Diálogos da Noite!
“...Toda noite fico imaginado diálogos que nunca serão
feitos ,
fotos que nunca serão tiradas , sorrisos que nunca
fotos que nunca serão tiradas , sorrisos que nunca
serão vistos e atitudes que serão
impossíveis de se tornarem reais...!” .
Mallu Moraes
O inverno não quer ir embora.
Mesmo a primavera tendo iniciado, as nuvens permanecem cinzentas. Tenho que
escrever um artigo sobre os professores. Minha criança interior é rebelde com
este assunto. Busco inspiração em Rubem Alves.
Ele cita
o livrinho de Janucz Korczak Como amar uma criança. Mas ambos os autores são exceção. Ele sabia que para se ensinar algo a uma
criança é preciso amá-la primeiro. Ambos são românticos... Por isso os amo. Bem
amo tudo o que é inteligente, sábio, profundo.
Talvez por isso ame tanto meu reflexo (apelido carinhoso de Branwen). Mesmo sendo incondicional, às vezes
penso que ela ainda não entendeu isso muito bem.
Mas desisto por hoje. Tenho que deixar uma mensagem clara. Amanha tento
novamente. Começo a assistir Questões de
Família com Richard Harris. Muito inglês demais. Meio sem sentido. Ao menos
para o que preciso nesta noite.
Minha salvação nestes folguedos chega com uma msg de meu reflexo. Inspiradora até.
São 22h 47 min.: Ela diz:
R – Abandonar vai melhorar?
Quebra o espelho... Amaldiçoa se sentir vontade, grite, saia correndo... Não
vai adiantar... O amor continua...
Amo quando ela coloca para fora esta mistura de “Branwen com gringuinha invocada...”
Ah, este amor incondicional!!!
Incondicional???
Por isso é meu reflexo. Somos iguais sendo diferentes. Tem a mesma mania
que eu: Necessito demonstrar um pouco de meu “amor agressivo” quando estou saudoso, ou não tenho respostas de meu
próprio reflexo.
Freud “tentou” explicar,
dizendo que: quando nos tornamos
agressivos, de alguma forma, é uma manifestação de que desejamos estar perto,
de sentir o outro como a nós mesmos.
Na mensagem, têm mensagem para mim, e outras que ela gostaria de dizer,
de colocar para fora. Ainda não encontrou coragem. Então se utiliza do reflexo
para exauri-las, de certa forma. Entendo-a. Como a entendo. De reflexo, me
torno um canal. Ao menos para seu entendimento. Se fosse mais direta, como já
foi, seria mais fácil. Mas respeito. Deve ser a necessidade atual. Se tivesse
tido este canal talvez não tivesse desperdiçado tanto amor.
Desperdiçado? Não!
Talvez mal direcionado, de minha parte. Afinal amar é bom sempre. Mesmo
que somente um lado ame. Meio egoísta, mas já é alguma coisa.
E começamos um “diálogo” por
mensagens de celular: Frio, mas com esta distancia, às vezes, são formas que
encontramos.
Pessoalmente não conseguiria. Sabe que seria desarmada logo e com isso,
teria que abrir seu coração, de todo, por tudo. Mas talvez seja um
autotreinamento. Uma forma de conseguir segurança, em suas relações. Ainda tem
medo de errar. Traz condicionamentos. Sabe que é ruim, mas quem sabe não esteja
querendo se livrar de tudo isso.
Ela consegue me dizer muito mais coisas. Mas geralmente acabam em
perguntas que deveriam suceder outras respostas. Estas não vêm. Mas, esperta,
acaba tendo todas as respostas que precisa. Ao menos no momento. E enche de
novas perguntas.
Quanto as minhas perguntas? Bem estas ficam quase todas sem respostas.
Apenas evasivas.
É claro que eu poderia ter escolhido um reflexo mais passivo, menos
reflexivo; mas certamente deixaria logo de refletir, e não amaria tanto. Ela
sabe que o apaixonante desta reflexão refletida, como um todo está, diretamente
proporcional, ao modo como nos igualamos. Daí se aproveita. Os motivos são
bons. Não me importo.
