o controle da inflação e neste
as privatizações, (que somente a História
julgará a adequação) e uma importante “reforma
de base” com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que o Brasil começou a se
enxergar como uma Nação Moderna e com autoestima. Isso rendeu a FHC uma
reeleição.
Já o Governo Lula da Silva apostou na necessária
e justa inclusão social dando mais dignidade aos até então “excluídos”, o que veio a aquinhoar ao PT três mandatos
presidenciais consecutivos. Uma continuidade inédita.
Infelizmente
instalou-se uma “polarização”, fruto
de “projetos de poder”, (o PSDB falava em
20 anos e o PT não deixou por menos e sapecaram outros seus 20 anos, também)
entre as duas maiores “forças políticas progressistas”.
Uma militância política exclusivamente de desconstrução de imagens, que começou
em 2002. Daí por diante o “projeto de
Nação” foi relegado a um segundo plano pela “briga de primos”. São os nossos “judeus e palestinos”.
O Brasil
nestes 30 anos mudou agressivamente seu perfil de escolaridade e formação, o
tamanho da sua classe empresarial e da classe média e reduziu consideravelmente
a pobreza por mérito de todos os Governos, que por lá passaram, mas
incrivelmente “nuncadantesnahistóriadestepais”
assistimos a uma discussão política tão em nível das famosas “brigas de cortiço” ou “varzeanas”. Só que desta vez é uma “guerra intestina” e assim bem sabemos
do material produto final desses “desarranjos
internos”.
A
explosão de um “ideal político” depende
da energia cívica que empenhamos para o seu sucesso. Entretanto, hoje gastamo-la
mesquinhamente vivendo e incentivando tempos arrasadores de desconstrução, apequenando
ainda mais as já “micro instituições”.
Para construir necessitamos de “caros”
materiais sólidos e ligantes. Já para demolir dependemos só do gratuito “ódio divisor” e das “marretas da má intenção”.
Ou
seja, 30 anos decorridos, nada aprendemos e nada temos a transmitir aos “jovens de Junho de 2013”. Pode
começar a tocar a Marcha Fúnebre e
circular as filas de visitação ao Esquife
da Democracia Representativa. E vai rolar a festa...
Das
percepções e pesquisas de
Antônio
Figueiredo – Entre Algum Lugar entre a Bahia e São Paulo
Economista, Escritor, Empresário, Militante Apartidário Parlamentarismo
e Voto Distrital Puro. Ex - Ativista Movimentos Sociais Católicos/ Metalúrgico/
Estudantil (1961/73). Operário da Cidadania
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