sábado, 14 de setembro de 2013

“... Perdão, mas não posso mais
dizer o Seu Nome...!”.




“... Surpreende-me, sempre e cada vez mais,
o que as pessoas fazem com as pessoas...!”
Protheus!


Há uma nova “ordem” para todos os homens na terra:
 “Todos estão proibidos de dizer o nome Dele...!”
Sim. A partir de agora, todos os humanos, ao menos os que acreditam Nele, não podem mais dizer Seu Nome. Não podem mais invocar Seu Nome, em qualquer sentido, circunstância, ato ou situação.

Difícil foi explicar para a menina Aline, minha vizinha de 10 anos, que adora puxar papo quando estou lendo. Assim aproxima-se a pequena princesa, e com jeito de quem nada quer, chega logo dizendo:
- Tio Protheus, o que esta lendo hoje, pode me contar?

E ao fazê-lo, é como se participasse da viagem que sua cabecinha faz, com minhas narrativas. Sempre tentando falar a sua linguagem. Assim acabo criando neologismos fantásticos, para ludribriá-la frente a palavras, que ao menos para mim, julgo, ela não entenderia. Ledo engano. Ela diz que não preciso dizer diferente que ela entende.
Foi desta forma que me explicou uma nova oração que tinha aprendido. Não tinha gostado muito. Achava as palavras frias demais e com isso pensava que Deus não gostaria que fossem ditas, daquela forma.
Adoro ouvi-la e observar o modo como sente o mundo a sua volta. Doce inocência que perdemos, com o tempo.

Mas a parte mais difícil veio em uma de nossas utimas conversas. A pequena princesa chegou com olhar estranho, um pouco triste. Sentou-se ao meu lado, demorou um pouco para puxar papo. Não fez perguntas sobre minhas leituras. Fechei o livro e esperei. Deixei-a quieta, inerte em seus pensamentos. Quase como um respeito obsequioso, aguardando-a que “retornasse” de seus pensamentos, tão sublimes que deveriam ser.
Não demorou muito:
- Tio Protheus, por que não posso mais dizer o nome de Deus?

A pergunta me pegou desprevenido e surpreso, como quem busca respostas que não têm, indaguei:
- Como assim pequena Aline?
Ao que ela respondeu:

- É que hoje minha professora de catecismo (preparação para a eucaristia, ou cerimônia de iniciação chamada de Primeira comunhão, para os Católicos, em que os novos cristãos poderão, a partir disso, participar de todas as cerimônias religiosas e receber o pão, ou comunhão, em referência a hóstia ou pão sagrado que Jesus Cristo distribuiu aos apóstolos na Ultima Ceia), disse que a partir de agora nós não podemos mais nos dirigir a Ele, pelo nome de Deus, nem a Jesus Cristo. Somente podemos dizer “Paizinho do céu”, ou então “Seu filho”, para o menino Jesus. Por que tio Protheus?

Julgam que necessito de socorro? Estão enganados. Preciso de um lugar, magicamente rápido, para me esconder, ter tempo suficiente de buscar uma resposta que alimente esta cabecinha iluminada e inocente de menina.

Preciso de um supercomputador, com memória gigantesca, arquivos infinitos com bases em todos os dogmas possíveis. Necessito sim de socorro, para não dizer a este inocente ser, que um homem - penso que deveria ser proibido também chamá-lo de Papa - que mora em um castelo riquíssimo, em Roma, e que é considerado o “representante de Deus” aqui na terra, decidiu, através de seus “profundos estudos” que assim deveria ser. Pois como este “senhor”, tem ao seu dispor os mais “letrados”, “estudiosos” e “científicos” homens ao seu lado – estes por sua vez, em estudos dos Velho e Novo Testamento, verificaram que o nome Javé – Deus em Hebraico -, nunca havia sido citado em lugar nenhum, e que ao ser traduzido para o Latim, a origem de nossa língua colocou Javé, impronunciável com as consoantes, sem nenhuma vogal, em Hebraico, ou Grego antigo, como há duvidas ainda, agora não deveria ser citado também, pois não somos “dignos” de pronunciar “Seu nome”, como fazíamos até hoje. Parece que não somos dignos de nada.

