“... O
sufrágio universal, a mais monstruosa e
a mais iníqua das
tiranias, pois a força do
número é a mais brutal das forças não
tendo
ao seu lado nem a audácia,
nem o talento...!”
P. Bourget – Escritor Frances em
Le Disciple – 1852 – 1935
O pensamento de Miguel Torga parece emergir em meio às turbulentas ondas
que assolam o “mar’ político do
Brasil, nos últimos tempos. Afirma ele: “...
É um fenômeno curioso; O país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro
indignado; come, bebe e diverte-se indignado; mas não passa disso. Falta-lhe o
romantismo cívico da agressão. Somos socialmente, uma sociedade, uma
coletividade pacífica de revoltados...!”. Ambiguidade? Não. Realidade.
Dia desses recebi de uma amiga uma espécie de desabafo na tarde.
Chamo-lhe, simplesmente Annita.
Assim como Miguel, Annita esta se desiludindo, desencantando-se,
politicamente, com o que esta acontecendo no País.
Dizia-me ela:
Sem ser provada, a paciência dura. O
exemplo de uma Nação deve começar pelos seus governantes. No Brasil isto não
está acontecendo
Há
honestos, mas a grande maioria é só por alianças políticas e por interesses.
Houve um tempo que não era assim.
Houve o tempo do fio de bigode, da palavra e da honra.
Hoje dão de um lado e tiram do outro. Aquele tempo deixa saudades
Às vezes penso nas vidas de todas as
pessoas. Passo de um lugar para o outro com extrema facilidade.
Há os que não têm vergonha, não tem
coragem, os fúteis e os inúteis. E há pessoas normais. O mundo não deveria
funcionar só na esperteza.
Prefiro ser o que sou nem famosa nem
notória, graças a Deus.
Aquele tempo deixa saudades, hoje
estou bem triste e cansada. As pessoas carecem de caráter. Eu sou do tudo ou
nada
Pode ser que uma hora eu sinta que a
missão acabou e que não adianta mais lutar contra o destino que não foi eu que
escolhi.
Eu pensava que houvesse uma chance,
mas não há.
Desejo tudo de melhor para todos nós,
que mesmo sem nos seguirmos acabamos compartilhando nossas aflições.
Saudosismo? Não. O que minha amiga
Annita quis dizer com tudo isso, os pensadores modernos como o inglês John
Locke e o francês Jean Jacques Rousseau o fizeram de duas formas.
O primeiro, Locke, se tornou a base
principal, por exemplo, da Constituição dos Estados Unidos da América. Ela foi
centrada em seus pensamentos. Com um detalhe: É a mesma até hoje.
John Locke e Jean Jacques Rousseau são dois
dos pensadores mais representativos da Teoria Política Moderna. Locke
destaca-se por defender as liberdades negativas e a representação
político-parlamentar, a democracia representativa, enquanto Rousseau se
notabiliza por ser contrário à representação política e propor a democracia participativa,
direta. Ambos fazem parte da vertente contratualista da Teoria Política
Moderna, pela qual a passagem do estado de natureza para o estado civil ocorre
mediante a celebração de um pacto social entre os integrantes da sociedade, com
a finalidade de solucionar conflitos e minimizar os inconvenientes e a
insegurança presentes no estado de natureza. A comparação das Constituições
resumo somente em um ponto: Procure em nossa Constituição, nos índices Direitos
e Deveres. Vá até a página e depois procure por deveres.
Eu deixo o tempo que você quiser para
achar.
Mas o que é um pacto social.
Simplesmente um acordo celebrado
entre o governo e representantes de toda a sociedade civil. Ou seja, nós. Nesse
caso através do voto (mesmo que
obrigatório no Brasil), visando à resolução de problemas. Ponto. Isso
acontece aqui? Legalmente sim. Moralmente, há controvérsias. Por quê? Só temos
dúvidas.
Temos uma “cordilheira” de
“ditos partidos” (mais que montanha,
obviamente). Número, quantidade. Nada de qualidade. Mas não temos oposição.
Logo, por lógica, só temos situação. O Congresso nos expõe e impõe isso
diariamente. Longos discursos. Falácia. Mais nada. Na prática, sentimos um povo
todo desiludido ou ludibriado, enganado através de fantasia como “pão e circo”,
utilizando a frase romana que ficou famosa.
E o que fazer?
Deixarmos de ser uma sociedade
pacífica revoltada. Agressão, em referência ao autor citado, não é violência de
qualquer tipo. Mas sairmos da passividade. Grande diferença de paciência com os
acontecimentos.
Assim Annita, ao ser saudosista,
relembra momentos em que nossos homens públicos eram dignos, retos, justos,
fraternos, literalmente representantes. E em nos representando eram nossa
própria essência. Hoje estão longe disso. Independente dos escândalos e
roubalheira. E o restante? Inertes, assoberbados em seus próprios interesses.
Exclusivamente.
Tanto Miguel como Annita, veem
nosso momento da mesma forma, porém de ângulos diferentes.
E nós?
Vamos Pensar... Não Dói!
Já as consequências de não fazermos isso, poderão ser muito trágicas.
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
Publicado no grupo Kasal – Vitória – ES – em 22.02.2013
http://www.konvenios.com.br/info/Articulistas.aspx
Sinto saudades do tempo em que eu vibrava, acreditava e sentava para ver e ouvir um político falar. Tento combater o meu desânimo e a minha desilusão em pequenas ações diárias, acreditando que o meu 'grão de areia' possa semear um oásis no deserto...Insatisfeita e revoltada permaneço, mas não brado aos quatro ventos. Não tenho vergonha de ser honesta, de "ir contra a corrente até não poder mais resistir", mas confesso que cheguei a pensar na máxima de Rui Barbosa, "O Águia de Haia". Não abro mão de meus valores essenciais. Já é um ponto de partida, meus caros.
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