Percepções de Vida -
IIª parte:
O
Que Houve Com o “Para Sempre”?
“... Aquilo que foi doloroso suportar
torna-se
agradável depois de suportado; é
natural sentir
prazer no final do próprio
sofrimento...!”
Sêneca
Em
nosso ultimo encontro falamos, discorremos um pouco sobre como a atual dita “adolescência”
esta percebendo as uniões ditas “estáveis”, como o casamento. Vida a dois... E
assim por diante. O escritor Hemingway costumava dizer: “Se
as duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz”. Contraditório?
Ambíguo? Não. Apenas real. Já deixei escrito, em crônica anterior, a narrativa
de uma amiga muito querida e sua surpresa em um restaurante observando um belo
casal com seus telefones à mão, enquanto almoçavam e não trocaram uma palavra.
Isso não acontece somente em
restaurantes. Está acontecendo até nos leitos. Sim, nas camas onde dormem
juntos marido e esposa, ou se preferirem homem ou mulher. Abstenho-me de
comentar dos outros gêneros por ter informações muito vagas. Começam a surgirem
perguntas que já não cambem mais na memória. E o tal de “disco rígido”
necessita de uma capacidade maior, consequentemente um processador também mais
potente. O que aconteceu conosco? Como chegamos a este ponto? Amávamo-nos
tanto! Éramos apaixonados! – não importa aqui se há filhos em meio à relação ou
não, estes se tornam secundários – (lembre-se disso, já falaremos). Simples!
Como assim? As respostas a tudo isso são simples? Exatamente. Aquilo que
coloquei na primeira parte ou crônica anterior é a essência de qualquer
relação: casamento, profissional e até de amizades. Eis um bom exemplo: Por que
as amizades duram mais? Novamente é simples a resposta: Diálogo. Sim muito
diálogo conversa que não acaba mais e amor incondicional.
Voltando a primeira crônica:
Caminhar de mãos dadas... Ver um por de
sol... Ou ficar conversando até surgir o sol pela manha, simplesmente
abraçados, um sentindo o outro (não há necessidade de haver comentários sobre
sexo aqui, não é a questão). Sim, as conversas não terminavam mais. Os assuntos
se tornavam infinitos. E queríamos discutir... E queríamos falar mais... E
queríamos ouvir mais o outro... Assim conheceríamos interiormente até a alma do
outro... E assim por diante. Ops acabei com o romantismo do assunto? Não! O
objetivo é analisar o que está acontecendo com a nossa geração... Os ditos
coroas, casados, juntos, união estável (bem este termo é somente legal), pois a
maioria está instável mesmo.Não se compreende como um casal ainda jovem (entre
35 e 50 anos) para casais isto é muita juventude para os “aborrescentes” que
possam estar lendo isso agora, tenha “esgotado” o índice de assuntos do livro
da relação de um amor?
A
grande maioria já pula a apresentação dos “autores” e o índice de assuntos.
Somente a capa e o título já estão ótimos... E partem para o contexto. Neste
caso exclusivamente físico... E continuam assim... Até esgotarem... Até as
ultimas páginas terem sido mais ou menos lidas. Na grande maioria nada
compreendida, desfocada do contexto e nem chegam a consultar a bibliografia, já
colocam um fim... Que geralmente é um final demorado... Nada transitório..
Sofrido... Acusatório, vexatório, humilhatório... Quase insensatez de dois
adultos com tanta incompreensão com o outro que os torna primitivos... E aqui
surgem as agressões: As verbais são as mais comuns... Em muitos casos as
físicas... E em outros... Até o final de vida de um que deixa outro... Que
deixa de ser par... Que deixa de ser casal... E na grande maioria deixa muitas
reticências que são os filhos...
Estes, pobres seres, são jogados entre
o que sobrou, a casa de avôs, tios, ou a esmo... Sozinhos! Por sua conta e
risco. Estou dizendo que os seres humanos ainda agem assim? Não! Estou afirmando.
Tem diferença enorme. Precisamos partir para novos pontos. Alguns já
conseguiram isso. Sim! Têm-se exemplos. Qual o segredo então? Ai está: Não tem
segredos... Não tem normas... Os começos apenas foram diferentes. As “capas”
das obras apenas se encontraram. Não foram analisadas cores, estamparias,
formatos, tipos, texturas... Não! Pelo
contrário... Foram direto no “índice” e começaram exatamente na apresentação da
“obra”, até verificaram a primeira página, às “orelhas” onde se contem uma
síntese, senão do autor da própria obra. Demoraram muito nesta
apresentação... Discutiram quase tudo sobre os autores... Foram analisando as
partes do índice e seus assuntos... Seus temas... Ou seja, o que encontraria
pela frente... E gostaram... E decidiram lerem juntos... E decidiram “ser” a obra...
E decidiram serem dois em um... Seres felizes...
Esta bem:
Lá vem você me dizer que estou agora em
obra de ficção romântica tirado de alguma Adélia Prado ou Zinah Alexandrino, ou
dos poemas do Mario Quintana... Ou de algum texto poético do joseense Cassiano
Ricardo – estes dois últimos, infelizmente já não mais entre nós -... Não!
Estou narrando... Estou afirmando que existem estes modelos. E como conseguiram
isso? Já vou responderem, pois inconscientemente será a pergunta derradeira. Primeiro
respeitaram-se completamente. Segundo nenhum ultrapassou a ultima “linha do
outro”. Linha do outro? Sim todos nós temos uma linha da qual outro ser jamais
poderá ultrapassar: a partir dela está guardada a dignidade, nossa essência
mais pura. Nós a ofertamos. Mas a “fabricação”, a “fórmula” é individual... Jamais
poderá ser coletiva. Quanto ao uso do que foi
fabricado? Ah, isso sim... Pode e deve ser consumido, degustado, saboreado,
amado, abraçado, juntado ao outro para que se tornem mais próximos. Apenas não
podem jamais ultrapassar esta linha. O respeito ao outro como
incondicionalidade... Aos momentos em que este outro deseja apenas alguns
minutos consigo mesmo e que o outro saiba interpretar e respeitar... E não com
as velhas e pobres perguntinhas: - o que você tem? Não está bem? O que houve?
No mínimo tá pensando em outro (a)? Esta pobreza... Esta primitividade... Esta
incultura... Esta... Sem definição... “Coisa primitiva” é que acaba com casais
que poderiam chegar aos setenta anos e caminharem felizes pelos parques, de
mãos dadas... Ainda dando beijinhos um ao outro. Ainda felizes de dormirem de “conchinha”...
De dizerem: Boa noite meu amor...
Você nunca sonhou com isto? Perdão! Vou
duvidar disso... Todos nós queremos exatamente isto... Por que então não nos
esforçamos um pouco mais? Estas respostas são de cada um.
Pensar não dói... Já amar e estar junto
por longo tempo...
Bem deixo para você pensar...
Entendimentos
& Compreensões
Percepções
de Vidas a Dois
Leituras
& Pensamentos da Madrugada
Nenhum comentário:
Postar um comentário