“ A Cultura de Nossos
`Políticos`!”
- E Nossa Pseudo
Educação -
Quem és tu que queres
julgar,
com vista que só alcança
um palmo,
coisas que estão a mil
milhas?
Dante Alighieri – Poeta e escritor Italiano – 1290 -
Recebo de minha amiga e guerreira Beth Dalmeida,
uma noticia para corar de vergonha. Bem, ao menos para aqueles que ainda têm a
tal de “vergonha na cara”,
Sim, uma entrevista efetuada por um dos maiores
jornais do país, com o Marcola, o Líder do PCC, de maio deste ano, do segundo
caderno, da primeira edição, página 8.
Não estou fazendo apologia a um bandido, condenado
pela justiça brasilesa por seus crimes. De forma alguma. Mas posso compará-lo
aos nossos governadores e quase a totalidade dos políticos deste país.
O traficante, afinal este foi o crime que ele
cometeu segundo a justiça, parece conhecer, de dentro de uma prisão, muito mais
os problemas que os brasileses enfrentam do que os ditos políticos muito bem
pagos, com nosso dinheiro, e não por competência deles, salvo raríssimas
exceções – quem souber de alguma me
avise, para não cometer nenhuma maldade com um “bom politico”-.
Estamos todos no
inferno. Não há solução, pois não conhecemos nem o problema.
O repórter mandando pelo
Jornal pergunta a certa altura da entrevista se ele é do PCC. Sua resposta:
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos.
Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente
era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração
rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que
nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba
para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas
românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora,
estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós
somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante
na prisão…
A propósito quantos de
nossos governadores e políticos sabe quem foi Dante Alighieri? Ou melhor, ainda
quantos de nossos formados na universidade sabem?
Um traficante, preso,
condenado, não somente lê como cita Dante em italiano,
Mas o repórter do
jornal, um pouco com medo, não do traficante, acredito que estava mais receoso
era de sua cultura alcançada enquanto preso, ousa perguntar a solução para um
presidiário.
A resposta é de fazer
inveja até para o mais inteligente dos governadores. A proposito quem é ele
mesmo?
- Solução? Não há mais solução, cara… A própria ideia
de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou
de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com
muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto
nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na
educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma
“tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular,
que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287
sanguessugas vão agir? Se bobear vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que
impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país,
teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais
e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso
custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na
estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
Não esqueçam que o
repórter é jornalista, portanto saiu de uma universidade. Sim destas que dão
diploma e que os grandes jornais contratam, faz outra pergunta mais idiota que
a primeira: Se o traficante tem medo de morrer?
A resposta do
traficante:
- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás,
aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar
vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba…
Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a
fronteira da morte, a única fronteira. Já somos outra espécie, já somos outros
bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama,
no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala…
Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja
herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses
guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio
Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto
desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma
terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto
analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas
brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações
feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de
uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina,
ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a
merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie
social, são fungos de um grande erro sujo.
O pior de tudo é que o
tal de repórter faz para o traficante perguntas que nem os governadores teriam
respostas. Mas o traficante tem quando perguntdo: O que mudou nas
periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem
US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel,
um escritório… Qual a polícia que vai queimar? Mas a mina de ouro, tá ligado?
Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e
jogado no “micro-ondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por
incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e
burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não
tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de “três
oitão”. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo.
Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstar do crime. Nós
fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por
medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas
armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são
nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
Mas fica pior as
perguntas do dito repórter. Se for o chefe dele, já teria feito a mesma coisa
da resposta acima.
O ser de pouco cérebro
pergunta para um presidiário: Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os
barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do
Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército?
Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está
quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda
aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar
contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva
de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já
tem até foguete antitanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar
com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba
arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema
radioativa?
E o traficante encerra
citando Dante em italiano para nossa vergonha.
Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a
extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi
cheentrate!” Percam todas as esperanças.
Estamos todos no inferno.
Será que o digno
ministro da Educação chegou a ler esta entrevista? Algum Governador? Algum
Político? E não ficaram com vergonha e entregaram seus cargos?
Nos, povo Brasiles,
temos que parar com a mania de colocar incompetentes nas áreas públicas. Não
dar poder para quem não tem cérebro, parafraseando Maquiavelli, e que se
locupletam com o dinheiro público e ainda nos chamam de idiotas.
Ou damos um basta de uma
vez por todas, ou mesmo doendo, vou dizer o Senhor Marcola, tem razão. Ele pode ser um
condenado, mas é mais inteligente que a grande maioria dos políticos que
conheço.
Ele sabe que pensar não
dói... Já nossos políticos... Que vergonha
Em tempo: os
erros da língua portuguesa colocados pelo repórter no jornal foram corrigidos.
Até isso,
Leituras & Compreensões da Madrugada
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES
www.konvenios.com.br/articulsitas
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