domingo, 14 de junho de 2015


Percepções de Vida -

IIª parte:

O Que Houve Com o “Para Sempre”?


“... Aquilo que foi doloroso suportar torna-se
agradável depois de suportado; é natural sentir
prazer no final do próprio sofrimento...!”

 

Sêneca

 

Em nosso ultimo encontro falamos, discorremos um pouco sobre como a atual dita “adolescência” esta percebendo as uniões ditas “estáveis”, como o casamento. Vida a dois... E assim por diante. O escritor Hemingway costumava dizer: “Se as duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz”. Contraditório? Ambíguo? Não. Apenas real. Já deixei escrito, em crônica anterior, a narrativa de uma amiga muito querida e sua surpresa em um restaurante observando um belo casal com seus telefones à mão, enquanto almoçavam e não trocaram uma palavra.


Isso não acontece somente em restaurantes. Está acontecendo até nos leitos. Sim, nas camas onde dormem juntos marido e esposa, ou se preferirem homem ou mulher. Abstenho-me de comentar dos outros gêneros por ter informações muito vagas. Começam a surgirem perguntas que já não cambem mais na memória. E o tal de “disco rígido” necessita de uma capacidade maior, consequentemente um processador também mais potente. O que aconteceu conosco? Como chegamos a este ponto? Amávamo-nos tanto! Éramos apaixonados! – não importa aqui se há filhos em meio à relação ou não, estes se tornam secundários – (lembre-se disso, já falaremos). Simples! Como assim? As respostas a tudo isso são simples? Exatamente. Aquilo que coloquei na primeira parte ou crônica anterior é a essência de qualquer relação: casamento, profissional e até de amizades. Eis um bom exemplo: Por que as amizades duram mais? Novamente é simples a resposta: Diálogo. Sim muito diálogo conversa que não acaba mais e amor incondicional.


Voltando a primeira crônica:
Caminhar de mãos dadas... Ver um por de sol... Ou ficar conversando até surgir o sol pela manha, simplesmente abraçados, um sentindo o outro (não há necessidade de haver comentários sobre sexo aqui, não é a questão). Sim, as conversas não terminavam mais. Os assuntos se tornavam infinitos. E queríamos discutir... E queríamos falar mais... E queríamos ouvir mais o outro... Assim conheceríamos interiormente até a alma do outro... E assim por diante. Ops acabei com o romantismo do assunto? Não! O objetivo é analisar o que está acontecendo com a nossa geração... Os ditos coroas, casados, juntos, união estável (bem este termo é somente legal), pois a maioria está instável mesmo.Não se compreende como um casal ainda jovem (entre 35 e 50 anos) para casais isto é muita juventude para os “aborrescentes” que possam estar lendo isso agora, tenha “esgotado” o índice de assuntos do livro da relação de um amor?


 A grande maioria já pula a apresentação dos “autores” e o índice de assuntos. Somente a capa e o título já estão ótimos... E partem para o contexto. Neste caso exclusivamente físico... E continuam assim... Até esgotarem... Até as ultimas páginas terem sido mais ou menos lidas. Na grande maioria nada compreendida, desfocada do contexto e nem chegam a consultar a bibliografia, já colocam um fim... Que geralmente é um final demorado... Nada transitório.. Sofrido... Acusatório, vexatório, humilhatório... Quase insensatez de dois adultos com tanta incompreensão com o outro que os torna primitivos... E aqui surgem as agressões: As verbais são as mais comuns... Em muitos casos as físicas... E em outros... Até o final de vida de um que deixa outro... Que deixa de ser par... Que deixa de ser casal... E na grande maioria deixa muitas reticências que são os filhos...


Estes, pobres seres, são jogados entre o que sobrou, a casa de avôs, tios, ou a esmo... Sozinhos! Por sua conta e risco. Estou dizendo que os seres humanos ainda agem assim? Não! Estou afirmando. Tem diferença enorme. Precisamos partir para novos pontos. Alguns já conseguiram isso. Sim! Têm-se exemplos. Qual o segredo então? Ai está: Não tem segredos... Não tem normas... Os começos apenas foram diferentes. As “capas” das obras apenas se encontraram. Não foram analisadas cores, estamparias, formatos, tipos, texturas...  Não! Pelo contrário... Foram direto no “índice” e começaram exatamente na apresentação da “obra”, até verificaram a primeira página, às “orelhas” onde se contem uma síntese, senão do autor da própria obra. Demoraram muito nesta apresentação... Discutiram quase tudo sobre os autores... Foram analisando as partes do índice e seus assuntos... Seus temas... Ou seja, o que encontraria pela frente... E gostaram... E decidiram lerem juntos... E decidiram “ser” a obra... E decidiram serem dois em um... Seres felizes...


Esta bem:
Lá vem você me dizer que estou agora em obra de ficção romântica tirado de alguma Adélia Prado ou Zinah Alexandrino, ou dos poemas do Mario Quintana... Ou de algum texto poético do joseense Cassiano Ricardo – estes dois últimos, infelizmente já não mais entre nós -... Não! Estou narrando... Estou afirmando que existem estes modelos. E como conseguiram isso? Já vou responderem, pois inconscientemente será a pergunta derradeira. Primeiro respeitaram-se completamente. Segundo nenhum ultrapassou a ultima “linha do outro”. Linha do outro? Sim todos nós temos uma linha da qual outro ser jamais poderá ultrapassar: a partir dela está guardada a dignidade, nossa essência mais pura. Nós a ofertamos. Mas a “fabricação”, a “fórmula” é individual... Jamais poderá ser coletiva. Quanto ao uso do que foi fabricado? Ah, isso sim... Pode e deve ser consumido, degustado, saboreado, amado, abraçado, juntado ao outro para que se tornem mais próximos. Apenas não podem jamais ultrapassar esta linha. O respeito ao outro como incondicionalidade... Aos momentos em que este outro deseja apenas alguns minutos consigo mesmo e que o outro saiba interpretar e respeitar... E não com as velhas e pobres perguntinhas: - o que você tem? Não está bem? O que houve? No mínimo tá pensando em outro (a)? Esta pobreza... Esta primitividade... Esta incultura... Esta... Sem definição... “Coisa primitiva” é que acaba com casais que poderiam chegar aos setenta anos e caminharem felizes pelos parques, de mãos dadas... Ainda dando beijinhos um ao outro. Ainda felizes de dormirem de “conchinha”... De dizerem: Boa noite meu amor...


Você nunca sonhou com isto? Perdão! Vou duvidar disso... Todos nós queremos exatamente isto... Por que então não nos esforçamos um pouco mais? Estas respostas são de cada um.
Pensar não dói... Já amar e estar junto por longo tempo...
Bem deixo para você pensar...

 

 

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