#SOSEducação:
Apresentação:
Nesta semana reiniciamos nas redes sociais um
projeto audacioso, a partir dos brasileses, daqueles que não tem autoridade.
Fomentar como nunca a Educação no Brasil.
Para isso estamos publicando artigos e crônicas
que levem o individuo a Pensar, Cada vez mais.
Queremos começar pelos professores: Seus simbolos, signos, significados...
Sim, Professor tem
uma atividade que deriva do Latim professus,
“aquele que declarou em público”, do verbo profitare,
“declarar publicamente, afirmar perante todos”, formado por pro-, “à
frente”, mais fateri,
“reconhecer, confessar”. Trata-se de uma pessoa que se declara apta a fazer
determinada coisa – no caso, ensinar.
Mais um Artigo do Eminente Professor e
Jornalista Nelson Valente
Nasce, no limiar do
Século XX,
a Semiótica.
by Prof. Nelson Valente
Nasce, no limiar do Século XX, a
Semiótica. Ao longo de quarenta anos, um homem, numa assombrosa quietude, havia
construído, paciente e criteriosamente, uma ciência, que se tornou um legado
para a Humanidade.
Este filósofo, chamado Charles
Sanders Pierce, até poucas horas antes de sua morte, lutava, na verdade, pela
criação da Lógica, com o estatuto da ciência.
Sua vida, no entanto, foi uma
travessia dialógica consigo mesmo, pois nenhuma Universidade sequer o
considerou como lógico e tampouco filósofo.
Não é de se espantar, porém, que só
um ser humano capaz de lançar-se numa aventura bem sucedida, rumo ao
conhecimento pleno de 2500 anos de cultura filosófica, fosse capaz de
conduzir-nos à criação de uma filosofia científica da linguagem: a Semiótica.
Charles Sanders Pierce não foi um
homem de seu próprio tempo, mais foi o homem que desvendou a amplidão
científica para todos os tempos.
A semiótica, cada vez mais, vem sendo
utilizada no campo comunicacional como método de pesquisa nas mais diversas áreas,
seja nos estudos das linguagens musical e gestual, da linguagem fotográfica,
cinematográfica, pedagógica e pictórica, bem como pela linguagem poética,
publicitária e jornalística.
Assim, fica cada vez mais evidente a
necessidade de se compreender a relação do homem e a infinidade de signos
existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana tem se multiplicado em
várias formas e novas estruturas e novos meios de disseminação desta linguagem
têm sido criado.
Agências de espionagem referem frequentemente aos seus vários
tipos de coletas de inteligências com o sufixo "INT",
tais como "SIGINT" para coletar inteligência
de sinais ou comunicações, e "HUMINT" para
a inteligência humana, ou espionagem, através da Semiótica.
Cientistas norte-americanos, já no
início da década de 80, descobriram uma onda cerebral que lhes permitiu
observar o funcionamento da mente e até da consciência. Esta sutil onda
cerebral só aparecia quando o indivíduo descobria uma falta de sentido no final
de uma frase comum (“A faxineira varreu o chão com réguas”). A onda aparecia registrada
numa tela logo que a mente reagia ao absurdo. Trata-se então de uma sutil
assinatura elétrica da mente humana, relatada pelo doutor Steven
A.Hillyard da Universidade da Califórnia. Estes sinais que
acompanhavam processos mentais específicos foram chamados event-related-potencials (ERPs).
A citada experiência científica
comprova hoje, mais do que nunca, que, além de a vida do homem moderno ser
regida por signos, os meios de comunicação empenham-se numa luta contra a
esteriotipação da linguagem diária, uma vez que, quanto mais previsível for uma
mensagem, tanto menor será a informação dessa mensagem. Isto não é nenhuma
novidade. Compara-se a frase comum como “Ponha um vaso sobre a mesa” com a
famosa e bem antiga frase de propaganda “Ponha um tigre no seu
carro”.