Quando consigo um dialogo transparente, em que o espelho está em um
quarto ou sala, de cristal, límpido, reluzente, ela dá um jeitinho de levá-lo
para o banheiro, justamente na hora do banho. Normalmente embaça. E a
comunicação fica distante. Não enxergo e não sinto mais meu reflexo... Apenas
um sussurro.
Já são quatro diálogos interrompidos;
Todos têm “motivos”.
Da primeira, estava trabalhando, normal. Tinha que respeitar.
Na segunda, estava triste, com o coração partido. Não poderia abusar do
momento. E deixo para outra vez.
Na terceira, maldita distância, créditos de telefones que terminam,
comunicação que interrompe, assuntos que ficam pendentes.
Tudo bem. Entende-se, mas não se aceita muito não.
Talvez por isso não responda aos temas-de-casa. Sabe que terá que se
comprometer. De uma forma ou de outra.
Mas eles estão se acumulando. Logo não poderá mais fugir. Terá que
começar a respondê-los. Ou dizer basta!
Afinal a boca terá que falar daquilo que o coração está lotado.
Ontem, bem, acredito que tenha terminado os créditos. Ou então a vontade
de responder tantas perguntas.
O estranho é que somente um lado do espelho responde. O outro responde
com mais perguntas. Ou faz-se de desentendida, como excelente manipuladora que
é.
Diz que odeia jogos. Joga o tempo inteiro. Talvez tenha se esquecido de
ditar as regras para cada jogo.,... but?
Outra forma de não responder é mandar interrogações...???
Em outros momentos fica corajosa. Fico feliz. Agora vêm respostas diretas.
Nada.
Logo em seguida faz perguntas diretas. Tem respostas.
Mas continua não respondendo.
Não diz o que se passa em seu coração.
Vez por outra apenas inicia. Mas logo pára.
Pergunto-me: o que a deixou assim? Ou o que a tornou desta forma, tão
cedo.
Ah, meu reflexo precoce... Será que estou rememorando? Fui Assim?
Talvez.
Como reflexo sabe que necessitamos um do outro. Talvez ainda não
tenhamos achado a fórmula para tudo isso. Ou talvez saiba e não diz.
Parece um jogo de sobrevivência. Mesmo que ambos os lados detestem
jogos.
Mas o que esta faltando?
Quem sabe um dia se descobre.
De minha parte não vai se livrar tão fácil assim deste reflexo.
Esqueci de mencionar: tenho este defeito, quando amo é em demasia.
Talvez apenas não tenha encontrado um lado que necessite de tanto.
Talvez.
Talvez por isso seja exatamente o meu reflexo. E não existe como trocar.
Só existe um reflexo para cada imagem. Não existem dois.
E agora que achei... ohhhhh? Vai ter que agüentar. E uma vida demora
para passar. E ainda tenho que compensar a anterior. E não vou esperar outra
para isso.
Então...?
Crie coragem... Liberte-se de suas amarras.. e aprenda, também a ser
transparente... Completamente transparente, e não apenas exigir, como
segurança. Quem sabe eu não possa ajudá-la mais que imaginas?
Quer descobrir?
Ah, esqueci, este é outro defeito deste lado do espelho: Sou
completamente transparente. Sempre. Por isso o outro lado necessita, assim como
você, ter muitos neurônios, senão começam os nós.
Não, não vou desistir. Eu espero.
Um dia, quem sabe um dia, conseguimos um “enfrentamento”
que tanto buscamos.
Meu lado egoísta apenas necessita
saber, constantemente, se você esta bem... Se não está, é para isso que estou
aqui... Ainda!
Dos Diálogos com Branwen
Entendimentos & Compreensões
Publicado no Grupo Kasal –
Vitória – ES –
www.konvenios.com.br/articulistas
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