“... A internet é a primeira
coisa criada pela humanidade que a humanidade não entende, é o maior
experimento anárquico que já se viu....!.
dos pensamentos de Eric Schmidt
Um amigo, muito
querido, me manda uma questão para discutirmos, a partir de suas próprias percepções
e experiências. Pergunta ele:
“Qual o real mistério que se esconde
por trás dessas intricadas ações que, exercidas mutuamente entre duas ou mais
pessoas, são capazes de as tornarem tão próximas, assim como são capazes de
fazer surgir entre elas verdadeiros abismos que as afastam um pouco mais a cada
dia?”
Aos poucos estamos
perdendo nosso traquejo? Sim,
nossa habilidade, prática, experiência. Nossa finura no proceder, em saber
impor-se ao vivermos em grupo, em sociedade. E até com nossos pares.
A rede mundial de computadores
é o melhor exemplo disso. Falamos com qualquer pessoa em qualquer lugar do
mundo, e não nos mostramos. Ou melhor, temos essa impressão. No fundo nos
mostramos mais do que realmente imaginamos.
É evidente que a
linguagem não falada tem grande responsabilidade pelo desenvolvimento, ou não,
da empatia com os outros.
Este meu amigo
se refere a isso como sermos obras de arte em permanente exposição, e, assim
como acontece quando visitamos qualquer acervo, existem obras que nos atraem
pelas suas cores, formas, traços e técnicas, assim como tem as que nos trazem
lembranças não tão agradáveis, ou são exageradamente realistas ou pragmáticas,
causando-nos repulsa ou medo.
Algumas vezes
somos demasiadamente orgulhosos. Acreditamos que somos a obra perfeita. Embora
tenhamos plena consciência de que estamos disfarçando desbotamentos da pintura,
ou rachaduras na moldura, utilizando-nos de efeitos de iluminação.
Que vida é tão
importante a ponto de nos interessarmos por detalhes, na maioria das vezes sem
nenhum sentido. Como alguém que antes de sair do “ar”, ou deixar de estar ligado em algum tipo de rede dita “social” deixa recados como: Vou dar uma saidinha, já volto! Ou
então: Estou no banho! Ou ainda, Vou almoçar!. E... E nada. É assim que
funciona essa dita comunicação na rede de computadores. Ou internet, se preferir.
G.B. Shaw
afirmava: “O maior problema da
comunicação é acreditar que ela acontece...!”.
Somos orgulhosos
o bastante para admitir, que mesmo saudáveis, somos doentes socialmente?
Dificilmente iremos admitir que possuímos rompantes de algo que afeta nossa
emocionalidade e não sabemos como agir. Desta forma essa “transferência” pode ser obtida através da internet. Se formos feios, gordos, agitados ou qualquer outro “adjetivo” que nossa autoestima ainda
permita, essa ferramenta parece ser tudo o que precisamos. Dessa forma nos
tornamos grandes socialmente. E o numero dos tais “seguidores”, ou “visitantes”,
todos “fantasmas”, parece preencher o
vazio existencial a que estamos submetidos.
Quando não
conseguimos reconhecer nem entender os pensamentos e sentimentos dos demais,
acreditamos que são eles que não se fazem compreender. Quando somos incapazes
de entender outros pontos de vista e nos tornamos inflexíveis e incapazes de
negociar soluções de conflito, paranoicos que ficamos culpamos os demais por
suas atitudes. E é simples, naquele momento, basta “desligar”, ficar “off”,
ou então, deixar de “seguir” aquele
outro, pois discordamos totalmente dele e, afinal, somos, ao menos nesse
aspecto superior em alguma coisa.
Algumas vezes
temos crises de ‘cegueira emocional’. Perdemos a consciência que nossos
comportamentos se tornam ofensivos e insensíveis; não entendemos como nossos
sentimentos impactam nos sentimentos alheios; não captamos os sinais de alerta
que nosso comportamento é inadequado a situação; somos incapazes de prever o
que se pode esperar dos demais e o que estes esperam de nós.
Isso ao vivo e
em cores. Agora pense no que foi dito acima estando atrás de um monitor: Pense
no “poder” que é autofornecido a este
ego narcisista que pode simplesmente “deixar
de seguir”, ou ainda, e mais forte, “desligar”
o outro lado, do tipo: “ que está achando
que eu sou? Sabe com quem está falando?” Bem, ficaria a pergunta se este
ser, primeiro sabe quem ele é...
Quando estamos
portadores dessas singelezas emocionais, de desequilíbrio para com o outro, a
partir de nós mesmos, somos incapazes de interagirmos saudavelmente. Somos
incapazes de praticar a empatia. “Lutamos”
ou fugimos?
Na definição da
psiquiatra Ana Beatriz Barbosa da Silva empatia é a capacidade de considera e
respeitar os sentimentos alheios. É a habilidade de se colocar no lugar do
outro, ou seja, vivenciar o que a outra pessoa sentiria caso estivéssemos na
situação e circunstancias experimentadas por ela
Só os capazes de
compreender que cada indivíduo, embora com semelhantes funções e
características, pensa, sente e reage de maneira muito particular, conseguem
permanecer e estabelecer tais interações.
Mas como
conseguir esse feito através de interações efetuadas, friamente, “escondidos” atrás de um monitor?
Eis nosso novo
desafio. E dele, como consequência, resultará nossas relações de qualquer tipo
ao vivo. Na Vida real.
O exercício da
interação é mútuo, portanto, não espere que os demais te admirem se não
consegue ao menos enxergá-los ou senti-los, mesmo através da linguagem escrita,
como eles são.
E é precioso lembra que quem está “do outro lado” da tela, não é um número. É um ser partilhando algo
que possui e é necessitado de algo que você tem para compartilhar. Assim nossos
desafios se tornam melhores. E nossos valores não esmorecem por total ausência
de significância e essência. Essa sim vem do coração e da razão: Nossa consciência.
Pode pensar. Não Dói... Já interagir...
Entendimentos & Compreensões
Das percepções do Cotidiano
Publicado no Grupo Kasal –
Vitória – ES –em 13.02.2013
http://konvenios.com.br/Index.aspx
Muito bem dito. O fato de ser "território livre" não faz dos ambientes virtuais divã de psiquiatra nem palanque de desabafos. Há que se ter responsabilidade no que se escreve
ResponderExcluir