Meia Palavra...
Palavras,
palavras, palavras.
Eu já não aguento mais.
Eu já não aguento mais.
Palavras,
palavras, palavras.
Você só fala, promete e nada faz.
Você só fala, promete e nada faz.
Palavras,
palavras, palavras.
Desde quando sorrir é ser feliz?
Desde quando sorrir é ser feliz?
Cantar
nunca foi só de alegria.
Com tempo ruim
todo mundo também dá bom dia!
Com tempo ruim
todo mundo também dá bom dia!
Palavras – Gonzaguinha
Diz a sabedoria popular, que “para
um bom entendedor, pingo é letra” e diz mais ainda que, “para bom entendedor, meia palavra basta”,
entretanto, a sabedoria mineira adverte e contrapõe, que “em boca fechada não entra dentadura”, que a meu ver é o discurso
mais adequado a estes tempos em que tudo parece ser tão virtual, que um “amontoado de palavras” se materializa à
visão nacional geral em cimento, ferro e dinheiro no bolso.
Contudo, na semana passada lendo uma crônica da Prof. Dra. Jane Glasman
na SALA DE PROTHEUS, (Como entender a
Língua Portuguesa...), foi que me dei conta de que tudo é pura culpa da
nossa “complexa” Língua Portuguesa
Brasileira, ou “Brasilesa”, como
prefere meu “amigo hospedeiro”, posto
que tenha suas raízes regionalistas, na interpretação cultural específica e até
mesmo uma “raiz ideológica”.
Foi aí então, que comecei a entender o “discurso oficial” dos últimos 13 anos: a Língua Portugueça Bernardina da
Squerda Basilela. (“Prendam a língua” para falar, ou se quiserem e preferir, “contorçam
o idioma” no pau de arara semântico, porque é o “politicamente correto”
atualmente e assim o exige a Fonética dessa Novilingua).
Confesso que nunca fui um entusiasta da Lexicologia. Falta-me cultura e
principalmente aquele “espírito arqueológico”
de escavar, peneirar e depois pincelar a ancestralidade das palavras.
Contento-me em conhecê-las e saber do seu conteúdo expressivo na “comunicação”, pois afinal é para isso
que as “palavras” servem.
Mas sem dúvidas sou um fanático em organizá-las sintética e logicamente
de forma que quem me lê, ainda que discorde do meu texto em conteúdo, não tenha
a menor dúvida do que busco expressar e essa regra é no mínimo um “respeito devido” na “boa comunicação”.
Ouvi muito por toda minha infância: “Filho,
os teus maiores patrimônios são o teu nome e a tua palavra. Um será o guardião do
outro”. Lembro-me de ter ouvido também: “A palavra é sempre reta”. E foi assim que aprendi a interpretar
tanto a palavra do pregador religioso, quanto a do político e do jornalista. Aquele
por “cuidar do bem-estar celestial” e
estes pelo seu comprometimento com o nosso “bem-estar
terreno”. Era assim que encarava estas “missões desapegadas” viventes da
palavra. Princípios, palavras e entendimento comuns.
Lembro-me muito bem, que naqueles tempos era muito mais fácil separar-se
a verdade da mentira, o honesto do desonesto e as ações das intenções, visto
que a quantidade de palavras nos mais diferentes idiomas era muito menor e
assim diziam exatamente o que queriam dizer no seu mais amplo sentido.
Entretanto o desenvolvimento tecnológico, a integração linguística
internacional pela adição de palavras de outros idiomas ao vernáculo nacional,
além da globalização cultural, fez crescer substancialmente os vocábulos em
todos os idiomas e foi aí que se começou a ter palavras diferentes para
explicar coisas idênticas, apenas diferentes em mínimos detalhes e com isso em
nome de um “purismo linguístico”
passou a imperar o charlatanismo da “comunicação
por falácias” ou “meias verdades”.
Aos muitos amigos estrangeiros que se queixam do “jeitinho brasileiro” os relembro, que ainda seja o brasileiro
extremamente criativo, não o é o suficiente para ter inventado toda a
malandragem existente no mundo. Somos meros herdeiros da esperteza
multirracial, que é este “pote de
miscigenação” chamado Brasil. Esquece-se que foi o rigor da lei em seus
países de origem, que os fez gradativamente honestos. Porém, nem por isto estão
isentos de manipulação por parte de seus governantes. Este é um “mal do mundo moderno” e, portanto, um
mal de todo mundo.
A valorização extremada da juventude nos tempos atuais é outra
contribuinte para que a memória seja cada vez mais curta e a politização
permanente sobre assuntos mais momentâneos não permite a criação de uma sólida “filosofia política” e por isso os
partidos brasileiros tem a vida tão curta, posto que criados para a “emergência pontual” e não para dar uma “visão de futuro”, que seja passada a
esta e às futuras gerações.
Só quem “viveu seu tempo” como
observador sabe da enorme evolução política do povo brasileiro nos últimos 50
anos, mormente nos tempos atuais da “comunicação
virtual”, no qual a “ideologização”
perde importância frente ao pragmatismo da adequação aos novos desafios impostos
por essa mesma vida moderna. É na crise que um povo avança e aprende e que se
reafirma o descompasso entre o “discurso
político” e a vida prática do cidadão comum.
Para este pouco importa se “Privatização”
é diferente de “Concessão”, ou se o “Bolsa Família” é “Distribuição de Renda” ou um “Mecanismo
Condicional de Transferência de Renda”, posto que é do fruto do seu
trabalho, que são gerados os recursos para a “manutenção do Estado”. Interessa-lhe se seu sacrifício é solitário
ou tem a solidariedade desse mesmo Estado e seus agentes para que valha.
Crescentemente o povo vem aprendendo a distinguir os “tempos de saliva doce”, com os da “baba raivosa”, consciente de que os
Governos não criam nada e que tudo que é criado é com a sua “contribuição em trabalho duro” e ao
Governo cumpre tão única e exclusivamente aplicar esse “esforço” de maneira clara, transparente e espartana.
O brasileiro espera do Governo apenas uma “meia palavra”, mas que signifique “uma frase inteira e inteiramente verdadeira”...
Das Percepções & Vivências
De Antônio Figueiredo
Escritor & Cronista
São Paulo – SP -
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