Índio Quer apito...!
Se não der, pau vai comer!
Ê, ê, ê, ê, ê, Índio quer apito
Se não der, pau vai comer!
Haroldo
Lobo e Milton Oliveira – Marchinha de Carnaval
“O “povo” é
ingrato. Esquece muito rápido...”, dizem muitos. Tenho a mais absoluta
certeza, que o PT estará falando a mesma coisa no dia que for apeado do poder.
Como podem 50 milhões de beneficiários do Bolsa
Família esquecerem-se de que foi o PT que os tirou da “extrema miserabilidade”, para torna-los “miseráveis cidadãos”?
Ah!
Povo ingrato... Ah! Povo, que sempre se deixou levar pela “lábia doce” dos
políticos, crente nas suas “promessas de amor”... Ah! Povo, que parece que
começa a ficar esperto... Ah! Povo, que parece que começa a tomar forma de uma Nação...
Ao fazer uma
análise evolutiva do “silvícola
brasileiro” desde o Descobrimento, parece-me que os atuais não mais se
contentam com “espelhinhos e miçangas de
vidro”. Se o Brasil é hoje uma nação próspera e crescentemente rica deve-se
ao trabalho da sociedade, trabalhadores e empresários e não à ação de qualquer
governo, que nada produz.
As ações
governamentais que possibilitaram esse desenvolvimento são a mais simples e
básica das obrigações do Estado. Não é à toa que sociedades mais avançadas
separam uma verba polpuda para os “políticos”
brincarem de presidencialismo ou parlamentarismo e até mesmo de monarquia,
desde que não se intrometam na Economia, sejam moderados nos gastos e cobrança
de impostos.
O que acontece
no Brasil atual é que os defensores de “tetas
públicas”, típicas do “centralismo
econômico” põem a pecha de “neoliberais”
e até mesmo de “entreguistas” nos
que defendem a tese da “menor intervenção
do Estado” e até mesmo do “Estado
Zero”. Na verdade, estes são os “que
pagam” e aqueles os “que gastam”
e é evidente que é mais fácil decidir como gastar o dinheiro alheio, do que
ganha-lo.
Ufana-se o Governo
em conceder “bolsas” à metade da
população, esquecendo-se de agradecer pelo esforço ao restante da coletividade
em “pagá-las”. Não somos merecedores
de qualquer tipo de agradecimento pelo nosso “duro suor gasto”, enquanto eles só gastaram a “tinta da caneta”, que ainda por cima é financiada também com nosso
dinheiro.
O que as eleições vêm
mostrando sucessivamente é que o “otário
contribuinte”, já vem sofrendo com a degradação da sua qualidade de vida
por salários, cada vez mais achatados. Que se vê obrigado a contratar terceirizadamente
“serviços públicos” essenciais e
constitucionalmente garantidos, quer seja de saúde, educação e até de segurança
pública, além de não ver a sua contribuição através dos impostos serem tratada
republicanamente, vê a “sanha
arrecadadora” crescente e famelicamente
insaciável.
Se já não têm a
capacidade de “prestar contas” confiável
e transparentemente com que direito vêm nos exigir mais? Quais erros foram
cometidos ao pagar impostos, para que sejamos punidos com mais encargos? É esta
inversão de valores que o eleitor crescentemente começa a se questionar.
“Tudo eu...?”, se pergunta.
Pois bem, conseguimos evoluir do “tempo dos espelhinhos” e agora “índio quer apito”, e daqui para frente
índio terá que apitar alto e forte, ensurdecedoramente, pois parece que os
protestos pós-eleitorais não chegaram aos “tímpanos
oficiais”.
Não vou discutir a
legalidade e a transparência do pleito, pois se não tivemos a capacidade de
fazer valer nossos conceitos e princípios antes da eleição de como fazê-lo
limpo e cristalino, que nos mexamos pelos próximos, porque para este o “leite já derramou e talhou”.
Mas nesse intervalo
de tempo devemos “apitar” não só
pelos nossos direitos solenemente ignorados, mas principalmente pelo nosso
dinheiro, que vem sendo sistematicamente “redestinado”
para fins outros, que não aqueles expressos na Constituição, além de não ter
demonstrada sua utilização adequadamente.
Lembro-me de minha
primeira viagem aos EUA, quando todo atrapalhado com o uso de moedas, (na época o Brasil não usava moedas de
centavos, pois a inflação fazia com que o valor material da moeda valesse mais
que seu valor estampado), resolvi entregar a uma vendedora meu “porta niqueis” para que tirasse dali o
suficiente. No final era merecedor de um troco de 3 cents e disse à vendedora
que não era necessário e ela então me disse: What’s mine is mine. What’s is yours is not mine …
Com essa lição
aprendi o porquê do sucesso dos EUA como nação. Tão importante ou até mais do
que o respeito à Constituição é o respeito ao dinheiro alheio.
Lembrei-me
na época da imensa quantidade de títulos públicos e bônus lançados no Brasil
desde a época do Império e que acabaram por virar aquilo que nos meios
financeiros foi usado para garantir empréstimos e pagar dívidas como “moeda podre”. O ponto é exatamente
este. Quando o dinheiro foi recebido pelo Governo e entregou Títulos da Dívida esse era um “dinheiro bom e útil”, mas quando o
Governo simplesmente “decidiu
unilateralmente” dar o calote, virou moeda podre.
Estão aí precatórias,
ações indenizatórias de aposentados e outras devoluções de imposto de renda e
tantos outros “débitos oficiais” cuja
devolução é feita “como e quando” o
Governo quer em total desrespeito ao “direito
e ao patrimônio do cidadão” e ninguém “apita”.
Está ai a correção da
Tabela do Imposto de Renda, que segundo alguns tributaristas tem uma defasagem
de 65% e agora a PresidentE, (ainda sou tradicionalista
seguidor do respeito ao Velho Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa falada no
Brasil), diz que vai vetar a correção de 6,5% aprovada no Congresso e
ninguém “apita”.
Ai vem o novo Sinistro da Fazenda dizer que tem que criar novos impostos e
reativar alguns velhos, o que certamente fará crescer a carga tributária acima
dos 40% atualmente penalizantes e ninguém “apita”.
A conclusão que tiro
disso tudo é a de que ou o brasileiro não tem boca e folego para assoprar seu
apito, ou é “frouxo mesmo”...
O “índio
velho” aqui quer o seu apito... Pulmão não falta...!
Dos pensamentos de Antônio Figueiredo
Escritor & Articulista
Convidado Especial da Sala de
Protheus
São Paulo – SP -
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