As mensagens criptográficas foram
usadas nos anos 60 também como recurso de publicidade: no L.P. “Sgt.
Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, lançado pelos Beatles em abril de 1967
na Inglaterra, e em outros long-playings subsequentes, havia
uma série de “pistas” que indicavam uma suposta morte de um dos componentes da
banda, Paul MacCartney. A capa do LP, que é uma verdadeira obra artística de
montagem, apresentava uma série de índices e ícones como a mão espalmada
sobre o cabelo de Paul (indicando parada) e, dentre numerosas fotos, a do
poeta da morte, Edgar Allan Poe.
O cérebro do homem é uma máquina
hiper-complexa que, embora com funcionamento globalizante, é inteiramente
fracionado em suas funções, as quais vão desde a lembrança do nome de um amigo
até as de resolução dos problemas mais intricados da vida de uma pessoa. O
cérebro tem perto de trinta bilhões de neurônios, uma parte dos quais
especializados, outra a ser desenvolvida ao longo da vida, conforme a vivência
de cada pessoa. Há neurônios capazes de identificar cores; outras formas; alguns
movimentos.
Os dois hemisférios cerebrais
apresentam características diferentes. O esquerdo encarrega-se das atividades
lógicas, verbais e matemáticas: respeita a sequência, nomeia, encaixa, verifica
linearmente, analisa, conceitua, usa signos linguísticos, considera importante
a sintaxe. O direito processa as imagens e a intuição: vê similaridade (é
analógico), é emoção, busca os paradigmas e rejeita os sintagmas, usa signos
icônicos (navega melhor no ”Windows” do que
no ”DOS”, enxerga diversas informações ao mesmo tempo (simultaneidade)).
A mente ocidental tende para o
pensamento linear e a mente oriental para o pensamento em imagens. Os orientais
utilizam intensamente os dois hemisférios cerebrais, uma vez que o idioma
japonês é composto de ideogramas que correspondem a sons. Quando lidos, a
“imagem” ou desenho do ideograma é processado pelo hemisfério direito, enquanto
o som correspondente ao vocábulo é interpretado pelo esquerdo. O mundo
ocidental, reduzindo tudo ao discurso lógico ou ideológico, acabaria com o lobo
direito do cérebro atrofiado. Cremos nós que com a “invasão dos ícones” em
todas as grandes cidades do ocidente, sobretudo nas mensagens publicitárias,
nos videoclipes, nas navegações pelo cyberspace (rede mundial
de informação eivada de ícones), quebrar-se-á a “ilusão de contiguidade” e o
mundo inteiro se orientará.
Tudo no mundo de hoje parece girar em
torno da “informação”. As abordagens novas não se referem tanto à capacidade
que o homem pós-moderno tem para aproveitar adequadamente suas potencialidades
cerebrais. Fala-se em “revolução digital”, traduzindo-se a como competência
para acesso à informação. Ora o simples acesso à informação não se traduz por
conhecimento. Haverá talvez necessidade de, num futuro próximo, automatização
interpretativa do volume de informações que chegam até nós.
Desde os primórdios da humanidade,
buscam-se explicações para o processo do conhecimento humano. Muito cedo,
pensadores da antiguidade formularam hipóteses e geraram teorias que definiam a
expressão humana como um processo representativo de suas formas de ver o mundo.
Assim descobriram o signo, conceituaram-no e o decompuseram na intenção de,
desta forma, compreender o conhecimento humano.
A investigação semiótica abrange
virtualmente todas as áreas do conhecimento envolvidas com as linguagens ou
sistemas de significação, tais como a linguística (linguagem verbal), a
matemática (linguagem dos números), a biologia (linguagem da vida), o direito
(linguagem das leis), as artes (linguagem estética) etc.
