terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

" Os Desencantos de Annita - Desilusão Política - !"







“... O sufrágio universal, a mais monstruosa e 
a mais iníqua das tiranias, pois a força do 
número é a mais brutal das forças não 
tendo ao seu lado nem a audácia, 
nem o talento...!”

P. Bourget – Escritor Frances em
Le Disciple – 1852 – 1935

O pensamento de Miguel Torga parece emergir em meio às turbulentas ondas que assolam o “mar’ político do Brasil, nos últimos tempos. Afirma ele: “... É um fenômeno curioso; O país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado; come, bebe e diverte-se indignado; mas não passa disso. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos socialmente, uma sociedade, uma coletividade pacífica de revoltados...!”. Ambiguidade? Não. Realidade.
Dia desses recebi de uma amiga uma espécie de desabafo na tarde. Chamo-lhe, simplesmente Annita.

Assim como Miguel, Annita esta se desiludindo, desencantando-se, politicamente, com o que esta acontecendo no País.
Dizia-me ela:

Sem ser provada, a paciência dura. O exemplo de uma Nação deve começar pelos seus governantes. No Brasil isto não está acontecendo
Há honestos, mas a grande maioria é só por alianças políticas e por interesses. Houve um tempo que não era assim.
Houve o tempo do fio de bigode, da palavra e da honra. Hoje dão de um lado e tiram do outro. Aquele tempo deixa saudades

Às vezes penso nas vidas de todas as pessoas. Passo de um lugar para o outro com extrema facilidade.
Há os que não têm vergonha, não tem coragem, os fúteis e os inúteis. E há pessoas normais. O mundo não deveria funcionar só na esperteza.
Prefiro ser o que sou nem famosa nem notória, graças a Deus.

Aquele tempo deixa saudades, hoje estou bem triste e cansada. As pessoas carecem de caráter. Eu sou do tudo ou nada
Pode ser que uma hora eu sinta que a missão acabou e que não adianta mais lutar contra o destino que não foi eu que escolhi.
Eu pensava que houvesse uma chance, mas não há.

Desejo tudo de melhor para todos nós, que mesmo sem nos seguirmos acabamos compartilhando nossas aflições.

Saudosismo? Não. O que minha amiga Annita quis dizer com tudo isso, os pensadores modernos como o inglês John Locke e o francês Jean Jacques Rousseau o fizeram de duas formas.

O primeiro, Locke, se tornou a base principal, por exemplo, da Constituição dos Estados Unidos da América. Ela foi centrada em seus pensamentos. Com um detalhe: É a mesma até hoje.

John Locke e Jean Jacques Rousseau são dois dos pensadores mais representativos da Teoria Política Moderna. Locke destaca-se por defender as liberdades negativas e a representação político-parlamentar, a democracia representativa, enquanto Rousseau se notabiliza por ser contrário à representação política e propor a democracia participativa, direta. Ambos fazem parte da vertente contratualista da Teoria Política Moderna, pela qual a passagem do estado de natureza para o estado civil ocorre mediante a celebração de um pacto social entre os integrantes da sociedade, com a finalidade de solucionar conflitos e minimizar os inconvenientes e a insegurança presentes no estado de natureza. A comparação das Constituições resumo somente em um ponto: Procure em nossa Constituição, nos índices Direitos e Deveres. Vá até a página e depois procure por deveres.

Eu deixo o tempo que você quiser para achar.
Mas o que é um pacto social.
Simplesmente um acordo celebrado entre o governo e representantes de toda a sociedade civil. Ou seja, nós. Nesse caso através do voto (mesmo que obrigatório no Brasil), visando à resolução de problemas. Ponto. Isso acontece aqui? Legalmente sim. Moralmente, há controvérsias. Por quê? Só temos dúvidas.

Temos uma “cordilheira” de “ditos partidos” (mais que montanha, obviamente). Número, quantidade. Nada de qualidade. Mas não temos oposição. Logo, por lógica, só temos situação. O Congresso nos expõe e impõe isso diariamente. Longos discursos. Falácia. Mais nada. Na prática, sentimos um povo todo desiludido ou ludibriado, enganado através de fantasia como “pão e circo”, utilizando a frase romana que ficou famosa.
E o que fazer?

Deixarmos de ser uma sociedade pacífica revoltada. Agressão, em referência ao autor citado, não é violência de qualquer tipo. Mas sairmos da passividade. Grande diferença de paciência com os acontecimentos.
Assim Annita, ao ser saudosista, relembra momentos em que nossos homens públicos eram dignos, retos, justos, fraternos, literalmente representantes. E em nos representando eram nossa própria essência. Hoje estão longe disso. Independente dos escândalos e roubalheira. E o restante? Inertes, assoberbados em seus próprios interesses. Exclusivamente.

Tanto Miguel como Annita, veem nosso momento da mesma forma, porém de ângulos diferentes.
E nós? 
Vamos Pensar... Não Dói! 
Já as consequências de não fazermos isso, poderão ser muito trágicas.


 Inspirado e transpirado de minha amiga Annita
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no grupo Kasal – Vitória – ES – em 22.02.2013
http://www.konvenios.com.br/info/Articulistas.aspx

Um comentário:

  1. Sinto saudades do tempo em que eu vibrava, acreditava e sentava para ver e ouvir um político falar. Tento combater o meu desânimo e a minha desilusão em pequenas ações diárias, acreditando que o meu 'grão de areia' possa semear um oásis no deserto...Insatisfeita e revoltada permaneço, mas não brado aos quatro ventos. Não tenho vergonha de ser honesta, de "ir contra a corrente até não poder mais resistir", mas confesso que cheguei a pensar na máxima de Rui Barbosa, "O Águia de Haia". Não abro mão de meus valores essenciais. Já é um ponto de partida, meus caros.

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