Por Mim, Tudo Bem...
As coisas batem sempre desiguais?
Eu chego, você sai...
Você chega, eu chego junto.
A vida é uma casa de muitas portas
Algumas só abrem para dentro;
Outras só para fora e tem tranca!
Sem volta...
O Autor
Lá pelos idos de 1976, em Belo Horizonte, fui
convidado a participar do Encontro de
Casais com Cristo. Esta era uma iniciativa para fazer os casais católicos
sentarem-se e reavaliar seu relacionamento e a partir daí lançar novas bases
para “requentar” ou “reaquecer” o casamento e com isso
reavivar o “até que a morte os separe”.
É bom recordar, que varria o país a luta pela Lei
do Divórcio, uma iniciativa do Senador Ruy Carneiro – RJ e que veio a ser
sancionada em 1977, pelo General Geisel. O casamento até então fundamentado em
princípios religiosos desde o Império, (“felizes
para sempre”), passou a ter um regramento mais civil, (“felizes enquanto dure”) e por isso a Igreja Católica lutava para “unir seu rebanho”. Mas, voltando...
Eram por volta de 30 casais e na primeira noite,
logo após a chegada, jantar e alojamento foram levados para um salão, onde a todos
foi perguntado sobre os motivos da vinda ao evento. Não me lembro das minhas
palavras, mas me recordo muito bem do testemunho mais marcante da noite, pelo
menos para mim, de um rapaz de Itabirito, se não me falha a memória, que
prestou o seguinte depoimento:
- “Eu gosto de uma cachacinha e bebo todo santo dia,
ao sair do trabalho no caminho para casa. Quando chego, normalmente já é tarde,
a comida está fria e a patroa “fervendo” de raiva e aí lá vem falação...”!
- “Bom, até agora como era só a mulher que reclamava,
nunca liguei muito, pois sabem como é mulher fala muito de dar bom dia a
cavalo. O problema é que os vizinhos também estão começando a falar e se os
vizinhos também estão reclamando, é porque deve ter alguma coisa errada...!”
Guardei até hoje estas palavras e a partir de então
criei o hábito de tentar saber a opinião circundante, porque além de ser uma
excelente forma de nos situarmos, mostra a tendência da opinião mediana do
grupo e é disso que vamos falar hoje. Do que “todo mundo está reclamando e falando”...
Nascemos e fomos criados no Brasil ao compasso de “moro num país tropical, abençoado por Deus
e bonito por natureza” ou então do “Brasil,
meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro. Vou cantar-te nos meus versos”...
Todos reconhecem e poucos duvidam e me refiro inclusive aos estrangeiros, que
nos visitam que esta impressão sempre foi tida e é uma verdade inconteste.
A beleza da terra de dimensões continentais e a
riqueza sob e sobre o solo é impressionante, mas o “em fevereiro, tem Carnaval” já não é mais o suficiente para falar
da felicidade de um povo. Aquela sensação de se viver preguiçosa e
relaxadamente nos Jardins do Éden há
muito já a perdemos, ainda que alguns visitantes encantados ainda a enxerguem. A
realidade expulsou-nos do Paraíso.
Um dos ensinamentos do Evangelho mais marcantes
para mim é o do senhor que distribuiu “um
talento” para cada um de seus empregados, para fazer crescer sua fortuna,
enquanto viajava. Ao cabo da viagem retornou e cobrou de cada um o “que cada um tinha feito com o seu talento”.
O que diríamos nós aquele senhor sobre a enormidade de talentos que esta terra
recebeu e o que fizemos com eles?
Pelo muito que se fala e se reclama por aí parece
que muitos de nós fizeram como aquele “servo
preguiçoso”, que temendo o rigor daquele senhor enterrou a sua moeda, para
depois devolvê-la sem riscos, mas também sem nenhum trabalho, que fizesse valer
o seu talento.
Falar e reclamar deve, sempre, ser apenas o “gatilho” de qualquer processo de
mudança. Quando Josué derrubou as muralhas de Jericó, após uma travessia do
deserto do Sinai por 40 anos, o fez
marchando e batendo os pés com muita energia e não atirando palavras e
imprecações contra os muros. Nossa quadra histórica em muito se parece com
aquela.
Se você quiser fazer o mesmo, vamos...
Por mim, tudo bem...
Das Percepções de um Brasil Atual do
Escritor e Articulista
Antônio Figueiredo – São Paulo – SP –
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