Creio que agora podemos divisar, na
História da Cultura, a ocorrência de um processo gradativo de abstração sígnica
que vai do ícone ao símbolo (segundo a graduação das categorias de Pierce),
pois o desenho da pedra mencionada anteriormente é um ícone, bem como o desenho
da cabeça de um boi para representar o boi é índice do boi. O índice, segundo Pierce,
está fisicamente conectado com seu objeto, ambos formando um par orgânico. O
desenho, enfim, da cabeça de um boi, feito nas paredes de uma caverna pelo Homo
Sapiens, é em si um ícone, mas, como tem o objeto (boi) uma conexão de
contiguidade (proximidade física), tornou-se um índice naquele momento. Poderá
passar, no transcorrer dos séculos, porém, na escrita pictográfica, o símbolo.
Como se viu, confirma-se a hipótese: primeiro veio a similaridade, depois a
contiguidade.
A Semiótica, sabemos, está bem perto
da origem da vida, uma vez que, sem informação e energia, aquela última não
existe. Presume-se que o Universo tenha quinze bilhões de anos e sabe-se que
ele não é somente este punhado de estrelas que vemos no céu à noite, quando não
poluição. Apenas na nossa galáxia há 250 bilhões de estrelas; o que vemos é
parte dela e há bilhões de galáxias no Universo.
Passaram-se a existir seres vivos na
Terra, após o “Bing-Bang”, grande explosão de toda matéria
universal, foi graças às fusões nucleares do interior das estrelas. Muito tempo
deve ter passado até que nosso sistema planetário tivesse esta trajetória
estável e talvez um bilhão de anos até o aparecimento de moléculas orgânicas
sobre a Terra.
A descoberta do código genético
revela-nos a vida como linguagem. Na análise da evolução da molécula de ADN (ácido
desoxirribonucleico), substância universal portadora do referido código,
percebeu-se que aquela é capaz de armazenar informações mediante uma linguagem
entre átomos. Esta linguagem é valiosa e legítima para todos os seres vivos,
chamados “máquinas químicas” que perambulam sobre a Terra.
A vida, portanto, depende de
informação que, por sua vez, coordena a energia-geradora dos processos dinâmicos
no meio biológico. O homem é um universo em miniatura. As vibrações de energia
existentes no Cosmo também existem em cada célula do corpo e da mente do ser
humano. Cada célula cumpre sempre o papel que deve cumprir no instante
biológico exato. Segundo Crocomo, cada molécula tem de saber o que as outras
moléculas estão fazendo e cada molécula deve ser capaz de receber mensagens,
devendo, por assim dizer, ser suficientemente disciplinada para obter ordens e
em muitos casos transmitir mensagens.
Já neste ponto, é importante
ressaltar que a biologia moderna se compõe de dois grandes ramos: a biologia
molecular ou celular e a biologia evolutiva. A cronologia cósmica, a natureza
foi conseguindo estocar mais e mais informações na molécula de ADN, e assim
conseguiu organismos mais e mais complexos na escala evolutiva.
Se pudesse perguntar a Pierce sobre
os fatos da História que ninguém conhece, por estar perdido na noite dos tempos,
ele nos responderia com inúmeras indagações:
Deixarão essas coisas de realmente
existir por inexiste qualquer esperança de o nosso conhecimento alcançá-las?
Depois da morte do universo e depois
de a vida ter cessado para sempre, não continuará a colisão de átomos,
conquanto já não exista espírito que possa notar isso? E responderia: Há uns
poucos anos, não sabíamos de que substâncias são constituídas as estrelas, cuja
luz para atingir-nos pode ter exigido tempo superior ao da existência da raça
humana. Não se pode dizer, enfim, que haja uma questão que não possa vir a ser
resolvida. Seja o que for que pensemos, temos presente à consciência ou
sensação, imagem, concepção ou outra representação, servindo de signo. Mas
segue-se da nossa própria existência que tudo aquilo que nos é presente
constitui manifestação fenomenal de nossa pessoa.
Para o professor Nelson Valente Educação é a base de todo individuo.
Para a
Sala de Protheus
Das
pesquisas e Pensamentos de Nelson Valente
professor
universitário, jornalista e escritor – Blumenau – SC -
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