“... O que impede? Tens uma trave nos olhos mesmo para uma falta...
Num vizinho habilidoso? És um tal mentiroso...
E expulso pela consciência, és um sal sem sabor?"
Gerard
Hopkins
Entre a investigação geral da natureza do bem e a
apreciação de obras em particular, pode parecer haver um grande abismo, e a
discussão sobre o que nos ocupamos quase que uma divagação, por sua vez ainda, parece
uma maneira indireta de abordar certos assuntos. A moral tem sido tratada
muitas vezes, especialmente nos tempos atuais, como um subterfúgio para a
crítica, do qual a preocupação particular do crítico deve ser cuidadosamente
separada. Sua ocupação, assim se costuma dizer, é com a própria obra, ou a mensagem,
e não com qualquer consequência que esteja fora dela. Estas consequências podem
ser deixadas, como se supôs, para a atenção dos outros, para o Clero, talvez,
ou para a Polícia.
O fato de que estas autoridades sejam lamentavelmente incompetentes, é obstáculo de pouca monta. Seus despropósitos são, via de regra, tão ridículos que os efeitos se tornam breves. Frequentemente servem um objetivo útil, chamado atenção para a obra ou ação que poderia ser desprezada. O mais sério é que estas indiscrições, estas vulgaridades e absurdos encorajam a opinião de que estas ações não tem conexão alguma com a moralidade.
A inaptidão dos censores, sua escolha por atos censuráveis, a ignóbil blasfêmia, como a que declarou Esther Waters um livro impuro, manifestações de inteligência tais como a que considerou Madame Bovary uma apologia ao mal do adultério, inúmeras interferências cômicas, estupefacientes, exasperantes, explicam amplamente esta atitude, para usar as artes como exemplo. Mas não a justificam.
Diz o poeta que é uma calamidade a abstenção comum de toda discussão dos mais largos aspectos sociais e morais, das artes, por pessoa de julgamento estável e cabeças fortes, pois ela deixa campo livre para a loucura, e tolhe injustamente o escopo dos bons críticos... Tem-se visto tanta má vontade, a ponto a serem comparadas a asnos selvagens que, virtualmente, se fecharam em uma “invernada”. Se os competentes devem se conter por causa das brincadeiras dos desqualificados, um mal e uma perda, que não são nem temporários nem triviais, aumentam continuamente. É como se os médicos devessem retirar-se por causa da impudência dos charlatões. Pois o crítico está ocupado com a saúde do espírito tão estreitamente quanto o médico com a saúde do corpo.
De um modo diferente, é verdade, e com uma definição mais ampla e sutil, de saúde, pela qual a mente mais sadia á capaz de reter a maior quantidade de valor.
O crítico, possivelmente, não pode se abster do uso de
algumas idéias sobre o valor. O termo recende a dubiedade, e foi usado por
muitas pessoas censuráveis bem como por admiráveis, e podemos concordar em
evitá-lo, obviamente.
Esquisito? Sim. Para muitos. Para a maioria, “Pensar,
ainda, dói”... E muito...
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da
Madrugada
Publicado no sitio da Konvênios
- Grupo Kasal – Vitória – ES –
Em 30.01.13
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