Penso que deveria achar um jeito de explicar para a princesa Aline, que aquela parte em que Jesus Cristoops, não posso mais dizer este nome também – diz que “somos feitos a Sua imagem e semelhança”, também não existe mais. Penso que deveria buscar uma fórmula, para tentar dizer para esta inocente criança, que o dito “poder” tão buscado pelo primitivo homem, está proporcionalmente ligado a sua capacidade de fazer os outros de escravos, em detrimento de qualquer coisa.  Fico confuso, quanto à explicação, de que a religião, este ato de nos religar com o Superior, não pode mais ter a luminosa e pacifica relação com o ser humano, que o transforme em fé.  Apenas em um mero ato religioso e ritualesco. Assim quando ela me perguntar o que irá fazer na Igreja – este templo que era a casa de Deus, e que agora é apenas a casa de .... – impronunciável pela nova Lei Canônica - , daquele ser, ainda humano, que todos chamam de “Santo Padre”, (o anterior, por favor) que foi promulgado  e está em discussão em todo o mundo, será apenas um lugar bonito, ou nem tanto, aonde as pessoas visitavam, antigamente, para orar e se sentirem mais fortes, mais poderosas, mais próximas Dele.

Mas no meio deste silêncio e ausência de respostas para a pequena princesa, busquei a ajuda de minha criança interior e respondi com outra pergunta:
- Como assim princesa, não entendi? – Não podemos dizer mais o nome de Deus?
- Aha, a profe. disse que agora é pecado dizer o Seu nome. Eu não entendi direito isso. Fiquei meio confusa.
Se esta criança inocente ficou confusa, como ficamos nós que julgávamos já ter visto tudo nesta vida.
Será que devo falar para ela do período da dita “Santa Inquisição”? Que faziam o que queriam em nome de Deus? Matavam, crucificavam, queimavam mulheres principalmente, roubavam, enriqueciam-se... Tudo em nome e busca de um poder maior sobre os demais seres humanos?
Claro que não devo. Assim respondi o que me veio à mente, ante aqueles olhos lindos indagativos, naquele momento.

- Princesa, os homens, quando crescem, se tornam estranhos, diferentes, às vezes dizem coisas absurdas. Mas é apenas para que as crianças não entendam. Assim não ligue para todas as bobagens que você ouvir. Continue respeitando os mais velhos, e quando fizer suas orações, todas as noites, continue chamando-o, continue conversando com ele, se precisar ter um nome, diga “paizinho do céu”. Eu prometo que também vou chamá-lo somente assim, combinado?
- Ta legal, tio Protheus, mas é esquisito, não acha?
- Sim princesa, acho muito esquisito. Mas você ainda vai ver os adultos fazerem muitas esquisitices. Não ligue. Continue todos os seus sonhos lindos de criança abençoada que você é. Ele vai te abençoar e proteger assim mesmo. Combinados.
- Aha! Agora vou brincar com minhas amigas, tchau tio Protheus?
- Tchau minha doce criança, e que “paizinho do céu” te abençoe!
- Obrigada tio, o senhor também!

Sim, que Ele te abençoe e te dê uma “capa mágica” para protegê-la da ignorância, ainda primitivíssima, do “dito” ser humano, quando dotado de algum poder.
Que ele continue colocando muita luz que abarque a escuridão criada por seres monstruosos, travestidos de roupas, cargos e outras “frescuras” ditas divinas aqui na terra.

De minha parte princesa, só posso dizer-te, agora que se foi: O que dói são as consequências, não o ato de pensar.
Às vezes dói ver tanta ignorância e mesquinharia, manipulando pobres seres apenas como forma de poder.
Por outro lado, também penso, não devo ser deste planeta não!
É muito estranho este ser chamado humano, às vezes demasiado humano.
Perdão, novamente, princesinha... E que sua geração possa trazer mais luz.


Entendimentos & Compreensões
Publicado no Grupo Kasal – Vitória – ES
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